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1 Luci Carlos de Andrade Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca Lu ci C ar lo s d e A n d ra d e Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca 2 1a Edição / Setembro/ 2011 Impressão em São Paulo - SP Editora Metodologia da Pesquisa Científica Luci Carlos de Andrade A553m Andrade, Luci Carlos de. Metodologia da pesquisa cientifíca. / Luci Carlos de Andrade. – São Paulo : Know How, 2011. 123 p. : 21 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8065-099-0 1. Metodologia. 2.Pesquisa cientifica. 3.Educação. I. Título. CDD – 001.42 Metodologia da Pesquisa Científica Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Luci Carlos de Andrade Projeto Gráfico e Diagramação Anne Cardoso Mango Capa Glaucia Ferraro Revisão Ortográfica Célia Ferreira Pinto Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Esp. Maria de Lourdes Araujo 1ª Edição: Agosto de 2011 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Apresentação Você está recebendo o livro-texto da disciplina METODOLOGIA DA PESQUI- SA CIENTÍFICA, construído especialmente para este curso, baseado no seu perfil e nas necessidades da sua formação. A finalidade deste livro é disponibilizar aos alunos concei- tos e exercícios referentes aos principais temas da pesquisa. Estamos, constantemente, atualizan- do e melhorando este material, e você pode nos auxiliar, encaminhando sugestões e apon- tando melhorias, via tutor. Entre, sempre, em contato conosco quando surgir alguma dúvida ou dificuldade. Seu desenvolvimento intelec- tual e profissional é o nosso maior objetivo. Acredite no seu sucesso e tenha bons momentos de estudo! Equipe KNOW HOW Sumário Carta do Professor Plano de Estudos Unidade 01 Ciência e Conhecimento Científico Unidade 02 Conceitos de Pesquisa Unidade 03 Tipos de Pesquisa Unidade 04 O Problema na Pesquisa Unidade 05 O Projeto de Pesquisa Unidade 06 Artigo Científico Gabarito Referências 9 11 15 35 51 69 83 103 115 121 9 Carta do Professor Prezado (a) aluno (a), É com grande satisfação que apresen- tamos a referida disciplina como forma de cola- borar, com uma formação cada vez mais sólida e condizente com o mercado de trabalho, tendo em vista a preparação e o aprimoramento dos estudos para uma aplicabilidade eficiente na sua área de atuação profissional. O mundo atual exige novos profis- sionais conectados com a diversidade e a rea- lidade globalizada, em que possam atuar com competência e objetividade. Assim, os estudos relacionados com a pesquisa são fundamentais no contexto que vivemos, ao propiciar o apro- fundamento do conhecimento e a elucidação de questões pertinentes ao momento atual, rom- pendo barreiras de espaço e tempo. As possibilidades de investigação por meio da pesquisa levam-nos a descoberta de novos fatos e dados no campo do conhecimento, o que amplia a visão da realidade e consequente- mente colabora com as possibilidades de ação do profissional. Propõe-se, nesses estudos, o entrelaçamento da teo- ria com as práticas cotidianas, a fim de proporcionar às ati- vidades acadêmicas os subsídios necessários para o enfrenta- mento dos desafios profissionais. Espero que obtenham êxito e sucesso nos estudos e que juntos possamos alcançar os objetivos propostos pela disciplina. Atenciosamente, Professora Luci Carlos de Andrade 10 11 Plano de Estudos Para alcançarmos os objetivos es- perados com essa disciplina, estudaremos bases conceituais e práticas a respeito dos seguintes conteúdos: 1º. Introdução: conceito de Ciência 2º. A importância da pesquisa 3º. Tipos de pesquisa 4º. O problema na pesquisa 5º. O projeto de pesquisa 6º. Estrutura do artigo científico Acompanhem, no cronograma abaixo, os conteúdos das unidades e atualize as possí- veis datas de realização de atividades de apoio à aprendizagem e avaliações. 12 Conteúdo Competências O conteúdo da disciplina concentra-se na compreensão teórica e prática do proces- so de pesquisa, e para tanto utilizamos basi- camente os estudos de Lakatos (2008, 2010) pela vasta produção e contribuição, no que se refere ao conhecimento sobre metodologia científica/pesquisa. Faremos uso de textos e exercícios como recursos didáticos. Ao término desta disciplina, o aluno deverá ser capaz de: conhecer os conceitos fundamentais da pesquisa; compreender os elementos próprios da pesquisa e a sua aplicabilidade no processo de investiga- ção, em articulação com a prática profis- sional cotidiana. Carga Horária: 30 horas CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO UNIDADE 1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 14 Nesta unidade, estudaremos conceitos básicos de Ciência e Conhecimento científico. Conheceremos a definição de Ciência, o pro- cesso de produção do Conhecimento e sua re- lação com a pesquisa, além do papel da univer- sidade como espaço para a iniciação científica. 15 Para iniciar os estudos sobre pesquisa, é fundamental entendermos o que é Ciência e o que é Conhecimento Científico. Isto é, como se faz Ciência e como se produz o Co- nhecimento Científico. 1. Ciência: Notas Introdutórias 1.1 Conceito de Ciência Inúmeros autores tentaram definir o que se entende por Ciência. Na visão de Laka- tos (2008), os conceitos mais comuns, embora considerados incompletos pela autora sejam: - Acumulação de conhecimentos sistemáticos; - Atividade que se propõe a demonstrar a 16 verdade dos fatos experimentais e suas apli- cações práticas; - Caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e, por conse- guinte, falível; - Conhecimento certo do real pelas suas causas; - Corpo de conhecimentos consistindo em per- cepções, experiências, fatos certos e seguros; - Estudo de problemas solúveis, mediante mé- todo científico; - Forma sistematicamente organizada de pen- samento objetivo. No entanto, Lakatos (2008) traz mais dois conceitos que considera bastante abran- gente: “A Ciência é um conjunto de conheci- mentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (ANDER-EGG, 1978, p. 15 apud LAKATOS, 2008, p. 21). Segundo o autor, Ciência é uma siste- matização de conhecimentos, cujas proposi- ções estão ligadas ao comportamento de certos fenômenos, que se deseja desvendar. Comple- menta sua ideia, com o conceito de Trujillo (1974, p.8): “A Ciência é todo um conjunto de 17 atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sis- temático conhecimento com o objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. Assim, nessa perspectiva, as Ciências apresentam: a) Objetivo ou finalidade. Preocupação em distinguir a característica comum ou as leis ge- rais que regem determinados eventos; b) Função. Aperfeiçoamento, através do cresc ente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo; c) Objeto subdividido em: • Material: aquilo que se pretende estudar, in- terpretar ou verificar, de modo geral; • Formal: o enfoque especial, em face das di- versas ciências que possuem o mesmo objeto material. (LAKATOS, 2008, P. 24-25) A compreensão sobre o que é Ciên- cia, Conhecimento Científico e produção do Conhecimento é importante, para subsidiar os estudos sobre pesquisa. Não é possível, fazer pesquisa sem conhecer mesmo em linhas gerais tais elementos, que constituem o processo de pesquisar, do aprender a pensar em pesquisa. Em cada momento histórico, a Ciên- cia teve a sua repercussão e destacou inúmeros 18 avanços e estudiosos, na perspectiva das des- cobertas e do pensamento científico. As imagens, a seguir, revelam marcos im- portantes da Ciência registrados pela História. O alquimista –o pesquisador da Idade Média Como Ciência oculta, a Alquimia re- veste-se de um aspecto desconhecido, oculto e místico. Site:http://wikepedia.org 19 Exemplo de um processo alquímico Site:http://wikepedia.org O Elixir vermelho. A Alquimia medieval acabou fundan- do, com os estudos sobre os metais as bases da 20 A máquina de tradução de textos, que permitiu avanços importantes em conheci- mentos, como: Astronomia, Matemática, Bio- logia e Medicina, na Idade Média Clássica. Site:http://wikepedia.org Química moderna. Site:http://wikepedia.org 21 A reflexão e os questionamentos no Renascimento Século XII. http://analgesi.com Pesquisadores no Renascimento O sistema heliocêntrico de Copérnico http://analgesi.com 22 O telescópio de Galileu Galilei Site: www.google.com.br O homem vitruviano – Leonardo da Vin 23 Renascimento Científico Máquina equipada com hélice, que po- deriam manter o homem no ar. Símbolo da genialidade de um pensador muito além de seu tempo. Site:http://wikepedia.org Esta imagem mostra o salto na Ciên- cia no século XXI. Observamos as possibilidades de explo- ração de um mundo de inovação e tecnologia. Um dos mais novos submarinos da Marinha norte-americana junta-se a uma mis- são das Operações Especiais levada a cabo pelos SEALS. Site: http://ne.miguelito.com 24 Com o sucesso do Conhecimento Científico para explicação dos fenômenos naturais (astrônomos, físicos, biológicos) e em decorrência dos seus pressupostos filosó- ficos, a Ciência passou a encarar, também, o homem como objeto de seu conhecimento, a ser abordado da mesma forma que os outros fenômenos naturais. O homem seria um ser natural como todos os demais, submisso às mesmas leis de regularidade, acessível, portanto, aos proce- dimentos de observação, experimentação e mensuração. (SEVERINO, 2007) Assim, ao longo da modernidade, par- ticularmente, a partir do século XIX, foram se constituindo as Ciências Humanas, com a pretensão de configurar-se de acordo com os mesmos parâmetros das ciências naturais. Mas, à medida que foram se desenvol- vendo os estudos sobre os diferentes aspectos dos fenômenos, que fazem parte da vida hu- mana, os pesquisadores começam a perceber que não prevaleceria um único paradigma. Ou seja, os pesquisadores se dão conta 1.2 A formação das Ciências Humanas 25 de que, no caso de estudo e conhecimento do homem, outros paradigmas podem ser utiliza- dos, com resultados igualmente satisfatórios, no que se refere à explicação e descobertas por meio das pesquisas. Nesse sentido, podemos dizer que há várias possibilidades de se entender a relação sujeito/objeto quando da experiência do co- nhecimento, configurando-se várias perspecti- vas de produção do Conhecimento Científico. É preciso diferenciar o Conhecimento Científico de outros tipos de conhecimentos. Para tal, analisemos uma situação histórica, que Lakatos (2010) nos traz, como exemplo: “Da Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês mesmo iletrado e/ou desprovi- do de outros conhecimentos, contava apenas com o conhecimento popular, pois sabia o momento certo da semeadura, a época da co- lheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas, e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. As experiências o levaram a ter conhe- cimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, enfraquecia o solo. 26 Já no período feudal, o sistema de o sistema de cultivo era em faixas: duas cultiva- das e uma terceira em “repouso”, alternando- -as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. A Revolução Agrícola, na segunda metade do século XVII, aderiu à cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em repouso; seu cultivo “revitalizava” o solo permitindo o uso constante. Hoje, a agricultura conta com a prática das pesquisas, que possibilitam os estudos de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos. O exemplo evidencia os dois tipos de Conhecimento: - O Conhecimento vulgar ou popular, do camponês, transmitido de geração para gera- ção por meio da educação informal e baseada em imitação e experiência pessoal, sem o Co- nhecimento Científico sobre a composição do solo, das causas do desenvolvimento de plan- tas, da natureza das pragas, do ciclo reproduti- vo dos insetos etc. 27 1.3 A produção do conhecimento científico Mas, o que vem a ser produzir conhe- cimento? Utilizando o pensamento de Severino (2007), o que se quer dizer é que Conheci- mento se dá como construção do objeto que se conhece, ou seja, mediante nossa capacida- de de reconstituição simbólica dos dados de nossa experiência, apreendemos os sentidos, pelos quais os objetos manifestam-se para nós, sujeitos que têm capacidade de aprender. - O segundo exemplo mostra o Conhecimento Científico, que é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhe- cimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. O Conhecimento Científico explica a origem e as causas dos fenômenos, na tenta- tiva de evidenciar os fatos que estão correla- cionados, em uma visão mais ampla do que a relacionada com um simples fato ou uma cul- tura específica. (LAKATOS, 2010) 28 É preciso redimensionar o próprio processo de aprendizagem, até porque, em nossa tradição cultural e filosófica, estamos condicionados a entender o Conhecimento como mera representação mental. Nesse caso, o conceito é uma repre- sentação mental, mas esta não é o ponto de partida do Conhecimento, e sim o ponto de chegada, o término de um complexo proces- so de constituição e reconstituição do senti- do do objeto, que foi dado à nossa experiên- cia interna e externa. Por sua vez, a atividade de ensinar a aprender está intimamente vinculada a esse processo de construção de Conhecimento, pois ele é a implementação de uma equação de acordo com a qual, educar (ensinar e apren- der) significa conhecer; e conhecer, por sua vez, significa construir o objeto, mas o objeto significa pesquisar. (LAKATOS, 2008) Em decorrência disso, o processo de ensino/aprendizagem no curso superior tem seu diferencial na forma de se lidar com o Co- nhecimento. Aqui, o Conhecimento deve ser adquirido não mais através de seus produtos, mas de seus processos. O Conhecimento deve se dar median- 29 te a construção dos objetos a se conhecer, e não mais pela representação desses objetos. Ou seja, na Universidade, o Conheci- mento deve ser construído pela experiência ativa do estudante e não mais ser assimilado passivamente. Como ocorre na maioria das vezes nos ambientes didático-pedagógicos do ensino básico. Severino (2007) enfatiza a importância da pesquisa no contexto do processo de apren- dizagem. Sendo o conhecimento construção do objeto que se conhece, a atividade de pes- quisa torna-se elemento fundamental e impres- cindível no processo de ensino/aprendizagem. Assim, ensino e aprendizagem só serão motivadores se seu processo se der como processo de pesquisa. Daí, estarem cada vez mais reconhecidas e implementa- das as modalidades de atividades de inicia- ção ao procedimento científico, envolvendo os estudantes em práticas de construção de conhecimento, mediante participação em projetos de investigação. É o que ocorre com o Programa de Iniciação Científica (PIBIC) e com a exigência da realização dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). 30 Além de eventual contribuição de seus conteúdos, executar esses trabalhos é praticar a pesquisa, iniciar-se à vida científica e viven- ciar a forma mais privilegiada de aprender. Na Universidade, a pesquisa assume a tríplice dimensão. De um lado, tem uma dimensão epistemológica: a perspectiva do conhecimento.Só se conhece construído o saber, ou seja, praticando a significação dos objetos. De outro lado, assume ainda uma di- mensão pedagógica: a perspectiva decorrente de sua relação com a aprendizagem. Ela é a dimensão necessária e eficaz para o proces- so de ensino/aprendizagem. Só se aprende e só se ensina pela efetiva prática da pesquisa. Mas, há ainda uma dimensão social: a pers- pectiva da extensão. O Conhecimento consolida-se no contexto da existência humana. É uma ferra- menta, que possibilita a amplitude da evolu- ção do homem. Tendo a Educação Superior, seu nú- cleo ativo na construção do Conhecimento, impõe-se uma prática pedagógica condizente, apta a superar a pedagogia do ensino universi- tário tradicional, apoiado na transmissão me- cânica de informações. 31 O ensino/aprendizagem na Universi- dade é tão somente uma mediação para a for- mação, o que implica muito mais do simples repasse de informações prontas e acabadas. Na perspectiva da pesquisa, Severino (2007) reforça a ideia de que não se trata de apropria-ser e de armazenar produtos, mas de aprender processos. Do ponto de vista do estudo, o que conta não é mais a capacidade de decorar e me- morizar milhares de dados, fatos e noções, mas a capacidade de entender, refletir e analisá-los. A pesquisa precisa estar inserida no âmbito das ações dinâmicas e desafiadoras, para acompanhar a complexidade do mundo atual, de modo a alcançar patamares de exce- lência nas investigações, que realmente estejam condizentes com os problemas do homem e da sociedade hoje; na garantia de soluções pre- cisas, contribuindo com os avanços em toda esfera da vida humana. Sugestão: Vídeo – Ciência na Antigui- dade -Carl Sagan 32 DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 8. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Maria Lakatos. – 7ª ed. – São Paulo: Atlas, 2008. 1. Defina com suas palavras o que é “Ciência”. 2. Esclareça o que é Conhecimento popular e Conhecimento Científico. 3. Como se deu a formação das Ciências Hu- manas? 4. O que você entende por produção do Co- nhecimento? 5. Por que a Universidade é considerada o ló- cus da pesquisa? Exercícios Propostos Referências Bibliográficas Complementares UNIDADE 2 CONCEITOS DE PESQUISA Nesta unidade, estudaremos a importância da pes- quisa no contexto da investigação científica. Conhecere- mos alguns conceitos e finalidades da pesquisa. 34 2.1. A Importância da Pesquisa Nesta unidade, discutiremos a importância da pes- quisa nas práticas cotidianas da vida humana, cujo desen- volvimento assegura melhores condições de vida, além de contribuir com a evolução do homem em todos os aspectos, por meio das descobertas. Iniciamos com as considerações de Gressler (2003) que diz: não há área do Conhecimento em que a pesquisa esteja ausente. Graças à investigação científica é que surgem tantas conquistas na saúde, nos meios de comunicação e transporte, na genética, no melhoramento de plantas e animais e no aproveitamento de energia elé- trica, entre outras. Deve-se a estas conquistas a valorização das Ciên- cias Naturais e a fé nas pesquisas tecnológicas, não exis- 35 36 tindo, por outro lado, esta mera consideração pelas pesquisas sociais. É de consenso geral que a institui- ção própria para as atividades científicas é, sem dúvida, a universidade, onde vivem os profissionais de todas as manifestações da Ciência e onde a pesquisa e a reflexão são os objetivos finais. “A sociedade moderna obriga as universi- dades a conferir importância decisiva a uma adequada formação profissional. Deve-se con- siderar o fato de que as profissões são cada vez menos determinadas pela tradução empírica e cada vez mais pela Ciência, o que traz como consequência, um rápido progresso científico e tecnológico, que conduz a uma acelerada reno- vação do conhecimento e das práticas profis- sionais”. (GRESSLER, 2003, p. 85) Além disso, hoje está suficientemente comprovado que o desafio é um processo di- dático para o desenvolvimento intelectual. Por meio da pesquisa, o aluno poderá ser desafia- do para a descoberta de soluções novas em todos os domínios. 37 A atividade do aluno não se distingui- rá, basicamente, da do cientista. Este aspecto é fundamental, visto que a universidade não po- derá transmitir ao aluno um saber elaborado que lhe baste para o exercício de sua profissão por toda a vida. Com a vasta exploração de conhe- cimentos, torna-se virtualmente impossível para um estudante aprender uma significativa quantidade de informações em uma determi- nada disciplina, área ou curso. Soma-se a isso, o fato de que as informações têm uma bre- ve existência, devido ao surgimento de novas descobertas. (ANDRADE, 2010) O aluno deverá ser capaz de obser- var a realidade, encontrar problemas, for- mular e avaliar hipóteses mais viáveis e éti- cas para solucioná-las. Portanto, a Educação não pode ser limitada à transmissão de informações, mas deverá prover, constantemente, o desafio inte- lectual, oportunizando o desenvolvimento da capacidade crítica e atividades de indagação. (GRESSLER, 2003) 38 2.2 Conceitos de Pesquisa Como já vimos, a Ciência constitui- -se, aplicando técnicas, seguindo um método e apoiando-se em fundamentos epistemológi- cos. Tem assim elementos gerais, que são co- muns a todos os processos de conhecimento que pretenda realizar, marcando toda ativida- de de pesquisa. Mas, além da possível divisão entre Ci- ências Naturais e Ciências Humanas, ocorrem diferenças significativas no modo de se pra- ticar a investigação científica, em decorrência da diversidade de perspectivas epistemológi- cas, que se podem adotar e de enfoques dife- renciados, que se pode assumir no trato com os objetos pesquisados e eventuais aspectos que se queira destacar. Por essa razão, existem várias moda- lidades de pesquisa que podem ser colocadas em prática, o que implica coerência epistemo- lógica, metodológica, e técnica, para o seu ade- quado desenvolvimento. (SEVERINO, 2007) Para compreendermos melhor o que é pesquisa, apresentamos alguns conceitos: Para Andrade (2010), a pesquisa en- volve um conjunto de procedimentos sistemá- 39 ticos, baseados em raciocínio lógico, assegu- rados pela utilização de métodos científicos no sentido de encontrar soluções para pro- blemas propostos, que são os objetivos fun- damentais da pesquisa. Todos os conceitos de pesquisa, de uma ou de outra maneira, apontam seu caráter racional predominante. Para Gil (1999, p. 19), pesquisa é o “procedimento racional e siste- mático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Os autores que tratam das questões sobre produção científica, Cervo e Bervian entendem a pesquisa como uma atividade vol- tada para a solução de problemas, em que se empregam processos científicos. (1983) Já, Salomon (1977, p. 136) associa a pesquisa a uma atividade científica, que se concretiza no trabalho científico, por meio da investigação metodologicamente estruturada. Podemos entender a pesquisa como um procedimento, um processo que se desenvolve por meio da reflexão e da sistematização das ideias e estudos, que permitem descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo de conhecimento. Desse modo, considera-se a pesquisa 40 como um procedimento formal, assegurada por um determinado método, que exige um tratamento científico, cujos propósitos funda- mentam-se no conhecimento da realidade e na busca por novas verdades. Podemos entender a pesquisa como um procedimento, um processo que se desen- volve por meio da reflexão e da sistematização das ideias e estudos, que permitem descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo de conhecimento. Desse modo, considera-sea pesquisa como um procedimento formal, assegurada por um determinado método, que exige um tratamento científico, cujos propósitos funda- mentam-se no conhecimento da realidade e na busca por novas verdades. Poderíamos apresentar inúmeras con- ceituações propostas por diversos autores. No entanto, apenas acrescentaríamos alguns detalhes específicos. Seguiremos com outras questões fundamentais sobre a pesquisa e que merecem discussão. 41 2.3 Requisitos para uma Pesquisa Neste item, apresentamos algumas re- flexões que julgamos necessárias para o desen- volvimento de uma pesquisa. É interessante pensar que a realização de uma pesquisa pressupõe alguns requisitos básicos, tais como a qualificação do pesquisa- dor, recursos humanos, materiais e financeiros. Entre as qualidades intelectuais e sociais do pesquisador, Gil (1999, p. 20) destaca elemen- tos importantes para o pesquisador: a) Conhecimento do assunto a ser pes- quisado; b) Curiosidade; c) Criatividade; d) Integridade intelectual; e) Atitude autocorretiva; f) Sensibilidade social; g) Imaginação disciplinada; h) Perseverança e paciência; i) Confiança na experiência. Por mais qualificado que seja o pesqui- sador, não pode ignorar certas circunstâncias 42 “extracientíficas”. Isto é, são questões que não dependem do pesquisador, as dificuldades com a coleta dos dados, em alguns casos, o custo da pesquisa, a escassez de material para pesquisa etc. Além de tempo para dedicar-se à pesquisa, são necessários equipamentos, livros, instrumentos e outros materiais e, conforme o caso, verba para remuneração de serviços prestados por outras pessoas. Isto significa que, para realizar uma pesquisa, devem ser levados em conta os recursos humanos e materiais, tais como disponibilidade de tempo e o indispensável suporte financeiro. (GIL, 1999) 2.4 Finalidades da Pesquisa Ao pensar nas finalidades da pesquisa, existem dois caminhos que merecem serem as- sinalados: o primeiro reúne as finalidades moti- vadas por razões de ordem intelectual e pessoal. O pesquisador pressupõe uma trajetória solidi- ficada por meio das práticas da investigação e Ao pensar nas finalidades da pesquisa, existem 43 dois caminhos que merecem serem assinalados: o primeiro reúne as finalidades motivadas por razões de ordem intelectual e pessoal. O pes- quisador pressupõe uma trajetória solidificada por meio das práticas da investigação e das pro- duções científicas. Ou alcançar o saber, para sa- tisfação do desejo de adquirir conhecimentos. Geralmente, é realizado por cientistas e contri- bui para o progresso da Ciência. É a chamada pesquisa “pura”. (GRESSLER, 2003) O segundo caminho, por razões de ordem prática. A pesquisa é desenvolvida com vistas às aplicações práticas, cujo objeti- vo é atender às exigências da vida moderna. Podemos chamá-la de pesquisa “aplicada”. Em que os fins práticos, buscam soluções para problemas concretos. As duas formas de pesquisa não es- tão em compartimentos separados, estão correlacionadas. Pois, a pesquisa “pura” pode, de alguma forma subsidiar conheci- mentos passíveis de aplicações práticas. A pesquisa “aplicada” pode evidenciar descobertas de princípios científicos, na pro- moção do avanço do conhecimento em um determinado campo de estudo. 44 2.5 Planejamento da Pesquisa Lakatos (2010) traz de forma organi- zada os elementos que constituem a prepa- ração para a pesquisa e que colaboram para que possamos estruturar passo a passo a pes- quisa, no sentido de objetividade em todas as fases da investigação: Preparação da pesquisa Fases da Pesquisa 1. Decisão. 2. Especificação dos objetivos. 3. Elaboração de um esquema. 4. Constituição da equipe de trabalho. 5. Levantamento de recursos e cronograma. 1. Escolha do tema. 2. Levantamento de dados. 3. Formulação do problema. 4. Definição dos termos. 5. Construção de hipóteses. 6. Indicação a variáveis. 45 Execução da Pesquisa Relatório de Pesquisa 1. Coleta de dados. 2. Elaboração dos dados. 3. Análise e interpretação dos dados. 4. Representação dos dados. 5. Conclusões. 1.Registro de todas as etapas da pesquisa O planejamento e a execução de uma pesquisa requerem o detalhamento minucioso de todas estas etapas que devem ser pensadas e planejadas organizadamente com o intuito de melhor aproveitamento de tempo, em que se conduz de forma objetiva a estruturação de um projeto de pesquisa. O pesquisador precisa estar atento a 7. Delimitação da pesquisa. 8. Amostragem. 9. Seleção de métodos e técnicas. 10. Organização do instrumental de pesquisa. 11. Teste de instrumento e procedimento. 46 todas as etapas, mas também é necessária uma compreensão sobre o tipo de pesquisa que será utilizado, bem como as características de cada uma, o que irá contribuir na escolha do melhor método a ser aplicado, na busca por informa- ções, quando do processo da investigação. Na próxima unidade, veremos de for- ma mais detalhada, os tipos de pesquisa e sua aplicabilidade em cada caso. Exercícios Propostos 1. Esclareça a importância da pesquisa na vida humana. 2. Defina com suas palavras o que é pesquisa. 3. Quais as principais finalidades da pesquisa? 4. Gil (1999) assinala alguns requisitos neces- sários ao pesquisador. Aponte-os. 5. Em sua opinião, por que é preciso um pla- nejamento detalhado da pesquisa? 47 Referências Bibliográficas Complementares DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio cien- tífico e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Ma- ria Lakatos. 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008. 1 Luci Carlos de Andrade Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca Lu ci C ar lo s d e A n d ra d e Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca UNIDADE 3 TIPOS DE PESQUISA 50 Nesta unidade, estudaremos os tipos de pesquisa, as características de cada uma e sua aplicabilidade no contexto da necessidade e exigência da investigação, que será proposta. 51 3. Tipologia de Pesquisa Temos os tipos de pesquisa que po- dem ser classificados de diferenciadas for- mas, dependendo de critérios e enfoques diversos. Na perspectiva das Ciências, por exemplo, a pesquisa pode ser biológica, mé- dica, físico-química, matemática, histórica, pedagógica, social etc. Apresentaremos algumas noções in- trodutórias. Assim, segue uma classificação da pesquisa quanto à natureza, aos objetivos, aos procedimentos e ao objeto. A pesquisa pode constituir-se em um trabalho científico original ou em um resumo de assunto, de acordo com a sua natureza. Quando se realiza uma pesquisa pela 52 primeira vez, podemos dizer que é um traba- lho científico original. Será uma contribuição para as novas conquistas e descobertas na es- fera da evolução do conhecimento científico. Nesse caso, esse tipo de pesquisa é desenvolvido por cientistas e especialistas em áreas específicas do conhecimento. (AN- DRADE, 2010) O rigor científico está presente no resumo de assunto. É um tipo de pesquisa isento de originalidade. Está embasada em trabalhos mais avançados, publicados por au- toridades no assunto, e não são simples có- pias das ideias. Destacam-se nesse tipo de trabalho, a análise e interpretação dos fatos e ideias, a utili- zação de metodologia adequada, assim como o enfoque do tema de um ponto de vista original. Por ser uma contribuição para a am- pliação da bagagem cultural do estudante, o resumo de assunto oferece subsídios para fu- turos trabalhos científicos aos mesmos, pois funcionam como preparação para trabalhos mais amplos e originais. As finalidades da pesquisa é que fazem a diferença entre o trabalho científico original e o resumo de assunto. 53 3.1. A Pesquisa Experimental e a Não Experimental A pesquisa experimental é a pesquisa passível de ser quantificada,mensurada. O seu próprio objeto funciona como fonte de observação e manipulação experimental na perspectiva da pesquisa quantitativa. É possí- vel a verificação em laboratório. Nesse caso, o pesquisador seleciona de- terminadas variáveis e testa suas relações funcio- nais, utilizando formas de controle. Esse tipo de pesquisa é perfeitamen- te adequado para as Ciências Naturais. No entanto, essa modalidade é mais complica- da no âmbito das Ciências Humanas, já que não se pode fazer manipulação das pessoas. (SEVERINO, 2007) A pesquisa experimental tem como objetivo principal investigar as possíveis rela- ções entre determinados grupos, em compa- rações com outros grupos que não estão no contexto da investigação. Essa pesquisa carac- teriza-se pelo rigoroso controle e manipulação das variáveis experimentais. Geralmente, são usados um ou mais grupos de controle para 54 comparações com o grupo que recebeu o tra- tamento experimental. Gressler (2007) concebe a pesquisa experimental como “forte”, devido ao seu controle sobre as variáveis, e em algumas circunstâncias pode ser considerada restrita e artificial, porque em muitos experimen- tos, as condições ambientais são diferentes das condições reais de vida. Podem ocorrer, também, comportamentos artificiais de se- res, quando são submetidos à manipulação e observações sistemáticas. No caso da pesquisa não experimen- tal, as variáveis não são passíveis de manipu- lação. O pesquisador deverá trabalhar com as mesmas, da forma como se apresentam na sua natureza. Trabalha-se com fatos e fenômenos que já existam. Dessa forma, geralmente, utili- za-se o método da pesquisa descritiva e explo- ratória, em que o pesquisador simplesmente observa o objeto sem interferência. A pesquisa possibilita, também, diferen- ciar ou examinar situações que já estão consoli- dadas. O estudo não experimental aplica-se em situações em que as características ou variáveis, não podem ou não devem ser manipuladas. 55 3.2 Pesquisa Bibliográfica Com referência à natureza das fontes utilizadas para a abordagem e tratamento de seu objeto, a pesquisa pode ser bibliográfica, de laboratório e de campo. Para Lakatos (2010), a pesquisa bi- bliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Esta pesquisa busca os dados ou as categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registradas. As contribuições dos autores tornam-se fontes para novos temas a serem pesquisados. Vale estendermos um pouco mais as questões sobre a pesquisa bibliográfica, con- siderando que na maioria dos trabalhos cientí- ficos, utiliza-se essa prática. A pesquisa desse tipo tem como objetivo a contribuição de in- formações e de pesquisas baseadas em acervos de diversos autores, que já estudaram sobre o tema em questão. Conforme Trujillo, a pesquisa bi- bliográfica: 56 “Trata-se de levantamentos de toda bibliogra- fia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito sobre deter- minado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação das suas in- formações”. (1974. p 32, grifo do autor) Com as contribuições dadas pela pes- quisa do tipo bibliográfica, é possível que o pesquisador possa definir ou resolver proble- mas já conhecidos ou explorar novas áreas, onde possam existir problemas que ainda não foram solucionados. Para Gil (2002), a pesquisa biblio- gráfica, geralmente, desenvolve-se a partir de buscas em materiais já produzidos, que são compostos principalmente de livros e artigos científicos. No entanto, a maioria dos estudos exige trabalhos dessa natureza, como há pes- quisas produzidas somente a partir de fontes bibliográficas. Essa modalidade de pesqui- sa cobre uma imensa gama de fenômenos, o 57 3.3 Pesquisa Exploratória, Descritiva e Explicativa Os estudos de Andrade (2010) e Seve- rino (2007) trazem contribuições para enten- dermos sobre a pesquisa que pode ainda ser que oferece grande vantagem ao pesquisador, que é fundamental no caso de uma grande de- manda de dados ou da complexidade do tema, para solucionar o problema pesquisado. Por exemplo: a pesquisa bibliográfica é aplicada nos estudos históricos, pois facilita o conheci- mento dos fatos ocorridos no passado. Severino (2007) colabora e comple- menta as considerações sobre a pesquisa biblio- gráfica, quando aponta suas oito fases distintas: a) Escolha do tema; b) Elaboração do plano de trabalho; c) Identificação; d) Localização; e) Compilação; f) Fichamento; g) Análise e interpretação; h) Redação. 58 classificada, quanto aos objetivos em três gru- pos: exploratória, descritiva e explicativa. Vale ressaltar que estes três grupos, geralmente, de- finem os objetivos específicos de uma pesquisa. A pesquisa exploratória - é um tipo de pesquisa bibliográfica, que proporciona maiores informações sobre determinado as- sunto; facilita a delimitação e escolha de uma temática de estudo; define os objetivos ou formula as hipóteses de uma pesquisa e des- cobre um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar. Essa pesquisa tem como objetivo principal, como o próprio nome diz, explorar e aprimorar as ideias ou a descoberta de intui- ções. Severino complementa: “a pesquisa ex- ploratória levanta informações sobre um de- terminado objeto, assim delimita um campo de trabalho, investigando as condições de ma- nifestação desse objeto. Pode ser uma prévia para a pesquisa explicativa. Basicamente, a pesquisa exploratória compreende: a) levantamento bibliográfi- co; b) entrevistas com pessoas relacionadas com o problema pesquisado; c) análise de exemplos que evidenciem a compreensão do fato estudado. 59 Tal pesquisa viabiliza o desenvolvi- mento de estudos inéditos e interessantes, sobre um determinado tema. Pois, possibilita uma maior familiaridade com o problema, e o explicita de forma mais ampla. O planejamento é bastante flexível e geralmente se enquadra na pesquisa e a amplia com vistas a torná-lo mais explícito. Consti- tui um estudo preliminar ou preparatório para embasamento de outras pesquisas. A pesquisa exploratória - em um primeiro momento esse tipo de pesquisa pri- ma pela observação, pelos registros. Procura analisar e classificar minuciosamente além de interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), em que o pesquisador não utiliza da interfe- rência ou manipulação. O objetivo principal nesse tipo de pes- quisa é descrever as características dos fatos ou fenômenos. Estuda e investiga as relações entre variáveis, ou seja, as características de um determinado grupo. Busca com objeti- vidade a frequência com que um fenômeno ocorre, procura compreender sua relação com os outros, sua natureza e características. A pesquisa descritiva - pressupõe o desenvolvimento de muitos estudos e possui 60 características próprias. Utiliza-se de técnicas já padronizadas de coletas de dados como: questionário, observação sistemática, formu- lário. Essa pesquisa é utilizada também no caso de levantamento de dados, o que se usa geralmente por pesquisadores das áreas de Ciências humanas e sociais, em situações de atuação prática. A pesquisa explicativa – também registra, analisa e interpreta os fenômenos estudados, mas preocupa-se com a identifica- ção dos fatores determinantes, que influen- ciam na ocorrência dos fenômenos, buscan- do suas causas. Nessa perspectiva, a pesquisa explica- tiva permite o aprofundamento da compreen- são da realidade, quando explica a razão e a origem das coisas. O nível de complexidade desse tipo de pesquisa é maior tendo em vista a preo- cupação com os determinantes e as causas das ocorrências dos fenômenos. Ao procurar compreender e explicar a realidade podetam- bém estar sujeito a erros. No entanto, as bases da pesquisa ex- plicativa e seus resultados possibilitam uma consistente fundamentação na produção do 61 3.4 Métodos da Pesquisa Qualitativa e Quantitativa Alguns autores não fazem distinção entre métodos qualitativos ou quantitativos, porém, Lakatos (2008) aponta diferenças mar- cantes em relação à forma como são aborda- dos os fatos, dependendo de cada estudo. As diferenças entre o método quali- tativo e o quantitativo estão na questão dos instrumentos estatísticos e na forma de coleta e análise de dados. conhecimento científico. Essa pesquisa tem como finalidade o registro e a análise dos fenômenos estudados, buscando a identifi- cação de suas causas. Utiliza a aplicação do método experimental/matemático, e em al- guns casos por meio da interpretação nos métodos qualitativos. As considerações sucintas sobre tais tipos de pesquisa visam auxiliar o estudante, de forma objetiva na elaboração do seu pro- jeto de pesquisa, norteando suas intenções na estruturação da investigação que consta- rá no seu projeto. 62 Na metodologia qualitativa existe a preocupação em analisar e interpretar os as- pectos mais profundos, detalhando e descre- vendo a complexidade do comportamento hu- mano. “Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências, valores de comportamento etc.” (LAKATOS, 2008, p. 269) No método quantitativo, os pesqui- sadores lidam com amostras amplas e de in- formações numéricas em coletas estruturadas. Seguem, rigorosamente, um plano previamen- te estabelecido, com base em hipóteses claras e variáveis definidas. Podemos considerar a metodologia quantitativa como a descrição objetiva e sis- temática dos dados, cuja análise se dá com informação numérica resultante da investi- gação, que pode se apresentar em forma de quadros, tabelas e medidas, portanto, usa modelos estatísticos. “Três traços bem definidos no conteúdo quan- titativo devem ser observados: objetividade, sistematização e quantificação dos conceitos, evidenciados na comunicação. Na análise do conteúdo quantitativo, a ênfase de recair 63 na quantificação dos seus ingredientes.” (LAKATOS, 2008, p. 284) No enfoque quantitativo existe o le- vantamento de dados para provar as hipóte- ses, com base na medida numérica e na análise estatística para estabelecer padrões de com- portamento. Neste caso, busca-se a expansão dos dados, ou seja, a informação. Já, a pesquisa qualitativa permite a rea- lização de articulações entre teoria e prática no desenvolvimento do estudo. Pesquisar o coti- diano em uma abordagem qualitativa é buscar aproximações com a realidade. Minayo destaca que: “A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ci- ências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado [...] ela trabalha com o universo de significados, motivos, as- pirações, crenças, valores, atitudes, o que res- ponde a um espaço mais profundo das rela- ções, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. (2003, p. 21). 64 A abordagem qualitativa leva o pes- quisador a entrar em contato direto com o problema em questão. Podendo investigar sua complexidade, especificidade e diferen- ciações que o problema apresenta. Com a contribuição da abordagem qualitativa, é possível reunir uma vasta gama de informa- ções necessárias e valiosas para o desenvolvi- mento de uma pesquisa. 1. Qual o seu entendimento sobre pesquisa experimental e não experimental? 2. Defina a pesquisa bibliográfica. 3. As pesquisas exploratória, descritiva e expli- cativa podem definir os objetivos específicos na pesquisa? Esclareça. 4. Quais as diferenças básicas na pesquisa qualita- tiva e na quantitativa? 5. Explique com suas palavras o método qualitativo e o método quantitativo de uma pesquisa. Exercícios Propostos 65 Referências Bibliográficas Complementares DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científi- co e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Maria Lakatos. – 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008. UNIDADE 4 O PROBLEMA NA PESQUISA 68 Nesta unidade, estudaremos o proble- ma na pesquisa. Discutiremos a formulação do problema e as implicações do seu enunciado. Apresentaremos os elementos básicos a serem considerados na definição de um problema, tais como as hipóteses e variáveis. 69 4. Formulação do Problema O tema de uma pesquisa é o assunto que se deseja provar ou desenvolver: “é uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar, em se- guida, seu exame, avaliação crítica e solução” (ASTI VERA, 1976, p. 97) Lakatos (2010) diz que é preciso ter bem claro o que se quer na pesquisa. É o mo- mento de enunciar um problema, ou seja, de- terminar o objeto da pesquisa. O tema de uma pesquisa pode ser de alguma forma abrangente, porém a formulação do problema é específica. É um questionamen- to ou uma dificuldade que se pretende resolver. 70 “Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu tempo e apresentando suas características. Dessa forma, o objetivo da formulação do problema da pesquisa é torná- -lo individualizado, específico, inconfundí- vel”. (RUDIO, 1979, p. 75) Geralmente, o processo de investigação inicia-se com um problema. Problema é uma situação real ou artificial, perplexa e desafiado- ra, cuja solução exige pensamento reflexivo. É uma questão concernente às relações existentes entre conjuntos de eventos (variáveis). Conduz-se a pesquisa com o intuito de encontrar respostas para os questionamen- tos. Nesse sentido, o problema exige respostas para uma questão, para uma pergunta que se faz na pesquisa. O problema na pesquisa é o objeto da mesma, uma dificuldade, teórica ou prática, em que se busca a solução. Ao definir o problema, estaremos es- pecificando também os caminhos para solu- 71 cioná-lo. Desse modo, é interessante ter clare- za, concisão e objetividade. Além de facilitar a construção da hipótese central, orienta quanto ao método e o tipo de pesquisa a ser utilizado. “A caracterização do problema define e identifica o assunto em estudo, ou seja, um problema muito abrangente torna a pesqui- sa mais complexa. Quando bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação”. (MARINHO, 1980, p. 55) Para definir o problema na pesquisa é necessário refletir com tranquilidade; requer leituras sobre o assunto a ser pesquisado, ou seja, conhecimentos prévios, com o máximo de informações possíveis que assegurem con- dições de formulação do mesmo. A proposição do problema não é ta- refa fácil, e não se faz de imediato; é o mer- gulho no assunto em todos os seus aspectos, que viabiliza definir o problema no plano de hipóteses e de informações. “Nem sempre é possível ao pesquisador for- mular clara, precisa e adequadamente o seu 72 problema de pesquisa. Em muitas situações, o pesquisador possui uma dúvida bastante geral, vaga, desordenada e até mesmo confu- sa, a respeito do que pretende investigar. Ele identificou o problema, mas sente dificuldades na formulação clara e operacional do enun- ciado”. (GRESSLER, 2003, p. 113) A definição ou formulação do proble- ma permite seguir as etapas previstas, para se atingir o objetivo da pesquisa. No entanto, an- tes de ser considerado apropriado, o problema deve ser analisado. Veja os seguintes aspectos e as possi- bilidades de execução: a) Viabilidade: pode ser eficazmente resolvi- do através da pesquisa. b) Relevância: deve ser capaz de trazer co- nhecimentos novos. c) Novidade: estar adequadoao estádio atual da evolução científica. d) Exequibilidade: pode chegar a uma con- clusão válida. e) Oportunidade: atender a interesses parti- culares e gerais. 73 Na visão de Gressler (2003), o pro- blema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara e compreensível, com possibilidades de operacionalização. O problema também pode se constituir em forma de pergunta. Algumas questões apontadas por Gressler (2003) auxiliam-nos a proposição do problema. a) Corresponde a interesses pessoais, sociais e científicos, isto é, de conteúdo e metodológi- cos? Estes interesses estão harmonizados? b) Constitui-se o problema em questão cientí- fica, ou seja, relacionada entre si pelo menos dois fenômenos (fatos, variáveis)? c) Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica? d) Pode ser empiricamente verificado em suas consequências? 4.1 Problema e Hipótese A definição ou formulação do proble- ma e a verificação de sua validade científica supõe uma provável resposta, que é provisó- ria, a que chamamos de hipótese. O problema 74 4.2 Formulações de Hipóteses Lakatos (2010) considera a hipótese como um enunciado geral de relação entre vari- áveis (fatos, fenômenos) e podem ser: a) Formulada como solução provisória para um determinado problema; b) Apresentando caráter explicativo ou pre- ditivo; c) Compatível com o conhecimento científico; d) Sendo possível a verificação empírica em suas consequências. A hipótese enquanto uma suposta, pro- vável e provisória resposta a um problema, de- verá ser verificada através da pesquisa; interes- sa-nos o que é como se formula um problema. Para a ciência é imprescindível três re- quisitos básicos à formulação das hipóteses: 1) a hipótese deve ser formalmente correta e não se apresentar “vazia” semanticamente; ou a hipótese são enunciados de relação entre variáveis (fatos, fenômenos); o que difere en- tre ambos, é que o problema consiste em uma interrogação e a hipótese é uma sentença afir- mativa mais detalhada. (GRESSLER, 2003) 75 2) a hipótese deve estar fundamentada, até certo ponto, em conhecimento anterior; 3) a hipótese tem de ser empiricamente con- trastável, por intermédio de procedimentos objetivos da Ciência. “É preciso não confundir hipótese com pressu- posto, com evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e não o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. [...] nesses casos não há mais nada a demons- trar, e não se chegará a nenhuma conquista e o conhecimento não avança” (SEVERINO, 2006, p. 161) O trabalho de formular hipóteses a serem testadas é sempre um desafio que de- pende da área na qual está sendo desenvolvida a pesquisa. É uma fase de reflexão e análise, com base em algumas considerações a respei- to do assunto que será explorado, para supor possíveis resultados. Não é possível, o pesquisador pen- sar em uma pesquisa, projetar o seu inte- resse e intenção sem formular hipóteses necessárias ao andamento da pesquisa. Mui- 76 tas vezes, pode ser levantada mais de uma hipótese em um projeto; a única diferença é que pode ser uma hipótese geral e várias específicas. (LAKATOS, 2008) 4.3 Variáveis O que são variáveis? Podemos dizer que variáveis são características passíveis de observação do fenômeno a ser estudado e estão presentes todos os tipos de pesquisa. Esclarecemos o seguinte: nas pesquisas quantitativas, são mensuráveis; nas pesquisas qualitativas são descritas ou explicadas. As chamadas variáveis apresentam ca- racterísticas sociais, econômicas, ideológicas, demográficas, estatísticas, matemáticas, mer- cadológicas etc. Depende do tipo de pesquisa e das características de cada estudo proposto. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 139), “uma variável pode ser considerada como uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional que contém ou apresenta valores; ou ainda, um aspecto, pro- priedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e passível de mensuração.” 77 É preciso o cuidado com as variáveis, pois todas interferem no objeto a ser estudado e de certa forma podem comprometer ou in- validar a pesquisa, se não forem controladas. Encontra-se em Lakatos e Marconi (2007, p. 139-155), um estudo mais aprofun- dado sobre variáveis independentes e depen- dentes, fixidez (fixas) ou alterabilidade das va- riáveis; variáveis moderadoras e de controle; variáveis extrínsecas e componentes; variáveis intervenientes e antecedentes. Segundo Lipset e Bendix (In: Trujillo, 1974, p. 144), “variável é um conceito opera- cional, sendo que recíproca não é verdadeira: nem todo conceito operacional constitui-se em variável. Para ser definida, a variável pode conter valores.” Entendemos uma variável como clas- sificação ou medida; uma quantidade que va- ria; um conceito operacional, que contém ou apresenta valores; aspecto, propriedade ou fa- tor, que está evidente no objeto de estudo e passível de ser medida. Existem os valores que são adiciona- dos ao conceito operacional, para transformá- -lo em variável, por exemplo: quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços 78 Exercícios Propostos 1. Em sua opinião, o que é o problema na pes- quisa? 2. Aspectos importantes precisam ser leva- dos em conta na formulação do problema. Aponte-os. 3. Por que o problema está relacionado com as hipóteses? Esclareça. 4. Defina com suas palavras o que é hipótese. 5. Defina com suas palavras o que é variável. etc., podem ser alterados dependendo do caso, são abrangentes e exclusivos, problema etc. Imaginemos o “universo” da ciência como constituído de três níveis: no primeiro, ocorrem as observações de fatos, fenômenos, comportamentos e atividades reais; no segundo, encontramos as hipóteses; finalmente no ter- ceiro, surgem as teorias, hipóteses válidas e sus- tentáveis. O enunciado das variáveis viabiliza a constatação ou a refutação dos fenômenos, fatos ou comportamentos. 79 Referências Bibliográficas Complementares DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Maria Lakatos. – 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008. 1 Luci Carlos de Andrade Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca Lu ci C ar lo s d e A n d ra d e Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca UNIDADE 5 O PROJETO DE PESQUISA 82 Nesta unidade, estudaremos o pro- jeto de pesquisa. Apresentaremos as etapas de estruturação de um projeto e discutiremos cada uma delas. 83 5. O Projeto de Pesquisa Não há uma norma rígida para a for- matação e estruturação de um projeto de pes- quisa. Há, contudo, algumas definições que devem ser observadas, bem como alguns con- teúdos imprescindíveis. Neste sentido, apre- sentamos, aqui, uma proposta elementar de estruturação de projeto que deve servir como orientação para o estudante. (BELLO, 2007) Podemos definir a pesquisa como uma proposta teórica prévia, formulada sobre um assunto que se deseja investigar. O projeto constitui a previsão das eta- pas que serão executadas na pesquisa. Que deve responder aos questionamentos propostos. Independente do problema, do refe- 84 rencial teórico ou da metodologia utilizada, uma pesquisa supõe o preenchimento de três requisitos (GRESSLER, 2003): a) A existência de uma pergunta que se deseja responder; b) A elaboração (e descrição) de um conjunto de passos que permitam obter a informação necessária para respondê-la; c) A indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida. O procedimento de coleta de infor- mações é outro requisito básico da pesquisa. Irá garantir um recorte significativo da realida- de. Outro requisito importante supõe resposta coerente, fundamentadas pelos dados e infor- mações que asustentam. Não podemos considerar que a Ciência é fruto somente da genialidade humana. É pre- ciso reconhecer a gama de pesquisadores que logram êxito em suas investigações. Os pesqui- sadores iniciantes têm o seu valor na perspectiva da continuidade das investigações e da validade de suas intenções, para o progresso da Ciência. As descobertas requerem esforço e persistência e demandam muito trabalho e es- tudo. Requer também maturidade e consciên- cia quanto ao valor da investigação. 85 5.1 Estrutura do Projeto de Pesquisa Geralmente, um projeto de pesquisa apresenta uma mesma organização por etapas, que devem ser levadas em conta, com vistas a objetividade e êxito na execução da pesquisa. De acordo com Bello (2007), um proje- to de pesquisa deve apresentar basicamente em sua estrutura os seguintes elementos: Elementos pré-textuais: Capa ou Falsa Folha de Rosto (obrigatório); Folha de Rosto (obrigatório, Anexo 3); Sumário (obrigatório); Pois, muitas vezes, não ocorre a apli- cação imediata dos resultados de uma pes- quisa. Algumas soluções parecem ficar no esquecimento ou na não validação, e anos mais tarde, surgem e redimensionam a reali- dade e o conhecimento. 86 5.2 Textuais Escolha e Delimitação do Tema A variedade de fenômenos a ser estu- dada é infinita e as possibilidades de investiga- ção são inúmeras. Estudar certos aspectos de um fenômeno inserido na realidade torna-se um grande desafio. Escolher um tema é uma etapa da pes- quisa que exige reflexão profunda para funda- mentar a decisão do investigador. O tema de uma pesquisa poderá re- sultar das condições socioeconômicas, do momento histórico, de situações políticas ou religiosas, de estímulos provenientes de asso- ciações científicas, da moda, da liberdade e ini- ciativa do pesquisador, do acaso etc. O pesquisador pode ter uma idéia inicial como ponto de partida. Após delimi- tá-la, o seu enunciado se tornará mais claro e mais compreensível. Nas considerações de Bello (2007), a delimitação exige especificação. Por exemplo: o investigador está interessado em fazer uma pes- quisa sobre esporte. O assunto esporte é amplo e vago. Deverá, então, especificar o que mais 87 concretamente lhe interessa. Suponha-se que seja o papel do futebol na sociedade brasileira. Dessa forma, ao se definir o tema, chega-se, geralmente, ao enunciado do título do projeto. Ao observar algumas recomenda- ções sobre o enunciado de um título, verifica- -se que o mesmo deverá abranger o fenômeno ou objeto estudado, o local e as circunstâncias em que foi desenvolvido o estudo e, se possí- vel, a época em que este se situa. Ter-se-ia, portanto, voltado ao exem- plo anterior, o seguinte título: “O futebol bra- sileiro como mecanismo liberatório de tensões de operários de Mato Grosso do Sul, enquan- to espectadores da década de 80”. Existem dois tipos de fatores, bási- cos, para a escolha de um tema para o traba- lho de pesquisa: os externos e os internos. Para tanto, procuramos relacionar algumas questões que devem ser levadas em conside- ração nesta escolha: A) FATORES EXTERNOS: a) Limite pessoal: faz-se necessário que o pes- quisador tenha consciência dos seus limites de conhecimento, a fim de não entrar em uma 88 área, totalmente, desconhecida; b) Prazer, gosto pessoal pelo assunto ou alto grau de interesse pessoal, caso contrá- rio poderá tornar a pesquisa num trabalho de sofrimento, angústias e tortura; c) Tempo, levando sempre em consi- deração o volume de atividades as serem reali- zadas para a execução do trabalho. B) FATORES INTERNOS: a) Objetividade, escolha de temas que tenham importância para pessoas, grupo de pessoas ou para a sociedade em geral, gerando assim valores acadêmicos, sociais e culturais; b) Disponibilidade de material para consulta. Às vezes, o tema escolhido não foi muito trabalhado e há a presença de pou- cas fontes secundárias para consulta. A falta destas não impede a realização da pesquisa, porém, faz com que o pesquisador busque fontes primárias de informação necessitando, portanto, de um tempo maior para a realiza- ção do trabalho. Este problema não impede a realização da pesquisa, mas deve ser levado em consideração para que o tempo institucional não seja ultrapassado. 89 c) Prazos legais pra entrega do traba- lho. Observar e cumprir os prazos estipulados para o trabalho final. (GRESSLER, 2003) Levantamento ou Revisão de Literatura Localizar e obter documentos perti- nentes ao tema a ser trabalhado tendo dispo- nível, em mãos, o material que subsidiará o tema do trabalho de pesquisa. Este levanta- mento deverá ser realizado junto às bibliote- cas e Internet com o intuito de buscar livros, papers, periódicos e outros materiais existen- tes para a confecção do trabalho. Quando do início, do trabalho, deter- mine com antecedência que bibliotecas, insti- tuições, indivíduos, agências governamentais, agências particulares ou acervos que deverão ser procurados. Esteja preparado para copiar os documentos, seja através de xerox, fotogra- fias ou outro meio qualquer. Organização do Material Encontrado É necessário separar os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua pesquisa, podendo ser: 90 Delimitação do Problema A definição ou formulação do proble- ma é um passo importante em um projeto de pesquisa. Depois de definido o tema, procura- -se levantar uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O problema é o questionamento para definir o alcance de sua pesquisa. Alguns autores sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta ou afirmação; não existem regras rígidas nessa questão. Bello (2007) traz notas importantes que auxiliam na delimitação do problema: • Situá-lo no tempo e no espaço, localizando as fontes de origem; • O problema deve ser formulado de forma interrogativa; a) Nível geral do tema a ser tratado: relacionar todas as obras ou documentos sobre o assunto; b) Nível específico a ser tratado: relacionar somente as obras ou documentos que con- tenham dados referentes à especificidade do tema a ser tratado. 91 • O problema deve ser claro e preciso; • O problema deve ser delimitado a uma di- mensão viável. Hipótese = Suposição Tende a responder o problema su- gerido no tema escolhido para a pesquisa. É a suposição da resposta, da solução para o problema. A realização do trabalho irá con- firmar ou negar a hipótese levantada. Exemplo: (em relação ao Problema defi- nido acima). Hipótese: A sociedade burguesa, representada pela classe dominante, marginaliza a população carente no processo educacional. Justificativa A justificativa são as argumentações que irão convencer de que o trabalho de pes- quisa deve ser efetivado. Embasado no tema escolhido pelo pesquisador e na hipótese le- vantada, enfatiza-se a necessidade de compro- vação do tema a ser trabalhado. É preciso cau- 92 tela neste tópico para não se tentar justificar a hipótese levantada, ou seja, não se deve tentar responder ou concluir o que ainda será pes- quisado. Menciona-se a pretensão do trabalho e seu valor nos seguintes aspectos: Relevância científica: O que essa pesquisa pode acrescentar à Ciência? Relevância social: Que benefício pode trazer à comunidade? Interesse: O que levou à escolha do tema? Viabilidade: Quais as possibilidades concre- tas desta pesquisa? A justificativa posiciona o projeto no contexto científico e tecnológico. Deve escla- recer os motivos pelos quais o tema foi esco- lhido, qual a sua oportunidade e relevância so- cioeconômica, cultural ou histórica. Deve, também, levar em conta o potencial do estudo de vir a interessar ou afetar pessoas, instituições, meio ambiente, entre outros. Pode, ainda, apontar a potencialida- de do assunto de conduzir a resultados ori- ginais, assim como a viabilidade de execuçãodo estudo, que deve considerar prazos, re- cursos e aptidão pessoal do pesquisador. A originalidade de um projeto refere- 93 -se, também, a novos enfoques, novos argu- mentos e pontos de vista, e sua contribuição para algum esclarecimento. O processo de seleção de pesquisa en- volve uma cadeia de opções na qual, além de sua viabilidade, a importância dos resultados é também fundamental. Quais consequências terão as conclu- sões e resultados das pesquisas? Qual o valor da contribuição proposta? Sintetizando, a justificativa do projeto deverá responder à seguinte pergunta: Por que executar o projeto? As razões apresentadas de- vem levar em consideração que a justificativa: a) Esteja diretamente relacionada com a ques- tão abordada; b) Reforce os dados e as estatísticas apresenta- das, fundamentando a existência da questão e a necessidade de que seja resolvida. Objetivos Para Gressler (2007), o objetivo é a diretriz, o elemento que dá a direção ao tra- balho. O objetivo do projeto deve refletir sua finalidade, ou seja, o que se pretende alcançar com sua realização. 94 O objetivo pressupõe o resultado total final que o projeto visa diretamente produzir. Deve, portanto, abranger os resultados e a si- tuação esperada ao final da execução do pro- jeto. Deve ser exposto com precisão, clareza e sem ambiguidades. Pode ser descrito em tempos quanti- tativos e qualitativos. É dimensionado e ex- presso em forma de metas explícitas, precisas e verificáveis. Deve estar coerente com todos os elementos do projeto. O enunciado do objetivo, geralmente, começa com um verbo expresso no infinitivo, que indique uma ação passível de mensuração ou observação. O objetivo define aonde o pesquisador “quer chegar” com seu trabalho de pesquisa. Po- dem ser Objetivos Gerais e Objetivos Específi- cos. Utiliza-se, geralmente, o verbo no infinitivo. Este quadro apresenta alguns verbos que basicamente podem ser utilizados na lin- guagem científica: Acreditar Constatar Inferir Propiciar Analisar Demonstrar Julgar Proporcionar Apreciar Elaborar Notar Refletir Avaliar Estudar Observar Sugerir Concluir Evidenciar Oportunizar Supor Configurar Examinar Perceber Verificar Identificar Pesquisar Visualizar Compreender Ampliar Estabelecer 95 Meta Uma “meta” é considerada uma medi- da explícita, objetivamente verificável e, sem- pre que possível, pode ser quantificada, nos resultados pretendidos, dentro de um deter- minado período de tempo. As metas descre- vem a situação ou as condições que existirão quando o projeto atingir o seu objetivo. As metas são consideradas as etapas necessárias à obtenção de resultados, as quais, em sua somatória, levarão à consecução do objetivo. As metas devem ser: a) Mensuráveis (refletir a quantidade a ser atingida); b) Específicas (remeter-se a questões não ge- néricas); c) Temporais (indicar prazo para sua realização); d) Alcançáveis (serem factíveis, realizáveis); e) Significativas (guardar correlação entre os resultados a serem obtidos e o problema a ser solucionado ou minimizado). Metodologia A metodologia explica detalhadamen- te os passos de como será feita a pesquisa. O método que será utilizado, o tipo de pesquisa, 96 Cronograma O cronograma é um item importante na elaboração de um projeto porque de forma organizada coloca-se a previsão de tempo, que será gasto na realização do trabalho de acordo com as atividades a serem cumpridas. A pre- visão, no entanto, é estabelecida a partir das características da pesquisa e dos critérios de- terminados pelo autor do trabalho. Podem ser divididos em dias, semanas, quinzenas, meses, etc. e, devem ser determina- dos, a partir dos critérios de tempo adotados por cada pesquisador. Exemplo: os instrumentos de coleta de dados (questio- nário, entrevista), os sujeitos a serem pesquisa- dos, a quantidade, o local, o tempo previsto, a equipe de trabalho (se tiver) e qual o tratamen- to dos dados. 97 A tiv id ad es / P er ío do s Fe v M ar A br M ai Ju n Ju l A go Se t O ut N ov 1 Le va nt am en to d e Li te ra tu ra X 2 El ab or aç ão d o Pr oj et o X 3 C ol et a de d ad os X X X X 4 Tr at am en to d os d ad os X X X X 5 El ab or aç ão d o R el at ór io F in al X X X 6 R ev is ão d o te xt o X X 7 En tre ga d o tra ba lh o X 98 Recursos Anexos Referências Os recursos são explicitados no caso do projeto ser apresentado às instituições fi- nanciadoras de projetos de pesquisa. Podem ser divididos em: Material Permanente, Material de Consumo e Pessoal. Cabe a cada organização definir os critérios e exigências da instituição, onde está sendo apresentado o projeto. Inclui-se este item, no caso juntar ao Projeto, documentos que venham trazer escla- recimentos ao texto. A inclusão, ou não, fica a critério do autor da pesquisa. 5.3 Pós-Textuais: Referências As referências (ou listagem) dos docu- mentos consultados para a elaboração do pro- jeto é um item obrigatório. Nas referências, constam os documentos e demais fontes de 99 informação consultada no Levantamento de Literatura. O documento final do projeto de pes- quisa deve conter a seguinte estrutura: Capa ou Falsa Folha de Rosto (obrigatório) Folha de Rosto (obrigatório) Sumário (obrigatório) Texto do projeto contendo: a) Introdução (obrigatório); b) Levantamento de Literatura (obrigatório;) c) Problema (obrigatório); d) Hipótese (obrigatório); e) Objetivos (obrigatório); f) Justificativa (obrigatório); g) Metodologia (obrigatório); h) Cronograma (se achar necessário, porém, seria muito interessante colocá-lo); i) Recursos (se achar necessário, não obriga- tório); j) Anexos (se achar necessário, não obrigatório); Referências (obrigatório); Contra Capa. Exercícios Propostos 1. A pesquisa, enquanto proposta teórica, pressupõe três requisitos básicos para a sua 100 DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científi- co e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. Marina de Andrade Marcon - Eva Maria Lakatos. – 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008. ARTIGO CIENTÍFICO elaboração. Aponte-os. 2. Esclareça a importância da delimitação do tema na pesquisa. 3. Qual o seu entendimento sobre os fatores externos e internos que devem ser levados em conta na delimitação do tema? 4. Alguns aspectos merecem atenção na ela- boração da justificativa do projeto. Aponte-os. 5. O cronograma é importante no projeto. Esclareça. Referências Bibliográficas Complementares UNIDADE 6 ARTIGO CIENTÍFICO 102 Nesta unidade, veremos o Artigo Científico. Estudaremos as condições e sua utilização, com orientações sobre as etapas e a estruturação do Artigo Científico. 103 6. Artigo Científico O artigo é um trabalho sucinto que pode ser original, quando apresenta temas como resultado de pesquisas do autor, e de re- visão (bibliográfica), é o caso quando o autor resume, analisa criticamente, discute ou gera novas informações, com base em informações já publicadas, complementando com reflexões próprias, na perspectiva da abordagem original. No artigo, as informações científicas são divulgadas, geralmente por publicações impressas, sob a forma de um documento científico. Independentemente de seu méri- to científico, a redação adequada aumenta as possibilidades de sua publicação. O artigo científico tem como objeti- vo divulgar a produção dos estudiosos das di- 104 versas áreas do conhecimento. Cada área tem suas características próprias, que irão refletir- -se na redação do artigo. Os estudos literários, por exemplo, costumam apresentar-se na for- ma de ensaio. (GRESSLER, 2007) Usualmente, a apresentação do artigo obedece a normas próprias, regulamentadas pela ABNT (NBR 6022/1994), e constitui-se de uma versão resumida do relatóriode pes- quisa, que enfatiza o objetivo do trabalho, os procedimentos metodológicos seguidos e os resultados encontrados. Quanto à extensão dos trabalhos: o texto deve ser tão curto quanto possível, por razões de ordem econômica (custo da publi- cação), de ordem prática (artigos longos são de leitura difícil e estafante), de ordem lógica e ética (um trabalho científico não deve conter mais do que o texto suficiente para comunicar a informação que o autor tem a transmitir). Assim, o texto de um artigo deve: a) Apresentar de forma metódica os resulta- dos de suas observações e experiências; b) Ter redação clara, precisa e concisa dos da- dos ou ideias, sem perder de vista os requisitos técnicos do veículo de divulgação a utilizar (re- vistas, livros etc.), bem como dos dispositivos 105 existentes de acumulação e triagem das infor- mações (bibliotecas, fichários, microfilmes, pu- blicações de resumo, índices etc.). Mesmo no caso de artigos de revisão devem acrescentar aplicações ou ideias novas à área de estudo, não devendo constituir sim- ples encadeamento de ideias resumidas dos autores consultados. Gressler (2003) classifica os artigos científicos em analíticos, classifica- tórios ou argumentativos. Os artigos analíticos definem e descrevem o assunto, apresentando suas diversas partes e as relações existentes entre elas; O artigo classificatório efetua a ordenação das partes de um assunto de acordo com de- terminado critério; No artigo argumentativo foca-se um argu- mento, para o qual são apresentados fatos que o provem ou refutem. Geralmente, o artigo é escrito para ser publicado, o que, no entanto, nem sem- pre ocorre, pois depende da qualidade do artigo, da orientação do conselho editorial / científico do veículo, entre outros fatores. É comum, a conversão de uma mo- nografia (dissertação ou tese) em artigo para publicação em periódico, na área do 106 tema abordado. Mesmo durante a realização de uma pesquisa, são publicados artigos referentes a as- pectos teóricos ou resultados parciais do tema, como partes de um trabalho mais amplo. Para submeter um artigo científico à apreciação de comitês ou conselhos edito- riais de periódicos para fins de publicação, é preciso adequá-lo às normas de editoração de cada periódico. Bello (2007) nos traz a estrutura do ar- tigo que compreende três partes básicas: Pré-texto, Texto e Pós-texto. 1.Pré-texto O artigo dispensa capa e folha de ros- to. Assim, os elementos pré-textuais compre- endem: 1.1 Título do artigo: O título deve ser definido da forma mais clara e concisa possível. Inicia a primeira página, é centralizado e escrito em corpo 14, negritado. 107 1.2 Autoria: O(s) nome(s) completo(s) do(s) autor (es) é ou são escritos duas linhas abaixo do título, alinhado(s) à direita, negritado(s). Em nota de rodapé, devem ser colocados as cre- denciais do autor (especialmente dados que tenham a ver com o assunto do artigo) e seu endereço de contato. 1.3 Instituição de origem: Logo abaixo do nome, também ali- nhado à direita, escreve-se a instituição (fa- culdade, curso, universidade) à qual cada au- tor pertence. 1.4 Resumo: Resumo em português, com no máxi- mo 250 palavras, contendo o objetivo, meto- dologia e principais resultados. É justificado, sem parágrafos (texto corrido). 1.5 Palavras-chave: Listar de três a cinco palavras-chave 108 em português, como indicativos do tema cen- tral do artigo. Abstract: Tradução do resumo em in- glês. (se necessário, depende da finalidade do artigo e da exigência ). Key words: Tradução das palavras- -chave em inglês. Observação: Ao invés de inglês, pode ser escolhido o espanhol como segunda língua. 2. Texto: O texto divide-se em: Introdução, De- senvolvimento e Conclusão (Considerações). Os títulos devem ser centralizados, em corpo 14 e negritados. A Introdução e a Conclusão cons- tituem títulos. Já, o desenvolvimento deve receber títulos/subtítulos, conforme o tipo de estudo, da mesma forma que os vários tipos de monografia. Assim, em um estudo empírico, o de- senvolvimento poderá subdividir-se em Mé- todo (Amostra, Instrumento, Procedimento), Resultados e Discussão. No caso de estudo empírico, a revisão bibliográfica poderá fazer parte da Introdu- 109 ção, ou constituir capítulo à parte. Em artigo de revisão, o desenvolvi- mento poderá receber subtítulos de acordo com a organização do assunto. As figuras e tabelas devem ser apre- sentadas em preto e branco, não excedendo o tamanho de 17,5 (largura) x 23,5 (altura). Para a construção de figuras/tabelas sugere-se a utilização de Word for Windows e Excel, ou compatíveis. Deve ser utilizado o sistema de chamada autor-data. 3. Pós-texto 3.1 Referências e/ou Bibliografia: Devem ser listadas em ordem alfabética. As Referências Bibliográficas ou Bi- bliografia referem-se à listagem das obras con- sultadas mencionadas no corpo do trabalho. Podem ser documentos, livros, revistas, perió- dicos, documentos digitais, sites da Internet. O objetivo é apresentar ao leitor as obras e os autores que serviram de base para a elabora- ção do mesmo. Oferece também uma ideia geral da documentação consultada e possibilitam ao 110 leitor aprofundar o tema, mediante consulta pes- soal às fontes originais. A elaboração das referências biblio- gráficas é regida por normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, desde 1970, e que devem ser rigorosa- mente obedecidas. Para maiores detalhes, ver: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS-ABNT, Rio de Janeiro. AGO 1989/ NBR/ 6023. Referências bi- bliográficas. Rio de Janeiro, 1990. 3.2 Anexos: Se julgar necessário, anexar docu- mentos que servem de ilustração, comprova- ção ou fundamentação. As normas de digitação, número de laudas etc., deverão atender à normalização própria de cada instituição ou órgão (revista, periódico), onde será publicado o artigo. 4. Redação Científica É interessante ressaltar algumas notas gerais sobre a redação em um trabalho cien- 111 tífico. Pois, no artigo científico mais espe- cificamente é utilizado um estilo chamado técnico-científico, diferente dos utilizados em outros tipos de elaborações. O artigo científico tem características próprias, é um trabalho sucinto e objetivo, portanto requer uma redação especificamente elaborada, o que exige do autor um elevado conheci- mento sobre o que irá escrever e uma leitura apurada do material a ser pesquisado. Pontos que merecem destaque em uma redação científica, no caso do artigo, de acordo com Bastos (2000): a) Clareza - não deixe margem a interpreta- ções diversas; b) Não utilize linguagem rebuscada, termos desnecessários ou ambíguos; evite falta de or- dem na apresentação das ideias; c) Precisão - cada palavra traduz exatamente o que o autor transmite; d) Comunicabilidade - abordagem direta e simples dos assuntos; lógica e continuidade no desenvolvimento das ideias; uso correto do pronome relativo “que”; uso criterioso da pontuação; e) Consistência - de expressão gramatical; de categoria - equilíbrio existente nas seções de 112 um capítulo ou subseções de uma seção; de sequência - ordem na apresentação de capítu- los, seções e subseções do trabalho. Para uma melhor compreensão da leitura, é preciso ter o cuidado também para elaborar parágrafos curtos para não tornar a leitura cansativa, e dar margens a interpretações confusas ou ambíguas. O texto deve ficar apresentável com a inserção de citações e suas respectivas referên- cias bibliográficas, indicando as leituras existen- tes e, devidamente fundamentadas. Deve tam- bém apresentar coerência e articulação entre as partes. Interrelacionando, portanto a introdu- ção, o desenvolvimento e a conclusão. Exercícios Propostos 1. Com suas palavras defina o artigo científico. 2. O artigo científico tem características próprias. Esclareça. 3. Na opinião de Gressler (2003), os Artigos Científicos podem
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