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Ana Victoria Soares 2021.2 Ana Victoria Soares 2021.2 ANEMIAS HEMOLITICAS e DEFICIÊNCIA de G6PD Conceito: Hemólise- redução da sobreida da hemácia por destruição, diferente do caso da anemia por sangramento, por deficiência de minerais. A sobrevida média de uma hemácia é de 120 dias, nas anemias hemolíticas essa sobrevida reduz pra 60 dias, 10 dias... dependendo do nível da destruição. Sempre que existe uma destruição, o organismo percebe aquela destruição, produz eritropoietina nos rins que vai levar a produção de mais células no sangue e, consegue-se produzir mais células pra tentar compensar a perda. Porém, na anemia hemolítica se tem o aumento dos reticulócitos (hemácia imatura, jovem) Pra se afirmar que a reticulocitose é secundaria a uma anemia hemolítica, não se pode ter tido sangramento recente e nem pode ser um paciente que acabou de usar eritropoietina ou paciente que corrigiu deficiência de ferro. OBS: Nem toda reticulocitose é por hemólise. Elementos essenciais pra produção de hemácias: - Vitamina B12, ácido fólico, ferro, eritropoietina, células tronco na medula, microambiente na medula saudável, citocinas. Pode ter paciente com anemia hemolítica sem reticulocitose se a medula dele tiver faltando alguma coisa. OBS: nem toda anemia hemolítica vai ter reticulocitose (já que pra ter reticulocitose é preciso ter percussores, vitaminas...) Anemias Hemolíticas: Fatores intrínsecos ou extrínseco à hemácia - Intrínsecos: o problema está na própria hemácia (na membrana da hemácia – esferocitose; produção da Beta globina – que acontece na anemia falciforme; na produção da alfa globina – que acontece nas talessemias; citoesqueleto... ou seja, na anemia intrínseca a hemácia é defeituosa e por isso ela se rompe, se destrói. - Extrínsecos: alguma coisa externa levou a destruição da hemácia, ex: anticorpos ligados a superfície da hemácia levando a destruição dela, baço aumentado levando a destruição da hemácia. Crônica: pacientes tem anemia desde a infância, ex: anemia falciforme. Intravascular: dentro do vaso – hemoglobina livre no vaso, casos são mais graves. Extravascular: fora do vaso (pode ser uma hemólise causada por macrófagos. O macrófago vai la e fagocita a hemácia, levando a destruição dela. Há presença de macrófagos no baço, nos linfonodos... destruindo essas hemácias. Estrutura das hemácias: Célula anucleada. Reticulócito ainda possui núcleo, quando esse núcleo sai, a célula vira uma hemácia. Possui formato bicôncavo Possui capacidade de deformação, ou seja, passar por pequenos vasos e espaços existentes no baço, essa característica é graças a membrana e citoesqueleto deformáveis. Proporção adequada entre superfície/volume (se tem muito volume, a membrana não consegue comportar esse volume) Sistema enzimático: se é uma célula que não tem núcleo, ela não consegue degradar toxinas, ela precisa “nascer” com o número de enzimas pra degradar toxinas já prontas, pois não se tem o núcleo pra ficar produzindo mais. Hemácias que tem deficiência no sistema enzimático (que é o caso da deficiência de G6PD, ela não consegue degradar as toxinas, as toxinas se acumulam na célula e a célula se rompe. Causas de anemia hemolítica em adultos: Causas imunes x Causas não imunes. Causas hereditárias: defeito nas enzimas, Hemoglobinopatias – anemia falciforme, talassemias, defeitos de membrana – esferocitose. O paciente geralmente quando tem causas hereditárias, o defeito vai está na estrutura da hemácia, ou seja, intrínseco. A hemácia é defeituosa. Causas adquiridas: Doença hepática, hiperesplenismo – que levam a destruição da hemácia no próprio sítio, infecções, medicamentos oxidativos, toxinas, infusão de solução hipotônica, microangiopatia angiopática – a causa da destruição da hemácia é mecânica. Problemas extrínsecos. Causas imunes: A mais comum é a anemia hemolítica com anticorpo quente (anticorpo que se liga a estrutura da hemácia e é capaz de causar hemólise na temperatura corpórea), hemólise induzida por drogas, reações de transfusão (incompatibilidade de sangue, sistema ABO, aloanticorpos- acontece em pacientes que já foram muito transfundidos, a hemácia entra em contato com algum antígeno da hemácia do doador e começa a Geralmente, as causas hereditárias levam a mecanismos intrínsecos e as causas adquiridas levam a causas extrínsecas de hemólise Ana Victoria Soares 2021.2 Ana Victoria Soares 2021.2 desenvolver anticorpos), hemoglobinúria paroxística a frio (o anticorpo se liga a hemácia mas na temperatura corpórea normal não é capaz de causar hemólise, ele gruda e automaticamente libera uma fração do complemento – sistema de defesa que tem capacidade de formar sistema de ataque a membrana. Devido a isso, a hemácia é destruída da mesma forma que na forma quente. Aglutinina a frio – paciente faz hemólise nas extremidades (partes mais frias do corpo). Intravascular: Grandes danos estruturais em membrana da hemácia Hemoglobina é liberada na corrente sanguínea completamente livre, ela carrega 4 moléculas de ferro, e o ferro é extremamente oxidante, o que acaba danificando rins. Hemoglobina livre: soro e urina Mecanismo pra se livrar da hemoglobina livre-> ligação a haptoglobina (proteína que circula no sangue e consegue carregar a hemoglobina livre, conseguindo leva-la até o reticulo endotelial. O problema é que o organismo tem produção limitada de haptoglobina. Toda vez que se tem um mecanismo de inflamação ou infecção, o fígado produz haptoglobina independente de qualquer coisa. A haptoglobina é um reagente positivo de fase aguda, ou seja, durante uma inflamação se tem uma maior circulação de haptoglobina, então, mesmo tendo uma anemia hemolítica intravascular, se tiver na presença de um processo inflamatório, a haptoglobina não estará consumida. Extravascular: Os macrófagos vão destruir as hemácias. O macrófago destrói a hemácia seja no fígado, baço, MO ou linfonodos, e a hemácia libera hemoglobina dentro dessas estruturas. Assim que a hemácia é destruída, há a transformação da hemoglobina em heme, de heme em biliverdina, ferro, CO... ou biliverdina em Bi diretamente. O ferro é redirecionado pra medula pra produzir células do sangue, o CO é ligado a uma enzima e vai pro pulmão... da tempo degradar todos os elementos da hemácia, por isso ela é menos grave. Anemia um pouco menos agressiva que a intravascular. História e Exame Físico: - Pode ter anemia crônica desde a infância e da pra perceber os sintomas por longa datae pode ter familiares com a doença. - O quadro de anemia aguda: sd anêmica súbita sem sangramento, icterícia, hemoglobinúria intravascular, -Histórico recente: transfusões, medicações, - Esplenomegalia: provável causa extravascular. Exames complementares: Hemograma LDH, Bilirrubina indireta (LDH ta dentro da hemácia e a bilirrubina surge por degradação da Hb) Reticulócitos (divide em anemias hipoploriferativas e hiperploriferativas) Haptoglobina (não confiar nela sempre por conta do aumento no processo inflamatório) Coombs Direto Pesquisa de esquizócitos (fragmentos de hemácia – se ahemacia ta aumentada, significa que ela passou por algum lugar e foi destruída) Sumário de urina – avaliar presença de hemoglobinúria (excreção urinaria de hemoglobina) Contagem de reticulócito corrigida % de reticulócitos x (ht do paciente/Ht normal) O que diferencia do extra por intravascular são os valores. Na intravascular os valores de LDH e bilirrubina indireta tendem a ser muito maiores que no extravascular. Teste de Coombs: Coombs direto (1) - Pega o sangue lavado do paciente (só com hemácias) e reage essas hemácias do paciente com um anticorpo do laboratório, que é um anticorpo contra fração do complemento (C3d – bolinha azul e o anti IgG). Quando o teste de Coombs é positivo, se tem aglutinação das hemácias. O anticorpo do laboratório reagiucom anticorpos da hemácia e levou a uma aproximação ou aglutinação dessas hemácias. Ao laudo em +: quanto maior for a aglutinação, quanto mais se formar uam bolinha, maior a intensidade das cruzes. Precisa saber se o que foi positivo foi o anti IgG ou o Anti C3d ou os dois. Se anti IgG- diag de anemia hemolítica autoimune Se anti C3d – pode ser uma anemia hemolítica desencadeada por um processo infeccioso. Anticorpos a quente – IgG, anticorpos a frio – IgM. Coombs indireto (2) Pega apenas o soro do paciente sem as hemácias, o anticorpo nesse caso não está ligado a hemácia e sim circulante no soro e interage esse soro com hemácias do laboratório (que não tenha anticorpos aderidos a parede dela) Ex: icterícia neonatal – anticorpos da mão circulantes no soro do bebe. No coombs indireto também há aglutinação, mas o intuito é mostrar que no soro dele há presença de anticorpos circulantes e não necessariamente em anticorpos autoimunes. O que prova a autoimunidade é o coombs direto. OBS: em adultos sempre pede o coombs direto – anemia hemolítica em adultos geralmente são autoimunes. Coombs indireto – icteria neonatal. Deficiência de G6PD: Ligada ao X – mais comum em homens Defeito enzimático em hemácias mais comum em crianças Ana Victoria Soares 2021.2 Ana Victoria Soares 2021.2 Hemácia: Dentro da hemácia se tem metabolitos do stress oxidativo resultante do metabolismo de proteínas e outras substencias. Esses metabolitos levam a produção de H2O2 (peroxido de hidrogênio) que precisa ser degradado. Quem degrada esse H2O2 é a enzima GPx, que transforma o H2O2 em H2O. Porém, para que essa enzima funcione é necessário que ela esteja em sua forma reduzida, ou seja, na forma de GRH. Pra que essa enzima esteja reduzida é necessário ter NAD, pois é o NADPH que fornece H para GSH. A G6PD é responsável por renovar o estoque de NADPH na célula, que por sua vez vai renovar o estoque de outras substancias. Então, se não tem o G6PD não tem como metabolizar produtos tóxicos da hemácia. Esses metabolitos tóxicos vão se acumular na superfície da hemácia e vão destruí-la, ao invés de viver 120 dias, vive 60. Na deficiência de G6PD não é que não tenha G6PD na hemácia, ela tem, só que essa enzima começa a se destruir antes do tempo. E quando ela se destrói, por vez, a hemácia vai acabar morrendo. Variantes de G6PD: Classe I: severa, anemia crônica (- de 10% de concentração de G6PD na célula, paciente tem hemólise desde a infância) Classe II: severa, anemia intermitente (quadro de surtos de hemólise) Classe III: moderada, intermitente (+ de 10% de concentração de G6PD na célula) IV: Sem defeito ou hemólise V: atividade aumentada Manifestações clínicas: Assintomaticos Crises de hemólise Anemia intermitente Ictericia neonatal e anemia crônica – classe I. Quadro clássico: Tem a enzima, ela depois de um tempo começa a se degradar na hemácia e depois de um tempo ela já não tem mais G6PD. Se o paciente toma algum medicamento ou consome algum alimento que deveria ser degradado/metabolizado e não se tem mais G6PD, todas as toxinas liberadas pelo medicamento vão ficar acumuladas na célula. 2 a 4 dias após medicação começa a hemólise Anemia aguda, icterícia, palidez, hemoglobinúria, Dor abdominal e dorsal. O que encontrar no sangue periférico desse paciente: Seta maior: hemácia “mordida”pelo macrófago Seta menor: hemácia em blister – bolha grudada O rim começa a produzir eritropoietina e sinaliza a MO que elas precisam produzir mais hemácias 5 dias: reticulocitose 7 a 10 dias: pico de reticulócitos – G6PD Auto-limitada Diagnóstico: Momento ideal pra pedir teste de laboratório: 3 meses após hemólise Não testar em hemólise aguda, destruição de hemácias com baixos níveis de G6PD. Conduta: Evitar estress oxidativo Hemólise crônica: ácido fólico suplementar Hidratação Transfusão Restrição dietética
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