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CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Suas principais funções nas células vegetais são: fonte e reserva de energia e manter estrutura das plantas. Não são essenciais à dieta – podem ser sintetizados através da gliconeogênese. Forragens – base da dieta dos ruminantes - papel primário é prover fibra. Predominam na dieta dos animais – 75% fundamentais para o atendimento das exigências de energia, síntese de proteína microbiana e da saúde animal – herbívoros: 25% ENN e o restante Fibra Bruta. C A R B O I D R A T O SC A R B O I D R A T O S Estômago Compartimentalizado (Poligástrico) (Rúmen, Retículo, Omaso, Abomaso = Estômago verdadeiro) Características nutritivas dos carboidratos das forrageiras dependem dos açúcares que os compõem, das ligações entre eles estabelecidas e de outros fatores de natureza físico-química. Assim, os carboidratos das plantas podem ser agrupados em duas grandes categorias conforme a sua menor ou maior degradabilidade, em não estruturais e estruturais. CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS (CNE, CNF, ENN): Também classificados como solúveis em água (incluindo monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e algum polissacarídeo) e polissacarídeos maiores que são insolúveis em água – solúveis em água [açúcares (glicose e frutose) e dissacarídeos (sacarose e lactose) :: são rapidamente fermentados no rúmen. Quantitativamente, o carboidrato não estrutural mais importante dos alimentos é o amido – principal carboidrato de armazenamento na maioria dos grãos de cereais. Encontrados no conteúdo celular – mais simples (glicose e frutose) e os carboidratos de reserva das plantas (amido, a sacarose e as frutosanas). Características nutricionais de carboidratos solúveis em FDN. A M I D O Composto de duas moléculas principais: amilose e amilopectina. A degradação ruminal do amido é extremamente variável, da ordem de 40 a 90 %, dependendo de fonte, processamento e outros fatores. Seus níveis nas partes aéreas das plantas forrageiras são muito reduzidos. Contrariamente ao que ocorre com gramíneas e leguminosas de clima temperado, que acumulam principalmente sacarose e frutosanas, e em menor proporção o amido, especialmente no caule, as espécies de clima tropical acumulam principalmente amido e sacarose, encontrados tanto nas folhas quanto nos caules. O amido acumulado por estas espécies apresenta-se com solubilidade bem mais reduzida, que por exemplo o amido acumulado nas raízes e sementes, devido ao elevado conteúdo de amilopectina. Altos níveis de carboidratos fermentáveis podem colocar o animal em risco de desenvolver distúrbios metabólicos, em particular, desafios à estabilidade ruminal e acidose subaguda. CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS (CE, CF): Além disto, podem constituir a parede celular componentes químicos de natureza diversa dos carboidratos - tanino, nitrogênio, lignina, sílica e outros. Encontrados normalmente constituindo a parede celular (constitui de 30 a 80% da MS da planta forrageira) – principalmente pectina, celulose e hemicelulose (mais importantes na determinação da qualidade nutritiva das forragens). A lignina constitui um polímero fenólico que se associa aos CE (celulose e hemicelulose), durante o processo de formação da parede celular, alterando significativamente a digestibilidade destes carboidratos das forragens. Os níveis de CE são bem mais elevados em gramíneas do que em leguminosas, e no caule em relação às folhas. Com o avançar da maturidade, verificam-se aumentos nos teores de carboidratos estruturais e redução nos carboidratos de reserva. Isso se reflete na digestibilidade da forragem, que declina de maneira especialmente mais drástica para as gramíneas do que para as leguminosas. C E L U L O S E A fibra também é essencial para estimular a mastigação e ruminação. As forragens também provêm vários nutrientes, como proteína e minerais. F I B R A Microrganismos do rúmen, através de suas vias metabólicas de extração de energia (fermentação ruminal) produzem principalmente os ácidos graxos voláteis (AGVs) - principalmente o acético, propiônico e butírico, que suprem mais de 85% das exigências energéticas do animal. Nos ruminantes os alimentos ingeridos ficam sujeitos a um processo fermentativo nos pré-estômagos antes de alcançarem o abomaso e o intestino delgado. As forrageiras de clima tropical, em relação às espécies de clima temperado, são caracterizadas por apresentarem baixos teores de carboidratos solúveis e pela elevada proporção de parede celular, consequentemente, de carboidratos estruturais. A hemicelulose, celulose e lignina são insolúveis em detergente neutro. A lignina não impede a digestão simplesmente pelo encrustamento ou encobrindo os nutrientes. Ao contrário, a lignina protege o carboidrato "associado” da digestão. Pectinas são carboidratos associados com a parede celular, mas não é covalentemente unida às porções lignificadas e são digeridas completamente no rúmen (90 a 100 %). Uma das principais características dos carboidratos, principalmente relacionada aos de forragens é a efetividade em promover a atividade física motora do trato gastrointestinal. Seletivamente as vacas retêm fibra no rúmen por um tempo adequado de digestão, ingerindo partículas grandes enquanto comem. No passado, a baixa oferta de grãos e o custo “aparentemente” menor da forragem frente aos grãos justificava o padrão de dieta nos confinamentos brasileiros. Os aumentos observados na utilização de concentrado e redução de fibra nas dietas foram acompanhados com um maior surgimento de desordens digestivas. O ruminante, por natureza, possui uma câmara fermentativa que propicia um processo de simbiose do próprio animal com os microrganismos ali presentes e, para o bom funcionamento da mesma, é necessário a manutenção de algumas características internas do rúmen, entre elas, o pH ruminal. E isso só é possível com a presença de Fibra Fisicamente Efetiva (feFDN) na dieta. termo relacionado ao tamanho de partícula, pensando no tamanho do alimento que compõe o ”mat” ruminal e com papel de atuar no rúmen estimulando a ruminação e motilidade, estando diretamente relacionada à produção de saliva e controle do pH ruminal. A fibra dietética é responsável pela formação do MAT. O MAT é um “colchão” situado abaixo da fase gasosa da digesta ruminal e formado por um emaranhado de partículas flutuantes de alimento. O MAT tem duas funções principais na fisiologia ruminal: controle do pH ruminal por estímulo físico à motilidade, ruminação e salivação; e retenção do alimento recém ingerido para que permaneça no rúmen por tempo suficiente para colonização bacteriana e digestão. A formação do MAT no rúmen depende do tamanho e da gravidade específica (capacidade de boiar) das partículas fibrosas. A fibra proveniente de forragem nem sempre garante efetividade suficiente para promover mastigação e ruminação. Quando a forragem está picada muito finamente, isso pode não acontecer. Essa capacidade da fibra em promover mastigação e motilidade ruminal é chamada de efetividade física. A fibra de uma dieta (forragem) não garante sua efetividade física – fibra longa é o essencial para garantir mastigação, salivação e saúde ruminal, porém, muita fibra longa afeta negativamente o consumo - digerida mais lentamente, causando enchimento ruminal (regulação física). Dessa forma, fica claro que uma medida mais adequada de exigência de fibra fisicamente efetiva deve incluir a distribuição do tamanho de partículas. Efetividade de uma dieta - responsável por estimular a motilidade ruminal e a ruminação, o que por sua vez estimula a produção de saliva, a qual auxiliará manter o pH dentro da normalidade ruminal – tamponamento do rúmen fator importante para que o crescimento microbiano não seja comprometido, permitindo assim, que esses façam a correta extração de energia e demais nutrientes dos alimentos (simbiose entre animal e microrganismos) “Fibra Efetiva” – termo mais amplo e engloba tanto a FDN fisicamente efetiva, como também, outros fatores quenão FDN, mas que exercem forte influência sobre a saúde ruminal. Figura mostra que a mensuração química do FDN, por si só, não é interessante, uma vez que, parte do FDN não apresenta efetividade sobre o metabolismo ruminal. Uma vantagem da fibra fisicamente efetiva, que está atrelada ao pH ruminal, é a eficiência de síntese microbiana. Em situações de baixo pH ruminal, teremos um reduzido crescimento microbiano, o que interfere diretamente na eficiência de extração de nutrientes dos alimentos fornecidos na dieta. Já em valores de pH dentro da normalidade, obtidos com níveis adequados de fibra fisicamente efetiva, a eficiência de crescimento microbiano será maximizada, aumentando assim a utilização de energia proveniente da dieta. FDN efetivo (eFDN) está relacionado à habilidade total de um alimento em substituir a forragem de forma que a porcentagem de gordura do leite seja mantida e FDN fisicamente efetivo (peFDN) está relacionado às propriedades físicas da fibra (principalmente tamanho da partícula) – estimula a atividade mastigatória e estabelece a estratificação bifásica do conteúdo ruminal (flutuam no mat partículas grandes em um conteúdo líquido e partículas pequenas). Partículas acima de 8 mm participam efetivamente da composição e formação do mat ruminal. Como avaliar a fibra fisicamente efetiva? Método Penn State Particle Separator (PSPS) - medir o tamanho de partículas de forragens e dietas completas. >19 mm>8 mm>1,18 mm 671 gramas de silagem colocados no sistema das peneiras: • 40 gramas (6%) ficaram retidas na peneira de 19 mm; • 483 gramas (72%) ficaram retidas na peneira de 8 mm; • 135 gramas (20,1%) ficaram retidas na peneira de 1,18 mm e; • 13 gramas (1,9%) fundo na bandeja. O FDN, na análise química em laboratório, foi 45%. FDNfe = (0,45 * (6 + 72 + 20,1)). O valor de FDN fisicamente efetivo para essa silagem em questão é de 44,1%. Os açúcares e amido normalmente não aparecem nas fezes. Se ocorrerem isso pode ser consequência da síntese microbiana, e se a quantidade for elevada pode ser um indicativo de problemas com a saúde animal. O ruminante, por natureza, possui uma câmara fermentativa que propicia um processo de simbiose do próprio animal com os microrganismos ali presentes e, para o bom funcionamento da mesma, é necessário a manutenção de algumas características internas do rúmen, entre elas, o pH ruminal. E isso só é possível com a presença de fibra fisicamente efetiva na dieta. CONSIDERAÇÕES FINAIS Fibra Efetiva – relacionada com a capacidade total que a fibra de um determinado alimento possui em manter o teor de gordura do leite da vaca alimentada com esse ingrediente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Fibra Fisicamente Efetiva (FDNfe) – relacionada com as características físicas da fibra, principalmente tamanho de partícula, o que influencia na atividade da mastigação. Fonte: Adaptado de Mertens (1999). Fibra Fisicamente Efetiva (FDNfe) Alimento Consumo (g alim/min) Produção Salivar (mL/g alim) Concentrado 357 0,68 Pasto Verde 283 0,94 Silagem 248 1,13 Pasto Seco 83 3,23 Feno 70 3,63
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