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Dispepsia e doença péptica - Dispepsia: desconforto ou dor aguda, crônica ou recorrente na região superior central do abdome > Dor ou queimação epigástrica, saciedade precoce ou plenitude pós-prandial - Dispepsia funcional é a causa mais comum de dispepsia cônica - Não é possível encontrar qualquer causa orgânica para os sintomas -> Os sintomas podem ser causados por uma interação complexa de hipersensibilidade visceral, retardo no esvaziamento gástrico ou acomodação gástrica prejudicada ou estresses psicossociais SINAIS E SINTOMAS - Anamnese: > Esclarecer se o desconforto é crônico, sua localização, natureza e relação com as refeições, questionar fatores psicossociais > Pacientes com dispepsia funcional são mais jovens, relatam diversas queixas abdominais e extra-gastrointestinais, apresentam sinais de ansiedade, depressão ou histórico de uso de psicofármacos - Exames complementares geralmente não mostram sinais de disfunção orgânica TRATAMENTO - Medidas gerais: > Muitos pacientes apresentam sintomas brandos e intermitentes que respondem à tranquilização e MEV > Reduzir/interromper consumo de álcool e cafeína > Em caso de sintomas pós-prandiais -> Refeições de pequeno volume e baixo teor de gordura - Agentes farmacológicos > Medicamentos têm eficácia limitada no tratamento de dispepsia funcional > IBPs por 4-8 semanas VO, em dose única diária beneficiam 10 a 15% dos pacientes com sintomas de dor epigástrica ou dispepsia + pirose > Doses baixas de antidepressivos podem beneficiar alguns pacientes > Metoclopramina 5-10 mg 3 vezes ao dia pode melhorar os sintomas - Terapias alternativas > Psicoterapia e hipnoterapia > Tratamentos a base de ervas Dispepsia funcional - Evidência histológica de inflamação - Na prática clínica, o termo gastrite é aplicado a 3 situações > Gastrite erosiva hemorrágica > Gastrite não erosiva inespecífica > Tipos específicos de gastrite GASTRITE EROSIVA E HEMORRÁGICA - As causas mais comuns são medicamentos (AINEs), bebidas alcoólicas, estresse causado por doença clínica ou cirúrgica grave e hipertensão porta > Fatores de risco para gastrite por estresse: Ventilação mecânica, coagulopatia, trauma, queimaduras, choque, sepse, lesão do SNC, insuficiência hepática, doença renal e falência orgânica múltipla - Sinais e sintomas: > Gastropatia erosiva geralmente é assintomática > Quando sintomática: anorexia, dor epigástrica, náuseas e vômitos > Há fraca correlação entre os sintomas e a gravidade do quadro > A manifestação mais comum é hemorragia digestiva alta (hematêmese e melena) - Achados laboratoriais inespecíficos, podendo haver hematócrito baixo quando há sangramento significativo e sinais de deficiência de ferro - EDA é o método mais sensível para diagnóstico - O diagnóstico diferencial inclui úlcera péptica, DRGE, câncer gástrico, doença do trato biliar, intoxicação alimentar, gastroenterite viral e dispepsia funcional - Tratamento: > Gastrite por estresse: - Profilaxia: deve-se administrar rotineiramente profilaxia em pacientes em estado crítico e que apresentem fatores de risco para sangramento significativo na internação -> Suspensão da acidez gástrica com IBPs e antagonistas dos receptores H2 - Tratamento: quando ocorre sangramento, os pacientes devem receber infusões contínuas com IBPs, assim como suspensão de sucralfato; realizar EDA > Gastrite por AINE: pacientes com sintomas ou sinais de alarme devem ser submetidos à EDA diagnóstica; para outros sintomas, a suspensão do agente, redução da dose ou administração durante as refeições; IBPs podem ser usados > Gastrite alcoólica: empírico com IBPs, antagonistas H2 ou sucral- Dispepsia e doença péptica Gastrite fato por 2-4 semanas > Gastropatia hipertensiva portal: hipertensão porta resulta em congestão dos capilares e vênulas da mucosa e submucosa gástrica -> Tratamento com propranolol ou nadolol reduz ai incidência de sangramento agudo GASTRITE NÃO EROSIVA INESPECÍFICA - Gastrite por H. pylori: > Causa inflamação da mucosa com PMNs e linfócitos > Prevalência maior em países em desenvolvimento > Infecção aguda pode causar doença clínica transitória caracterizada por náuseas e dor abdominal, que pode estar associada à gastrite histológica > Após a infecção aguda, a maioria dos pacientes evolui para infecção crônica, sendo que a maioria torna-se assintomática > Apresentação por três fenótipos: gastrite branda difusa (não perturba a secreção ácida e raramente causa resultados clinicamente relevantes), inflamação no antro (aumento da gastrina, da produção de ácido e maior risco de evoluir com úlcera péptica), inflamação no corpo > Gastrite crônica por H. pylori leva ao desenvolvimento de úlcera duodenal ou gástrica > Erradicação do H. pylori pode ser obtida com ATB em mais de 85% dos pacientes -> Reduz o risco de câncer gástrico - Gastrite da anemia perniciosa: > Distúrbio autoimune que envolve as glândulas fúndicas com resultantes acloridria, redução da secreção de fator intrínseco e má absorção de vitamina B12 > Histologia fúndica caracteriza-se por atrofia grave de glândulas e metaplasia intestinal causada por destruição da mucosa fúndica gástrica > Acloridria pode levar a hipergastrinemia pronunciada -> Pode causar hiperplasia das células semelhantes às enterocromafins - Etiologia > AINEs e infecção crônica por H. pylori são as causas mais frequentes; outras causas podem ser hipersecreção ácida (síndrome de Zollinger-Elison ou mastocitose sistêmica), CMV, doença de Crohn, linfoma, medicamentos, doença clínica crônica ou idiopáticas > H.pylori: infecções por cepas Cag-A estão associadas a maior risco de úlceras gástricas e duodenais - Úlceras duodenais associam-se a infecções no antro gástrico, associadas à secreção aumentada de ácido -> Metaplasia gástrica no bulbo duodenal e posterior colonização - Úlceras gástricas tendem a se formar na junção do antro com o corpo > AINEs: os menos seletivos são os que mais causam danos, aumentando o risco de úlceras gástricas e duodenais ACHADOS CLÍNICOS - Sinais e sintomas: > Dispepsia é o sintomas mais frequente (não serve como critério para diagnóstico específico), história clínica não é capaz de diferenciar úlcera duodenal de gástrica > A dor costuma ser descrita como corrosiva, surda, dolorida ou dor de fome, é aliviada com as refeições e com antiácidos - Achados laboratoriais: exames são normais na doença não complicada, mas devem ser solicitados para excluir complicações e outras doenças > Pode haver anemia em função da perda sanguínea aguda ou crônica > Leucocitose sugere penetração ou perfuração > Aumento da amilase em paciente com dor epigástrica sugere penetração para o pâncreas - EDA: procedimento preferencial para o diagnóstico > Úlceras duodenais quase nunca são malignas e não requerem biópsia > Sempre fazer biópsia das úlceras gástricas - Exames de imagem: > Rx contrastado é menos acurado para diferenciar úlceras benignas e malignas; TC de abdome é realizada nos pacientes sob suspeita de complicação - Testes para H. pylori: biópsia da mucosa para teste rápido de urease e exame histológico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Dispepsia funcional, DRGE atípica, doença do trato biliar, CA gástrico Doença ulcerosa péptica - Úlcera péptica é a ruptura na mucosa gástrica ou duodenal que surge quando os fatores normais de defesa da mucosa estão comprometidos ou são sobrepujados pelos fatores luminais agressivos - Estendem-se pela muscular da mucosa e, em geral, têm mais de 5 mm de diâmetro - Ocorrem com frequência 5 vezes maior no duodeno (bulbo ou canal pilórico) - Maior frequência em homens; úlceras duodenais são mais comuns em pacientes entre 30 e 55 anos de idade e gástricas, em pacientes entre 55 e 70 anos; são mais frequentes em fumantes e em pacientes tratados com AINEs por longo prazo TRATAMENTO CLÍNICO - Refeições balanceadas com intervalor regulares - Desencorajar o tabagismo - Úlcera associada a H. pylori > Úlcera ativa: aliviar os sintomas dispépticos, promover a cicatrização da úlcera e erradicar a infecção -> IBP + Claritromicina+ Bismuto -por 14 dias -> Manter IBP após a irradicação da bactéria > Evitar a recidiva: tratamento a longo prazo com IBP - Úlceras associadas a AINE >Úlceras ativas: sempre que possível, suspender o agente agressor; tanto as úlceras gástricas quanto as duodenais respondem rapidamente a antagonistas H2 e IBP > Prevenção: para todos os pacientes, os AINEs devem ser prescritos na menor dose efetiva e pelo menor prazo possível - IBP VO 1 vez ao dia é efetivo na prevenção de úlceras induzidas por AINEs - Úlceras refratárias: podem ser devidas à falta de adesão ao tratamento (quase sempre); pesquisar infecção por H. pylori e outras causas menos comuns (hipersecreção, câncer, medicamentos, doença de Crohn e infecções incomuns), obter níveis séricos de gastrina em jejum; repetir biópsia após 3 meses de tratamento COMPLICAÇÕES - Hemorragia gastrointestinal > Sinais comuns são melena e hematêmese, hematoquezia pode resultar de hemorragia maciça ou trânsito GI acelerado; Ht pode cair, ureia pode estar elevada > Tratamento com agentes antissecretores (IBP IV ou VO em dose alta por 3 dias) > EDA é o procedimento diagnóstico preferencial > Tratamento cirúrgico - Perfuração: > Ocorre perfuração em menos de 5% dos pacientes, geralmente de úlceras na parede anterior do estômago ou do duodeno > A perfuração resulta em peritonite química que provoca dor abdominal generalizada, intensa e súbita - Obstrução da via de saída gástrica > Causada por edema ou por estreitamento cicatricial do piloro ou do bulbo duodenal
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