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Barbitúricos e Benzodiazepínicos Barbitúricos O Barbital (1903) e o Fenobarbital (gardenal) (1912) foram desenvolvidos com a finalidade de serem sedativos-hipnóticos e anticonvulsivantes. Farmacodinâmica e Farmacocinética ● Inibidores da atividade geral do SNC ○ Intensificam a ligação do GABA com os receptores GABA a, e promovem a ligação de benzodiazepínicos; ○ Potencializam as correntes de cloreto induzidas por GABA, prolongando a abertura do canal (benzodiazepínicos aumentam a frequência de abertura); ○ Podem inibir as despolarizações induzidas por glutamato (principalmente via receptores de AMPA - cainato). ● Barbitúricos podem produzir todos os estados de depressão do SNC, desde sedação até anestesia geral. ● Barbitúricos com substituinte 5-fenil (fenobarbital) são muito mais potentes para a atividade anticonvulsivante do que para as outras atividades barbitúricas. São menos ansiolíticos que os benzodiazepínicos. ● Facilmente absorvidos pelo trato gastrointestinal; início dos sintomas -30 min após a ingestão; concentração máxima -4h; os alimentos podem fazer com que a absorção seja mais lenta; atravessam barreira hematoencefálica. ● Metabolismo hepático ○ A metabolização em crianças e idosos é mais lenta; agentes de longa duração (fenobarbital) são fracamente metabolizados (até ⅓ excretado na urina de forma não alterada). ● São indutores enzimáticos, promovendo o aumento de seu próprio metabolismo. ● Sedação dose dependente ○ Entre 6 a 10g causa grave toxicidade; 2 a 3g se for de curta duração. Toxicidade ● Manifestações Clínicas: ○ Sedação com início -30min após a ingestão progride rapidamente para o coma e colapso respiratório em casos graves; ○ Pode ocorrer síndrome paradoxal - grande agitação psicomotora no início da intoxicação; período de excitação é seguido de sonolência até coma profundo nos casos graves. ● Quadro Clínico: ○ Letargia, fala arrastada, nistagma, perda de controle muscular em movimentos voluntários; ○ Pode apresentar diminuição ou ausência dos reflexos; ○ Hipóxia e hipoglicemia, coma profundo, miose, insuficiência respiratória, hipotermia se caso for grave; ○ O que acaba levando o paciente ao óbito é colapso cardiovascular (sem arritmia); ○ Padrão respiratório é afetado: ventilação lenta e superficial, pode evoluir para insuficiência respiratória e pode gerar acidose metabólica. ○ Pode haver formação de concreção gástrica, ajudando o quadro de intoxicação, retardo na absorção do fármaco. Exames A avaliação laboratorial depende do quadro clínico do paciente. Níveis séricos (quantidade de substância no sangue) dos barbitúricos mantém pouca correlação com quadro clínico na intoxicação (exceto para o fenobarbital. Solicitação de níveis séricos de fenobarbital só deve ser solicitado após 4h da ingestão) Os principais exames a serem solicitados: ● Ureia, creatinina, ionograma, glicemia, gasometria arterial; ● Radiografia de tórax; ● Quando houver indicação de alcalinização urinária, verificar pH urinário. Tratamento das intoxicações Não há antídoto específico. Se o paciente estiver em coma, é importante manter as vias aéreas abertas e suplementar oxigênio. Avaliar necessidade de intubação. Se hipotensão severa, aplicar 2 a 4L de cristaloides. Carvão ativado em dose de ataque (4 - 4h; por até 72h). Se a intoxicação grave for por fenobarbital (pKa 7.2 e boa excreção urinária): ● Alcalinização da urina diminui reabsorção tubular - aumenta entre 5 a 10x a excreção; ● Manter o pH urinário em torno de 8. Na persistência dos sintomas, hemodiálise / hemoperfusão. Benzodiazepínicos Clordiazepóxido foi o 1° benzodiazepínico (1957). Metade das prescrições é para uso psiquiátrico, mas também são utilizados em tratamentos diversos (problemas cardiovasculares, gastrientinais, desordem músculo esquelético). Farmacodinâmica ● São agonistas GABAérgicos (efeito sedativo / hipnótico); mas possuem efeito ansiolítico, relaxante muscular e anticonvulsivante; ● Facilitam a ligação GABA ao receptor e podem inibir respostas hormonais de resposta ao estresse. ● São bem absorvidos pelo trato gastrointestinal; ● Via intramuscular errática (irritação local) - exceto lorazepam e midazolam que possuem absorção IM rápida; ● Concentração máxima (30min até 8h); ● Volume de distribuição alto (ampla distribuição - passagem por barreiras - liberação no leite; abstinência no recém-nascido) ● Metabolismo hepático ○ Fase 1 - Hidroxilação / Desalquilação / Acetilação ○ Fase 2 - Glicuronidação. Toxicidade ● Manifestações Clínicas dependem de dose, tolerância, idade, associações.. ○ Até 200 comprimidos de 10mg de diazepam em adultos sadios costuma levar a intoxicações leves ou moderadas. ● Quadro Clínico: ● Sedação leve sem depressão respiratória (maioria dos casos) até coma profundo com insuficiência respiratória; ● Quadro mais comum envolve diminuição dos reflexos, ataxia, confusão mental e amnésia; ● 15% dos quadros costumam apresentar hipotermia. Exames A avaliação laboratorial depende do quadro clínico do paciente, não se buscam níveis séricos do benzodiazepínico (exceto para confirmação de intoxicação). Principais exames a serem solicitados: ● Glicemia, ionograma, função hepática, gasometria arterial. Tratamento das intoxicações Tratamento essencialmente suportivos; no Brasil ainda se recomenda descontaminação por lavagem gástrica e carvão ativado seriado (4h - 4h / 3 doses) - até 2h após a intoxicação. Em caso de coma, intubação endotraqueal. Não há benefícios na alteração de pH urinário ou diurese forçada. ● Flumazenil - Antagonista GABAérgico É o antídoto especifico atualmente. Ele bloqueia, especificamente, por inibição competitiva os efeitos dos benzodiazepínicos, mas deve ser usado com cautela. Só pode ser usado quando a overdose é devida unicamente a benzodiazepínicos. Se usado, deve ser administrado (0,2 mg/min até 3-5 mg/min). Doses elevadas causam agitação e sintomas de abstinência.
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