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Perguntas e Respostas: Desconsideração da Personalidade Jurídica Código Civil O que é o princípio da autonomia patrimonial em relação às pessoas jurídicas? Resposta: O princípio da autonomia patrimonial estabelece que as pessoas jurídicas possuem personalidade jurídica distinta de seus instituidores, ou seja, o patrimônio da pessoa jurídica é diferente do patrimônio de seus sócios. Isso significa que os bens do sócio e da pessoa jurídica são tratados de forma separada. O que é a desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: A desconsideração da personalidade jurídica é uma situação em que a auto- nomia patrimonial é afastada, permitindo que os bens particulares dos administradores ou sócios sejam utilizados para pagar dívidas da pessoa jurídica. Essa medida é aplica- da quando a pessoa jurídica é utilizada para praticar fraudes ou abusos. Quando a desconsideração da personalidade jurídica é aplicada, de acordo com a JDCom nº 7? Resposta: A desconsideração da personalidade jurídica só se aplica quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido. Qual a finalidade da desconsideração da personalidade jurídica e em quais situa- ções ela pode ser aplicada? Resposta: A desconsideração da personalidade jurídica tem por finalidade vincular o patrimônio dos sócios ou administradores quando estes agirem contrariamente às fina- lidades estatutárias ou abusarem da personalidade jurídica da pessoa jurídica, acarre- tando prejuízos a terceiros. Ela pode ser aplicada em casos de desvio de finalidade, confusão patrimonial e obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumi- dores. Como é caracterizada a doutrina do disregard of legal entity? Resposta: A doutrina do disregard of legal entity tem por finalidade superar ou descon- siderar a personalidade jurídica de pessoas jurídicas, responsabilizando-lhes os sócios ou administradores, mas sem considerar nula a personificação, apenas a tornando inefi- caz para certos atos. O que a JDC nº 51 afirma sobre a teoria da desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, mantidos os parâmetros existentes nos microssis- temas legais e na construção jurídica sobre o tema. O que a desconsideração da personalidade jurídica busca afastar e o que ela não afeta? Resposta: A desconsideração da personalidade jurídica busca afastar a personalidade da pessoa jurídica para buscar no patrimônio dos sócios os meios para indenizar os lesa- dos, mantendo-se, no mais, a integridade da sociedade e de suas atividades. Ela não acarreta a extinção ou torna nula a pessoa jurídica desconsiderada, nem atinge a valida- de dos demais atos praticados. Qual foi a motivação para a criação da teoria da desconsideração da personalida- de jurídica? Resposta: A teoria da desconsideração da personalidade jurídica foi idealizada como uma resposta aos abusos cometidos por alguns indivíduos que utilizavam a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas para praticar fraudes e escapar das dívidas adquiridas, transferindo todo lucro e patrimônio para o nome dos sócios, deixando a pessoa jurídi- ca sem bens para serem executados pelos credores. Quais são as principais leis e acontecimentos no histórico da desconsideração da personalidade jurídica no Brasil? Resposta: Algumas das principais leis e acontecimentos são: CC-1916 (não previa a desconsideração), a defesa da teoria por Rubens Requião na década de 60, Lei 8.078/90 (CDC - primeira lei a prever a desconsideração), Lei nº 8.884/94 (antiga Lei Antitrus- te), Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), Código Civil de 2002 (art. 50), Lei 12.529/11 (infrações da ordem econômica), Lei 13.105/15 (novo CPC - procedimento para desconsideração) e Lei 13.874/19 (Lei da Liberdade Econômica - mudanças no regime da desconsideração no CC). Qual é o objetivo da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica em processos judiciais e quem pode ter seus bens particulares atingidos por essa me- dida? Resposta: A aplicação da desconsideração da personalidade jurídica em processos judi- ciais tem como objetivo resguardar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas em casos de abuso da personalidade jurídica. A medida pode atingir bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. Quais são os diplomas legais que tratam da desconsideração da personalidade jurídica, além do Código Civil? Resposta: Além do Código Civil, o tema é tratado no Código de Defesa do Consumidor e na Lei Ambiental. Qual é a regra geral sobre a desconsideração jurídica no ordenamento jurídico brasileiro? Resposta: A desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito das relações civis gerais, está disciplinada no art. 50 do CC. Qual o dispositivo legal que regula a desconsideração da personalidade jurídica nas causas cíveis-empresariais? Resposta: A desconsideração da personalidade jurídica nas causas cíveis-empresariais é regulada pelo artigo 50 do Código Civil. O que é necessário para que ocorra a desconsideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas regidas pelo CC/02? Resposta: Para que ocorra a desconsideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas regidas pelo CC/02, é necessário que fique caracterizado que houve abuso da personalidade jurídica. O abuso da personalidade jurídica pode ocorrer em duas situa- ções: desvio de finalidade e confusão patrimonial. Qual é a caracterização do abuso da personalidade jurídica, segundo o Art. 50 do Código Civil? Resposta: O abuso da personalidade jurídica é caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Quais são os dois principais elementos que podem levar à desconsideração da per- sonalidade jurídica? Resposta: Desvio de finalidade e confusão patrimonial. Como os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica são interpre- tados nas relações civis, conforme a JDC nº 146? Resposta: Nas relações civis, os parâmetros de desconsideração da personalidade jurí- dica previstos no art. 50 são interpretados restritivamente (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial). O que deve ser provado para que ocorra a desconsideração da personalidade ju- rídica? Resposta: Deve ser provado o abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confu- são patrimonial) e que os administradores ou sócios da pessoa jurídica foram benefici- ados direta ou indiretamente pelo abuso. O que mudou no caput do art. 50 do CC com a Lei 13.874/19? Resposta: A mudança promovida pela Lei 13.874/19 no caput do art. 50 foi a inclusão de um novo requisito para que se atinja o patrimônio do administrador ou sócio: deve ser provado que essa pessoa foi beneficiada com o abuso da personalidade jurídica. Segundo a JDC nº 285, a teoria da desconsideração prevista no art. 50 do Código Civil pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu favor? Resposta: Sim, a teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu favor. Qual é a regra geral em relação ao prazo para o exercício do direito potestativo de requerer a desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: A desconsideração da personalidade é direito potestativo, mas não há obser- vância de prazo, consoante entendimento jurisprudencial. Quando se pode pleitear a superação da pessoa jurídica através da desconsidera- ção da personalidade? Resposta: Após verificado o preenchimento dos requisitos autorizadores da medida, é exercido verdadeiro direito potestativo de ingerência na esfera jurídica de terceiros - da sociedade e dos sócios -, os quais, inicialmente, pactuaram pela separação patrimonial.O consumidor lesado por sociedade empresária está sujeito a prazo decadencial para pleitear a desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: Não, o consumidor lesado por sociedade empresária tem o direito de pleitear a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica e não está sujeito a prazo deca- dencial por ausência de previsão legal. Quais são as duas teorias que tratam da desconsideração da personalidade jurídi- ca? Resposta: São a Teoria Maior e a Teoria Menor. Qual é a regra geral adotada no ordenamento jurídico brasileiro para a desconsi- deração da personalidade jurídica? Resposta: A regra geral é aquela prevista no art. 50 do CC, que consagra a teoria maior da desconsideração, tanto na sua vertente subjetiva quanto na objetiva. O que é a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica e em quais situações é aplicada? Resposta: A teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada quando há a demonstração de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial por par- te da pessoa jurídica, além da prova de insolvência. Ela é aplicada em relações de natu- reza civil e exige a demonstração de abuso ou fraude como pressuposto para sua decre- tação. A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, de- pende da demonstração de insolvência da pessoa jurídica, con-forme a JDC nº 281? Resposta: Não, a aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica. Qual é a diferença entre a Teoria Maior Subjetiva e a Teoria Maior Objetiva da Desconsideração da Personalidade Jurídica? Resposta: A Teoria Maior Subjetiva se baseia no desvio de finalidade, caracterizando- se pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personali- dade jurídica. Já a Teoria Maior Objetiva se baseia na confusão patrimonial, demons- trada pela inexistência de separação patrimonial entre o patrimônio da pessoa jurídica e o de seus sócios. O que é a Teoria Maior Subjetiva? Resposta: É a teoria adotada no Direito Empresarial que baseia a desconsideração da personalidade jurídica no desvio de finalidade, caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica. O que é necessário para a aplicação da Teoria Maior Subjetiva da Desconsidera- ção da Personalidade Jurídica? Resposta: É necessário comprovar o desvio de finalidade, que é caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídi- ca. O que é considerado desvio de finalidade de acordo com o § 1º do Art. 50 do Códi- go Civil? Resposta: Desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. Com a inclusão do novo § 1º ao art. 50 do Código Civil, o que se entende por des- vio de finalidade na teoria da desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: Segundo o novo § 1º do art. 50 do Código Civil, o desvio de finalidade con- siste no ato intencional, praticado por administradores ou sócios, de fraudar terceiros ou praticar atos ilícitos utilizando a autonomia da pessoa jurídica como escudo. O que é desvio de finalidade e como pode ensejar a desconsideração da personali- dade jurídica? Resposta: Desvio de finalidade é o desrespeito aos objetivos sociais da empresa, que sugere uma fuga dos objetivos sociais da pessoa jurídica, deixando um rastro de prejuí- zo, direto ou indireto, para terceiros ou mesmo para outros sócios da empresa. Ele pode ensejar a desconsideração da personalidade jurídica quando caracterizado como abuso da personalidade jurídica Qual é o fundamento da Teoria Maior Objetiva? Resposta: É a teoria adotada no Direito Civil (Família/Sucessões) que baseia a descon- sideração da personalidade jurídica na confusão patrimonial, demonstrada pela inexis- tência, no campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios. O que é necessário para a aplicação da Teoria Maior Objetiva da Desconsideração da Personalidade Jurídica? Resposta: É necessário evidenciar a confusão patrimonial, que é demonstrada pela ine- xistência, no campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios. Quais são os três indicadores de confusão patrimonial, conforme descrito no § 2º do Art. 50 do Código Civil? Resposta: Os indicadores de confusão patrimonial são: cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcional- mente insignificante; e outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. Em qual situação o juiz pode desconsiderar a personalidade jurídica de uma pes- soa jurídica de fins econômicos? Resposta: O juiz pode desconsiderar a personalidade de pessoa jurídica de fins econô- micos se ocorrer a transferência, entre os sócios e a sociedade, de ativos ou de passivos, sem efetivas contraprestações, salvo se de valor proporcionalmente insignificante (art. 50, §2º, II, CC). O que pode configurar uma situação de fato capaz de autorizar a desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: A transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exce- to os de valor proporcionalmente insignificante, pode configurar confusão patrimonial caracterizadora de uma situação de fato capaz de autorizar a desconsideração da perso- nalidade jurídica (art. 50, §2º, II, CC). O que o § 3º do Art. 50 do Código Civil estabelece sobre a extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica? Resposta: O § 3º estabelece que o disposto no caput e nos §§ 1º e 2º do Art. 50 também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. De acordo com o § 4º do Art. 50 do Código Civil, a existência de um grupo econô- mico por si só autoriza a desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: Não, a mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput do Art. 50 não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica. O que é necessário para desconsiderar a personalidade jurídica de uma empresa para atingir o patrimônio de outras pertencentes ao mesmo grupo econômico? Resposta: É necessário comprovar o abuso de direito, caracterizado pelo desvio de fi- nalidade e/ou confusão patrimonial. O que não constitui desvio de finalidade na teoria da desconsideração da persona- lidade jurídica, segundo o art. 50, § 5º do Código Civil? Resposta: Segundo o art. 50, § 5º do Código Civil, a mera expansão ou alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica não constitui desvio de finalidade na teoria da desconsideração da personalidade jurídica. A falta de bens da pessoa jurídica é condição para a desconsideração da persona- lidade jurídica? Resposta: Não, a inexistência ou não localização de bens da pessoa jurídica não é con- dição para a desconsideração da personalidade jurídica, mas sim a demonstração da prática de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, conforme disposto no arti- go 50 do Código Civil. É possível instaurar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica mesmo quando não é comprovada a inexistência de bens do devedor? Resposta: Sim, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser ins- taurado mesmo nos casos em que não for comprovada a inexistência de bens do deve- dor, desde que seja comprovada a prática de desvio de finalidade ou de confusão patri- monial. É possível instaurar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica mesmo quando não é comprovada a inexistência de bens dodevedor? Resposta: Sim, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser ins- taurado mesmo nos casos em que não for comprovada a inexistência de bens do deve- dor, desde que seja comprovada a prática de desvio de finalidade ou de confusão patri- monial. O que é necessário para desconsiderar a personalidade jurídica de uma empresa para atingir o patrimônio de outras pertencentes ao mesmo grupo econômico? Resposta: É necessário comprovar o abuso de direito, caracterizado pelo desvio de fi- nalidade e/ou confusão patrimonial. É cabível a teoria da desconsideração da personalidade jurídica em se tratando de sociedade em comum? Resposta: Não, não é cabível a teoria da desconsideração da personalidade jurídica em se tratando de sociedade em comum, pois ela não possui personalidade jurídica. Os sócios respondem com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade. É possível responsabilizar pela dívida de uma sociedade limitada modesta na qual as únicas sócias sejam mãe e filha, cada uma com metade das quotas sociais, a sócia que, de acordo com o contrato social, não exerça funções de gerência ou ad- ministração? Resposta: De acordo com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, sim, é possí- vel responsabilizar pela dívida da sociedade limitada modesta a sócia que, de acordo com o contrato social, não exerça funções de gerência ou administração, na hipótese em que tenha sido determinada a desconsideração da personalidade jurídica. Isso por- que, em uma organização empresarial mais modesta, especialmente quando se trata de sociedade entre mãe e filha, a titularidade de quotas e a administração são realidades que frequentemente se confundem, tornando difícil apurar a responsabilidade por even- tuais atos abusivos ou fraudulentos. Nesse caso, a previsão, no contrato social, de que as atividades de administração serão realizadas apenas por um dos sócios não é sufici- ente para afastar a responsabilidade dos demais. Seria necessária, para afastar a referida responsabilidade, a comprovação de que um dos sócios estava completamente distanci- ado da administração da sociedade. Em uma sociedade anônima, quem pode ser responsabilizado pelos atos de gestão e utilização abusiva do poder? Resposta: De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, principal- mente em sociedades anônimas, apenas os administradores da companhia e seu acionis- ta controlador podem ser responsabilizados pelos atos de gestão e utilização abusiva do poder. É importante ressaltar que a responsabilização do acionista controlador exige prova robusta de que ele use efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar os órgãos da companhia. Em que situações é possível a desconsideração da personalidade jurídica sem a comprovação do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial? Resposta: Em situações excepcionais previstas em leis especiais, como no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental. O que é a Teoria Menor? Resposta: É a teoria adotada no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental que baseia a desconsideração da personalidade jurídica no prejuízo ao credor, sem exigir desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Quando é aplicada a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica e qual a sua relação com as relações de consumo? Resposta: A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada quando a personalidade da sociedade empresária configurar impeditivo ao ressarcimen- to dos prejuízos causados ao consumidor. Ela é aplicável em relações de consumo e permite a responsabilização dos sócios quando houver obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados ao consumidor, sem que seja necessária a comprovação de fraude ou abuso de direito. Em quais situações a Teoria Menor é aplicada? Resposta: A Teoria Menor é aplicada nas relações jurídicas envolvendo consumo ou responsabilidade civil ambiental, quando há comprovação da insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, somada à má administração da empresa, ou quando a personalidade jurídica representa um obstáculo ao ressarcimento de preju- ízos causados aos consumidores. Quais os requisitos que devem ser provados para a aplicação da Teoria Menor? Resposta: Deve ser provado o abuso da personalidade e que os administradores ou só- cios da pessoa jurídica foram beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. Além disso, deve ser comprovada a insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, somada à má administração da empresa, ou que a personalidade jurídica representa um obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Em qual artigo do Código de Defesa do Consumidor está prevista a Teoria Me- nor? Resposta: A Teoria Menor está prevista no artigo 28, §5º, do Código de Defe-sa do Consumidor. Em qual artigo da Lei Ambiental está prevista a Teoria Menor? Resposta: A Teoria Menor está prevista no artigo 4º da Lei 9.605. O que é necessário para a aplicação da Teoria Menor da Desconsideração da Per- sonalidade Jurídica? Resposta: Na Teoria Menor, basta a prova da insolvência da pessoa jurídica para o pa- gamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Qual cláusula deve ser observada no ato de desconsideração da personalidade ju- rídica? Resposta: O ato de desconsideração da personalidade jurídica deve observar a cláusula de reserva judicial, seja no âmbito do Código Civil ou do Código de Defesa do Consu- midor. O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida? Resposta: O encerramento irregular das atividades da empresa devedora não autoriza, por si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida de acordo com o Código Civil. No entanto, o CDC, a Lei Ambiental e o CTN preveem a possibilidade de buscar os bens dos sócios para pagar a dívida. O que a JDC nº 282 afirma sobre o encerramento irregular das atividades da pes- soa jurídica e a caracterização do abuso da personalidade jurídica? Resposta: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica. Diante da mera insolvência ou encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, pode-se presumir o abuso da personalidade jurídica para justificar sua desconsideração? Não, segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não se pode presumir o abuso da personalidade jurídica diante da mera insolvência ou encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica para justificar sua desconsideração. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não- econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica, de acordo com a JDC nº 284? Resposta: Sim, as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica. Código de Processo Civil De acordo com o art. 133 do Código de Processo Civil, quem pode requerer a ins- tauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica e qual deve ser o critério para isso? Resposta: O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. O pedido deve observar os pressupostos previstos em lei, conforme o § 1º do art. 133. É possível que o juiz instaure de ofício o incidente de desconsideração da persona- lidade jurídica no curso do processo? Resposta: Não, segundo o art. 133 do NCPC, o incidente de desconsideração da perso- nalidade jurídica só pode ser instaurado a pedido da parte interessada e desde que pre- enchidos os requisitoslegais para sua aplicação. O magistrado não pode instaurar o incidente de ofício. É necessário o Ministério Público intervir no incidente de desconside-ração da personalidade jurídica? Resposta: Não necessariamente. De acordo com o FPPC nº 123, a intervenção do Mi- nistério Público não é necessária, exceto nos casos previstos no art. 178 do CPC. Em que situações o Ministério Público deve intervir obrigatoriamente no inciden- te de desconsideração da personalidade jurídica? Resposta: De acordo com o art. 178, o Ministério Público deve intervir obrigatoriamen- te quando a desconsideração da personalidade jurídica for requerida em ação de recu- peração judicial, falência, ação civil pública ou ação de improbidade administrativa. O § 2º do art. 133 do Código de Processo Civil menciona a desconsideração inver- sa da personalidade jurídica. O que isso significa? Resposta: A desconsideração inversa da personalidade jurídica é uma forma de afasta- mento da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, permitindo que os bens da empresa sejam usados para pagar as dívidas dos sócios ou administradores. Em que situação é possível a aplicação da desconsideração inversa da personali- dade jurídica? Resposta: É possível aplicar a desconsideração inversa da personalidade jurídica quan- do um empresário utiliza uma pessoa jurídica ou física interposta para subtrair do outro cônjuge ou companheiro direitos oriundos da sociedade afetiva. Em que casos a pessoa jurídica pode responder por obrigação de sócio que lhe tenha transferido seu patrimônio com o intuito de fraudar credores? Resposta: Na teoria da desconsideração inversa da personalidade jurídica, a pessoa jurídica pode responder por obrigação de sócio que lhe tenha transferido seu patrimô- nio com o intuito de fraudar credores. Qual é a diferença entre a desconsideração da personalidade jurídica e a descon- sideração inversa da personalidade jurídica? Resposta: Na desconsideração da personalidade jurídica, o patrimônio pessoal do sócio é atingido pela dívida da sociedade, enquanto na desconsideração inversa, o patrimônio da sociedade é atingido pela dívida pessoal do sócio. Qual é o exemplo mais comum de desconsideração inversa da personalidade jurí- dica citado pelos livros sobre o assunto? Resposta: O exemplo mais comum de desconsideração inversa da personalidade jurídi- ca está no campo do Direito de Família, como quando um marido ou companheiro transfere todos os seus bens para a sociedade empresária a fim de não ter que dividir seu patrimônio no divórcio ou dissolução da união estável. Como o credor pode buscar a desconsideração inversa da personalidade jurídica? Resposta: O credor pode buscar a desconsideração inversa da personalidade jurídica por meio de requerimento ao juiz, alegando que o devedor, pessoa física, transferiu seu patrimônio pessoal para uma pessoa jurídica da qual é sócio, a fim de dificultar a co- brança. O sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impugnar a deci- são que defere o pedido de desconsideração inversa da personalidade jurídica? Resposta: Sim, o sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impug- nar a decisão que defere o pedido de desconsideração inversa da personalidade jurídica dos entes empresariais dos quais é sócio. Em que fases do processo é cabível o incidente de desconsideração da personali- dade jurídica, conforme o art. 134 do Código de Processo Civil? Resposta: O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser aplicado no processo falimentar? Resposta: Sim. De acordo com o FPPC nº 247 e o CJF nº 111, o incidente de desconsi- deração da personalidade jurídica pode ser aplicado ao processo falimentar. O que acontece após a instauração do incidente de desconsideração, segundo o art. 134 e seus parágrafos do Código de Processo Civil? Resposta: A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas (§ 1º). Se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, dispensa-se a instauração do incidente e o sócio ou a pes- soa jurídica será citado (§ 2º). A instauração do incidente suspenderá o processo, exceto na hipótese do § 2º (§ 3º). O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pres- supostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica (§ 4º). A instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica suspen- de a tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença em face dos executados originários? Resposta: Não. Conforme o CJF nº 110, a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica não suspende a tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença em face dos executados originários. De acordo com o art. 135 do Código de Processo Civil, qual é o prazo para que o sócio ou a pessoa jurídica se manifeste e requeira as provas cabíveis após a instau- ração do incidente? Resposta: O sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as pro- vas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Como será resolvido o incidente após a conclusão da instrução, conforme o art. 136 e seu parágrafo único do Código de Processo Civil? Resposta: Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno, conforme o parágrafo único do art. 136. Quais são as consequências da alienação ou oneração de bens havida em fraude de execução, caso o pedido de desconsideração seja acolhido, de acordo com o art. 137 do Código de Processo Civil? Resposta: Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente, conforme o art. 137 do Código de Processo Civil.
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