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O Circo RESUMO CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO Assunto: As glândulas paratireoides 1 Paratireoides • São dois pares de glândulas endócrinas que se situam na superfície posterior da tireoide, extracapsular. • Produzem paratormônio (PTH), o hormônio principal da regulação da concentração de cálcio no sangue. • Anatomia: o 4 glândulas ovais e achatadas situadas externamente à capsula tireóidea, na metade medial da superfície posterior de cada lobo da tireoide. o As paratireoides superiores situam-se pouco mais de 1 cm acima do ponto de entrada das artérias tireóideas inferiores, geralmente a nível inferior da cartilagem cricóidea. o As paratireoides inferiores situam-se pouco mais de 1 cm abaixo da entrada arterial, geralmente próxima aos polos inferiores da tireoide. • Possuem dois tipos de células: o Principais: produtoras de PTH. o Oxífilas: possuem função desconhecida. • Fisiologia: o As glândulas paratireoides monitoram e controlam a quantidade de cálcio no sangue e ossos através do hormônio PTH. o Paratormônio (PTH): ▪ Antagônico da calcitonina produzida pelas células C parafoliculares da tireoide. ▪ Estimula a remoção de cálcio e fosfato da matriz óssea (osteoclastos reabsorvem a matriz e solubilizam o cálcio). ▪ Estimula a hidroxilação da 25-hidroxivitamina D a sua forma ativa no rim, aumentando a absorção de cálcio e fosfato pelo intestino. • A vitamina D é ativada no rim e vai agir no intestino. ▪ Nos rins, aumenta a reabsorção de cálcio e inibe a reabsorção de fosfato e bicarbonato pelos túbulos renais. ▪ Aumento da concentração de cálcio no plasma. ▪ O PTH é essencial para a concentração extracelular de cálcio: • Uma atividade excessiva da glândula, leva a uma maior absorção de cálcio a partir do osso, levando a hipercalcemia. • Uma atividade deficiente da glândula, leva a uma menor absorção de cálcio a partir do osso, levando a hipocalcemia. ▪ O PTH tem ação sobre a excreção de cálcio, diminuindo sua concentração na urina e aumentando sua absorção no intestino, em condições fisiológicas. • O cálcio: o Coagulação sanguínea. o Formação óssea. o Contração muscular e repolarização da membrana etc. o Está contido quase totalmente nos ossos (98%). o Nível plasmático: 9,0 a 10,5 mg/100mL. • Fisiopatologia: o Distúrbios na secreção de PTH pelas paratireoides podem ocasionar: O Circo RESUMO CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO Assunto: As glândulas paratireoides 2 ▪ Hipoparatireoidismo: persistente redução de secreção do paratormônio, seguidos de hipocalcemia e hiperfosfatemia. ▪ Hiperparatireoidismo: resultado da hipersecreção persistente do paratormônio podendo ser primário, secundário e terciário. Hipoparatireoidismo • Diminuição da liberação de PTH pelas paratireoides. • Causa mais comum: o Trauma cirúrgico em cirurgia de tireoide, paratireoide e neoplasias de cabeça e pescoço, podendo ser, nestes casos, transitório ou definitivo (o transitória é 20 vezes mais frequente). o A cirurgia mais comum que leva a esta complicação é a tireoidectomia total para o tratamento do câncer tireoidiano. o Exemplo de Hipoparatireoidismo definitivo: clampear a circulação sanguínea que chega na paratireoide, elas vão entrar em isquemia e não funcionar mais; o A dosagem intraoperatória do PTH pode ser útil em se identificar pacientes mais propensos ao desenvolvimento do hipoparatiroidismo. • Outras causas: o Doenças autoimunes; o Doenças congênitas; o Doenças infiltrativas; o Lesão por irradiação; o Perda idiopáticas de função; o Etc. • Quadro clínico: o Principais sinais e sintomas são diretamente atribuídos à redução do cálcio ionizado, resultando em aumento da excitabilidade neuromuscular. o Manifesta-se através dos sinais e sintomas da hipocalcemia. • A presença de aumento da excitabilidade neuromuscular pode ser avaliada no exame clínico pela presença dos sinais de Trousseau e Chvostek: o A contratura muscular mantida ou prolongada ganha o nome de tetania – manifestação característica dos estados hipocalcêmicos. o Sinal de Chvostek: desencadeamento de espasmos dos músculos faciais em resposta à percussão do nervo facial na região zigomática. o Sinal de Trousseau: espasmo carpal em resposta à compressão do braço por meio de esfigmomanômetro insuflado 20 mmHg acima da pressão sistólica durante 3 minutos. • Sinais e sintomas: o Fraqueza. o Caibras musculares. o Formigamento. o Ansiedade. o Nervosismo excessivo. o Perda de memória. o Dores de cabeça. o Mal formação dos dentes e unhas. o Anemia, secura e aspereza da pele. o Perda de cabelo, sobrancelha delgada. o Depressão. • Outros sintomas: o Parestesias e formigamento na área perioral. o Ansiedade ou confusão mental. o Hiperreflexia. O Circo RESUMO CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO Assunto: As glândulas paratireoides 3 o Estridor laríngeo. o Tetania (caracterizada por espasmos cardopedais) – hipocalcemia grave. o Convulsões tônico-clônicas (hipocalcemia grave). o Prolongamento do seguimento QT (hipocalcemia grave). • Laboratório: • Diagnóstico: o A presença de hipocalcemia e hiperfosfatemia, com níveis baixos ou indetectáveis de PTH (< 10 pg/ml), confirma o diagnóstico de hipoparatireoidismo primário. • Tratamento: o Objetivos: ▪ Evitar complicações agudas e crônicas da hipocalcemia. ▪ Manter o cálcio total no soro no limite inferior da normalidade (entre 8 e 8,5 mg/dL). o Hipocalcemia aguda grave: administração intravenosa emergencial de gluconato ou cloreto de cálcio. o Tratamento de manutenção: correção da calcemia (cálcio + vitamina D sintética) via oral. o Um dos efeitos indesejados é o desenvolvimento de hipercalciúria. ▪ PTH tem efeito anticalciúrico. o Medidas (controle ou prevenção): ▪ Limitação da ingestão de sódio. ▪ Uso de diuréticos tiazídicos (reabsorvem cálcio nos rins). ▪ Redução nas doses de cálcio ou vitamina D sintética 1 alfa-hidroxilada. o Monitorização: ▪ Acompanhamento regular (inicialmente de 7 a 14 dias, depois a cada 3 a 6 meses) com dosagens séricas de cálcio e fosforo, de creatinúria e calciúria em 24 horas. o O tratamento deve ser contínuo ao longo da vida, com monitorização constante. Hiperparatireoidismo (HPT) • Conceito: Terceira alteração endócrina mais comum, resultado da hipersecreção persistente do paratormônio podendo ser primário, secundário ou terciário. o Representa a causa mais comum de hipercalcemia. • O hiperparatireoidismo primário responde pela maioria dos casos, predominando no sexo feminino, nos idosos (pico na sétima década de vida) e nos negros. • Etiologia: o Adenoma de paratireoide: neoplasia benigna encapsulada, responsável por 80 a 90% dos casos de HPT. ▪ É a principal causa de hiperparatireoidismo primário. o Hiperplasia: proliferação de células parenquimatosas, responsável por 10 a 15% dos casos de HPT. o Síndromes de neoplasia endócrina múltipla (NEM): ▪ NEM 1: HPT primário + lesões pâncreas e hipófise. ▪ NEM 2A: HPT primário, câncer medular de tireoide e feocromocitoma. o Carcinoma das paratireoides: neoplasia invasiva de crescimento lento, responsável por < 1% dos casos de HPT primário. • Carcinoma medular: Neoplasias endócrinas múltiplas (gene autossômico dominante) O Circo RESUMO CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO Assunto: As glândulas paratireoides 4 • Fisiopatologia: o O que caracteriza todas as formas de hiperparatireoidismo é a secreção excessiva de PTH (níveis séricos > 65 pg/ml). o Hiperparatireoidismo primário: a doença começa em uma ou mais glândulas. o Hiperparatireoidismo secundário: alguma condição sistêmica estimula as paratireoides. O controle da doença de base elimina o hiperparatireoidismo. o Hiperparatireoidismo terciário: uma ou mais glândulas cronicamente estimuladas (hiperparatireoidismo secundário) evoluem com transformação neoplásica e produção autônoma de PTH. O controleda doença de base não elimina o hiperparatireoidismo. • Os principais alvos orgânicos do hiperparatireoidismo são os ossos e os rins. • Sinais e sintomas: o Envolvimento ósseo intenso (30%): ▪ Ossos dolorosos. ▪ Osteíte fibrosa cística - metabolismo acelerado de osteoclastos e osteoblastos na matriz óssea, esperado em 2 a 15% dos casos. o Litíase renal de repetição (20%). ▪ Excesso de cálcio no sangue vai chegar nos rins e o rim vai acumular o excesso de cálcio desencadeando litíase renal. o Sindrome neuropsiquiátrica (3%): ▪ Depressão. ▪ Confusão mental. ▪ Hiperreflexia profunda. o Outros sintomas: ▪ Fadiga. ▪ Letargia. ▪ Desconfortos abdominais. • 60% são diagnosticados em exames de rotina e são assintomáticos. • 30% estão relacionados com os casos de hipercalcemia grave: o Cálcio sérico > 14 mg/dl. o Fraqueza muscular, náuseas, vômitos, letargia, confusão mental, QT curto, dor abdominal. • Diagnóstico: o O diagnóstico de hiperparatireoidismo requer apenas a demonstração laboratorial de hipercalcemia acompanhada de aumento do PTH, independentemente da presença de sintomas. o Elevação de cálcio no soro > 10,4 mg/dl (hipercalcemia). ▪ Normal: 8,5 e 10,2 mg/dl. o Elevação de PTH (> 65 pg/ml). o O hiperparatireoidismo primário, mesmo assintomático, pode se associar com aumento de risco para doenças cardiovasculares e fraturas osteoporóticas. • Exames complementares: o Evidentemente, a dosagem de ureia e creatinina (função renal) e a dosagem de vitamina D são mandatórias. ▪ Na bioquímica urinária, espera-se o encontro de hipercalciúria e hiperfosfatúria. ▪ Hipercalciúria em urina de 24 horas. ▪ Vitamina D pode estar aumentada. o Cintilografia e USG são importantes para o pré-operatório. • Tratamento geral básico: o Pacientes assintomáticos, sem nenhuma outra condição de risco que indique benefício com a cirurgia, podem ser apenas acompanhados, recomendando-se um estilo de vida ativo (evitar imobilidade), além de uma ingesta hídrica adequada. o Mulheres pós-menopausa: ▪ a reposição de estrogênio pode contribuir para a redução da calcemia, melhorando também a densidade mineral óssea. Ex: raloxifeno. o O portador de hiperparatireoidismo deve evitar o uso de diuréticos tiazídicos e antiácidos ou suplementos que contenham cálcio ou vitamina D (exceto, é claro, se houver hipovitaminose D associada). O Circo RESUMO CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO Assunto: As glândulas paratireoides 5 o Obs: não vamos adentrar no tratamento de cada tipo de hiperparatireoidismo (primária, secundaria, terciaria). Casos clínicos: Caso 01: Caso 02: Caso 03: Caso 04: O Circo RESUMO CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO Assunto: As glândulas paratireoides 6 Caso 05: Caso 06: Respostas: • Caso 01: letra E. Paciente que faz tireoidectomia total pode ter tido manipulação da paratireoide e provavelmente teve uma hipofunção transitória da paratireoide. • Caso 02: letra B. • Caso 03: letra C. • Caso 04: letra C. • Caso 05: letra E. • Caso 06: letra B. Cintilografia é padrão ouro.
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