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AS MISERIAS DO PROCESSO PENAL

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Faculdade de Tecnologia e ciências 
Discente: Natália Raissa Do nascimento Guimarães
Docente: Leandro Vargas
Resenha Critica do Livro
“As misérias do Processo Penal” de Carnelutti
Salvador - Ba
21/04/2020
Introdução
O presente Livro faz uma análise filosófica e social acerca do processo na esfera penal, apesar de ter sido escrito 1957, ainda traduz a realidade do processo penal atual.
Tem por finalidade mostrar a todos que por trás de todo o processo, do juiz, das partes e de tudo o que lhe está em volta, existe um ser humano e não uma coisa.
Assim Carnelutti nos ensina, “O direito penal, sim, é o direito da sombra; mas precisa atravessar a sombra para chegar à luz”.
Capítulo I
No primeiro Capítulo Carnelutti denomina-o como A toga, ele discorre acerca das vestimentas que os operadores do direito vestiam (e vestem até hoje), ele diz que foi a sua primeira impressão da justiça.
O autor também traz uma observação a toga, dizendo que em alguns países não é usada está vestimento, entretanto, em outros, ela é indispensável. 
Comenta que a toga que uma vestimenta solene e a compara com a divisa, vestimenta usada pelos militares, “a toga, verdadeiramente, como a veste militar, desune e une; separa magistrados e advogados dos leigos, para uni-los entre si.”
A toga não é somente utilizada pelo juiz, também é usada pelo advogado e ministério público, assim assevera o autor “A toga do acusador e do defensor significa, pois que aquilo que fazem é feito a serviço da autoridade; em aparência estão divididos, mas na verdade estão unidos no esforço que cada um depende para alcançar a justiça.”
Capítulo II
No segundo capítulo Carnelutti vem tratar do Preso. Logo nas primeiras linhas ele nos traz a seguinte ideia: “A solenidade, para não dizer à majestade, dos homens em toga se contrapõe o homem na jaula. Não esquecerei nunca a impressão, que deste tive a primeira vez na qual, ainda adolescente, ingressei na Corte de uma seção penal no Tribunal de Torino. Aqueles, dir-se-ia, sobre o nível do homem; este, em baixo, preso na jaula, como um animal perigoso. Sozinho, pequeno, embora grande de estatura; perdido, ainda que procurasse ser desembaraçado, pobre, carente, necessitado…”.
Em suas escritas, carnelutti diz que o mais pobre de todos os pobres é o encarcerado. Em seguida ele vem tratar das algemas que é uma símbolo do direito, assim dispõe: “Aquilo que estava escondido, na manhã na qual vi o homem lançar-se contra o outro, sob a aparência de fera, era o homem; tão logo ataram seus pulsos com a corrente, o homem reapareceu: o homem, como eu, com o seu mal e com o seu bem, com as suas sombras e com as suas luzes, com a sua incomparável riqueza e a sua espantosa miséria. Então nasce, do horror, a compaixão.”
“ O homem acorrentado, ou o homem na jaula é a verdade do homem; o direito não faz mais que revelá-la. Cada um de nós está fechado em uma jaula que não se vê. Não nos parecemos com os animais porque estamos na jaula, mas estamos na jaula porque nos parecemos com os animais. Ser homem não quer dizer não ser, mas poder não ser animal. Este poder é o poder de amar.”
Capítulo III
O capítulo III vem tratar do advogado. Carnelutti introduz este capítulo dizendo que o encarcerado é na verdade um necessitado, e que o nome advogado soa como um grito para esses necessitados, “ advogado é aquele, ao qual se pede, em primeiro plano, a forma essencial de ajuda, que é propriamente a amizade.”
“E da mesma forma a outra palavra "cliente", a qual serve a denominar aquele que pede ajuda, reforça esta interpretação: o cliente, na sociedade romana, pedia proteção ao patrono; também o advogado se chama patrono. E a derivação de patrono, de "pater", projeta sobre a correlação a luz do amor. “
Ao cometer um ilícito, aquele que passa a se tornar réu, se sente isolado do contexto social, em muitos casos, todos em sua volta te viram as costas, sejam eles, família, amigos e a própria sociedade, eles começam a olhar para o encarcerado como um estranho, e nesse caso só lhe resta uma pessoa ao seu lado, que não vai lhe julgar, que não vai lhe virar as costas, que é o advogado.
Capítulo IV
O juiz e as Partes, é tratado no capítulo IV, o autor diz que “necessita não ser parte para ser juiz”.
Mais adiante Carnelutti nos diz mais, vejamos, “se, entretanto, aqueles que estão defronte ao juiz para serem julgados são partes, quer dizer que o juiz não é uma parte. De fato os juristas dizem que o juiz é supraparte: por isso ele está no alto e o acusado embaixo, sob ele; um na jaula, o outro sobre a cátedra.”
Capítulo V
Este capítulo trata Da Parcialidade do Defensor, diante disso podemos nos lembrar do princípio que rege o processo, sendo ele o princípio do livre convencimento do juiz. Segundo este princípio, se pode afirmar a importância do Defensor e também do acusador em ajudar o juiz no livre convencimento e em motivar e fundamentar a sua decisão, sendo o defensor e acusar um grande contribuinte ao processo.
“A parcialidade deles é o preço que se deve pagar para obter a imparcialidade do juiz, que é, pois, o milagre do homem, enquanto, conseguindo não ser parte, supera a si mesmo. O defensor e acusador devem procurar as premissas para chegarem a uma conclusão obrigatória.”
Capítulo VI
Este capítulo diz respeito Às Provas. Para Carnelutti:
“A tarefa do processo penal está no saber se o acusado é inocente ou culpado. Isto quer dizer, antes de tudo, se aconteceu ou não aconteceu um determinado fato: um homem foi ou não foi assassinada, uma mulher foi ou não foi violentado, um documento foi ou não foi falsificada, uma jóia foi ou não foi levada embora?”
As provas servem para reconstruir o fato, e para que este fato seja reconstruído, é necessário a contribuição do perito, a policio, ministério público e juiz.
O processo penal é o meio pelo qual se apura a verdade, sem provas não há o que se falar em verdade.
A maior miséria do processo penal. é quando um réu se encontra na sala do tribunal do júri, e é condenado mesmo sem haver provas que incrimine, sem que este possa se defender.
Capítulo VII
O juiz e o acusado é o titulo do capitulo VII. Este capítulo traz uma análise sobre o processo e a relação do juiz e o acusado.
O juiz é o que preside o processo, analisa as provas e julga conforme a sua análise. 
carnelutti, afirma que o juiz é um investigador - historiador, porém a função judicante exige que ele vá mais além da reconstrução dos fatos, vejamos.
“Quando, em um processo por homicídio. se está certo de que o acusado, com um tiro de pistola, matou um homem, não se sabe ainda dele tudo quanto precisa saber para dever condená-lo - O homicídio não é somente ter matado, mas ter querido matar.”
Diante disso, não basta apenas reconstruir os fatos e apurar a autoria e materialidade do crime, se faz necessário saber o motivo da conduta, se faz necessário saber o animus do agente.
Para o ordenamento jurídico a conduta só pode ser incriminada caso se façam presentes os três elementos do crime: tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
Por tudo isso, pode-se afirmar que o juiz deve não só conhecer os fatos, ao julgá-los, mas também, o agente que os praticou.
Capítulo VIII
O Passado e o Futuro do Processo Penal é tratado pelo autor no capítulo VIII, ele diz que, “não há outro modo para resolver o problema do futuro do homem, que não seja o de voltar ao passado; somente a observação do passado pode permitir lhes entender, como em um espelho, o segredo do futuro. “
O crime é uma ferida que surge naquele em que ´praticou o delito, no momento em que o cumprimento da pena chega ao fim, ao se abrir os portões da penitenciária, o encarcerado acredita que se tornou um homem livre; mas está enganado, neste momento, se tornou um “ex-presidiário”, esta ferida não cicatriza.
Capítulo IX
A Sentença Penal é o meio pelo qual o juiz conclui o processo com sua decisão. 
Para o autor, “o processo não pode durar eternamente. E um fim por exaurimento, não por atingir a finalidade. Um fim que seassemelha à morte antes que ao acabamento. Precisa contentar-se, necessita resignar-se. Os juristas dizem que até certo ponto se faz a coisa julgada, e querem dizer que não se pode ir mais além. Mas dizem também res indicata pro veritate habetur‘. A coisa julgada não é a verdade, mas se considera como verdade. Em suma é um substituto da verdade.”
A finalidade do processo é alcançar a “verdade” diante da apuração dos fatos segundo as suas provas. entretanto a coisa julgada não é a verdade, mas é considerada a verdade. Ela é um substitutivo da verdade.
Capítulo X
No capítulo Da Execução da Sentença, o autor faz uma reflexão acerca do cumprimento da pena e sua características.
“Dizem, facilmente, que a pena não serve somente para a redenção do culpado, mas também de alerta aos outros, que poderiam ser tentados a delinqüir e, por isso, os deve intimidar; e não é um discurso este de se fazer pouco caso; mas pelo menos dele não deriva a habitual contradição entre a função repressiva e a função preventiva da pena: aquilo que a pena deveria ser para beneficiar o culpado não é aquilo que deveria ser para beneficiar os outros; não há entre esses dois aspectos da instituição possibilidade de conciliação.”
Mas a frente carnelutti afirma também, “se a pena deve servir de intimidação aos outros, deveria junto servir para redimir o condenado; e redimi-lo quer dizer curá-lo da sua enfermidade.” 
A prevenção da prática de crimes, pelo medo, é relativamente eficaz, visto que os civis irão pensar mais de uma vez na hipótese de serem potenciais presos. Todavia, àqueles que já são vítimas do cárcere, o caráter preventivo da pena pelo medo é ineficaz, visto que para os presos, que já viviam às margens da sociedade no momento em que delinquiram, na prisão, em meio às condições desumanas às quais são submetidos, são convidados a se isolarem mais ainda no do quadro social.
Capítulo XI
O capítulo Da Libertação, vem afirmar através das ideias do autor que o processo acompanha o preso mesmo ele não estando mais encarcerado, vejamos:
“O encarcerado, saído do cárcere, crê não ser mais encarcerado; mas as pessoas não.”
Diante disso podemos observar mais uma miseria do processo penal, em que as pessoas não acreditam que aquele que cometeu um delito, após o cumprimento de sua pena, irá continuar a ser o mesmo, não acreditando na mudança, não acreditando na ressocialização, “a crueldade está no pensar que, se foi, deve continuar a ser.”
Seria e é muito difícil um ex- ladrão encontrar um emprego, para muitos é um risco, mas possa ser que não, só se pode saber se dermos uma chance para este, inserindo-o novamente na sociedade, dando-lhe uma nova chance, fazendo-lhe sentir útil e não somente um ex-presidiário, ex-ladrão, ex-homicida e sim um alguém que quer e pode ser diferente.O processo termina com a saída da prisão, mas a pena não. O sofrimento e o castigo continuam
Capítulo XII
Além do Direito é o último capítulo do livro de carnelutti, ele diz que encarcerado somos todos nós, e que é muito mais fácil amar do que julgar. neste capítulo ele coloca o amor como o remédio da civilização, traz narrativas da bíblia acerca do amor com o próximo, e que a finalidade do próprio cristo ter vindo a terra foi de nos ensinar a amar.
“Além do direito‖ está o bem-estar social da civilização. Também sobre este caminho, que se abre além do direito, está Cristo que nos guia. Além do direito ou além do juízo, além do juízo ou além do pensamento está a mesma coisa. Cristo não se limitou a dizer: não julgueis; o relato de João a este propósito completa o relato de Mateus; ―não julgueis‖ é o preceito negativo do seu ensinamento; ―amai-vos como eu vos amei‖ é o seu aspecto positivo. Além da justiça dos homens está a caridade; justiça e caridade é tudo um somente em Deus. Além do respeito está o amor; o amor, somente, une.”
Entendamos que enquanto não houver compaixão, clemência ou pelo menos, a compreensão por aqueles que na verdade são de certa forma e dentro de certos limites, vítimas do contexto social, haverá miséria no processo penal.
REFERÊNCIAS
CARNELUTTI, Francesco. As Misérias do Processo Penal. Trad. Ricardo Rodrigues Gama. 2º ed. Campinas: Russel, 2009.

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