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Avaliação sobre a Consciência Ambiental no Uso e Conservação do Mangal. Caso:
Bairro Icídua – Cidade de Quelimane (2013-2017).
Article · September 2019
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I'Medy Condelaque
Catholic University of Mozambique - Faculty of Social and Political Sciences
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Avaliação sobre a Consciência Ambiental no Uso e Conservação do Mangal. Caso: Bairro Icídua – 
Cidade de Quelimane (2013-2017). 
I'medy CONDELAQUE – Mestrado em Gestão e Administração Educacional e Docente no 
Departamento de Estudos de Desenvolvimento com Especialização em Desenvolvimento 
Comunitário na Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Católica de 
Moçambique (icondelaque@ucm.ac.mz). 
 
Resumo 
O artigo é resultado de uma pesquisa, para apoiar no processo de construção de resiliência das cidades 
costeiras vulneráveis a inundações e outros desastres naturais. As razões de ordem teórica e prática que 
a fundamentam, trabalhar com as comunidades locais de modo a garantir uma comunicação para a 
mudança de comportamento ligado ao indicador de condições sócio económicas e de infraestruturas, em 
geral. E de modo específico, identificar formas de uso e conservação do mangal mantidas pelos 
moradores; e descrever para que serve o mangal e como devemos protege-lo. A metodologia usada, sua 
classificação quanto aos objetivos é exploratória; de natureza aplicada por “envolver verdades e 
interesses locais” do objeto de estudo; na técnica de coleta as entrevistas dirigidas á 197 moradores, 
incluindo estruturas do bairro: (1) Regulo; (1) Secretário e (1) Supervisora USAID-CCAP. Tratando-se de 
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema. Na técnica de análise de dados, para além da 
análise de conteúdo, utilizou-se o método da triangulação que “refere-se à recolha de dados recorrendo 
a diferentes fontes”. Os principais resultados da pesquisa: Este ecossistema encontra-se em perigo de 
desaparecer por ameaças que, na sua maioria, são antrópicas ou seja, relativo à acção do homem como 
fonte de material de construção. 
Palavras-chave: Consciência; Mangal; degradação e ambiente; 
Abstract 
The article is the result of research to support the resilience-building process of coastal cities vulnerable 
to flooding and other natural disasters. The underlying theoretical and practical reasons are working with 
local communities to ensure communication for behavior change linked to the indicator of socio-
economic conditions and infrastructure in general. And specifically, identify ways of use and conservation 
of mangrove maintained by residents; and describe what the mangrove is for and how we should protect 
it. The methodology used, its classification according to objectives is exploratory; of a nature applied by 
mailto:icondelaque@ucm.ac.mz
 
 
“involving local truths and interests” of the object of study; In the collection technique, interviews were 
conducted with 197 residents, including neighborhood structures: (1) Regulation; (1) Secretary and (1) 
USAID-CCAP Supervisor. These are people who have had practical experiences with the problem. In the 
data analysis technique, in addition to content analysis, we used the triangulation method that “refers to 
data collection using different sources”. The main results of the research: This ecosystem is in danger of 
disappearing due to threats that are mostly anthropogenic, that is, concerning the action of man as a 
source of building material. 
Keywords: Consciousness; Mangrove; degradation and environment; 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
O artigo é resultado de uma pesquisa, para apoiar no processo de construção de resiliência 
das cidades costeiras vulneráveis a inundações e outros desastres naturais. As razões de 
ordem teórica e prática que a fundamentam, trabalhar com as comunidades locais de modo 
a garantir uma comunicação para a mudança de comportamento ligado ao indicador de 
condições sócio económicas e de infraestruturas. 
Neste contexto, até que ponto a falta de consciência ambiental pode influenciar 
negativamente no uso e conservação do mangal? Para isso, foi preciso avaliar a consciência 
ambiental; de modo específico, identificar formas de uso e conservação do mangal mantidas 
pelos moradores; descrever para que serve o mangal e como devemos protege-lo. 
A metodologia usada, sua classificação quanto aos objetivos é exploratória; de natureza 
aplicada por “envolver verdades e interesses locais” do objeto de estudo. 
Na técnica de coleta o perfil dos entrevistados, sua disposição da amostra por 200 moradores, 
num universo de 11.609 habitantes (INE,2018) foram de sexo masculinos 162 e 38 do sexo 
feminino, e de acordo com sua caracterização as entrevistas foram dirigidas incluindo as 
estruturas do bairro sub-amostras, por conveniência: 
i. O Regulo do bairro Icídua (1); 
ii. O Secretário (1) e; 
iii. A Supervisora (1) no âmbito do Programa USAID-CCAP. 
Tratando-se de pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, 
situado no território de abrangência de uma estratégia do “Programa de Adaptação das 
Cidades Costeiras” levado a acabo pela USAID-CCAP. 
Na técnica de análise de dados, para além da análise de conteúdo, utilizou-se o método da 
triangulaçãoque “refere-se à recolha de dados recorrendo a diferentes fontes”. 
O horizonte temporal coincide com a sua implementação nesta Cidade finais de 2013, e desde 
então expandiu as actividades bem-sucedidas para as cidades costeiras e outras iniciativas 
expandidas ao nível nacional. 
5 
 
Entretanto, como o programa aproxima-se da data prevista para o seu término (Novembro 
de 2018) dedicou-se a este intervalo compreendido de até 2017, para registar as 
contribuições significativas deste projecto ao nível da conscientização dos moradores no uso 
e conservação do mangal. 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
2.1 Educação Ambiental 
O termo Educação Ambiental tem trazido à luz do dia conceitos díspares e ambíguos, tais 
como: “A Educação Ambiental é o ensino de questões ambientais” (Alves, 1998, p. 81). Por 
conseguinte, e com vista a uma clarificação conceptual, analisaremos a E.A como aquela que 
orienta a realizar: 
• Acções educativas: (compreensão da dinâmica dos ecossistemas, os efeitos da relação 
homem meio); 
• Prepara para integrar-se criticamente ao meio, questionado, a sociedade, a 
tecnológica, os valores, consumo, estreitar as relações sociedade/natureza; 
• Sensibilização para a protecção ambiental e conservação da natureza. 
De acordo com Dias (1999, p.11), a Educação para o Meio Ambiente possui como objectivo 
formar pessoas conscientes que lutem para a obtenção de um sistema de desenvolvimento 
do qual resultara em qualidade de vida para todos, ou seja, um desenvolvimento sustentável. 
Assim a educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a 
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, 
habilidades, experiencias e determinação que os tornam aptos a agir – individual e 
colectivamente – e resolver problemas Ambientais presentes e futuros (MICOA,2009, p. 2). 
A Educação Ambiental é uma temática de importância indiscutível, pois os mangais são 
sistemas globalmente ameaçados, sobretudo por formas de uso não sustentável (Giri et al., 
2011; Bosire et al., 2016). 
2.2 Tipos de Educação Ambiental 
2.2.1 Educação ambiental formal 
6 
 
“É entendida, como aquela que se desenvolve de forma estruturada e dentro do sistema 
formal de ensino, através da inclusão de termos, conceitos e noções sobre ambiente nos 
planos curriculares” (MICOA,2009, p. 3). 
2.2.2 Educação ambiental não formal 
“É desenvolvida de forma semi-estruturadas dentro e fora do sistema de ensino, através de 
actividades” como: palestras, seminários, acções de capacitação e demostrativas (criação de 
clubes, jornadas de limpeza, plantio de árvores, actividades culturais e desportivas) e 
programas comunitários (criação de associações, núcleos e comités) (MICOA,2009, p. 3). 
2.2.3 Educação ambiental informal 
“Constitui processo destinado a ampliar a consciência pública sobre as questões ambientais 
através dos meios de comunicação de massas (jornais, revistas, rádio e televisão e internet). 
Incluem-se ainda cartazes, folhetos, boletins informativos entre outros” (MICOA,2009, p. 4). 
2.3 Ecossistema 
É a combinação funcional dos organismos com os factores ambientais, introduzindo assim 
dois tipos de componentes interactivas no ecossistema: a componente abiótica (relacionada 
com os ambientes) e a componente biótica (relacionada com os seres vivos). É neste âmbito 
funcional e relacional que o conceito de ecossistema acaba por ser transportado para o campo 
da média (Canavilhas, 2006, p.3). 
O termo ecossistema podemos conceituá-lo como sendo “a unidade funcional básica, 
composta pelos componentes bióticos e abióticos. Como a Ecologia se ocupa de estudar os 
seres vivos dentro de uma comunidade biológica e as inter-relações e influências desta com 
o meio físico, formando uma unidade básica de estudo denominada ecossistema, podemos 
dizer que é a unidade básica ao redor da qual se pode organizar a teoria e a prática em 
ecologia” (Odum & Barret, 2007, p. 18). 
Assim, um ecossistema ou sistema ecológico possui dimensões variadas. Pode ser constituído 
por uma floresta inteira, num espaço grande que se chama de “macro-ecossistema”, ou por 
7 
 
uma planta a exemplo das bromélias, ou seja, espaço pequeno chamado “micro-
ecossistema”. Isso porque da mesma forma que um grande ecossistema possui todos os 
fenómenos e factores que delimitam e definem o ambiente dos seres vivos, no pequeno 
ecossistema acontece o mesmo. 
Portanto, qualquer ambiente onde há a interacção entre o meio físico (natureza solar, 
luminosidade, temperatura, pressão, água, humidade do ar, salinidade) e os seres vivos se 
constituem num ecossistema, seja ele terrestre ou aquático, grande ou pequeno. 
2.4 Mangal 
Os mangais são comunidades vegetais que colonizam as lagoas costeiras, os estuários e as 
depressões dos deltas. 
São comunidades adaptadas às condições de elevada salinidade e por isso podem subsistir 
submersas em águas marinhas. “As árvores de mangal são apenas um dos componentes do 
complexo ecossistema de mangal que inclui: corpos associados de água e solos bem como 
uma variedade de outras plantas, animais e microorganismos” (Semesi & Howell, 1992, p.7; 
Nonn, 1974, p.103; Couto, 1993, p. 3). 
Segundo Kathiresan e Bingham (2001, p. 45) Os mangais são um grupo muito diverso de 
árvores não relacionadas umas com as outras, como as palmeiras, arbustos, plantas 
trepadeiras ou rastejantes de caule delgado e fetos, que partilham a capacidade de viverem 
em solos alagadiços e salinos sujeitos a uma inundação regular. São plantas altamente 
especializadas que desenvolveram adaptações excepcionais em relação às condições 
ambientais únicas, nas quais podem ser encontradas. 
A estrutura de um mangal, sua importância e utilidade podem ser definida de várias maneiras, 
mas de acordo com Costa, et al., (2010, pp. 3-6) esta pode definir-se do seguinte modo: 
2.4.1 Estrutura de um mangal 
• Árvores com raízes aéreas formando pilares com folhagem sempre emersa - zona 
supra- e médio litoral; 
• A parte inferior dos sedimentos pode ser considerada a infralitoral. 
8 
 
2.4.2 Importância dos mangais 
Após um século de destruição e de incompreensão, os efeitos já se fazem sentir. Os mangais 
são essenciais por variadíssimas razões: protegem a costa da erosão marinha, servem de 
“berçários” para os peixes, evitam a salinização da costa, mas acima de tudo são barreiras 
contra as forças oceânicas – os efeitos de marés e de situações extremas como Tsunamis são 
muito atenuados (Sinais de Mudança, 24 de Janeiro de 2017). 
Outra das várias razões de importância do mangal: Como exportador de matéria orgânica para 
os estuários; Ecossistemas complexos e dos mais férteis e diversificados do planeta; 
Biodiversidade; Pescas; Valor ecológico e económico; Vegetação dos mangais; Raízes dos 
mangais (Idem., 2017). 
2.4.3 Uso do Mangal 
O mangal pode ser utilizado para variados fins: 
• Fonte de combustível lenhoso; 
• Extracção de produtos para medicamentos; 
• Produção de sal; 
• Extracção de madeira para a produção de armadilha peixes, Barcos (canoas), Móveis. 
2.5 Fauna do Ecossistema do Mangal 
Segundo Kathiresan e Bingham (2001, p.47) Os animais do mangal são de todas as variedades, 
o zooplâncton, as esponjas e ascídia, os caranguejos, camarões e muitos outros crustáceos, 
os moluscos, os insectos, como é evidente, os peixes e, ainda, os anfíbios, as aves e os 
mamíferos. 
É um local propício ao desenvolvimento e abrigo de organismos jovens. Muitos dos animais 
que habitam os mangais, não vivem toda a sua vida neste ambiente. Os camarões, por 
exemplo, ao nascimento da nova geração em alto mar, os indivíduos migram para dentro do 
mangal e lá permanecem durante a fase de crescimento, passando de larvas a jovens e, então, 
voltam ao oceano. 
3. Literatura Empírica 
3.1 Breve Historial da Educação Ambiental 
9 
 
De acordo com MICOA (2009) o surgimentoe a evolução da Educação Ambiental como uma 
área de interesse e conhecimento foi acompanhado por vários eventos internacionais dentre 
os quais: 
• Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Humano - 5 a 16/06/1972, em 
Estocolmo: reuniu 113 Estados-membros e mais de 400 observadores de organização 
não-governamentais intergovernamentais; 
• Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, criado em 1973 para 
reforçar a dimensão ambiental nas actividades exercidas por outras organizações 
internacionais, inclusive na educação e na formação ambiental; 
• Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), lançado em 1975, em 
Belgrado, por recomendação expressa da Conferencia de Estocolmo, e coordenado 
pela UNSCO/PNUMA. O boletim Contacto é um dos frutos deste programa; 
• Conferencia Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilissi, realizada em 
1977, Geórgia (ex-URSS), estabeleceu as grandes orientações para o fomento da 
educação ambiental em todo planeta. 
Segundo definido nesta conferência, a educação ambiental deverá ter em conta seis grandes 
dimensões (Pereira, 2002, p. 153): 
1. Consciencialização – promover a sensibilização para o ambiente e os seus problemas. 
2. Conhecimento – adquirir uma compreensão fundamentada do ambiente global, dos 
problemas deles dependentes, da presença humana nesse ambiente, da 
responsabilidade e do papel crítico que cabe a cada indivíduo. 
3. Atitudes – adquirir valores sociais relativos ao ambiente, motivação para participar na 
sua protecção e na sua melhoria, assim como na gestão racional dos seus recursos. 
4. Competências – adquirir competências necessárias para a procura de soluções para os 
problemas do ambiente. 
5. Avaliação – adquirir capacidades para avaliar as medidas em matéria de ambiente, em 
função de factores ecológicos, políticos, económicos, sociais e estéticos. 
10 
 
6. Participação – desenvolver o sentido da responsabilidade e promover o envolvimento 
activo na implementação de medidas apropriadas para resolver os problemas do 
ambiente. 
3.2 Evolução da Educação Ambiental em Moçambique 
Analisando os antecedentes da política pública moçambicana sobre o Ambiente é 
comummente aceite que a Educação Ambiental, no nosso país, enquanto via de 
aprendizagem, exercício permanente e proposta de competência cívica, emerge 
definitivamente a partir dos trabalhos da Comissão Nacional do Meio Ambiente. 
E neste contexto, que em Moçambique a Educação Ambiental começa a merecer a devida 
importância. A partir dos princípios da década 80 assiste-se a um movimento em prol desta 
área destacando-se a criação da Comissão Nacional do Meio Ambiente – CNA (1992), que 
culminou com a criação do Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental – MICOA 
(1994). 
Neste quadro, abriu-se espaço para o envolvimento de outros actores (sociedade civil, 
organizações governamentais e não governamentais) e inclusão da temática ambiental nos 
curricula de ensino a todos níveis. 
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
O objectivo do capítulo é apresentar, analisar e discutir os dados colhidos no Bairro Icídua – 
Cidade de Quelimane (2013-2017), a partir dos pressupostos teóricos e práticos baseados nas 
questões investigadas que se seguem: 
✓ Qual é o nível de consciência dos moradores sobre o uso e conservação do mangal? 
✓ Quais são as formas de uso e conservação do mangal mantidas pelos moradores? 
✓ Para que serve o mangal e porque devemos protege-lo? 
4.1 Consciência Ambiental 
11 
 
No entanto, esta questão mereceu atenção para poder avaliar o nível académica de formação 
dos moradores do Bairro Icídua, de modo a perceber sua consciência ambiental no uso e 
conservação do mangal. 
1. Que é o seu nível académico de formação? 
Gráfico 1: Disposição da amostra por nível académico 
 
Fonte: O autor, 2018. 
Pois esta relacionada com a falta de conhecimento ou tratar-se de negligência por parte dos 
moradores. Evidenciando, claramente que maior parte da comunidade não é estudada, e 
portanto não dispõe de conhecimentos científicos sobre a importância do mangal (Gráfico 1 
e Tabela 1 e 2). 
4.2 As causas de perda dos bosques do mangal e biodiversidade 
Tabela 1: Disposição da amostra em relação ao nível de importância do mangal 
2. Sabe qual é a importância do mangal? 
Resposta Quantidade 
Sim 9 
Não 191 
Total 200 
Fonte: O autor, 2018. 
 
85 % 
6 % 6 % 
% 3 
Nenhuma 
Ensino Primário 
Ensino Secundário 
Universidade 
12 
 
A consciencialização por meio da Educação ambiental não formal – visando “promover a 
sensibilização para o ambiente e os seus problemas” (Pereira, 2002, p.153) pode ser uma 
resposta através de actividades como: criação de clubes, jornadas de limpeza, plantio de 
árvores, actividades culturais e desportivas; programas comunitários (criação de associações, 
núcleos e comités) são estratégias para o uso e conservação do mangal (MICOA, 2009). 
Tabela 2: Disposição da amostra em relação ao conhecimento da importância do mangal 
3. Porque devemos proteger o mangal? 
Resposta Quantidade 
Sustento de uma grande diversidade de plantas 3 
Fonte de material de construção 193 
Redutor da erosão protector da linha de costa 4 
Total 200 
Fonte: O autor, 2018. 
É importante manter a conservação do ecossistema no mangal visto que, ele oferece 
condições para o sustento de uma grande diversidade de plantas, e área de 
produção/viveiro/alimento de organismos que garantem a subsistência do homem assim 
como redutor da erosão protector da linha de costa. Para os efeitos de marés e de situações 
extremas como Tsunamis são muito atenuados (Sinais de Mudança, 24 de Janeiro de 2017). 
Tabela 3: Disposição da amostra em relação a utilização do mangal 
4. Muitas pessoas usam o mangal para esse fim? 
Resposta Quantidade 
Sim 183 
Não 17 
Total 200 
Fonte: O autor, 2018. 
A população de Icídua usa o mangal de Icídua em busca de material para construir habitações 
(Tabela 2) ligado ao indicador de condições sócio económicas e de infraestruturas, como 
13 
 
consequência (...) a falta ou insuficiência de meios alternativos de sobrevivência (Câmara, 
2013). 
 Tabela 3: Disposição da amostra em relação a protecção do mangal 
5. Sabe como proteger o mangal? 
Resposta Quantidade 
Evitar o abate e exploração do mangal 186 
Evitar construir na zona do mangal 7 
Não pescar com arrasto ou similar 2 
Não poluir a zona (defecar e depositar lixo) 5 
Total 200 
6. As pessoas da comunidade protegem o mangal no seu entender? 
 Resposta Quantidade 
 Sim 17 
 Não 183 
 Total 200 
Fonte: O autor, 2018. 
A comunidade de Icídua sabe como proteger o Mangal, porem, as actividades de abate e 
exploração do mangal: corte de árvores para extracção de lenha; estacas para a construção 
de habitações e pesca com arrasto ou similar (Tabela 3). 
Perigam as áreas que servem de “berçários” de produção/viveiro/alimento de organismos por 
exemplo: para os peixes; as pessoas da comunidade precisam proteger e conservar o mangal, 
visto que elas põem em causa a regeneração da planta e consequentemente a escassez da 
espécie (Câmara, 2013). 
4.3 O mangal no Bairro Icídua 
Nesta secção do capítulo, faz-se a comparação sobre o estado do ecossistema do mangal no 
Bairro Icídua nos últimos (5) anos, para registar as contribuições significativas do “Programa 
de Adaptação das Cidades Costeiras” levado a acabo pela USAID-CCAP a nível provincial dos 
problemas e soluções, em relação à perda progressiva dos bosques do mangal. E assim ter 
uma base da problemática real do que está causando esta perda. 
14 
 
7. Comparando com os últimos (5) anos qual é a situação do mangal na zona? 
Gráfico 2: Disposição da amostra em relação a alteração do mangal 
 
Fonte: O autor, 2018. 
A área do bosque do mangal no Bairro Icíduamostra um aumento contínuo, como se pode 
observar (Gráfico 2). Este estudo contou com registros desde 2014-2017, ano no qual inicia e 
termina á abrangência de uma estratégia do “Programa de Adaptação das Cidades Costeiras” 
levado a acabo pela USAID-CCAP. Com a aprovação da Lei de Gestão de Desastres (Lei 
15/2014) e Plano Director para a Redução do Risco de Desastres 2017-2030. 
Tabela 4: Disposição da amostra em relação aos problemas ambientais no local 
8. Quais são os problemas ambientais que vocês têm visto nesses locais? 
 Resposta Quantidade 
Erosão 5 
Destruição do mangal 87 
Perda de vegetação 83 
Nenhuma 25 
Total 200 
Fonte: O Autor, 2018. 
Ao comparar as áreas do ano 2014 e do 2017 verifica-se destruição do mangal e uma perda 
de vegetação num período de 5 anos, o que mostra uma acelerada perda do mangal (Tabela 
4 e Gráfico 2). A perda dos bosques do mangal é uma causa importante na diminuição da 
reprodução dos moluscos e crustáceos (ANDES, 2013). 
 
 
74 
16 
71 
39 
Aumentou Diminuiu Manteve-se (esta na 
mesma) 
Não sabe 
15 
 
5. Conclusões e sugestões 
5.1 Conclusões 
Neste artigo de Avaliação sobre a Consciência Ambiental no Uso e Conservação do Mangal. 
Caso: Bairro Icídua – Cidade de Quelimane (2013-2017) esperava-se que as razões de ordem 
teórica e prática que a fundamentam, trabalhar com as comunidades locais de modo a garantir uma 
comunicação para a mudança de comportamento ligado ao indicador de condições sócio económicas 
e de infraestruturas. 
De modo que as comunidades em geral tomassem conhecimento sobre o grande potencial 
do ecossistema do mangal e, ajudasse na adopção de condutas aceitáveis na utilização 
sustentável do mangal de Icídua em particular: 
• Averiguar o nível de consciência dos moradores sobre o uso e conservação do mangal; 
Pois esta relacionada com a falta de conhecimento ou tratar-se de negligência por parte dos 
moradores. Evidenciando, claramente que maior parte da comunidade não é estudada, e 
portanto não dispõe de conhecimentos científicos sobre a importância do mangal. 
• Dar a conhecer formas de uso e conservação do mangal mantidas pelos moradores; 
A população de Icídua usa o mangal de Icídua em busca de material para construir habitações, 
ligado ao indicador de condições sócio económicas e de infraestruturas como consequência 
(...) a falta ou insuficiência de meios alternativos de sobrevivência (Câmara, 2013). 
• E por ultimo, descrever para que serve o mangal e como devemos protege-lo; 
garantindo deste modo a conservação da biodiversidade do mangal. 
A comunidade de Icídua sabe como proteger o Mangal, porem, as actividades de abate e 
exploração do mangal: corte de árvores para extracção de lenha; estacas para a construção 
de habitações e pesca com arrasto ou similar. 
Perigam as áreas que servem de “berçários” de produção/viveiro/alimento de organismos por 
exemplo: para os peixes; as pessoas da comunidade precisam proteger e conservar o mangal, 
visto que elas põem em causa a regeneração da planta e consequentemente a escassez da 
espécie (Câmara, 2013). 
16 
 
5.2 Sugestões 
De forma a despertar o uso sustentável do mangal no bairro Icídua na cidade de Quelimane, 
é de assertório que as identidades (Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, tanto 
quanto os Mídias, os responsáveis do Bairro, as ONGs, O Governo, entre outros) possa incutir 
contribuições significativas aos moradores perspectivando: 
• Uso e conservação do mangal para a resiliência da cidade; 
• Documentar as formas (foco em praticas ligadas a gestão adaptativa) de uso e 
conservação do mangal das comunidades locais; 
• Indicar as vantagens sócio-económicas do mangal; 
• Partilhar as recomendações para contínuas pesquisas ou uso das ferramentas de apoio 
a construção de resiliência da cidade, particularmente no Bairro Icídua; 
• Melhoria de condições de vida da população com recurso a manutenção dos 
ecossistemas do mangal; 
• Fomentar o desenvolvimento de Peixes, Moluscos, Crustáceos, entre outros seres 
bióticos que carecem do mangal para a sua sobrevivência; 
Portanto, é necessário que se faça a disseminação da educação ambiental nas comunidades 
que directa ou indirectamente os seus impactos atingem os ecossistemas dos mangais. Pois, 
as actividades do homem sobre os mangais devem ser sustentável. 
Ora vejamos, se o homem estimular o desenvolvimento do mangal, ou seja, respeitando a sua 
manutenção, pode criar condições para estabelecer um habitat saudável para espécies de 
peixes, crustáceos e moluscos que encontram no mangal espaço para abrigo e engorda, visto 
que em Moçambique essas espécies também patenteiam o valor comercial que contribui para 
o produto interno bruto. 
6. Referências bibliográficas 
Alves, F.L. (1998). Grandes Problemas Ambientais. In: Educação Ambiental. Carapeto, C. (Ed). 
Lisboa, Portugal: Universidade Aberta; 
17 
 
ANDES (2013). Equador interrompe a devastação de manguezais causada por camarão há 40 
anos | ANDES. Agência de Notícias do Equador e América do Sul. Disponível em: 
http://www.andes.info.ec/es/economia/ecuador-pone-freno-devastacion-manglares; 
Câmara, I. P. (2013). Estratégias para uso e conservação do Mangal do Icídua- Província da 
Zambézia, distrito de Quelimane. Disponível em: 
https://www.webartigos.com/artigos/estrategias-para-uso-e-conservacao-do-mangal-do-
icidua-provincia-da-zambezia-distrito-de-quelimane/104187; 
Canavilhas, J. (2006). O novo ecossistema mediático. São Paulo, Brasil: Atlas; 
Costa, C., Segurelho, D., Ferreira, L., Cândido, M., Carneiro, M., & Moreira, N. (2010). Mangais 
- Um ecossistema em Risco. Universidade de Porto, Porto; 
Couto, A., (1993). Efeitos de Mudanças Geomorfológicas numa Comunidade de Mangal na 
Ilha dos Portugueses. Dissertação, Licenciatura, UEM, Maputo. 60pp; 
Dias, G. F. (1999). “Elementos para capacitação em Educação Ambiental.” Ilhéus: Editus; 
Giri C., Ochieng E., Tieszen L. L., Zhu Z., Singh A., Loveland T., Masek J., Duke N., (2011). Status 
e distribuição de florestas de mangue do mundo usando dados de satélite de observação da 
Terra. Global Ecology and Biogeography 20 (1): 154-159; 
INGC, 2006. Plano Director para a Prevenção e Mitigação das Calamidades Naturais, República 
de Moçambique (2014); 
Kathiresan, K. & Bingham B.L. (2001). Biologia dos manguezais e ecossistemas de manguezais, 
in: Advances In Marine Biology Vol 40: 81-251 (2001), Bellingham, WA 98225, USA; 
Langa, J.V.Q. (2017). Problemas na zona costeira de Moçambique com ênfase para a costa de 
Maputo. Revista de Gestão Costeira Integrada 7 (1):33-44; 
MICOA (2009). Manual do Educador Ambiental. Maputo, Moçambique: DNPA; 
Parreira, F.A.L. (2003). Ética ambiental – uma emergência social. Contributo para a formação 
de professores. Porto, Portugal: Edição de autor; 
Regulamento da Lei 15/2014 de 20 de Junho: Decreto Nº 7/2016, CM, 21 de Março; 
http://www.andes.info.ec/es/economia/ecuador-pone-freno-devastacion-manglares
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18 
 
Sinais de Mudança (2017). A importância dos mangais. Disponível em: 
https://sinaisdemudancablog.wordpress.com/2017/01/24/a-importancia-dos-mangais/. 
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