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Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 1 2 ANO DE FILOSOFIA DISCIPLINA: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO TEORIA DO APEGO DE JOHN BOWLBY INTRODUÇÃO O conceito de apego emocional de recém-nascidos aos pais ou cuidadores tem sido debates a vários anos. A partir do final do século XIX, psicólogos e psiquiatras sugeriram teorias sobre a existência ou natureza dos primeiros relacionamentos. A teoria freudiana inicial tem pouco a dizer sobre o relacionamento da criança com sua mãe, postulando apenas que o peito era um objecto de amor. Freudianos atribuem às tentativas do recém-nascido de ficar perto de uma pessoa conhecida à motivação aprendida através da alimentação e da satisfação de pulsões. Na década de 1930, o psicólogo Ian Suttie, sugeriu que a necessidade da criança por afecto era uma necessidade primária, e não baseada na fome ou em outras satisfações físicas. William Blatz, um psicólogo canadense, também destacou a importância de relações sociais para o desenvolvimento. Blatz propôs que a necessidade de segurança era parte normal da personalidade, assim como o uso de outros como uma base segura. Observadores, a partir da década de 1940, focaram na ansiedade exibida por bebês e crianças de colo ameaçadas pela separação de um cuidador familiar. JOHN BOWLBY: nasceu na Inglaterra (1907 – 1990). Foi um psiquiatra e psicanalista. Acreditava que a saúde mental e os problemas de comportamento podiam ser atribuídos à primeira infância. Seu trabalho se baseia no comportamento instintivo de vinculação, que significa a necessidade do contato entre mãe e bebê. A sua teoria sugere que as crianças vêm ao mundo biologicamente pré-programadas para formar vínculos com os demais, já que isso as ajudará a sobreviver. Quando conheceu a teoria de Konrad Lorenz, passou a ter mais interesse pela etologia, e começou a estudar a relação entre mãe e filho, sobretudo nos danos causados na criança pela falta de afecto da mãe; em 1948 fez pesquisas com crianças órfãs de 2 a 4 anos antes e depois da separação de suas mães, para entender os efeitos da carência. No ano de 1950 foi nomeado assessor da ONU. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=William_Blatz&action=edit&redlink=1 Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 2 Em 1956, Bowlby começa a observar como as crianças reagem à perda da mãe, sendo temporária ou não. Segundo ele, quando a criança perde o contato com a mãe independente do motivo podem gerar respostas e processos patológicos. Essas respostas patológicas continuam presentes em adultos, que ainda sofrem por separações que ocorreram nos primeiros anos de vida. A teoria do apego permite a reflexão dos vínculos afetivos do sujeito ao longo da vida. A teoria do apego presume que crianças e adultos mantêm comportamentos de apego, mostrando-os em situações estressantes. FORMULAÇÃO DA TEORIA Após à publicação do livro: Cuidado Materno e Saúde Mental, Bowlby buscou uma nova compreensão nos campos de biologia evolutiva, etologia, psicologia do desenvolvimento, ciência cognitiva e teoria de sistemas de controle. Ele formulou a proposição inovadora de que mecanismos subjacentes ao laço emocional entre um recém- nascido com seu(s) pais ou cuidador(es) emergiu como resultado de pressão evolutiva. Ele começou a desenvolver uma teoria de motivação e controle do comportamento edificada sob a luz da ciência ao invés de sob o modelo psíquico de energia de Freud. Bowlby argumentou que, com a teoria do apego, ele tinha acabado com as "deficiências de dados e a falta de uma teoria para ligar a causa e o efeito" de Cuidado Materno e Saúde Menta. A origem formal da teoria começou com a publicação de dois artigos em 1958, o primeiro sendo "A Natureza do Vínculo da Crianças com sua Mãe" de Bowlby, em que os conceitos precursores de "apego" foram introduzidos. O segundo foi "A Natureza do Amor" de Harry Harlow. Este último foi baseado em experimentos que mostravam que filhotes de macacos pareciam formar um vínculo afetivo com mães adotivas que não ofereciam comida, mas não formavam com mães adotivas que forneciam uma fonte de comida mas eram menos simpáticas ao toque. Bowlby publicou mais dois artigos em seguida: "Ansiedade de Separação" (1960), e "Dor e Luto na Primeira Infância" (1960b). Ao mesmo tempo, sua colega Mary Ainsworth, com as teorias etológicas de Bowlby em mente, estava completando os seus extensos estudos observacionais sobre a natureza de vínculos em bebês, em Uganda. A teoria do apego foi finalmente apresentada em 1969 em "Apego", o primeiro volume da trilogia "Apego e Perda". O segundo e o terceiro volume, "Separação: Ansiedade e Raiva" e "Perda: Tristeza e Depressão" foram apresentados em 1972 e 1980 respectivamente. A teoria do apego veio num momento em que as mulheres estavam https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_do_desenvolvimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_do_desenvolvimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciência_cognitiva https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pressão_evolutiva&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Harry_Harlow https://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Ainsworth https://pt.wikipedia.org/wiki/Uganda Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 3 reivindicando seus direitos à igualdade e à independência, dando às mães uma nova causa para ansiar. Teoria do apego Teoria do apego ou teoria da vinculação é a teoria que descreve certos aspectos a curto e longo-termo de relacionamentos entre humanos e entre outros primatas. Seu princípio mais importante declara que um recém-nascido precisa desenvolver um relacionamento com, pelo menos, um cuidador primário para que seu desenvolvimento social e emocional ocorra normalmente. A teoria do apego é um estudo interdisciplinar que abrange os campos das teorias psicológicas, evolutiva e etológica. Bowlby a partir de seus estudos descarta a ideia do impulso primário e afirma que a relação entre o bebê e sua mãe não se desenvolve pela alimentação; mas sim, pelo sentimento de segurança. Ele acreditava que os comportamentos de apego são instintivos e são ativados por qualquert condição que pareça ameaçar a realização de aproximação, com a separação, a insegurança e o medo. Bowlby também defendeu que o medo de estranhos representa um mecanismo de sobrevivência importante, incorporado pela natureza. De acordo com ele, os bebês nascem com a tendência de demonstrar certos comportamentos inatos (chamados liberadores sociais) que ajudam a assegurar a proximidade e o contato com a mãe ou com uma figura de apego. Os bebês apegam-se a adultos que são sensíveis e receptivos às relações sociais com eles, e que permanecem como cuidadores compatíveis por alguns meses durante o período de cerca de seis meses a dois anos de idade. Quando um bebê começa a engatinhar e a andar, ele começa a usar as figuras de apego (pessoas conhecidas) como uma base segura para explorar mais e voltar de novo a eles. A reação dos pais leva ao desenvolvimento de padrões de apego; estes, por sua vez, levam aos modelos internos de funcionamento, que irão guiar as percepções individuais, emoções, pensamentos e expectativas em relacionamentos posteriores. A ansiedade pela separação ou dor após a perda de uma figura de apego é considerada uma reação normal e adaptável para um recém-nascido apegado. Estes comportamentos podem ter evoluído porque aumentam a probabilidade de sobrevivência da criança. O comportamento infantil associado ao apego é principalmente a busca por proximidade a uma figura de apego. Para formular uma teoria abrangente sobre a natureza das ligações afetivas prematuras, Bowlby explorou uma variedade de campos, https://pt.wikipedia.org/wiki/Recém-nascido https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolução https://pt.wikipedia.org/wiki/Etologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Relação_socialhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Relação_social https://pt.wikipedia.org/wiki/Ansiedade https://pt.wikipedia.org/wiki/Adaptação_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 4 incluindo biologia evolutiva, teoria da relação de objetos, teoria de sistemas de controle, e campos da etologia e da psicologia cognitiva. As pesquisas feitas pela psicóloga Mary Ainsworth nas décadas de 1960 e 70, reforçaram os conceitos básicos, introduziram o conceito de "base segura” e desenvolveram a teoria de um número de padrões de apego em recém-nascidos: apego seguro, apego inseguro-evitativo, apego inseguro-ambivalente e o apego desorganizado. Na década de 1980, a teoria foi estendida para apego em adultos. Outras interações podem ser interpretadas como componentes do comportamento de apego; estes incluem relacionamentos entre pares em qualquer faixa etária, atracção romântica, e reacções quanto à necessidade de cuidado de recém-nascidos, doentes ou idosos. APEGO Dentro da teoria, apego significa um vínculo afetivo ou ligação entre um indivíduo e uma figura de apego (comumente um cuidador). Estes laços podem ser recíprocos entre dois adultos, mas entre uma criança e um cuidador são baseados nas necessidades de segurança e proteção da criança, fundamentais na infância. A teoria propõe que crianças se apegam instintivamente a quem cuide delas, com a finalidade de sobreviver, incluindo o desenvolvimento físico, social, emocional e psicológico. A meta biológica é a sobrevivência, e a meta psicológica é a segurança. A teoria do apego não é uma descrição exaustiva dos relacionamentos humanos, nem é sinônimo de amor ou afeto, embora estes possam indicar que os vínculos existem. Em relações criança- adulto, o vínculo da criança é chamado de "apego" e o equivalente recípoco do cuidador é classificado como "vínculação de cuidado". Recém-nascidos estabelecem ligações afectivas com qualquer cuidador compatível que seja sensível e receptivo em interações sociais com eles. A qualidade do compromisso social é mais influente que a quantidade de tempo despendido. A mãe biológica é, normalmente, a principal figura de apego, mas o papel pode ser tomado por qualquer um que se comporte compativelmente de uma maneira "maternal" durante um período. Na teoria do apego, isto significa um conjunto de comportamentos que envolve uma activa interação social com o recém-nascido e reacções imediatas a sinais e abordagens. Nada na teoria sugere que o pai, ou outras pessoas, não estão igualmente suscetíveis a tornarem-se as principais figuras de apego, basta que eles provejam a maior parte do cuidado e da interação social à criança em questão. Alguns recém-nascidos direcionam o comportamento de apego https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia_evolutiva https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_relação_de_objetos https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_de_sistemas https://pt.wikipedia.org/wiki/Etologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cognitiva https://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Ainsworth https://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_1960 https://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_1970 https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_do_apego_em_adultos Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 5 (busca por proximidade) para mais de uma figura tão logo eles comecem a fazer discriminação entre os cuidadores; a maioria vindo a fazê-lo durante seu segundo ano. Estas figuras são organizadas hierarquicamente, com a principal figura de apego no topo. O conjunto de metas do sistema comportamental de apego é manter um vínculo com uma figura de apego acessível e disponível. "Alarme" é o termo usado para ativação do sistema comportamental de apego causado por medo ou perigo. "Ansiedade" é a antecipação ou o medo de ser descartado pela figura de apego. Se a figura não está disponível ou não responde, ocorre a angústia da separação. Em recém-nascidos, a separação física pode causar ansiedade e raiva, seguidas de tristeza e desespero. Aos três ou quatro anos de idade, a separação física não é mais uma ameaça aos vínculos da criança com a figura de apego. Ameaças à segurança em crianças mais velhas e em adultos surgem a partir de uma ausência prolongada, interrupção na comunicação, indisponibilidade emocional ou sinais de rejeição ou abandono. COMPORTAMENTOS O sistema comportamental de apego serve para manter ou alcançar maior proximidade com a figura de apego. Comportamentos pré-apego ocorrem nos primeiros seis meses de vida. Durante a primeira fase (as oito primeiras semanas), recém-nascidos sorriem, balbuciam e choram para atrair a atenção dos cuidadores. Embora recém-nascidos desta idade aprendam a diferenciar os cuidadores, estes comportamentos são direcionados a qualquer um que esteja próximo. Durante a segunda fase (de dois a seis meses), o bebê aumenta sua habilidade de discriminação entre adultos conhecidos e desconhecidos, tornando-se mais receptivo para com o cuidador; seguir e segurar-se são adicionados à gama de comportamentos. Apego claro e certo desenvolve-se na terceira fase, entre seis meses e dois anos. O comportamento do bebê em relação ao cuidador torna-se organizado em uma base de comportamento intencional para alcançar as condições que o façam se sentir seguro. Ao final do primeiro ano, o bebê é capaz de demonstrar uma série de comportamentos de apego destinados a manter proximidade. Estes manifestam-se como protesto contra a partida do cuidador, saudação pelo seu retorno, agarrar-se a ele quando assustado e acompanhá-lo quando é capaz. Com o desenvolvimento da locomoção, o bebê começa a usar o cuidador ou os cuidadores como uma base segura para explorar. A exploração do bebê é maior quando o cuidador está presente, porque seu sistema de apego está relaxado e livre para explorar. Se o cuidador está inacessível ou insensível, o comportamento de apego é exibido mais fortemente. Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 6 Ansiedade, medo, doença e fadiga causarão a uma criança o aumento dos comportamentos de apego. Após o segundo ano, quando a criança começa a enxergar o cuidador como uma pessoa independente, é formada uma parceria corrigida por objectivos mais complexa. Crianças começam a perceber objectivos e sentimentos de outros e planejam suas acções em conformidade. Por exemplo, enquanto recém-nascidos choram por causa da dor, bebês de dois anos de idade choram para chamar seus cuidadores, e se isso não funcionar, choram mais alto, calam-se ou vão atrás do cuidador. PRINCÍPIOS Os comportamentos de apego e emoções humanas são adaptáveis. A evolução humana tem como consequência a seleção de comportamentos sociais que tornam a sobrevivência do indivíduo ou do grupo mais provável. O comportamento de apego observado em crianças de colo que ficam perto de pessoas conhecidas tem vantagens seguras no ambiente de adaptação primitiva. Para Bowlby, este ambiente de adaptação primitiva apresenta vantagem de sobrevivência na capacidade de perceber condições possivelmente perigosas, como desconhecimento, solidão ou aproximação rápida. De acordo com Bowlby, a busca por proximidade à figura de apego em face de ameaça é a meta do sistema comportamental do apego. Numa criança quando acontece uma separação significante dos seus pais ou cuidadores ou mudanças frequentes de cuidador que impedem o desenvolvimento do apego, pode resultar em psicopatologias em algum ponto futuro na vida. Recém-nascidos em seus primeiros meses não têm preferência por seus pais biológicos ou por estranhos. As preferências por certas pessoas, além dos comportamentos que solicitam sua atenção e cuidado, são desenvolvidas ao longo de um período considerável de tempo. Quando um recém-nascido está irritado pela sua separação do cuidador, isto indica que a ligação afectiva não depende mais da presença do cuidador, mas é de natureza permanente. O períodocrítico da criança, segundo Bowlby, acontece aos seis meses a dois ou três anos. Considerado um período sensível, porque a criança precisa de grande portecção e cuidados. Com pesquisas adicionais, autores, examinando a teoria do apego, têm avaliado que o desenvolvimento social é afetado tanto pelos relacionamentos iniciais quanto pelos posteriores. De acordo com Bowlby, quase desde o início, muitas crianças têm mais de uma figura a quem elas direcionam comportamento de apego. Estas figuras não são tratadas da mesma forma; para uma criança, há uma forte tendência em direcionar o comportamento de apego a uma pessoa em particular. https://pt.wikipedia.org/wiki/Adaptação_(biologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolução_humana https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolução_humana https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Período_crítico&action=edit&redlink=1 Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 7 Experiências prematuras com cuidadores dão gradualmente origem a um sistema de pensamentos, memórias, crenças, expectativas, emoções e comportamentos sobre si mesmo e os outros. Este sistema, chamado de "modelo interno de funcionamento de relacionamentos sociais", continua a se desenvolver com tempo e experiência. Os modelos internos regulam, interpretam e preveem a relação do comportamento de vinculação em si mesmo e na figura de apego. À medida em que eles se desenvolvem alinhados com as mudanças em seu meio ambiente e de desenvolvimento, eles incorporam a capacidade de reflectir e comunicar-se sobre relacionamentos de apego passados e futuros. Eles permitem à criança lidar com novos tipos de interações sociais. Este modelo interno de funcionamento continua a se desenvolver até a idade adulta, ajudando a lidar com amizades, casamento e novas interaçoes os quais envolvem comportamentos e sentimentos diferentes. O desenvolvimento do apego é um processo transitório. Comportamentos de apego específicos começam com comportamentos previsíveis, aparentemente inatos, na infância. Eles mudam com a idade de maneiras que são determinadas, em parte, pelas experiências e, em parte, por fatores situacionais. Por se transformarem com a idade, os comportamentos de apego o fazem moldados pelos relacionamentos. O comportamento de uma criança quando unida ao seu cuidador é determinado não apenas por como o cuidador tratara a criança antes, mas também pelo histórico de efeitos que a criança tem sobre o cuidador. MUDANÇAS NO APEGO DURANTE A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA Idade, crescimento cognitivo e experiência social contínua e promovem o desenvolvimento e a complexidade do modelo interno de funcionamento. Os comportamentos de apego, do período recém-nascido/criança de colo, perdem algumas de suas características típicas e assumem tendências relacionadas com a idade. Na primeira infância, figuras paternas permanecem como centro do mundo social da criança, até mesmo se eles passam períodos substanciais de tempo sob cuidado alternativo. Os modelos de apego de crianças pequenas são os pais e outros cuidadores. O período pré-escolar envolve o uso de negociação e incorporação de novos apegos. Por exemplo, crianças de quatro anos não ficam angustiadas com a separação se elas e seus cuidadores já negociaram um plano comum para separação e reunião. Idealmente, estas habilidades sociais são incorporadas pelo modelo interno de funcionamento para serem usadas com outras crianças e, mais tarde, com pares adultos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_infância https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_infância Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 8 Como as crianças passam para os anos escolares por volta dos seis anos de idade, a maioria desenvolve uma parceria corrigida por objetivos com os pais, em que cada participante está disposto a ceder com o objectivo de manter um relacionamento gratificante. Durante a terceira infância (7–11 anos), a meta do sistema comportamental de apego muda de proximidade com a figura de apego para disponibilidade. Geralmente, uma criança fica satisfeita com longas separações, contando que o contato — ou a possibilidade de se reunir fisicamente, se necessário — esteja disponível. Comportamentos de apego, como agarrar-se a e seguir o cuidador, diminuem e a auto-confiança aumenta. Nessa fase dá-se uma mudança em relação à co-regulação mútua da base-segura em que o cuidador e a criança negociam métodos para manter comunicação e supervisão, enquanto a criança se move em direção a um maior grau de independência. Geralmente, as crianças começam a desenvolver um único modelo geral das relações de apego durante a adolescência, embora os pais continuem sendo figuras de apego. Com adolescentes, o papel das figuras paternas é estar disponível quando necessário, enquanto o adolescente faz excursões para o mundo exterior. Relações com os pares têm uma influência na criança que é distinta do relacionamento pai-filho, embora o pai possa influenciar a forma de relação da criança com seus semelhantes PADRÕES DE APEGO Grande parte da teoria do apego foi esclarecida pela metodologia inovadora e estudos observacionais de Mary Ainsworth. Usando a formulação inicial de Bowlby, ela realizou uma pesquisa observacional com pares de pai/mãe-recém-nascido durante o primeiro ano da criança. Ainsworth identificou três estilos de apego, ou padrões, que uma criança pode ter com figuras de apego: seguro, evitativo (inseguro) e ambivalente ou resistente (inseguro). Ela desenvolveu um procedimento conhecido como Protocolo de Situação Estranha, para avaliar o comportamento de separação e reunião. Esta é uma ferramenta de pesquisa padronizada usada para avaliar padrões de apego em recém- nascidos e crianças de colo. O tipo de apego desenvolvido por recém-nascidos depende da qualidade de cuidado que eles recebem. A presença de um vínculo é diferenciada por sua qualidade. Recém-nascidos formam vínculos se há alguém para interagir com eles. Diferenças individuais nos relacionamentos reflectem o histórico do cuidado, pois os bebês começam a prever o comportamento de cuidadores através de repetidas interações. O foco é a organização (padrão) ao invés da quantidade de comportamentos de apego. Padrões de apego inseguro são não ideais pois eles podem comprometer a exploração, a auto-confiança https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Co-regulação&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Adolescência https://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Ainsworth Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 9 e o conhecimento mais profundo do ambiente. Entretanto, padrões inseguros também são adaptativos, pois são reações adequadas à indiferença do cuidador. A negligência, abusadas está associada somente às organizações inseguras. SIGNIFICADO DOS PADRÕES DE APEGO Há um vasto corpo de pesquisa demonstrando uma associação significante entre as organizações do apego e o propósito das crianças em vários domínios. Crianças seguros são mais propensos a se tornar socialmente competentes que seus pares inseguros. Relações formadas com semelhantes influenciam a aquisição de habilidades sociais, desenvolvimento intelectual e a formação de identidade social. O apego inseguro prematuro não prevê, necessariamente, dificuldades, mas é uma inadequação para a criança, particularmente se comportamentos paternos semelhantes continuam durante toda a infância. Crianças evitativas são vulneráveis ao risco familiar. Seus problemas sociais e comportamentais aumentam ou diminuem com a deterioração ou melhoria dos cuidados paternos. No entanto, um apego seguro prematuro parece ter uma função de proteção duradoura. O padrão mais preocupante é o apego desorganizado. As crianças que sofreram maus-tratos são suscetíveis a serem classificados como desorganizados. Crianças com um padrão desorganizado na infância tendem a apresentar claros padrões de distúrbio nos relacionamentos.Seus relacionamentos com os pares podem, muitas vezes, ser caracterizados pelo padrão de agressão e retirada chamado "reação de lutar ou fugir". Estas crianças são mais propensas a se tornarem pais que maltratam. Modelos internos não são apenas "retratos", mas se referem aos sentimentos despertados. Eles permitem à pessoa antecipar e interpretar o comportamento do outro e planejar uma reação. Se um recém-nascido percebe seu cuidador como uma fonte de segurança e apoio, eles são mais propensos a desenvolver uma auto-imagem positiva e esperam reações positivas dos outros. Por outro lado, uma criança que passa por um relacionamento de abuso com o cuidador pode internalizar uma auto-imagem negativa e generalizar expectativas negativas em outros relacionamentos. Os modelos internos de funcionamento nos quais o comportamento de apego é baseado mostram um grau de continuidade e estabilidade. Crianças são propensas a cair nas mesmas categorias que seus cuidadores primários, o que indica que os modelos dos cuidadores afectam a maneira com https://pt.wikipedia.org/wiki/Reação_de_lutar_ou_fugir Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 10 que eles se relacionam com seus filhos. Bowlby acreditava que os primeiros modelos formados são mais propensos a persistir porque eles existem no subconsciente. Tais modelos não são, entretanto, impermeáveis à mudança, dadas experiências futuras de relacionamento; uma minoria de crianças tem diferentes classificações de apego com diferentes cuidadores. APEGO EM ADULTOS A teoria do apego foi estendida para relacionamentos românticos em adultos no final dos anos 1980 por Cindy Hazan e Phillip Shaver. Quatro estilos de apego foram identificados em adultos: seguro, preocupado-ansioso, desapegado-evitativo e assustado-evitativo. Eles correspondem grosseiramente às classificações de recém-nascidos: seguro, inseguro- ambivalente, inseguro-evitativo e desorganizado/desorientado. Adultos com apego seguro tendem a ter uma visão mais positiva de si mesmos, de seus companheiros e de seus relacionamentos. Eles se sentem confortáveis com a intimidade e independência, equilibrando os dois. Adultos preocupados-ansiosos buscam por níveis mais altos de intimidade, aprovação e resposta de seus parceiros, tornando-se excessivamente dependentes. Eles tendem a ser menos confiantes, ter uma visão menos positiva de si mesmos e de seus parceiros, e podem apresentar altos níveis de expressividade emocional, preocupação e impulsividade em seus relacionamentos. Adultos desapegados-evitativos desejam um alto nível de independência, muitas vezes evitando apego completamente. Eles veem a si mesmos como auto-suficientes, invulneráveis a sentimentos de apego e não necessitando de relacionamentos próximos. Eles tendem a suprimir seus sentimentos, lidando com a rejeição distanciando-se de seus parceiros de quem eles geralmente têm uma opinião negativa. Finalmente, adultos assustados-evitativos têm sentimentos mistos sobre relacionamentos, tanto desejando quando sentindo-se desconfortáveis com intimidade emocional. Eles tendem a desconfiar de seus companheiros e enxergam-se como desprezíveis. Como os desapegados-evitativos, os assustados- evitativos tendem a buscar menos intimidade, reprimindo seus sentimentos Dois aspectos principais de vinculação em adultos têm sido estudados. A organização e estabilidade dos modelos de funcionamento mental que sustentam os estilos de apego são explorados por psicólogos sociais interessados em vínculos românticos. Psicólogos do desenvolvimento têm investigado como funciona o apego na dinâmica do relacionamento e seu impacto no desenlace da relação. A organização de modelos mentais de funcionamento é mais estável enquanto o estado mental do indivíduo Padre e Psicólogo Domingos Paulo Cussumua 11 com relação ao apego oscila mais. Alguns autores têm sugerido que adultos não mantêm um conjunto único de modelos de funcionamento. Ao invés disso, em um nível eles têm um conjunto de regras e suposições sobre relacionamentos de apego em geral. Em outro nível eles mantêm informação sobre relacionamentos ou eventos específicos. A informação em níveis diferentes não precisa ser consistente. Indivíduos podem, portanto, manter diferentes modelos para cada relacionamento. Há uma série de diferentes medidas de vinculação em adultos, a mais comum sendo questionários de autorrelato e entrevistas codificadas baseadas na Entrevista de Apego do Adulto. As inúmeras medidas foram principalmente desenvolvidas como ferramentas de pesquisa de, por exemplo, relações amorosas, paternais ou entre pares. Alguns classificam o estado mental de um adulto com relação ao apego e aos seus padrões por referência às experiências de infância, enquanto outros avaliam os comportamentos nas relações e a segurança em relação aos pais e semelhantes. https://pt.wikipedia.org/wiki/Questionário_de_autorrelato