Buscar

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
1.1. REQUISITOS DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Os requisitos estão previstos no art. 50 da Constituição Federal de 1988. A seguir o 
artigo: 
O estudo da desconsideração aponta, ainda, duas grandes teorias sobre o instituto: 
a) teoria maior – a desconsideração, para ser deferida, exige a presença de dois requisitos: 
o abuso da personalidade jurídica + o prejuízo ao credor. Essa teoria foi adotada pelo art. 50 do 
CC/2002; 
b) teoria menor – a desconsideração da personalidade jurídica exige um único elemento, 
qual seja, o prejuízo ao credor. Essa teoria foi adotada pela Lei nº 9.605/1998 – para os danos 
ambientais – e, supostamente, pelo art. 28 do Código de Defesa do Consumidor. 
CF, Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade 
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público 
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores 
ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica 
com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, 
caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-
versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor 
proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações 
de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata 
o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da 
atividade econômica específica da pessoa jurídica. 
 
 
 
1.2. LEGITIMIDADE PARA REQUERER A DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
O Código de Processo Civil, em seu art. 133 dispõe: “O incidente de desconsideração 
da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando 
lhe couber intervir no processo.” O Juiz não pode instaurar o incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica de ofício, devendo haver pedido da parte ou do Ministério Público, 
quando lhe couber intervir no processo, como está disposto no art. 133, citado acima. 
1.3. MOMENTOS EM QUE PODE SER REQUERIDA A DESCONSIDERAÇÃO 
DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Os momentos em que pode ser requerida a desconsideração da personalidade jurídica 
estão previstos no art. 134 do CPC. 
 Portanto, o pedido de desconsideração pode ser formulado em todas as fases do processo 
de conhecimento, no cumprimento de sentença, na execução fundada em título extrajudicial e 
na petição inicial (CPC, art. 134, caput). 
 Em relação ao procedimento, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
deve ser instaurado mediante petição endereçada ao juiz do processo ou ao relator do recurso, 
requerendo a sua instauração e demonstrando o preenchimento de todos os pressupostos legais 
específicos para desconsideração da personalidade jurídica, conforme § 4º do art. 134 do 
Código de Processo Civil. Além da demonstração do preenchimento dos pressupostos para a 
CPC, art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de 
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo 
extrajudicial. 
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações 
devidas. 
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for 
requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. 
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º. 
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para 
desconsideração da personalidade jurídica.” 
 
 
 
desconsideração da personalidade jurídica, deve também ser formulado pedido 
de citação (CPC, art. 135) daqueles que serão atingidos pela decisão que o acolher: sócios, 
administradores e até mesmo a pessoa jurídica (na hipótese de desconsideração em sentido 
inverso). Logo, não basta a mera intimação daqueles que serão atingidos pela decisão que 
eventualmente acolher o pedido incidente. Aqueles que são atingidos pela decisão de 
desconsideração da personalidade jurídica, mediante a instauração do respectivo incidente, 
deixam de ser terceiros em relação ao processo para se tornarem parte, pois foi formulado 
pedido de tutela jurisdicional em face deles. Após a citação daqueles que serão atingidos pela 
desconsideração da personalidade jurídica, eles devem, no prazo de 15 (quinze) dias, como está 
disposto no art. 135 do CPC, se manifestar no processo apresentando a sua defesa e requerendo 
a produção das provas que entenderem cabíveis. Tal manifestação tem a natureza de contestação 
ao pedido formulado no incidente. Depois de analisada tal manifestação e de produzidas todas 
as provas cabíveis, o incidente será resolvido por meio de decisão interlocutória. 
1.4. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA 
A desconsideração da personalidade jurídica em sentido inverso, está expressamente 
prevista no § 2º do art. 133 do CPC (“Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de 
desconsideração inversa da personalidade jurídica”). Nesse caso, há o afastamento do princípio 
da autonomia da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio. Ou, 
ainda, se traduz na possibilidade de responsabilizar a pessoa jurídica por uma obrigação de um 
integrante seu, seja ele sócio ou administrador. Em suma, tal instituto se configura pelo abuso 
de direito dos sócios, que transferem seus bens para a sociedade, com o propósito ilícito ou 
abusivo de não responderem pelas obrigações particulares efetuadas com terceiros. A 
desconsideração inversa da personalidade jurídica da empresa nos tribunais tem sido aplicada 
com base no art. 50 do CC/02, pelo qual se prevê a responsabilização da sociedade pelos atos 
praticados pelos sócios e/ou administradores, em caso de abuso da personalidade jurídica. 
1.5. ÔNUS DA PROVA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
O ônus da prova continuará a cargo da parte que postulou pela instauração do incidente, 
conforme regra geral trazida pelo artigo 373 da nova legislação processual civil (“Art. 373. I. 
O ônus da prova incube: ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito”). Ou seja, cabe ao 
autor alegar e provar os fatos constitutivos de seu direito, como sabida e notoriamente exige a 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10727101/artigo-50-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
legislação processual civil. O autor tem que provar o fato que violou o seu direito, porque, do 
contrário, a pretensão deduzida por ele perante o juiz será repelida. 
O ônus da prova se inverte, quando se tratar de relação de consumo, por causa do caráter 
protetivo, pois considera-se a vulnerabilidade do consumidor, então sendo verossímeis ao juiz 
as alegações deste ou a sua não suficiência para a produção de provas do fato constitutivo do 
direito, invertendo o ônus da prova. 
1.6. RECURSO CABÍVEL CONTRA A DECISÃO QUE RESOLVE O INCIDENTE 
DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICAA decisão que acolhe ou rejeita o pedido de desconsideração da personalidade jurídica 
é interlocutória e deve ser impugnada mediante agravo de instrumento se for proferida em 
primeiro grau de jurisdição ou agravo se for prolatada monocraticamente no Tribunal. Isto 
decorre do disposto no art. 136, caput, do Código de Processo Civil, que prevê que o incidente 
de desconsideração da personalidade jurídica será resolvido mediante decisão interlocutória. 
Assim, o recurso cabível dessa decisão é o agravo de instrumento (CPC, art. 1.015, IV) se for 
originária de órgão judicial de primeiro grau e, caso a decisão que seja proferida em fase 
recursal, pelo relator do recurso, caberá agravo interno, conforme prevê o parágrafo único do 
art. 136 e o caput do art. 1.021, ambos do CPC. 
1.7. EFEITOS DA DECISÃO QUE DESCONSIDERAR A PERSONALIDADE 
JURÍDICA PARA ATRIBUIR RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL AO 
SÓCIO PODE ALCANÇAR OUTROS PROCESSOS, MOVIDOS POR 
OUTROS CREDORES 
Se o credor pede a desconsideração da personalidade jurídica para alcançar os bens dos 
integrantes da pessoa jurídica que até então não eram partes do processo, ele deve estar 
preparado para todas as consequências de ter um pedido de tutela jurisdicional negado pelo juiz, 
sobretudo no sentido de indenizar pelos prejuízos que eventualmente causou aos inocentes que 
tiveram que vir a juízo se defender, inclusive pagando-lhes honorários advocatícios e 
reembolsando as despesas incorridas. O sócio ou administrador de pessoa jurídica, nos termos 
do art. 50 do CC, a quem foi imputado um fato grave de desvio de finalidade ou confusão 
patrimonial com intuito fraudulento, que teve que contratar advogados para se defender de um 
pedido de tutela jurisdicional formulado por um credor leviano que queria lhe estender os 
efeitos de uma obrigação de uma pessoa jurídica para lhe tomar o patrimônio particular, não 
tenha o direito de – pelo menos – receber honorários de sucumbência e ser reembolsado pelas 
despesas processuais que antecipou (CPC, art. 82, § 2º). 
1.8. DIFERENÇA ENTRE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA E DESPERSONALIZAÇÃO 
A diferença entre desconsideração e despersonalização da personalidade jurídica, na 
desconsideração, tem-se a regra da autonomia patrimonial, devendo apenas ser afastada para 
invasão do patrimônio dos sócios provisoriamente e somente para o caso concreto; já na 
despersonalização acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da autorização para 
seu funcionamento. Segundo Pablo Stolze Gagliano: “o rigor terminológico impõe 
diferenciar as expressões: despersonalização, que traduz a própria extinção da personalidade 
jurídica, e o termo desconsideração, que se refere apenas ao seu superamento episódico, em 
função de fraude, abuso ou desvio de finalidade.”

Continue navegando