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DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS: ASMA E DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é um termo geral que descreve pacientes que demonstram diminuição do volume expiratório forçado, conforme determinado por provas de função pulmonar (PFP) espirométricas. A DPOC engloba diversas doenças, como bronquite crônica, asma e enfisema. A DPOC é caracterizada por diminuição do fluxo de ar, seja por aumento da resistência no interior das vias respiratórias (vias respiratórias estreitadas na bronquite crônica ou na asma) ou por uma diminuição da pressão de saída do fluxo (perda da retração elástica no enfisema). O problema fisiológico fundamental nas doenças obstrutivas é o aumento na resistência ao fluxo de ar como um resultado da redução do calibre das vias respiratórias condutoras. Essa resistência aumentada pode ser causada por processos (1) dentro do lúmen, (2) na parede da via respiratória, ou (3) nas estruturas de suporte que circundam a via respiratória. Exemplos de obstrução luminal incluem o aumento de secreção observado na asma e na bronquite crônica. O espessamento e o estreitamento da parede da via respiratória podem resultar da inflamação observada tanto na asma, como na bronquite crônica, ou da contração do músculo liso brônquico na asma. O enfisema é o exemplo clássico da obstrução causada pela perda da estrutura de suporte circundante, com o colapso da via respiratória resultante da destruição do tecido elástico pulmonar. A “doença pulmonar obstrutiva crônica” é um termo utilizado para denotar um processo caracterizado pela presença da bronquite crônica ou de enfisema, que pode levar ao desenvolvimento de obstrução da via respiratória. A obstrução pode ser parcialmente reversível. Ainda que a bronquite crônica e o enfisema sejam frequentemente considerados como processos independentes, eles compartilham fatores etiológicos comuns e são em geral encontrados juntos no mesmo paciente. BRONQUITE CRÔNICA A bronquite crônica é definida clinicamente como a presença de tosse produtiva crônica, sem uma causa discernível, por mais de metade do tempo durante um período de 2 anos. Essa doença é causada basicamente por tabagismo, com mais de 90% dos casos ocorrendo em fumantes. A frequência e a intensidade das infecções agudas do trato respiratório encontramse elevadas nos pacientes com bronquite crônica. E com frequência, a bronquite crônica é acompanhada por enfisema, e as duas doenças contribuem para o quadro clínico. Inicialmente, tosse e produção de escarro são mais intensas nos meses de inverno, mas, com o passar do tempo, esses sintomas ocorrem durante todo o ano. Os pacientes correm risco de insuficiência respiratória aguda desencadeada por infecções ou poluição do ar. E ainda, os pacientes correm risco de infecções por H. influenzae e S. pneumoniae causadas por secreções mucosas retidas. À medida que a doença evolui, pode haver o desenvolvimento de dispnéia de esforço, cianose e cor pulmonale, e os pacientes são descritos como “pletóricos azulados”. À microscopia, a bronquite crônica caracterizase por hiperplasia e hipertrofia das células mucosas e aumento da proporção de células mucosas em relação a serosas. Achados microscópicos adicionais incluem: ➢ Excesso de muco nas vias respiratórias centrais e periféricas ➢ Depressões no epitélio brônquico que representam ductos de glândulas brônquicas dilatados ➢ Espessamento da parede brônquica causado por aumento de glândulas mucosas e edema ➢ Aumento da quantidade de células caliciformes (hiperplasia) ➢ Aumento da quantidade de musculatura lisa brônquica ➢ Metaplasia escamosa do epitélio brônquico causada pela fumaça do tabaco ENFISEMA O enfisema é uma doença pulmonar crônica caracterizada por aumento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, associado a destruição da parede do bronquíolo. Quando comparados aos pacientes com bronquite crônica, os pacientes com enfisema correm menor risco de infecções pulmonares recorrentes e têm menos probabilidade de desenvolver cor pulmonale. A principal causa de enfisema é o tabagismo, e o enfisema moderado a grave não é frequente entre não fumantes. Propôs-se que o enfisema decorreria de um desequilíbrio entre a síntese de elastina no pulmão e a degradação de tecido elástico, provocando uma perda geral de elastina e lesão da parede alveolar. O tabagismo não somente aumenta o número de neutrófilos nos alvéolos (que contêm elastase) como reduz a atividade da α1 antitripsina (que normalmente bloqueia a atividade da elastase). Uma outra causa de enfisema consiste na deficiência hereditária de α1 antitripsina. Essa forma de enfisema tipicamente afeta indivíduos jovens e com maior freqüência está associada ao alelo PiZ. Além do enfisema, esses pacientes também desenvolvem cirrose hepática. O enfisema é classificado de acordo com a porção do alvéolo envolvida (Fig. 12.2), embora a doença possa demonstrar várias associações desses tipos: ➢ Enfisema centrolobular: é o mais comum e está associado a tabagismo e sintomas clínicos; destruição de conjunto de bronquíolos terminais próximo do término da árvore bronquiolar; mais grave nas zonas superiores do pulmão ➢ Enfisema panacinar: o ácino é afetado de modo uniforme, com destruição dos septos alveolares a partir do centro para a periferia do ácino; pode resultar em uma estrutura rendada do tecido de sustentação; ocorre na deficiência de α1 antitripsina e em fumantes; tende a ocorrer nas zonas inferiores do pulmão ➢ Enfisema localizado: destruição de alvéolos e enfisema em apenas uma ou algumas localizações; com freqüência no ápice de um lobo superior; pode resultar em bolhas Os pacientes com enfisema frequentemente manifestam o processo após 60 anos de idade, com uma história prolongada de dispnéia de esforço e tosse não produtiva mínima. Esses pacientes frequentemente usam músculos acessórios para respirar, e se encontra taquipnéicos e apresentam fase expiratória prolongada. Como apresentam frequência respiratória mais alta e volume- minuto também maior, conseguem manter a saturação de hemoglobina arterial em níveis próximos do normal e são chamados de “ofegantes rosados”. A radiologia mostra hiperinsuflação do pulmão, revelada por pulmões aumentados, diafragma deprimido e aumento do diâmetro ânteroposterior (tórax em barril). Em geral a fibrose não é uma característica de enfisema. A doença evolui com o tempo, e nenhum tratamento é verdadeiramente efetivo. APRESENTAÇÃO CLÍNICA A. BRONQUITE CRÔNICA A bronquite crônica é definida pela história clínica de tosse produtiva por 3 meses durante 2 anos consecutivos. A dispnéia e a obstrução da via respiratória, frequentemente reversíveis, estão presentes de forma intermitente ou contínua. O tabagismo é de longe a principal causa, ainda que outros irritantes inalatórios possam produzir o mesmo desencadeamento. O evento patológico predominante é um processo inflamatório das vias respiratórias, com o espessamento mucoso e a hipersecreção de muco, resultando na obstrução difusa. B. ENFISEMA O enfisema é na verdade uma designação patológica que no pulmão denota uma condição de alargamento anormal permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, acompanhado pela destruição de suas paredes sem a fibrose evidente. Em contraste com a bronquite crônica, o defeito patológico primário no enfisema não está dentro das vias respiratórias, porém mais exatamente nas paredes das unidades respiratórias,onde a perda do tecido elástico resulta na perda da tensão de recuo apropriada para apoiar as vias respiratórias durante a expiração. A dispnéia progressiva e a obstrução irreversível acompanham a destruição do espaço aéreo sem a tosse produtiva significativa. Além disso, a perda da área de superfície alveolar e a concomitante perda da camada capilar de troca de gases contribuem para a hipoxia e a dispnéia progressivas. Distinções patológicas e etiológicas podem ser feitas entre as várias características do enfisema, porém as apresentações clínicas de todas são muito uniformes. ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA Devido à sobreposição dessas duas doenças em indivíduos e às causas comuns encontradas em ambas, os dados epidemiológicos geralmente consideram ambas sob a abreviação de DPOC. As taxas de incidência, prevalência e mortalidade pela DPOC aumentam com a idade e são mais altas entre os homens brancos e pessoas de classe média baixa. O tabagismo permanece como a principal causa dessa doença em até 90% dos pacientes com bronquite crônica e enfisema. Mas, apenas 10 a 15% dos fumantes desenvolvem DPOC. As razões para as diferenças na suscetibilidade à doença são desconhecidas, mas devem incluir fatores genéticos. O fator de risco mais importante, isolado e identificado, para a evolução da DPOC — diferente do tabagismo — é a deficiência do inibidor da α1-protease. A sua ausência pode levar ao surgimento precoce dos primeiros sintomas do enfisema grave. O inibidor da α1- protease é uma proteína circulante capaz de inibir vários tipos de proteases, incluindo a elastase dos neutrófilos, que está implicada na gênese do enfisema. Mutações autossômicas dominantes, especialmente em indivíduos do nordeste europeu, produzem níveis séricos e teciduais anormalmente baixos desse inibidor, alterando o equilíbrio entre a síntese do tecido conjuntivo e a proteólise. Uma mutação homozigota (o genótipo ZZ) resulta em níveis de inibidor de 10 a 15% do normal. O risco de enfisema, particularmente nos fumantes que carregam essa mutação, é significativamente elevado. Estudos de base populacional sugerem que a poeira crônica (incluindo sílica e algodão) ou a exposição a poluentes químicos podem conduzir à DPOC, mas a contribuição destes fatores parece ser menor, quando comparada com o tabagismo. A. BRONQUITE CRÔNICA Os aspectos clínicos da bronquite crônica podem ser atribuídos à lesão crônica e ao estreitamento da via respiratória. As principais características patológicas são a inflamação, particularmente das pequenas vias respiratórias, e a hipertrofia das glândulas mucosas das grandes vias respiratórias, associadas à elevada secreção de muco, que causa a sua obstrução. A mucosa da via respiratória está variavelmente infiltrada com células inflamatórias, incluindo leucócitos polimorfonucleares e linfócitos. A inflamação da mucosa pode estreitar substancialmente o lúmen brônquico. Como consequência da inflamação crônica, o epitélio colunar pseudoestratifi ado ciliado normal é frequentemente substituído pela metaplasia escamosa em placa. Na ausência do epitélio brônquico ciliado normal, a função de remoção mucociliar está intensamente diminuída ou completamente abolida. A hipertrofia e a hiperplasia das glândulas submucosas são características proeminentes, com as glândulas sendo em geral responsáveis por mais de 50% do espessamento da parede brônquica. A hipersecreção de muco acompanha a hiperplasia da glândula mucosa, contribuindo para o estreitamento luminal. A hipertrofia do músculo liso brônquico é comum, e a hipersensibilidade a estímulos broncoconstritores inespecíficos (incluindo a histamina e a metacolina) podem ser observadas. Os bronquíolos estão frequentemente infiltrados por células inflamatórias e distorcidos, com fibrose peribrônquica associada. A impactação de muco e a obstrução luminal das vias respiratórias menores são frequentemente observadas. Na ausência de quaisquer processos sobrepostos, como a pneumonia, o parênquima pulmonar de troca gasosa, composto pelas unidades respiratórias terminais, está significativamente preservado. O resultado dessas mudanças associadas é a obstrução crônica e a diminuição da remoção das secreções das vias respiratórias. Na bronquite crônica, a obstrução não- uniforme da via respiratória tem efeitos substanciais na ventilação e na troca de gases. A obstrução associada ao tempo de expiração prolongado produz a hiperinsuflação. As alterações das relações ventilação- perfusão incluem áreas com relações ventilação perfusão altas e baixas. Esta última é responsável pela hipoxemia em repouso, mais proeminentemente observada na bronquite crônica do que no enfisema. O shunt verdadeiro (perfusão sem ventilação) é incomum na bronquite crônica B. ENFISEMA Acredita-se que o principal evento patológico do enfisema seja o processo destrutivo contínuo resultante do desequilíbrio entre a lesão oxidante local e a atividade proteolítica (particularmente elastólica) causada pela deficiência dos inibidores das proteases (Fig. 9.22). Os oxidantes, sejam endógenos (ânions superóxidos) ou exógenos (p. ex., tabagismo), podem reprimir a função protetora normal dos inibidores das proteases, permitindo a destruição progressiva do tecido. Em contraste com a bronquite crônica, o enfisema não é uma doença primariamente das vias respiratórias, mas do parênquima pulmonar circundante. As conseqüências fisiológicas são o resultado da destruição das unidades respiratórias terminais e a perda do leito capilar alveolar e, de forma importante, das estruturas pulmonares de suporte, incluindo o tecido conjuntivo elástico. A perda do tecido conjuntivo elástico gera um pulmão com recuo elástico diminuído e com complacência aumentada. Na ausência do recuo elástico normal, o suporte nãocartilaginoso normal das vias respiratórias é perdido. Se estabelece o colapso expiratório prematuro das vias respiratórias, com sintomas obstrutivos característicos e achados fisiológicos. O quadro patológico do enfisema é uma destruição progressiva das unidades respiratórias terminais ou do parênquima pulmonar distal aos bronquíolos terminais. Caso estejam presentes, as alterações inflamatórias das vias respiratórias são mínimas, embora possa ser observada a hiperplasia de algumas glândulas mucosas nas grandes vias respiratórias de condução. O interstício das unidades respiratórias abriga algumas células inflamatórias, mas a principal descoberta é a perda das paredes alveolares e o aumento dos espaços aéreos. Os capilares alveolares também são perdidos, o que pode resultar na diminuição da capacidade difusora e na hipoxemia progressiva, particularmente com exercícios. A destruição alveolar não é uniforme em todos os casos de enfisema. Variações anatômicas têm sido descritas com base no padrão de destruição das unidades respiratórias terminais (ou ácinos, como são também conhecidas). No enfisema centriacinar, a destruição é focada no centro da unidade respiratória terminal, com os bronquíolos respiratórios e os ductos alveolares relativamente poupados. Este modelo é frequentemente associado ao hábito prolongado de fumar. O enfisema panacinar envolve a destruição global da unidade respiratória terminal, com a distensão difusa do espaço aéreo. Este padrão é caracteristicamente, ainda que não unicamente, visto na defi ciência do inibidor α1-protease. É importante observar que a distinção entre esses dois modelos é fortemente patológica; não existediferença significativa na apresentação clínica. Um padrão adicional do enfisema, com importância clínica, é o enfisema bolhoso. As bolhas são grandes espaços aéreos confluentes formados por uma destruição local maior ou pela distensão progressiva das unidades pulmonares. Elas são importantes pelo efeito compressivo que podem ter nas áreas pulmonares circundantes e pelo grande espaço fisiológico morto associado a estas estruturas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A. BRONQUITE CRÔNICA As manifestações clínicas da bronquite crônica são principalmente o resultado dos processos obstrutivo e inflamatório das vias respiratórias. 1. Tosse produtiva — a tosse é geradora do catarro espesso e frequentemente purulento, é secundária à inflamação local em evolução e a alta probabilidade de colonização bacteriana e infecção. A viscosidade do catarro está signifi cativamente aumentada, como resultado da presença de DNA livre (de alto peso molecular e bastante viscoso) das células lisadas. Com o aumento da inflamação e da lesão mucosa, pode ocorrer a hemoptise, mas habitualmente essa é pouco volumosa. O catarro geralmente não tem odor pútrido, como poderia ser no caso de infecção anaeróbica, como um abscesso. A tosse, que é bastante efi ciente na limpeza normal das vias respiratórias, não é mais eficiente devido ao estreito calibre das vias respiratórias e ao grande volume e viscosidade das secreções. 2. Sibilos — o estreitamento persistente das vias respiratórias e a obstrução por muco podem produzir sibilos localizados ou difusos. Eles podem responder aos broncodilatadores, representando um componente reversível da obstrução. 3. Ruídos inspiratórios e expiratórios rudes — a produção aumentada de muco, junto com a função mucociliar ascendente defeituosa, deixa secreções em excesso nas vias respiratórias, mesmo com a tosse aumentada. Eles são ouvidos proeminentemente nas grandes vias respiratórias durante a respiração ofegante ou com a tosse. 4. Exame cardíaco — a taquicardia é comum, especialmente nas exacerbações da bronquite ou na hipoxemia. Se a hipoxemia for significativa e crônica, pode resultar na hipertensão pulmonar; o exame cardíaco revela um som proeminente de fechamento da valva pulmonar (B2) ou uma pressão venosa jugular elevada e um edema periférico devido à insuficiência cardíaca direita. 5. Imagem — os achados típicos da telerradiografia do tórax incluem o aumento dos volumes pulmonares, com diafragmas relativamente deprimidos, compatível com a hiperinsuflação. São comuns as proeminentes linhas paralelas de reflectância diminuída (“linhas em trilho de trem”) das paredes brônquicas espessadas. A área cardíaca pode estar aumentada, sugerindo a sobrecarga de volume do átrio direito. As artérias pulmonares proeminentes são comuns e consistentes com a hipertensão pulmonar. 6. Testes da função pulmonar — a obstrução difusa das vias respiratórias é demonstrada no teste da função pulmonar como uma redução global no fluxo e no volume expiratórios. As taxas VEF1, CVF e o VEF1/CVF (VEF1%) estão todas reduzidas. A curva de fluxo-volume expiratório mostra uma limitação substancial do fluxo (Fig. 9.20). Alguns pacientes podem responder aos broncodilatadores. A medição do volume pulmonar revela um aumento no VR e no CFR, refletindo ar preso nos pulmões como resultado da obstrução difusa e do fechamento prematuro das vias respiratórias com grandes volumes pulmonares. A DlCO é normal, refletindo a preservação do leito capilar alveolar. 7. Gases do sangue arterial — a dissociação ventilação-perfusão é comum na bronquite crônica. O A–a ∆Po2 está elevado e a hipoxemia é comum, principalmente por causa das significativas áreas com baixas relações ventilação- perfusão. (shunt fisiológico); a hipoxemia em repouso tende a ser mais intensa do que no enfisema. Com o aumento da obstrução, são observados os aumentos da Pco2 (hipercapnia) e da acidose respiratória, com alcalose metabólica compensatória. 8. Policitemia — a hipoxemia crônica está associada a um aumento variável do hematócrito mediado pela eritropoietina. Com a hipoxia mais grave e prolongada, o hematócrito deve aumentar para bem mais de 50% B. ENFISEMA O enfisema se apresenta como uma doença não-inflamatória manifestada pela dispnéia, pela obstrução progressiva irre versível das vias respiratórias e pelas anormalidades nas trocas gasosas, particularmente durante o exercício. 1. Ruídos respiratórios — tipicamente, os ruídos respiratórios são menos intensos no enfisema, refletindo a diminuição do fluxo de ar, o prolongamento do tempo expiratório e a significativa hiperinsuflação pulmonar. Os sibilos, quando presentes, são de baixa intensidade. Os ruídos das vias respiratórias, incluindo as crepitações e os roncos, são incomuns na ausência de um processo sobreposto como a infecção. 2. Exame cardíaco — como na bronquite crônica, a taquicardia pode estar presente, especialmente nas exacerbações ou na hipoxemia. A hipertensão pulmonar é uma conseqüência comum do fechamento dos vasos pulmonares e da hipoxemia. O exame cardíaco pode revelar o fechamento da valva pulmonar ressaltada (B2 exacerbado, o componente pulmonar da segunda bulha cardíaca) ou pressão venosa jugular elevada e edema periférico, resultantes da insuficiência cardíaca direita. 3. Imagem — a hiperinsuflação é comum, com hemidiafragmas planificados e diâmetro anteroposterior do tórax aumentado. A destruição do parênquima produz marcas vasculares periféricas do pulmão atenuadas, frequentemente com dilatação da artéria pulmonar proximal, como resultado de hipertensão pulmonar secundária. Também podem ser observadas alterações císticas ou bolhosas. 4. Provas de função pulmonar — a destruição do parênquima pulmonar e a perda do recuo elástico são causas fundamentais das anormalidades observadas na função pulmonar. A perda do recuo elástico no tecido pulmonar que suporta as vias respiratórias resulta no aumento da compressão dinâmica dessas vias (Fig. 9.9), especialmente durante a expiração forçada; todas as taxas de fluxo são reduzidas. Com o colapso prematuro da via respiratória, a VEF1, CVF e o VEF1/CVF (taxa VEF1%) são reduzidos. Como na bronquite crônica e na asma, a curva fluxa-volume expiratória mostra um substancial limitação no fluxo (Fig. 9.20). O prolongamento do tempo expiratório, o fechamento prematuro da via respiratória, causados pela perda do recuo elástico, e as consequentes retenções de ar produzem aumentos na VR e na CFR. A CPT está aumentada, ainda que frequentemente uma quantidade substancial desse aumento advenha da retenção de gás nas unidades pulmonares com comunicação precária, ou sem comunicação, incluindo as bolhas. Geralmente, a DlCO está diminuída, de forma proporcional à extensão do enfisema, refletindo a perda progressiva dos alvéolos e dos seus leitos capilares. 5. Gasometria arterial — o enfisema é a doença de destruição da parede alveolar. A perda dos capilares alveolares cria áreas de alta relação ventilação-perfusão. Caracteristicamente, os pacientes com enfisema se adaptarão às elevadas taxas de ventilação-perfusão, pelo aumento da sua ventilação-minuto. Eles podem manter níveis de Po2 e Pco2 próximos do normal, apesar da doença avançada. O exame da gasometria invariavelmente revela um aumento da A–a ∆Po2. Com o agravamento da doença e da perda posterior da perfusão capilar, a DlCO diminui, levando à dessaturação da hemoglobina, inicialmente relacionada aos exercícios e posteriormente ao repouso. Nos casosgraves da doença, a hipercapnia, a acidose respiratória e a alcalose metabólica compensatória são comuns. 6. Policitemia — como na bronquite crônica, a hipoxemia crônica está frequentemente associada a um hematócrito elevado.