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Administração Contemporânea Página 1 ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA UNIDADE II – TEMAS DA ATUALIDADE 4.0. EMPREEENDEDORISMO E COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 4.1. Objetivo É objetivo deste módulotrazer para você um conjunto de conceitos que permitam a construção de uma visão empreendedora, desde os “insights” para a geração da ideia para um novo empreendimento, passando pelas diferentes etapas que sustentam a viabilização enquanto negócio promissor, chegando até recomendações e dicas para a busca de parceiros investidores, através da elaboração criteriosa e apresentação de planos de negócio objetivos e assertivos. 4.2. Sumário Orientações para estudo. Introdução Considerações sobre empreendedorismo Perfil do Empreendedor O processo Empreendedor Identificação e seleção de oportunidades de negócio Importância do Desenvolvimento do Plano de Negócio Estrutura do Plano de Negócios Busca dos recursos As organizações e o empreendedorismo interno Resumo Referencias Bibliográficas Fontes adicionais para aprofundamento 4.3. Orientações para estudo Para estudar e compreender em sua totalidade o módulo “Empreendedorismo e Comportamento Empreendedor”, você deverá cumprir todos os requisitos especificados a seguir: Administração Contemporânea Página 2 Ler e compreender todo o texto apresentado no módulo. Refletir e/ou cumprir com tudo aquilo que é solicitado nos tópicos “Pense” e “Verifique” que você vai encontrar ao longo do módulo. Acessar, ler e compreender o conteúdo dos links que são indicados do decorrer do módulo. A principal referência bibliográfica é o compêndio do Prof. José Dornelas, que disponibiliza gratuitamente para download em seu site farto material complementar, tais como estudos de caso e exemplos de planos de negócio. Recomendo expressamente que visite este site durante o curso. O endereço do site desse professor é: (www.josedornelas.com.br). Lembre-se que para o perfeito aproveitamento de todo o conteúdo, faz-se necessário o seu máximo empenho e dedicação. Procure fazer uma auto avalição ao final de cada leitura. Caso você tenha ficado com dúvidas, é recomendável que você leia o texto novamente. 4.4. Introdução Será que posso imaginar que você ou algum conhecido seu algum dia pensou em ser dono do seu próprio negócio? Será que passou pela sua cabeça a possibilidade de ter uma ideia genial e ganhar muito dinheiro com ela? Será que você chegou a imaginar como chegaram ao topo do ranking dos homens mais ricos do mundo personalidadescomo o americano Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, ou mesmo o brasileiro Eike Batista, dono do Grupo EBX que atua em diversas áreas, mas com foco em energia, assim como o mexicano de origem libanesa Carlos Slim Helú, dono da poderosa empresa de telecomunicações mexicana Telmex e que no Brasil também é dono da Embratel, Claro e Net? Certamente você já se viu na busca de respostas a esses questionamentos. Talvez tenha também se motivado a aprofundar na arte e na ação empreendedora através da busca de informações sobre o perfil dos empreendedores de sucesso. Ou ainda, tenha tentado entender como esses empreendedores buscaram a oportunidade de ouro que viabilizou o início do sucesso dos seus negócios. Em uma análise bem rápida e objetiva dos conceitos de empreendedorismo, poderíamos pensar que as principais motivações dos empreendedores residem exclusivamente na obtenção de dinheiro, mas nem sempre isso é uma verdade absoluta. Um percentual muito elevado dos novos empreendimentos acaba não progredindo em função de um conjunto muito grande de causas que geram a “morte precoce” das empresas nascentes e, portanto, se isso é um fato dito e falado por qualquer literatura especializada em negócios, a chance de um novo empreendimento não ter sucesso é fabulosamente superior à chance de sucesso. Na busca de muito dinheiro, vários dos empreendedores file:///C:/Users/Jorge/AppData/Roaming/Microsoft/Word/www.josedornelas.com.br Administração Contemporânea Página 3 acabam torrando suas economias e de eventuais investidores e o dinheiro não vem. Portanto, a busca pura e simples por dinheiro não se caracterizaria como fator crítico de decisão das pessoas com habilidades e características empreendedoras. Dito isso, quais seriam as motivações não pecuniárias dos empreendedores? Certamente uma das mais fortes é a possibilidade de autonomia e independência, ou seja, a chance de ser seu próprio chefe, de definir por conta própria os rumos do negócio e dos produtos e serviços da empresa através de sua própria experiência e de seus próprios “insights” de mercado. Note que agindo dessa forma você poderá colocar à prova sua competência e habilidade de transformar simples ideias em negócios promissores. Naturalmente um conjunto de habilidades e características pessoais fará toda a diferença na condução e administração do empreendimento e serão apresentadas a você no decorrer deste capítulo. Entretanto, é preciso ficar claro que apenas habilidades pessoais e muito entusiasmo não conseguem sustentar um empreendimento longevo e, portanto, metodologias de planejamento e avaliação conceitual das ideias de possíveis negócios devem fazer parte de sua formação enquanto empreendedor/administrador e serão abordadas de forma a dar consistência ao futuro negócio. Neste sentido, toda uma abordagem metodológica de aprimoramento das ideias de empreendimentos, por meio da busca de informações de mercado e análise estruturada, bem como por meio de Planos de Negócios, será objeto fundamental do conteúdo deste capítulo. Após sua leitura, você terá a oportunidade de analisar criticamente seu futuro negócio com base nos fundamentos da administração, do marketing e das finanças e preparar-se para a busca de recursos e investimentos em diversas fontes, que lhe serão apresentadas. E para fechar esta breve introdução ao tema vale a pena refletir sobre o conceito citado logo a seguir pelo Prof. José Dornelas no livro que serve como referência básica para este capítulo. “Empreender tem a ver com fazer diferente, antecipar-se aos fatos, implementar ideias, buscar oportunidades e assumir riscos auto realização”. 4.5. Considerações sobre empreendedorismo Em edição de 03.07.2012 o portal EXAME.com publicou interessante artigo cuja fonte é a Agência SEBRAE de Notícias e que cita dados absolutamente impressionantes sobre o empreendedorismo no Brasil: O Brasil é o terceiro país do mundo em número de empreendedores, atrás apenas de China e Estados Unidos. Administração Contemporânea Página 4 Mais de 27 milhões de brasileiros possuem ou estão envolvidos na criação de um negócio, das quais quatro milhões estão à frente da criação do próprio negócio. É marcante a presença de jovens e mulheres neste total, sendo mais da metade com idade entre 25 e 44 anos e 49% contando com comando feminino. Os pequenos negócios geram dois de cada três postos de trabalho do setor privado. Fonte:http://exame.abril.com.br/pme/noticias/brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-umero-de- empreendedores?page=2&slug_name=brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-numero-de-empreendedores A pesquisa completa, cuja leitura recomenda-se fortemente, realizada pelo SEBRAE/IBQP/FGV, pode ser obtida por download em: http://www.sebrae.com.br/atender/customizado/estudos-e-pesquisas/temas- estrategicos/empreendedorismo/integra_bia/ident_unico/20527 Sem dúvida alguma você pode perceber que estamos frente a uma poderosa onda empreendedora de vital importância para a economia brasileira e sem paralelo em nossa história que teve seu início em meados da década de 90. Essa onda, no entanto, passou por um verdadeiro solavanco quando ocorreu o chamado “estouro da bolha da internet” em 2000. Centenas de novosempreendimentos estruturados, tendo na internet seu maior pilar estratégico e plataforma de negócios, acabaram falindo em um verdadeiro “tsunami” de quebras no mundo virtual. O grande legado deste período é que os conceitos de empreendedorismo e de elaboração de Planos de Negócios foram sendo aprimorados, tendo como base o “Programa Brasil Empreendedor” liderado pelo SEBRAE e instituído em 1999. A partir de então, o Estado brasileiro passou a dar o devido valor a esta alavanca da economia que tem no empreendedor a sua base de sustentação. Vale ressaltar que esses empreendedores são, normalmente, indivíduos diferenciados com uma extrema facilidade de cair e levantar, com foco no futuro, sem medo de trabalhar duro, com intenso brilho nos olhos quando falam sobre seus feitos e extremamente apaixonados pelos negócios que criam, pois é através deles que se tornam referências na sociedade e no empresariado em geral. Portanto, são pessoas que sentem que fazem a diferença e com isso motivam-se cada vez mais a empreender. No esteio de diversos países, o Brasil passa então a incentivar o empreendedorismo a partir de iniciativas tais como: Programas de incubação de empresas; Criação de Parques Tecnológicos; Desenvolvimento de currículos que incentivem o empreendedorismo desde o ensino fundamental; Programas que incentivam a inovação e a transferência de tecnologia; Subsídios governamentais para criação e desenvolvimento de novas empresas; Programas de desburocratização e acesso a crédito; Programas voltados ao suporte ao reconhecimento da propriedade intelectual; http://exame.abril.com.br/pme/noticias/brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-umero-de-empreendedores?page=2&slug_name=brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-numero-de-empreendedores http://exame.abril.com.br/pme/noticias/brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-umero-de-empreendedores?page=2&slug_name=brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-numero-de-empreendedores http://www.sebrae.com.br/atender/customizado/estudos-e-pesquisas/temas-estrategicos/empreendedorismo/integra_bia/ident_unico/20527 http://www.sebrae.com.br/atender/customizado/estudos-e-pesquisas/temas-estrategicos/empreendedorismo/integra_bia/ident_unico/20527 Administração Contemporânea Página 5 Leis específicas voltadas ao reconhecimento do investimento de recursos em inovação em troca de incentivos fiscais. Visando dar sustentação às inciativas empreendedoras há um conjunto de importantes iniciativas governamentais em curso, tais como: Programa Brasil Maior, que visa dar sustentação ao crescimento de empresas brasileiras através da desoneração dos investimentos e das exportações, dando competitividade às mesmas, tendo como palavras-chave: inovar para competir. Site:(http://www.brasilmaior.mdic.gov.br). Prosoft, uma linha de financiamento ligada ao Softex (www.softex.br) criada para estimular a competitividade internacional da indústria brasileira de software e serviços de tecnologia da informação, tendo três linhas: Prosoft-Empresas, Prosoft-Exportação e Prosoft-Comercialização. Site: (http://www.softex.br/linhas/_prosoft/oprograma.asp). BNDES, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, apresenta uma série de possibilidades de apoio à Micro, Pequena e Média Empresa. Site: (www.bndes.gov.br). FINEP, Financiadora de Estudos e Projetos, apresenta um conjunto bastante amplo de linhas de incentivo, indo desde a pesquisa básica, em conjunto com Universidades e Institutos de Pesquisa, até a incubação de empresas de base tecnológica e criação de parques tecnológicos. Site: (www.finep.gov.br). Embora seja bem evidente, o esforço do Estado brasileiro ainda não se consolidou como uma onda efetiva para que o chamado capital de risco, que vem dos investidores privados e das pessoas físicas (“angel”), faça maiores apostas nos novos empreendimentos. 4.6. Perfil do Empreendedor O empreendedor de sucesso normalmente tem características que, no limite, podem ser resumidas em quatro conceitos-chave: inspiração, dedicação, planejamento e abertura ao risco. Isso tudo sem deixar de lado o fato de que ele conhece como poucos o negócio em que atua. Você já fez uma auto avaliação com base nesses conceitos? Pode ser uma boa hora! No quadro 1, a seguir, você poderá buscar mais dados que talvez possam auxiliá-lo nesta tarefa: http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/ http://www.softex.br/ http://www.softex.br/linhas/_prosoft/oprograma.asp http://www.bndes.gov.br/ http://www.finep.gov.br/ Administração Contemporânea Página 6 Pense! Você se acha um empreendedor? Compare suas características pessoais com as apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 Características dos Empreendedores de Sucesso São visionários: Sabem como construir o futuro, pois viabilizam sonhos. Sabem tomar decisões: Não hesitam, decidem e implementam ações. Fazem a diferença: Transformam o que é possível em realidade. Exploram as oportunidades: E o fazem ao máximo. São determinados e dinâmicos: Não acreditam em obstáculos. São dedicados: Realizam as tarefas por completo e com profundidade. Apaixonados pelo que fazem: Falam com entusiasmo sobre seu negócio. São Independentes: Buscam construir seu próprio destino São formadores de equipes: Contagiando pessoas, lideram e são adorados. Tem networking: Conhecem pessoas estratégicas ao negócio. São organizados: Fundamental para administrar o caos inicial da “startup” Planejam a exaustão: Planejam muito, mas executam muito também. Possuem conhecimento: Além daqueles que tem, buscam novos conhecimentos o tempo todo. Assumem riscos calculados: Sabem gerenciar o risco e tem atitude para enfrenta- lo, pois os desafios o estimulam. 4.7. O Processo Empreendedor Se você imagina que basta ter todas as características de um empreendedor de sucesso para que sua ideia prospere, pode ter surpresas no seu caminho, pois como tudo que se constrói na vida, seja sua formação, sua carreira ou mesmo um empreendimento de Administração Contemporânea Página 7 sucesso, deve passar por um processo de elaboração, às vezes mais complexo e meticuloso, às vezes mais simples e “estabanado”, mas indiscutivelmente importante. Em linhas gerais, você pode considerar o processo empreendedor lastreado por quatro fases estruturantes, a saber: Identificação e Avaliação da oportunidade Esta é fase que normalmente vem depois da inspiração dada por uma nova ideia criativa ou uma inovação que estimula o empreendedor a dar o primeiro passo de um novo empreendimento. Trata-se de uma etapa extremamente difícil, pois há a necessidade de uma profunda reflexão e avaliação de variáveis ambientais (mercado) e que podem diferenciar uma excelente oportunidade de uma mera “outra ideia”. Nesta fase muitos empreendedores apaixonam-se pela ideia sem analisa-la de maneira sistêmica e partem para grandes aventuras, normalmente sem volta. Saber identificar ideias e oportunidades é fator critico de sucesso de qualquer empreendimento. Dado sua relevância, voltaremos a este tema posteriormente. Desenvolvimento do Plano de Negócios Trata-se da mais trabalhosa etapa do processo empreendedor. Imagine você que é exatamente aqui que o empreendedor investirá muito do seu tempo e energia, que certamente gostaria de usar para “tocar seu negócio”, para elaborar um grande conjunto de dados e fatos que mostrem a eventuais investidores que sua ideia ou a oportunidade por ele identificada, tem fundamento e é viável. A arte de elaborar um bom Plano de Negócios e saber como apresenta-lo de maneira assertiva e objetiva pode ser a diferença entre construir um futuro para sua ideia ou “enterrá-la” definitivamente. Um detalhamento mais profundo de como elaborar um Plano de Negócios vencedor será pauta em tópico específicoadiante neste módulo. Recomendo sua atenção especial para ele. Determinação e captação dos recursos necessários Tendo como base o Plano de Negócios elaborado, todos os recursos necessários à condução do empreendimento devem ter sido minuciosamente levantados. Neste ponto você já deve também ter em mãos todos os quantitativos de pessoal, materiais, infraestrutura e demais itens que dão a exata ideia dos investimentos necessários de curto, médio e longo prazo, dentro do horizonte de planejamento estabelecido no Plano de Negócios. Certamente as projeções de receita, associadas a cálculos de Retorno do Investimento e outros indicadores que deixam investidores felizes (veremos isso mais adiante) aliados ao entusiasmo verbal e assertivo do Administração Contemporânea Página 8 empreendedor, passam agora a ser essenciais para uma das mais delicadas fases do processo empreendedor, ou seja, a captação dos recursos necessários para iniciar e garantir o funcionamento do empreendimento. Há diferentes possibilidades que vão desde uso de recursos próprios ou de pessoas físicas próximas até bancos comerciais ou de fomento ou mesmo nas diversas formas disponíveis em órgãos de fomento tais como: BNDES, FINEP, SEBRAE, etc. A título de conhecimento vale ressaltar que os chamados recursos de pessoas físicas próximas podem ser oriundos de amigos e familiares, denominados de “angels”, que atualmente também se organizam em “clubes de angels” em função das decrescentes taxas de juros em títulos de renda fixa no país. Normalmente os “angels” visam à possibilidade de ganhos superiores em investimentos de maior risco nas chamadas “startups”. Gerenciamento da empresa criada Para os mais afoitos, esta parece ser a fase mais simples e fácil do processo empreendedor, mas certamente há desafios e muitas armadilhas na hora de se executar o que foi muito bem planejado nas fases anteriores. Nesta fase, as habilidades de gestão, muito mais do que as características do bom empreendedor, serão vitais para o sucesso do empreendimento. Será fundamental saber executar a gestão das finanças, de pessoas, de marketing e vendas, de produtos e serviços. Cabe lembrar que mesmo negócios de pequena envergadura inicial têm todos os requintes de gestão de um grande empreendimento e, portanto os desafios são de mesma relevância e farão a diferença na hora de se buscar maior eficiência e melhor rentabilidade dos investimentos realizados. Verifique! O SEBRAE tem programas de apoio de excelência para suporte/coaching de gestão, assim como outras organizações tais como a ENDEAVOR que disponibilizam vasto acervo que orientam na gestão dos novos negócios. O endereço é: (http://www.endeavor.org.br/home/start-up) 4.8. Identificação e seleção de oportunidades de negócio Os empreendedores muitas vezes apaixonam-se pelas suas ideias, reputando-as como únicas ou exclusivas e absolutamente à prova da existência de qualquer concorrente. Você acreditaria nisso sem uma análise mais profunda? Certamente uma avaliação mais adequada precisa ser realizada, não para se colocar à prova o talento e inventividade do file:///C:/Users/Jorge/AppData/Roaming/Microsoft/Word/(http:/www.endeavor.org.br/home/start-up Administração Contemporânea Página 9 empreendedor, mas pelo fato de que algo realmente revolucionário é muito raro e as inovações de ruptura somente acontecem após anos e anos de pesados investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. Portanto é fundamental que o empreendedor teste sua ideia ou modelo de negócio junto a clientes potenciais ou mesmo a empreendedores mais experientes de maneira que tenha a oportunidade de ver a situação sob outras perspectivas. Somente com esses cuidados florescerão respostas mais precisas às seguintes questões-chave: Que tipo e que quantidade de clientes compraria o produto/serviço? Qual o tamanho atual deste mercado em moeda corrente? O mercado está estável, estagnado, em crescimento ou em declínio? Quem atende estes potenciais clientes atualmente (concorrentes)? Se estas questões não tiverem respostas convincentes, o empreendedor não está frente a uma oportunidade de mercado, mas apenas a uma ideia. O risco é extremamente maior quando o empreendedor que vislumbrou a oportunidade não possui o mínimo de experiência profissional anterior no ramo do novo possível empreendimento. Por outro lado, você pode estar se preguntando: Mas como posso fazer para “brotar” a criatividade necessária para que eu tenha uma brilhante ideia de negocio ou mesmo aperfeiçoe um “insight” que tive? Será que isso é algo que apenas algumas pessoas “abençoadas”, que têm o dom da criatividade conseguem fazer ou é possível ter técnicas que me auxiliem? Aqui vai uma dica: um empreendedor de sucesso não é, necessariamente, aquele visionário que teve a ideia, mas sim aquele que a olhou com um viés de construção ou de materialização. Alguém que percebeu que aquilo era possível e viável, ou que tem tudo para ser viabilizado. Muitas vezes as ideias mais originais e criativas surgem a partir de técnicas de brainstroming, onde várias pessoas, num processo sem críticas e com um ambiente bem descontraído, dão “palpites” em grande quantidade em torno de um “tema provocação”, podendo pegar carona ou “piramidar” sobre ideias anteriores ou mesmo complementar, ampliar ou reduzir ideias já dadas. Neste processo, após a coleta de um grande conjunto de alternativas, converge-se para algumas poucas que serão aprofundadas, trabalhadas e detalhadas. É sempre aconselhável que o processo de brainstorming seja acompanhado por um coaching ou por facilitador em processos criativos,para que ele apresente resultados mais efetivos. Outras maneiras de gerar ideias inovadoras e criativas é a busca de diálogo com pessoas de diferentes níveis sociais e de idade, análise de cultura local/regional sobre necessidades e expectativas específicas, levantamento de novas patentes e licenciamentos, visitas a Centros de P&D e incubadoras, participação em congressos e Administração Contemporânea Página 10 feiras, além de busca de participação em eventos de networking de empreendedores e investidores. Entretanto a esta altura você provavelmente já dispõe de conteúdo suficiente para gerar uma boa ideia de negócio, mas precisa fazer uma avaliação mais precisa, mesmo antes de partir para a elaboração do Plano de Negócios. Para tanto, você deverá ter respostas seguras para os seguintes pontos: Mercado. A qual mercado sua ideia/oportunidade atende? Em uma primeira análise, a palavra “mercado”pode ser traduzida sumariamente pelo seguinte conceito: “quantidade de dinheiro disponível e passível de acesso pela empresa em sua área de abrangência e nas mãos do público-alvo disposto a comprar o produto/serviços decorrente daquela ideia”. Neste sentido é fundamental saber que outras empresas também suprem a necessidade atendida por sua ideia (concorrência), a possibilidade de você capturar a liderança e que estrutura de preço/margem você teria que praticar para ser competitivo. Um olhar especial à maturidade deste mercado seria prudente (crescimento, estabilidade, estagnação). Retorno Econômico. Nenhum líder de mercado alcançou longevidade, abrindo mão de ter retorno financeiro que compensasse o esforço empreendido. “Mesmo os “gurus” não profissionais costumam profetizar:” Se seu negócio não tiver rentabilidade superior às aplicações de baixo risco no mercado financeiro, tais como caderneta de poupança, fundos de renda fixa, fundos imobiliários ou equivalentes, prefira manter seu dinheiro nos bancos, pois você não irá ter as dores-de-cabeça cotidianas da gestão de um negócio e manterá uma rentabilidade modesta e seguraà altura dos empreendedores de atitude conservadora”. A frase apresentada a seguir é do professorDornelas. Atente para a sua mensagem. “Às vezes, é preferível ocupar a segunda ou terceira posição em um mercadoque lhe trará mais compensação financeira, do que ser líder em outro mercado que tenha uma estrutura cara, altos custos de manutenção e pequenos lucros”. Vantagens Competitivas. Uma análise essencial que também precede à própria elaboração do Plano de Negócios é a identificação das Vantagens Competitivas que a(s) oferta(s) decorrente da sua ideia de negócio apresenta. E quando me refiro a Vantagens Competitivas estou endereçando um conjunto de ganhos e vantagens a serem obtidas pelo consumidor. Neste ponto estamos falando de atributos da oferta que atendem às necessidades de maneira superior e assim são percebido pelo consumidor como preferencial em relação a produtos/serviços da concorrência. Administração Contemporânea Página 11 Conceitualmente falando, as Vantagens Competitivas são consequência de resultados de processos internos ou de conhecimento de mercado e do consumidor que permitem ofertas com qualificações percebidas superiores, como por exemplo: melhor custo final ao consumidor, maior conforto, mais facilidade de acesso e ampla disponibilidade, efeito estima pelo uso da marca etc. Equipe Gerencial. Ao analisar um potencial empreendimento, a grande maioria dos investidores fica atento ao perfil e experiência da equipe gerencial, não apenas por conta de suas habilidades enquanto administradores de empresas, mas fundamentalmente pela necessidade de prévia experiência no ramo de negócios em que o empreendimento está inserido, o que lhe confere bons conhecimentos sobre os atalhos para a liderança: conhecimento do público consumidor e da estrutura do mercado (concorrentes, fornecedores etc.). Entretanto, embora importante, nada disso é suficiente sem que os empreendedores demonstrem que não estão apenas em busca de retorno financeiro, mas que de fato têm paixão e entusiasmo pelo que estão empreendendo. Neste ponto, reputo como o melhor indicador para este quesito o “brilho nos olhos” ao falar sobre o futuro. Critérios Pessoais. Agora esta parte é com você! Ao decidir-se por ser empreendedor e colocar em prática uma ideia de negócio, um dos fatores essenciais a ser avaliado é seu verdadeiro ímpeto de abandonar benefícios, abrir mão de regalias de eventuais empregos atuais, abrir mão de uma boa remuneração para aguardar o período de maturação do novo negócio e eventualmente encarar possíveis negativas familiares ou de alguém próximo. Em suma, este é o momento em que você coloca à prova sua análise pessoal do negócio, e aí falo de uma análise crítica, versus seu entusiasmo que, por vez, te impulsiona além daquilo que a maioria está vendo, o que pode fazer toda a diferença. 4.9. Importância do Desenvolvimento do Plano de Negócios No quadro 2, apresentando anteriormente, temos ilustrada a trajetória do empreendedor André Luiz Ostermann. A mensagem final deixada por ele reflete a importância da criação de cenários e do planejamento no processo empreendedor. É neste contexto que se insere a elaboração de um bom Plano de Negócios. Trata-se de um trabalho de planejamento estruturado com três principais objetivos: Descrever o empreendimento e o modelo de negócios que sustenta a empresa; Ser o guia inicial ou ferramenta básica de gestão para o planejamento e desenvolvimento inicial de uma “start-up”; Administração Contemporânea Página 12 Servir como Instrumento básico para seu processo de captação de recursos junto a investidores. Imagine você que dois empreendimentos tenham, por hipótese, as mesmas condições iniciais de inovação quanto à ideia de produtos / serviços, assim como de recursos financeiros e de infraestrutura física. Não tenha a menor dúvida que o empreendimento que investiu mais em planejamento e construção de cenários terá maior chance de sucesso. Quadro 2 Conhecendo empreendedores de sucesso – I André Luiz Ostermann, é um gaúcho que foi acolhido por Santa Catarina e vive hoje em Florianópolis, onde é proprietário da SafePark Estacionamentos Santa Catarina(www.safepark.com.br). Antes de ser empreendedor neste ramo de negócio, foi gestor da área de treinamento e desenvolvimento de uma instituição financeira e consultor na área de novos negócios e treinamento e desenvolvimento. A descoberta da veia empreendedora se deu por conta de um “chefe” que identificou algumas características pessoais e literalmente o empurrou para o empreendedorismo, destacando-se as seguintes: liderança, habilidade de análise e de assumir riscos calculados e credibilidade pessoal. André rompe a regra de que é fundamental empreender-se num ramo de negócios profundamente conhecido, pois sai de um negócio da área financeira, como empregado, e vai para a área de serviços, como proprietário, cujo foco de negócio, segundo sua própria definição, é: “Estacionamentos, Valet Parking e serviços de qualidade aos clientes”. Iniciou as atividades da SafePark em 2004 com05 estacionamentos em Florianópolis e gerava emprego a 18 profissionais e hoje conta com 17 estacionamentos(Florianópolis, Criciúma, São José e Biguaçu) egera emprego a 98 profissionais. Neste período precisou superar obstáculos diversos, destacando-se principalmente aausência de cultura de “parking” no Estado e pouco capital para investimento, mas foi superando passo a passo através de campanhas publicitárias e virais sobre a importância do estacionamento, da criação de cenários de negócio diversos e fazendo análises pormenorizadas de cada um dos empreendimentos, utilizando-se de sua grande capacidade analítica e visão de futuro. Duas mensagens deixadas pelo André a você: “Crie cenários e planeje!” “A melhor maneira de prever o futuro é inventa-lo" Administração Contemporânea Página 13 Há extensos estudos do SEBRAE em função da preocupação com a chamada “mortalidade infantil” de um montante superior a 70% das “startups” brasileiras. Entretanto, não é prerrogativa dos empreendimentos brasileiros a chance de insucesso prematuro. Dados do SBA (Small Business Administration), órgão do governo americano, equivalente ao nosso SEBRAE, relatam as principais causas de fracasso, como mostrado no quadro 3, apresentado logo a seguir. Site do SEBRAE: (www.sebrae.com.br). Fica evidente que os aspectos de planejamento e profundas noções do ramo de negócios e das boas Práticas de Gestão evitariam em grande parte as principais causas identificadas, mas o que normalmente temos observado é que vários dos empreendedores mal sucedidos procuram imputar ao ambiente externo suas amarguras, sempre citando fatores tais como políticas públicas de incentivo insuficientes, questões associadas à instabilidade da economia local e global etc. O fato é que em qualquer ciclo de planejamento que pretenda ser adequado, tais variáveis devem ser consideradas e profundamente analisadas. Os contornos e prevenções às mesmas fazem parte do plano de ações elaborado pelos bons planejadores e neste caso são mitigadas as possibilidades de “morte prematura”, aumentando a possibilidade de sucesso do negócio. Quadro 3 Causa Percentual Inexperiência Gerencial 45% Inexperiência no Ramo 9% Inexperiência de Gerenciamento 18% Expertise Desbalanceada 20% Negligência nos Negócios 3% Fraudes 2% Desastres 1% TOTAL 98% Fonte: SBA Estamos falando da necessidade de que o empreendedor tenha, além das atitudes assertivas e corajosas, um conjunto de habilidades e conhecimentos de práticas de gestão à altura do salto que pretende dar ao seu negócio ou, no mínimo, cercar-se de profissionais que possam suprir esta necessidade. Ele deve buscar capacitação contínuapara tal. http://www.sebrae.com.br/ Administração Contemporânea Página 14 Vale frisar que não é uma característica típica da cultura do empresariado brasileiro o foco em planejamento, pois muitos acham algo tedioso, ao contrário do que podemos dizer sobre sua criatividade e persistência. Nós brasileiros somos conhecidos pela nossa inventividade e pelo velho jargão “sou brasileiro e não desisto nunca”. Imagine você se pudesse aliar de maneira consistente o planejamento a essas características. Em suma, vale a pena investir tempo na elaboração de uma boa ferramenta de planejamento do futuro negócio (Plano de Negócios), com a qual possam ser realizadas todas as análises necessárias de forma a demonstrar a viabilidade do negócio e, principalmente que acene com a possibilidade do empreendimento trazer boa rentabilidade do capital investido. Cabe lembrar que o Plano de Negócios é uma ferramenta flexível e dinâmica, podendo ser aperfeiçoada a qualquer tempo, uma vez que as variáveis externas e internas estão sempre se modificando. O verdadeiro gestor está sempre atento a esses movimentos do ambientee preparado para ajustar o leme do negócio para leva-lo na direção correta, ou seja, a direção da lucratividade. 4.10. Estrutura do Plano de Negócios Considerando-se que toda e qualquer peça escrita tem que ter aderência ao momento e ao público a que se destina, não podemos buscar uma estrutura rígida e imutável para um Plano de Negócios, pois o mesmo pode ser utilizado para diferentes públicos-alvo e finalidades internas ou externas, dentre as quais pelo menos as seguintes: Busca de financiamentos em órgãos de fomento e junto a investidores e bancos. Definição de estratégias e formas de atuação junto a parceiros e fornecedores. Convencimento de sócios e estabelecimento de condições para formalização da sociedade. Ferramenta de orientação e motivação dos gestores e colaboradores, numa estratégia de endomarketing. Parte integrante/insumo das estratégias de comunicação com clientes. Entretanto, mesmo que não tenhamos a pretensão de algo rígido, alguns tópicos são essenciais para o correto entendimento pelo público-alvo. Note que várias estruturas são proposta na literatura especializada em empreendedorismo. Verifique! O professor José Dornelas é autor do livro “Plano de Negócios – Seu guia definitivo”, publicado pela editora Elsevier. Nesse livro são apresentados diversos exemplos de Planos de Negócio e respectivas estruturas. Consulte o site: (www.josedornelas.com.br). http://www.josedornelas.com.br/ Administração Contemporânea Página 15 Você também pode se utilizar de softwares especializados na elaboração de Planos de Negócio que podem ser obtidos gratuitamente ou em versões “Premium” por valores acessíveis. Um exemplo bastante utilizado e que tem várias referências e exemplos de utilização é o software EASYPLAN que pode ser encontrado em duas versões no portal PN – O portal do Empreendedor. O endereço é: (www.planodenegocios.com.br). Acesso aberto:acesso gratuito em que você cria e edita seus Planos de Negócio, mas que abre mão de sigilo, pois poderão ser utilizados como exemplo para consulta de outros usuários. Acesso exclusivo: esta opção, não gratuita, permite que seus Planos de Negócios sejam criados e editados por você, que terá acesso exclusivo aos conteúdos gerados (neste caso demais usuários do Portal PN não poderão acessá-lo). Verifique! Um resumo bastante didático sobre estrutura de Planos de Negócio é apresentado por Alexandre Pierantoni, sócio da PwC Brasil. Procure no site: (http://endeavor.org.br/endeavor_mag/start-up/ferramentas/o-plano-de-negocios-business- plan). Verifique! Os negócios na internet, denominados “negócios ponto com”,tem peculiaridades que procuraram ser capturadas na versão gratuita do Plano de Negócios disponível no Portal eComerceOrg. Faça o download no seguinte endereço: (www.e-commerce.org.br/planos_de_negocios.php). Objetividade e clareza devem ser características essenciais dos bons Planos de Negócios, pois evitam transportar para o conteúdo apenas o entusiasmo dos empreendedores e um exagerado conjunto de dados que levam o leitor apenas aos cenários otimistas. A seguir é apresentada uma possível estrutura genérica, que pode ser adaptada em função de especificidades do negócio, propriamente dito,bem como ao público-alvo para o qual se destina. Capa. Causar uma boa primeira impressão é fundamental e, portanto sua capa deverá ter informações claras e objetivas, contendo apenas informações que permitam ao leitor saber do que se trata o empreendimento e quem são os responsáveis pelas informações. http://www.planodenegocios.com.br/ http://endeavor.org.br/endeavor_mag/start-up/ferramentas/o-plano-de-negocios-business-plan http://endeavor.org.br/endeavor_mag/start-up/ferramentas/o-plano-de-negocios-business-plan http://www.e-commerce.org.br/planos_de_negocios.php Administração Contemporânea Página 16 Sumário. Um sumário de qualidade é o roteiro de leitura que contempla o “título” e o número de referência de todas as seções e respectivas páginas em que cada uma delas se encontra. Assemelha-se ao índice dos livros-texto dos cursos de Graduação e Pós-Graduação. Esta organização tem por objetivo principal facilitar ao leitor, que por vezes são investidores com pouco tempo disponível, o rápido acesso às informações que de fato lhes interessam. Lembre-se que você pretende encantar quem analisa seu Plano de Negócios, portanto, facilitar a “navegação” do leitor poderá trazer “boa vontade”. Editores de texto do tipo Word são excelentes ferramentas de formatação. Sumário Executivo. Mais do que a capacidade de elaborar um texto objetivo e com todas as informações que possam motivar qualquer leitor a continuar a ler seu Plano de Negócios, a elaboração de um Sumário Executivo de qualidade é um teste da sua capacidade de síntese e de sua objetividade ao vender uma ideia. Isso é sempre analisado pelos investidores que procuram, além de boas ideias de empreendimentos, gestores capacitados a gerenciar a “start-up” sob análise. Portanto, procure escrever seu Sumário Executivo apenas após ter elaborado por completo seu Plano de Negócios e ter uma visão sistêmica do mesmo que lhe permita capturar as informações de maior relevância e que instiguem e mantenham o leitor curioso para aprofundar-se no mesmo. Não se limite em fazer várias revisões e não se omita de colocar claramente seu objetivo ao apresentar este Plano de Negócio a um público em especial. Lembre-se, portanto, de adaptar seu Sumário Executivo a cada mudança de audiência/público-alvo. Análise Estratégica. Talvez seja esta seção do Plano de Negócios a mais relevante do ponto de vista analítico, pois traz uma avaliação sistêmica dos ambientes internos e externos em que se insere o empreendimento. Uma boa formação em Administração de Empresas ou o apoio e acompanhamento de profissional com sólidos conhecimentos em análise ambiental, serão fundamentais para que os principais pilares da análise sejam elaborados de forma consistente e preventiva. Lembre-se que todo o desdobramento das demais seções será alicerçado na Análise Estratégica e esta, por sua vez, na definição de Missão, Visão, Valores, Objetivos Estratégicos e Metas de Negócio, assim como na análise SWOT (Forças e Fraquezas do ambiente interno e Ameaças e Oportunidades do ambiente externo) e na avaliação das cinco forças de Porter (Rivalidade entre Concorrentes, Poder de Negociação dos Clientes, Poder de Negociação dos Fornecedores, Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes / Entrantes e Ameaça de Produtos Substitutos). Sua habilidade em elaborar e discorrer sobre esta seção do Plano de Negócios pode conferir parte da segurança necessária aos potenciais investidores emsua “start-up”. Uma inestimável fonte de informações para sua análise do ambiente está disponível nas seguintes instituições: Administração Contemporânea Página 17 IPEADATA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. Vide site: (www.ipeadata.gov.br). Banco Central do Brasil. Vide site: (www.bcb.gov.br). FGV – Fundação Getúlio Vargas. Vide site: (http://portal.fgv.br). Funcex – Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior. Vide site: (www.funcex.org.br). Global Financial Data. Vide site: (www.globalfinancialdata.com). IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vide site: (www.ibge.gov.br). Descrição da Empresa. Nesta seção você deve mostrar uma espécie de descritivo sumário da empresa, contendo dados de razão social, localização, estrutura organizacional resumida (use um diagrama), citação sobre certificações (Sistema da Qualidade ou Maturidade de Desenvolvimento de Software, por exemplo), principais parceiros (de tecnologia e de negócio, se aplicável), breve histórico da organização (fundação, dados de crescimento, fatos relevantes, conquistas, etc.). Produtos e Serviços. A descrição dos Produtos & Serviços é uma espécie de showroom escrito, podendo ser utilizado o recurso de desenhos, fotos ou figuras, quando aplicável. A ideia é descrever em detalhes os produtos da empresa, algumas informações de cunho tecnológico em alto nível quanto aos processos fabris e do produto propriamente dito, assim como dicas sobre processos de pesquisa e desenvolvimento que conferem diferenciais competitivos, principalmente por conta de feedbacks de clientes. Na medida em que o consumidor torna-se cada vez mais exigente, a qualidade dos serviços prestados (delivery, garantias, assistência técnica, SAC – Serviços de Atendimento ao Cliente, etc.) passa a ser fundamental para a credibilidade da empresa junto ao seu público-alvo e detalhar seus serviços no Plano de Negócios certamente é fator de atenção dos possíveis investidores, que poderão perceber seu foco na satisfação do cliente, o que leva a uma boa visão de longevidade da organização. Plano Operacional. O conteúdo do Plano Operacional tem por finalidade detalhar em nível adequado o processo de produção ou geração do serviço que é entregue pela empresa ao consumidor. O sistema produtivo da organização deverá apresentar indicadores de avaliação da produção que permitam aperfeiçoamento contínuo e para tanto são importantes dados tais como: indicadores de desenvolvimento, tempos de produção, prazos de entrega, indicadores de defeitos etc. Plano de Recursos Humanos. Dependendo do ramo de atividade de sua empresa, seu principal ativo é formado pelo conjunto de talentos dos seus colaboradores e do grupo de executivos que administram o negócio. Trata-se de fator de competitividade e, portanto o Plano de Recursos Humanos tem que estar em completo alinhamento com o Plano Operacional e com a visão de futuro da organização, pois também farão http://www.ipeadata.gov.br/ http://www.bcb.gov.br/ http://portal.fgv.br/ http://www.funcex.org.br/ http://www.globalfinancialdata.com/ http://www.ibge.gov.br/ Administração Contemporânea Página 18 parte do mesmo os dados e metas relativas ao treinamento técnico específico das diferentes áreas da empresa, assim como os programas de capacitação dos executivos e os planos de carreira em todos os níveis. Demonstrar a preocupação com a manutenção e evolução de um time competente e bem formado, certamente contribui para maior confiança dos investidores na estabilidade futura da organização. Análise de Mercado. Um fator crítico de sucesso de qualquer empreendimento é o máximo conhecimento do mercado pelos executivos que conduzem o empreendimento e isso significa conhecer muito bem seu consumidor, seus hábitos e fatores de decisão de compra, sua segmentação nas diferentes dimensões (geográficas, demográfica, sociocultural etc.), que tipo de concorrente também atende suas necessidades e qual a eventual participação relativa do mesmo em relação às suas pretensões, eventuais sazonalidades de consumo etc. Uma análise de mercado sempre deve ser suportada por pesquisas qualitativas e quantitativas e que podem ser feitas diretamente pelo empreendedor com um bom investimento em preparação e execução de questionários ou através de dados de empresas especializadas em pesquisas de mercado pautadas em sofisticadas ferramentas analíticas e metodologias de busca e análise de informação sobre os mais variados públicos. Um exemplo de referência mundial é a AC Nielsen, que além de estudos pagos, tem um conjunto de relatórios gratuitos disponíveis em: (www.acnielsen.com.br). Estratégia de Marketing. Conquistar e manter clientes são os desafios que sua estratégia de marketing deve superar e para tal você deverá desenvolver um Plano de Marketing capaz de criar, comunicar e entregar valor ao seu consumidor. Isso pode ser feito a partir dos conceitos clássicos de marketing desenvolvidos por P.Kotler e K.L. Keller em sua mais recente obra (Administração de Marketing, 12° Edição – A Bíblia do Marketing) e que oferece a você várias dicas em: (http://wps.prenhall.com/br_kotler_admmkt_12/) com ênfase no Glossário Especial. Sua estratégia deverá contemplar de maneira abrangente o chamado Mix de Marketing, composto pelos famosos 4P’s (Produto, Preço, Promoção e Praça), ou, de outra forma, os 4C´s (onde se lê produto, leia-se solução para o Cliente, onde se se lê preço, leia-se Custo para o cliente, onde se lê praça, leia-se Conveniência para o cliente e onde se lê promoção, leia-se Comunicação com o cliente). Em resumo, sua Estratégia de Marketing deve mostrar como você pretende integrar todas essas variáveis, aumentando a demanda pelo seu produto ou serviço. Plano Financeiro. Na medida em que um dos objetivos-chave do seu Plano de Negócios é o convencimento de investidores sobre a viabilidade do seu negócio, você deve preparar o Plano Financeiro de maneira a deixar bastante claro e transparente quais os recursos necessários para colocar seu negócio em pé e andando até que ele proporcione a lucratividade atrativa que justifique novos investimentos. Portanto, sem a necessidade de ser um especialista em engenharia financeira, é importante definir http://www.acnielsen.com.br/ http://wps.prenhall.com/br_kotler_admmkt_12/ Administração Contemporânea Página 19 suas necessidades de capital, alinhadas às estratégias e ações operacionais planejadas num determinado horizonte de tempo. No seu Plano Financeiro é fundamental apresentar pelo menos um fluxo de caixa com horizonte de três anos, o balanço patrimonial, análise de ponto de equilíbrio, demonstrativos de resultados, análise de indicadores financeiros do negócio (faturamento e margens previstas, prazo para retorno do investimento - Payback, taxa interna de retorno (TIR) etc.). Nos sites a seguir você encontra planilhas específicas e dicas sobre o assunto: (www.sebrae.com.br) e (www.endeavor.org.br). Verifique! Recentemente o Portal Exame indicou os seis livros sobre finanças considerados essenciais aos empreendedores. Veja em: (http://exame.abril.com.br/pme/noticias/6-livros-sobre-financas-essenciais-para- empreendedores). Anexos. Todo e qualquer material que você considere relevante para uma melhor compreensão do seu negócio e de sua estratégia pode ser colocado como anexo ao Plano de Negócios. É vital que se coloque a relação dos curricula vitae de todos os sócios e dirigentes da empresa, assim como fotos/diagramas de produtos, eventuais diagramas de processos-chave, resultados detalhados de pesquisas de mercado, plantas/croquis das instalações, contratos sociais, estatutos, planilhas financeiras detalhadas, materiais de divulgação/ folder etc. Os anexos serão utilizados, se e somente se, o eventual investidor“comprar” sua ideia. A partir daí ele passará a analisar em detalhes as condições em que seria vantajoso fazer parte deste negócio. Recomendo fortemente que seja lido em detalhes o Capítulo 6 do livro “Empreendedorismo – Transformando Ideias em Negócios” do Prof. José Dornelas, que busca dar os detalhes para se criar um Plano de Negócios eficiente e nos ensina: “Um bom Plano de Negócios deve mostrar claramente a competência da equipe, o potencial do mercado-alvo e uma ideia realmente inovadora; culminando em um negócio economicamente viável, com projeções financeiras realistas”. http://www.sebrae.com.br/ http://www.endeavor.org.br/ http://exame.abril.com.br/pme/noticias/6-livros-sobre-financas-essenciais-para-empreendedores http://exame.abril.com.br/pme/noticias/6-livros-sobre-financas-essenciais-para-empreendedores Administração Contemporânea Página 20 4.11. Busca de Recursos A máxima do dito popular “dinheiro não cai do céu” representa exatamente o que deve sentir um empreendedor após ter colocado todo seu investimento pessoal na construção da sua ideia, ou seja, a elaboração meticulosa do seu Plano de Negócios. A esta altura começa uma importante fase do Processo Empreendedor, caracterizada por uma sequência de apresentações assertivas e objetivas visando convencer potenciais investidores de que estão frente a um negócio potencialmente viável e de bom retorno. Alguns pilares são relevantes nesta fase: seu networking que poderá leva-lo a investidores ou a órgãos de fomento, sua habilidade em oratória e argumentação, que poderá ser chave para encantar sua plateia para com sua ideia, suas habilidades e preparo em técnicas de negociação, que poderão ser vitais para convencimento de terceiros, seu preparo e segurança quanto ao conteúdo, dados de mercado e dados financeiros do seu Plano de Negócios, que demonstrarão sua maturidade, criando um clima de confiança e engajamento. Na busca por investimentospara iniciar uma empresa, existem duas formas específicas de capitalização. Na primeira, você abre mão de parte do capital social para o investidor. Na segunda, mais comum para empresas em estágio inicial de atividade, você deve contrair empréstimo de longo prazo, com manutenção total do capital social, mas com a oferta de garantias que podem ser algum ativo pessoal ou da própria empresa (bens ou contratos, por exemplo). A seguir são citadas possíveis fontes de financiamento: Economia pessoal, família e amigos. Neste caso, a amizade e a confiança são as principais garantias. Este tipo de financiamento pode, no entanto, colocar em risco a relação cordial em caso de perdas por conta dos possíveis riscos associados à mortalidade precoce que ocorre com a maioria das empresas - já citado anteriormente. Investidor Anjo (“Angel”). Trata-se de pessoa física que possui capital próprio e caracteriza-se como investidor de risco. Normalmente faz apostas em vários negócios como uma maneira de buscar rentabilidade superior às aplicações de baixo risco do mercado financeiro. Normalmente faz o investimento em troca de participação no negócio. Nos Estados Unidos é muito comum este tipo de investidor, com ênfase em “startups” da área de tecnologia. No Brasil ainda não temos essa cultura. Embora em número crescentes os “angels” ainda são escassos. Existem, também, os clubes de “angels”. Vide nos sites a seguir: (www.saopaulo-anjos.com.br) e (www.gaveaangels.org.br, capitalinivador@c2i.org.br). http://www.saopaulo-anjos.com.br/ http://www.gaveaangels.org.br,%20capitalinivador@c2i.org.br/ http://www.gaveaangels.org.br,%20capitalinivador@c2i.org.br/ Administração Contemporânea Página 21 Fornecedores, parceiros estratégicos, clientes e funcionários. Neste caso temos duas vertentes. Na primeira, os funcionários podem exercer o modelo de “stock options”, em que convertem parte de seus recursos em participação acionária da empresa. No segundo, os fornecedores, parceiros estratégicos e clientes podem contribuir através de condições especiais de prazos (postergação ou antecipação de pagamentos) refletindo em benefícios ao fluxo de caixa no curto prazo. Capital de Risco. Ao buscar esta modalidade você deve estar ciente de que haverá pleitos para além da participação acionária, ou seja, o capital de risco vem acompanhado por uma estratégia de participação consultiva na gestão do negócio, podendo ter algum controle na área financeira da empresa e uma aspiração de participação por período específico, quando então o investidor busca “realizar lucro”, vendendo sua posição a terceiros. Este tipo de investidor normalmente é procurado quando a empresa tem necessidade de crescimento rápido e pode despertar interesse em uma aplicação por dois a cinco anos em que as projeções financeiras do negócio indicam forte possibilidade de crescimento. Este tipo de investidor procura negócios que tenham uma equipe de gestão de excelente qualidade, um plano de negócios consistente e bem elaborado, um mercado-alvo expressivo e em franco crescimento e uma ideia com alto grau de inovação. Existem vários fundos de capital de risco que podem ser acessados no Brasil, tais como: (www.venturecapital.gov.br) ou(www.valor.com.br). Iniciativas do Governo brasileiro. Embora não tenhamos uma ação governamental totalmente orquestrada e sinérgica, há várias iniciativas e uma clara intenção do governo em incentivar o empreendedorismo no Brasil. A FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos, através do Projeto Inovar em parceria com o BIB – Banco Interamericano de Desenvolvimento, promove ações de estímulo ao empreendedorismo, tais como “Venture Fóruns” e rodadas de negócio, além do estímulo à criação de incubadoras de fundos de investimentos (foco em capital semente – seed capital - para empresas nascentes). Ainda na FINEP existe o Programa de Subvenção Econômica, que prevê recursos públicos não reembolsáveis diretamente em empresas, desde que associados a investimentos pelas mesmas em ICT´s (Institutos Científicos e Tecnológicos). Dois tipos de subvenção estão disponíveis, sendo um relacionado à Lei do Bem e outro à Lei da Inovação, ambas iniciativas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação estão no âmbito do Programa Brasil Competitivo (www.mbc.org.br). O BNDES também dispõe de Programas voltados ao empreendedorismo, dentre os quais se destaca o CRIATEC quem tem foco em capitalizar as micro e pequenas empresas inovadoras de capital semente e prover apoio gerencial de qualidade. Dados adicionais podem ser encontrados em (www.bndes.gov.br). Entretanto, reputo como uma das mais brilhantes iniciativas de apoio ao empreendedorismo no Brasil, aquelas lideradas pelo SEBRAE, a saber: Programas SEBRAETEC e SEBRAE MAIS, que subsidiam o empreendedor http://www.venturecapital.gov.br/ http://www.valor.com.br/ http://www.mbc.org.br/ http://www.bndes.gov.br/ Administração Contemporânea Página 22 sob a ótica de consultorias em gestão do negócio e dicas de acesso a recursos. Capacitação e horizontes de capitalização são o oxigênio da micro e pequena empresa, portanto o portal do (www.sebrae.com.br) é fonte obrigatória de informação ao empreendedor e recomendo fortemente que seja constantemente visitado. “Crowd funding”: Uma nova e inovadora modalidade de financiamento de pequenas empresas é o chamado “crowd funding” ou “financiamento público” que pode ser obtido a partir de sites especializados que permitem que microempresas se transformem em patrocinadores de diferentes projetos em troca de propaganda e isso a partir de R$ 100,00. Isso também é aplicável ao público em geral pessoa física. Um exemplo já estabelecido internacionalmente é o (www.kickstarter.com) já com diversos casos de sucesso para contar. No Brasil já temos o:(http://blog.catarse.me/.). Pense! Se você resolvesse abrirum negócio e necessitasse de recursos, qual das fontes de financiamento indicadas você utilizaria? Faça um exercício de reflexão. Liste as vantagens e desvantagens que cada uma oferece. Leia no quadro 4 a seguir, mais um caso de sucesso de um empreendedor brasileiro. Quadro 4 Conhecendo empreendedores de sucesso - II Enquanto professor da Disciplina “Criação e Gestão de Negócios” entre 1998 e 2003, fui “testemunha ocular” de um sem número de iniciativas de empreendimentos pontocom que à época eram a coqueluche do mercado. Lembro-me de empreendimentos propostos pelos alunos tais como: “www.garoto.com”, que se propunha a criar um ícone da internet, o garoto.com, uma marca, que pudesse ser a maior referência de garotos que viam na internet sua chance de se tornar o mais novo “bilionário.com” e seria o símbolo de um portal de negócios virtuais de vendas de produtos para uma enorme quantidade de consumidores do tipo “garotos.com” (CD´s, aparelhos de áudio visual, microcomputadores, pois à época “tablets” e celulares não existiam como hoje!). Além deste, também elaboramos “n” Planos de Negócios para empreendimentos tais como: ”www.floresonline.com” - venda de flores, “personal_consulting.com” – dicas de postura empresarial (comportamento, etiqueta, vestuário, etc.), “cinintel.com.br” – vendas/logística de produtos de infraestrutura para empresas de telecomunicações etc. Cheguei a pensar que jamais veria uma última linha do balanço destes empreendimentos no azul, ou seja, com lucros que justificassem o investimento feito. Como o tempo e a evolução da sociedade e dos negócios é algo dinâmico, cerca de 10 anos depois, começamos a presenciar casos de sucesso neste mundo virtual através de empreendimentos tais como Facebook.com, Twitter.com, Amazon.com (um sobrevivente das tormentas da “bolha”), http://www.sebrae.com.br/ http://www.kickstarter.com/ http://blog.catarse.me/ Administração Contemporânea Página 23 Submarino.com, Americanas.com, dentre outros. Aproveitando esta nova janela de oportunidades os empreendedores brasileiros Fernando Okumura, Bruno Yoshimura e Allan Panossian Kajimoto idealizaram o www.kekanto.com, uma empresa virtual voltada ao serviço colaborativo de resenhas com avaliações de estabelecimentos feitas pelos próprios usuários. Portanto, pelo conteúdo que disponibiliza, é caracterizada como uma empresa de mídia, que valoriza o chamado “boca-a-boca” colaborativo on-line, tendo iniciado suas atividades em 2010 e, à época, abordava somente indicações de profissionais da construção civil, ou seja, um lugar para trocas de informações e recomendações sobre produtos e serviços de profissionais na construção civil (“só quem construiu ou reformou sabe a dor de cabeça que é encontrar um bom pedreiro, um bom mestre de obras etc.”, enfatiza Lucas Nobre, assessor de comunicação do Kekanto). Conhecendo um pouco mais dos fundadores do www.kekanto.com: FERNANDO OKUMURA: Um jovem com pensamento flexível e amplo networking, passou em seu primeiro vestibular no curso medicina da USP aos 17 anos. Desistiu do curso no primeiro ano, para desespero de sua família. Foi embora para os Estados Unidos onde se formou em Economia, com pós-graduação em Stanford. Depois de trabalhar no mercado financeiro em Nova York, foi contratado por uma famosa consultoria (McKinsey) na Austrália. Depois de dez anos fora do Brasil, retornou ao país para ter seu próprio negócio. Além disso, estuda Direito na USP. ALLAN KAJIMOTO: Também jovem e com pensamento arrojado e habilidade de solução rápida de problemas, é descendente de armênios com japoneses e tem o empreendedorismo nas veias. Foi criador de uma rede social de currículos profissionais (Via 6), de uma plataforma de resenhas de produtos (Beezer), de uma consultoria (Direct Labs) e uma empresa de monitoramento de Mídias Sociais (Scup)até chegar à empresa em que ele é um dos sócios, o Kekanto. BRUNO YOSHIMURA: O "japonês", outro jovem com muita iniciativa e espírito colaborativo, trabalha com o mundo virtual desde os 12 anos de idade. Aos 15 anos, foi criador do 46° site mais acessado do Brasil, o Link Grátis, em uma época em que não se falava de técnicas de SEO (Search Engine Optimization) no Brasil. Estagiou no escritório brasileiro da Universidade de Harvard, onde concluiu trabalhos que ficaram pendentes de Mark Zuckerberg, que deixou a instituição para se dedicar ao Facebook. Formou-se na USP, onde conheceu Fernando e Allan. Com início modesto e focado em São Paulo, o Kekanto abriu frentes em novas verticais (bares, restaurantes, baladas, hotéis, etc.) que impulsionaram o seu crescimento, tendo hoje atuação em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e já se internacionaliza com ações na Argentina (Buenos Aires), Chile (Santiago) e México (Cidade do México). São cerca de nove milhões de “pageviews”, 500 mil usuários cadastrados e quatro milhões de usuários únicos. Estes números são mais que o dobro que aqueles atingidos 12 meses antes da edição deste texto, ou seja, Julho/2011. Sendo considerada uma das gratas surpresas do mundo virtual brasileiro, com citações em revistas especializadas, também teve suas pedras no caminho, como toda “start-up”, e as dificuldades estavam baseadas na lógica “uma ideia na cabeça, poucos recursos no bolso”. Depois de um começo em que foram usados recursos financeiros próprios, houve a entrada de investidores-anjos e, mais tarde, de grandes investidores de risco (ventures capital), como a Accel Partners (a mesma que investiu no Facebook e Groupon) e http://www.kekanto.com/ http://www.kekanto.com/ Administração Contemporânea Página 24 Kaszek Ventures (do mesmo grupo do Mercado Livre), o que permitiu a expansão da atuação da empresa e a contratação de mais colaboradores. Hoje contam com 40 profissionais e um nível de motivação que tem sua origem no expressivo aumento de usuários e a crescente utilização do Kekanto para escolha de bares, restaurantes e outros, “check-in´s” e geração de opiniões sobre estabelecimentos pelos seus usuários. Fernando Okumura, costuma dizer uma frase e que resume bem o pensamento que deve ter um empreendedor quando tem uma ideia ou encontra um desafio: “Vamos pra cima!” 4.12. As organizações e o empreendedorismo interno Até o presente momento o conteúdo deste capítulo reservou espaço ao empreendedor individual que está começando um novo negócio a partir de uma ideia que foi trabalhada por ele e eventualmente uma pequena equipe e que deverá resultar em um novo negócio. Entretanto, no esteio da onda empreendedora que cresce cada vez mais como um alicerce da economia dos próximos tempos e nas características criativas e inovadoras que podem ser identificadas também dentro das organizações já estabelecidas, surge um conceito que está sendo bastante explorado: “Intra-empreededorismo”, um conceito em que colaboradores em todos os níveis são incentivados a pensarem além dos seus cargos e funções. Estamos falando de um mundo colaborativo em que a inovação pode nascer em qualquer área e nível hierárquico da organização. Verifique! Um interessante artigo do portal HSM ilustra como a 3M, uma das organizações mais avançadas em matéria de Inovação, trata a questão do empreendedorismo interno. Veja no site a seguir: (http://www.hsm.com.br/editorias/inovacao/intraempreendedorismo-voce-ja-fez-algo- diferente-hoje.) Verifique! No site da empresa 3M há uma descrição da “Fábrica de Ideias. Busque informações no endereço: (http://www.3minovacao.com.br/interativo/fabrica-de-ideias/) http://www.hsm.com.br/editorias/inovacao/intraempreendedorismo-voce-ja-fez-algo-diferente-hoje. http://www.hsm.com.br/editorias/inovacao/intraempreendedorismo-voce-ja-fez-algo-diferente-hoje. http://www.3minovacao.com.br/interativo/fabrica-de-ideias/Administração Contemporânea Página 25 Antes de nos aprofundarmos em exemplos específicos, vamos introduzir alguns conceitos interessantes acerca do processo de inovação nas organizações e que ser referem aos quatro períodos da criação intelectual mencionados por James Teboul, professor de MBA do INSEAD, no curso Administração Estratégica para Dirigentes Empresariais. Vide o site: (http://www.insead.edu): Período de Preparação. Focado em determinado tema potencial, é necessário pensar em todas as variáveis, coletar informações, buscar todo conhecimento disponível interna e externamente, questionar soluções existentes, compartilhar e pedir opiniões, etc. Incubação. Fase em que vem as críticas e em que estas são “fermentadas” a ponto de nos fazer sair da zona de conforto e pensar em outras perspectivas, combinarmos fatores e ideias, excluirmos o possível e talvez aquilo que não seria possível, invertermos paradigmas etc. Enfim, trata-se da fase de questionamento puro e instigante. É fundamental que a organização disponha de mecanismos formais de incubação de ideias. Iluminação. Provavelmente a frase atribuída a Arquimedes, quando de sua descoberta sobre o fato de que o volume de água deslocado pelo seu corpo dentro de uma banheira era exatamente igual ao volume do seu corpo é a que melhor explica esta fase: “Eureka!”. A Iluminação é o momento em que você conecta sua necessidade a algo inovador aplicável à mesma. É a descoberta da solução. Refinamento e Implementação. Raramente o final do período de “Iluminação” é um roteiro pronto para uso, pois advém do processo criativo e, portanto é necessária uma fase em que a gestão do processo e dos recursos passa a ser fundamental para que a implementação tenha sucesso. As organizações que incentivam o intra-empreededorismo permitem que seus colaboradores utilizem parte do seu tempo para projetos pessoais que podem até resultar em algo de valor para a própria empresa. A 3M, por exemplo, incentiva seus colaboradores a despender 15% de seu horário de trabalho na dedicação a projetos pessoais, os quais eventualmente culminam em novos produtos ou técnicas que passam a ser desenvolvidos pela empresa. Segundo o professor Dr. Albert Angehrn, do curso de MBA do INSEAD, no Google existem alguns princípios-chave voltados à inovação, sendo que 20% do tempo útil dos colaboradores podem ser dedicados a projetos pessoais. A empresa valoriza os seguintes princípios – chave: Ideias vêm de qualquer lugar. http://www.insead.edu/ Administração Contemporânea Página 26 Compartilhe tudo que você pode. Se você é brilhante, nós vamos contratá-lo. Inovação não inicia com a perfeição. Dado é apolítico. Criatividade ama restrições. Não mate projetos. Sonhe! Foco no usuário e não no dinheiro. Com premissas como essas, o intra-empreededorismo vem contribuindo sobremaneira para que as organizações otimizem o uso do potencial que se encontra em cada um dos colaboradores e suas redes de relacionamento, sejam eles internos ou externos. Afinal, hoje o poder das redes sociais ultrapassam as barreiras organizacionais e se bem utilizadas podem transformar-se em poderosas fontes de informações voltadas à inovação. Uma das grandes barreiras a serem vencidas neste novo ambiente é a dificuldade dos antigos gestores, para os quais “informação é poder”. O desafio está em criar um ambiente de confiança para a colaboração em massa na organização de maneira que o processo de captura de ideias inovadoras seja cada vez mais utilizado pela “tropa”. Verifique! Um dos casos mais relevantes de captura de negócios emergentes, que se não tivesse contado com o apoio corporativo de alto nível não iria evoluir, vem da IBM. É contado em detalhes em um “case” discutido na Harvard Business School, cujo arquivo pode ser encontrado no endereço a seguir: http://frrl.files.wordpress.com/2010/08/threehorizonsofgrowth_ibm_harvardbusinesscase.pdf. Trata-se de uma transformação ocorrida na empresa a partir de 2003, quando foi criado o programa de Oportunidades de Negócios Emergentes (EBO – Emerging Business Opportunities), pois se acreditava que somente através dos negócios emergentes a empresa poderia crescer a taxas consideradas razoáveis pelo “board”. Houve muita resistência inicialmente, pois os gestores tradicionais viam nos novos negócios uma ameaça aos negócios tradicionais, como se fosse uma perda de foco. Um forte trabalho de busca de novas lideranças e identificação de nomes fortes em alto nível para “patrocinar” as iniciativas de negócios emergentes foi necessário para romper as resistências. Este exemplo mostra que, mesmo em empresas tradicionais de grande porte, uma visão inovadora é possível e a busca de colaboradores e lideranças com perfil http://frrl.files.wordpress.com/2010/08/threehorizonsofgrowth_ibm_harvardbusinesscase.pdf Administração Contemporânea Página 27 para implementar mudanças de rumo é fundamental, mas trata-se de um dos principais desafios a serem vencidos. Neste exemplo da IBM, não estamos falando apenas de uma inovação que gere um produto propriamente dito, mas sim de uma ação organizada de gestão que pudesse permitir que negócios emergentes tivessem espaço para crescer e ter apoio interno, obviamente vencendo barreiras internas. Outro exemplo, só que mais focado em propiciar um ambiente de inovação que possa gerar novos produtos, serviços ou competências a partir da organização de processos internos, vem da Alcatel-Lucent, cujo Diretor da Alcatel - Lucent Academy, Guido Petit disponibiliza no Slideshare (www.slideshare.net) uma apresentação que dá uma ideia ampla de como a empresa captura e viabiliza ideias vindas de diversas áreas da organização. Veja no endereço a seguir: (http://www.slideshare.net/Jeanyveshuwart/alcatellucent-leclerc-intrapreneurship-conference2011). Tudo se inicia num período em que a empresa disponibiliza em sua “intranet” um espaço específico, chamado “Inovation Centre” para a coleta de ideias em todos os níveis. No momento em que o ambiente é aberto ao público interno é feito o lançamento do Concurso “Estique sua mente!". Após uma primeira avaliação pelo time da Alcatel-Lucent Academy, são selecionadas algumas ideias e respectivos grupos multidisciplinares de colaboradores que farão parte do que chamam de “Boot Camp Program”, no qual as diferentes ideias serão aprofundadas em um ambiente externo em locais tais como Bélgica, Índia, China, Estados Unidos e Alemanha durante três meses. O processo ocorre da seguinte maneira: Fim de semana 1: capacitação em como desenvolver um Plano de Negócios bem sucedido, criação de um novo empreendimento de risco e desenvolvimento de oportunidades; Fim de semana 2: marketing para novos empreendimentos e princípios de crescimento de um novo produto; Fim de semana 3: finanças para novos empreendimentos, aspectos legais e direitos de Propriedade Intelectual; Exercício Prático: aplicação dos conceitos nas diferentes ideias pelos respectivos grupos; Super Sexta-Feira (Grande Final): apresentação de 15 minutos e venda do Plano de Oportunidade de Negócios a um júri especializado e gestores da empresa. O júri deve ser convencido sobre: Visão, tendências e necessidades do mercado; Oportunidade de negócio sustentável; Força de equipe; Cadeia de Valor e atores; Caso de negócio e finanças; http://www.slideshare.net/ http://www.slideshare.net/Jeanyveshuwart/alcatellucent-leclerc-intrapreneurship-conference2011 Administração Contemporânea Página 28 Concorrentes e ambiente competitivo; Solução e Tecnologia; Adequação à estratégia do negócio; Adequação às competências essenciais da organização; Clientes iniciais; Plano de Implementação e estratégia de saída; Necessidade de firmarparcerias. Não poderíamos deixar de mencionar um exemplo brasileiro de sucesso. Trata-se do Programa “Inovar é mais Negócio”, conduzido pelo CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, uma instituição independente, focada na inovação com base nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC´s), tendo como objetivo contribuir para a competitividade do País e para a inclusão digital da sociedade. O CPqD é uma instituição que desenvolve amplo programa de pesquisa e desenvolvimento, o maior da América Latina em sua área de atuação, gerando soluções em TIC´s que são utilizadas em diversos setores: telecomunicações, financeiro, energia elétrica, industrial, corporativo e administração pública. Vide o site: (www.cpqd.com.br). O Programa “Inovar é mais Negócio” foi concebido visando captar ideias para gerar novos negócios para o CPqD: Novas ofertas em seu portfólio. Novas empresas (start-up / spin-off). As ideias são captadas através de uma ferramenta de colaboração disponibilizada na intranet da organização e que também é utilizada para o registro de todo o processo de avaliação. Através da ferramenta o(s) autor(es) da(s) ideia(s) acompanham os comentários, votações abertas ao corpo gerencial etc. Há um Grupo de Análise e Decisão composto por Diretores do CPqD e pela Diretoria Executiva que fará o filtro das melhores ideias e que irão percorrer os próximos passos do processo. Não é necessário apresentar preliminarmente as ideias para os gestores imediatos antes de submetê-las ao Programa, visando maior flexibilidade e baixando eventuais barreiras à criação e incentivando a participação de todos. Os proponentes ao submeterem suas ideias o fazem de forma objetiva e contendo os elementos essenciais para que a ideia possa ser compreendida. São sugeridos os itens: Descrição do negócio; Produtos e serviços oferecidos; Mercado e concorrência; Estratégia comercial e marketing; Investimentos; Projeções financeiras; http://www.cpqd.com.br/o-cpqd/identidade.html http://www.cpqd.com.br/ Administração Contemporânea Página 29 Equipe. O Programa de Reconhecimento do CPqD conta com uma categoria específica associada a este Programa chamada “Ideia de Valor”, e os autores das ideias selecionadas serão reconhecidos e as poderão participar da etapa de apresentação para investidores, quando existe a possibilidade de transformação da ideia em negócio, com participação acionária dos colaboradores empreendedores. Neste momento, o CPqD proporciona “coaching” e todo suporte necessário para que os “intra-empreededores” elaborem seus Planos de Negócio e o apresentem aos investidores de maneira competitiva e adequada às melhores práticas do empreendedorismo. Pense! Quais são as vantagens e desvantagens de ser um empreendedor no Brasil? Pense um pouco sobre essa questão. 4.13. Resumo O escopo do presente capítulo/módulo é apresentar uma visão geral do conceito e das práticas do empreendedorismo, passando por uma conceituação do tema numa perspectiva global, citando exemplos de empreendedores conhecidos mundialmente e estabelecendo-se uma ponte com os perfis dos empreendedores de sucesso para que você possa situar-se e analisar comparativamente de modo a ter a oportunidade de ajustar-se ou mesmo utilizar como realimentação em seu processo de crescimento profissional. Adicionalmente é apresentado a você uma visão ampla do processo empreendedor e seus principais pilares, visando contribuir para que você possa explorar ao máximo suas chances de vencer empresarialmente, a partir do desenvolvimento de uma ideia, até que mesma se materialize na forma de um empreendimento de fato, incluindo aí a importância dos processos de gestão de negócios. Como elemento essencial do empreendedorismo e principal ferramenta de planejamento de negócios em fase inicial, este módulo proporciona a você uma clara noção dos elementos-chave na construção de um Plano de Negócios que seja ao mesmo tempo objetivo e assertivo para fins de captação de recursos e que auxilie no direcionamento inicial das atividades do novo empreendimento. Ainda como parte integrante do aprendizado é apresentado o conceito difundido nas organizações já maduras em relação ao uso do potencial empreendedor dos colaboradores internos, mais comumente conhecido como “intra-empreededorismo”, que http://www.cpqd.com.br/nosso-jeito-de-ser-e-de-fazer/352-inovar-e-mais-negocio/6198-conheca-o-programa.html Administração Contemporânea Página 30 cada vez mais passa a ser um diferencial de mercado das empresas e que são exemplificados pelos “cases” de uma multinacional franco-americana (Alcatel-Lucent) e uma organização brasileira da área de Inovação em Tecnologia da Informação e Comunicação (CPqD). Com o intuito de exemplificar os resultados de empreendedores de sucesso brasileiros são apresentados os casos de sucesso do kekanto.com, um empreendimento da era da internet e o SafePark, através dos quais são apresentados os perfis dos empreendedores e dos negócios e são citadas as dificuldades encontradas ao longo do processo empreendedor e como foram transpostas de maneira positiva. 4.14. Referências bibliográficas DORNELAS, J, Empreendedorismo – Transformando Ideias em Negócios – 4º Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2012. Empreendedorismo: as regras do jogo: como empreendedores mais dinâmicos do mundo alcançaram o topo / Business Week / Tradução: Nelson Alessio – São Paulo: Nobel, 2009. 4.15. Fontes de pesquisa de aprofundamento KOTLER, P. e KELEER, K.L., Administração de Marketing – 12º Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, P., Marketing para o século XXI – 13º Ed. São Paulo: Futura, 2003. Administração Contemporânea Página 31 5.0. GOVERNANÇA CORPORATIVA 5.1. Objetivo É objetivo desse capítulo que você compreenda o significado de governança corporativo, os motivos que fazem dela uma necessidade cada vez mais presente no mundo das organizações, quais são seus principais agentes e seus respectivos papéis e quais os princípios que devem nortear a sua existência. 5.2. Sumário Introdução. Orientações para estudo. Governança corporativa nas empresas. Governança corporativa em ação. Por que a governança corporativa se tornou necessária. Vantagens da governança corporativa. Clientes da governança corporativa. Governança corporativa no Brasil: Novo Mercado. Aplicabilidade das práticas de governança corporativa. Resumo. 5.3. Introdução Você certamente já percebeu que os conhecimentose as práticas de administração têm evoluindo ao longo do tempo, obrigando os administradores a se atualizar sempre. Dentre as práticas mais recentes destacam-se aquelas relacionadas à Governança Corporativa, que, em última análise,tratam da estruturação organizacional, dos princípios e dos padrões de trabalho adotados para orientar, validar e controlar as ações dos principais executivos das organizações, com a finalidade de buscar garantir que os objetivos e interesses dos stakeholders (partes interessadas), em especial dos acionistas/proprietários, possam prevalecer sobre os objetivos e interesses individuais dos executivos, em especial quando esses objetivos/interesses forem conflitantes. O que você irá perceber, ao estudar este módulo, é que os conhecimentos de governança corporativa já estão bem evoluídos, no que diz respeito à aplicação em organizações empresarias, e já são úteis o bastante para orientar a gestão desses tipos de organizações. Por outro lado, você também irá perceber que o mesmo não acontece na Administração Contemporânea Página 32 atividade pública, onde os mecanismos de governança, ainda que muito necessários, ainda parecem ser incipientes.
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