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Tópicos Especiais II Direito Civil e Processo Civil Prof. Jorge Machado - Unidade I – Direito Civil Direito Civil Constitucional Parte Geral – Pessoa Natural Aula 03 e 04 – 25/08/2020 A Constitucionalização do Direito Civil • O direito civil constitucional está baseado em uma visão unitária do sistema. • Ambos os ramos não são interpretados isoladamente, mas dentro de um todo, mediante uma interação simbiótica entre eles. • A teoria da eficácia horizontal (ou irradiante) dos direitos fundamentais preconiza a aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas. O entendimento é que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (eficácia horizontal imediata). • Ao reunificar o sistema jurídico em seu eixo fundamental, estabelecendo como princípios norteadores da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), a solidariedade social (art. 3º) e a igualdade substancial ou isonomia material (arts. 3º e 5º), a CF/88 realizou uma interpenetração do direito público e do direito privado. •O que é a dignidade da pessoa humana? • É fundamento do Estado Democrático de Direito. •Direitos humanos e justiça social. • É princípio universal, do qual se irradiam os demais princípios. •Despatrimonialização e personalização dos institutos jurídicos. •A pessoa humana é colocada como o centro a ser protegido pelo direito. •O que é igualdade substancial ou isonomia material? • É assegurar tratamento igualitário às partes. A mesma faculdade conferida a uma parte deve ser conferida a outra. •Dar tratamento isonômico significa “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades”. Igualdade FORMAL Igualdade MATERIAL Há igualdade de tratamento? PARTE GERAL DO DIREITO CIVIL Da Pessoa Natural Personalidade Jurídica • É a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito. O Direito somente admite que sejam titulares de direitos os entes a quem se atribui personalidade jurídica. (Pablo Stolze) • No direito brasileiro, a personalidade jurídica é atribuída às pessoas. • Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. • Nesse caso, o código civil não faz distinção entre pessoa natural e pessoa jurídica. • Pessoa Natural (Física) ente de existência visível. • Pessoa Jurídica são entes criados pela imaginação humana para desempenhar um determinado papel social. No direito privado, são as associações, sociedades e fundações. Art. 44, CC. • Nascituro ≠ Concepturo (prole eventual – artigo 1.800, §4º) Das Pessoas Naturais • Início da Personalidade Jurídica • Teoria Natalista; • Teoria da Personalidade Condicional; • Teoria Concepcionista. • Teoria Natalista A personalidade jurídica surge a partir do nascimento com vida. (respirar) Foi a adotada pelo CC. •Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. • Teoria da Personalidade Condicional O nascituro tem aptidão potencial condicional para adquirir direitos, desde a concepção, a qual se confirma se ele nascer com vida e se anula se nascer morto. • Teoria Concepcionista A personalidade jurídica surge desde a concepção. • Reconhece a personalidade jurídica do nascituro • O nascituro já titulariza os direitos da personalidade desde a concepção, ficando os direitos patrimoniais condicionados ao nascimento com vida. • Se já titulariza os direitos da personalidade, é porque já há personalidade jurídica. • Essa teoria está fundamentada no próprio Código Civil. Exemplos: Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. • Direito à vida no artigo 5º, caput da CF e no artigo 7º do ECA c/c artigos 124 a 128 do Código Penal. E o STJ, qual o posicionamento acerca do início da personalidade? Posição do STJ: Nascituro é pessoa DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" - tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658). 3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. 5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n. 6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 6. Recurso especial provido. (REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014) Antes de adentrar ao mérito, tem-se o seguinte panorama fático: Todavia, se bem compreendida a controvérsia, não busca a autora"direitos patrimoniais" do nascituro, como se tais direitos devessem, antes, ter sido transmitidos por herança à autora. Em outras palavras, não se está a vindicar direito sucessório - originariamente do nascituro -, mas direito próprio da genitora ao recebimento da indenização do seguro obrigatório DPVAT. É que, no caso de morte, por razões óbvias, a pessoa do beneficiário do seguro - DPVAT ou qualquer outro - não coincide com a da vítima do sinistro. (...) Portanto, a questão a ser resolvida é saber se a autora - beneficiária legal do seguro DPVAT -, em razão da morte intrauterina do feto gestado, tem os "direitos patrimoniais" que lhe foram negados pelo acórdão recorrido. Análise do acórdão •2 aspectos a serem observados: •1º - Se toda pessoa é capaz de direitos, nem todo sujeito de direito é pessoa. Esse raciocínio alcança o nascituro como sujeito de direito, mesmo para aqueles que entendem não seja ele uma pessoa. •2º - a literalidade do Código Civil não mistura os conceitos de “existência da pessoa” e de “aquisição da personalidade jurídica”. Sujeito de Direito NASCITURO Outros sujeitos / entes / situações jurídicas Condomínio Massa falida Outros... Trechos do voto “Porém, a despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil – que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento –, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei.” “Primeiramente, o art. 1º afirma que "toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil", o que não impede que outros sujeitos/entes/situações jurídicas desprovidos de personalidade jurídica também o sejam, como é o caso da massa falida – a qual, pelo seu viés subjetivo, configura a coletividade de credores –, condomínio e a herança jacente. Tais entes despersonalizados fornecem seguros sinais de que, do ponto de vista técnico-jurídico, se toda pessoa é capaz de direitos, nem todo sujeito de direitos é pessoa, construção essa que pode, sem maior esforço, alcançar o nascituro como sujeito de direito, mesmo para aqueles que entendem não seja ele uma pessoa.” (1º aspecto) “Outro aspecto a ser observado é o de que o Código Civil de 2002, mesmo em sua literalidade, não baralha os conceitos de ‘existência da pessoa’ e de ‘aquisição da personalidade jurídica’”. (2º aspecto) “Nesse sentido, o art. 2º, ao afirmar que a "personalidade civil da pessoa começa com o nascimento", logicamente abraça uma premissa insofismável: a de que "personalidade civil" e pessoa não caminham umbilicalmente juntas. Isso porque, pela construção legal, é apenas em um dado momento da existência da pessoa que se tem por iniciada sua personalidade jurídica, qual seja, o nascimento. Donde se conclui que, antes disso, se não se pode falar em personalidade jurídica – segundo o rigor da literalidade do preceito legal –, é possível, sim, falar-se em pessoa. Caso contrário, não se vislumbraria nenhum sentido lógico na fórmula "a personalidade civil da pessoa começa", se ambas – pessoa e personalidade civil – tivessem como começo o mesmo acontecimento”. “Com efeito, quando a lei pretendeu estabelecer a "existência da pessoa", o fez expressamente. É o caso do art. 6º, o qual assere que "a existência da pessoa natural termina com a morte", e do art. 45, caput, segundo o qual "começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro". Tal circunstância torna eloquente o silêncio da lei quanto à "existência da pessoa natural", a qual, se por um lado não há uma afirmação expressa de quando se inicia, por outro lado não se pode considerar como iniciada tão somente com o nascimento com vida.” O fim da existência da pessoa ocorre com a morte – art. 6º, CC. A existência da pessoa se inicia antes do nascimento. Caso contrário, não faria sentido a construção do art. 2º do CC. Logo, se é pessoa, é um SUJEITO DE DIREITOS, por força do art. 1º do CC. Início da personalidade civil: nascimento com vida – art. 2º, CC. Existência da pessoa ≠ Início da personalidade 2º Aspecto: O Nascituro é pessoa. “Portanto, extraem-se conclusões que afastam a ideia de que só pessoas titularizam direitos e de que a existência da pessoa natural só se inicia com o nascimento.” “Porém, segundo penso, a principal conclusão é a de que, se a existência da pessoa natural tem início antes do nascimento, NASCITURO DEVE MESMO SER CONSIDERADO PESSOA, E, PORTANTO, SUJEITO DE DIREITO, uma vez que, por força do art. 1º, ‘toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil’”. Nascituro Pessoa Sujeito de Direitos É Logo, “Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico como um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea.” Na mesma linha de que o nascituro é, verdadeiramente, uma pessoa, o art. 1.798 do Código Civil prevê a legitimação para suceder não só das "pessoas nascidas", mas também das pessoas "já concebidas no momento da abertura da sucessão". E mais, o direito de receber doação (art. 542 do Código Civil), de ser curatelado (art. 1.779 do Código Civil), a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se- lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro), e recentemente a edição da Lei n. 11.804/2008, que positivou os chamados alimentos gravídicos , cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe. “Porém, a par dos citados exemplos, parece ser no direito penal que a condição de pessoa viva do nascituro – embora não nascida – é afirmada sem a menor cerimônia. É que o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo ‘dos crimes contra a vida’.” TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - detenção, de um a três anos. (...) http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 Capacidade • Retorna-se ao art. 1º: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. • A capacidade é a medida da personalidade, pois para uns ela é plena e, para outros, limitada. •Capacidade de direito ou de gozo Todos tem. Adquire-se ao nascer com vida. Exprime a ideia potencial de ser sujeito de direitos. •Capacidade de fato ou de exercício é a possibilidade de praticar, pessoalmente, os atos da vida civil. Capacidade Civil Plena Capacidade de Direito + Capacidade de Fato. Incapacidade É a restrição legal para a prática de determinados atos da vida civil. • Incapacidade Absoluta É aquela onde a pessoa é incapaz de manifestar sua vontade, será representada para todos os atos da vida civil, acarretando a nulidade do ato (artigo 166, I), se praticado sem seu representante. Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) • Atos praticados, diretamente, por absolutamente incapaz são nulos, pois estes deveriam ser representados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114 • Incapacidade Relativa É aquela onde a pessoa pode praticar atos da vida civil, desde que devidamente assistida, podendo o ato ser anulável se desrespeitada essa norma (art. 171, I). Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; • Há atos que podemser praticados sem a assistência de seu representante legal, como ser testemunha (art. 228, I), aceitar mandato (art. 666), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único), casar (art. 1.517), ser eleitor, celebrar contrato de trabalho. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114 II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) IV - os pródigos. É aquela pessoa que desordenadamente gasta, acaba com seu patrimônio, ficando na miséria. Deve haver sentença que declare o estado de prodigalidade (e tornando-o relativamente incapaz). O pródigo é capaz de todos os atos da vida civil. Com a sua interdição, o pródigo será privado, exclusivamente, dos atos que possam comprometer seu patrimônio. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114 Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. •No caso é o Estatuto do Índio – Lei nº 6.001/73. •Negócios jurídicos praticados sem a presença da FUNAI são considerados nulos. • Entretanto, será considerado válido se o índio revelar consciência e conhecimento do ato praticado e, ao mesmo tempo, tal ato não o prejudicar. • “Maioridade” com 21 anos. Aplica-se a lei especial. Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente. Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no caso em que o índio revele consciência e conhecimento do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efeitos. Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio Art. 9º Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto nesta Lei, investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos seguintes: I - idade mínima de 21 anos; II - conhecimento da língua portuguesa; III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional; IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional. Parágrafo único. O Juiz decidirá após instrução sumária, ouvidos o órgão de assistência ao índio e o Ministério Público, transcrita a sentença concessiva no registro civil. Atenção!!! •O deficiente não é, necessariamente, considerado incapaz. Estatuto da Pessoa com Deficiência. •Lei nº 13.146/2015, Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. Tomada de Decisão Apoiada •CC/02, Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1783a (NUCEPE/PC-PI/2018) O Estatuto da Pessoa Com Deficiência (Lei nº 13.146 de 06.06.2015), modificou os artigos 3º e 4º do Código Civil. Sobre as mudanças ocorridas, é CORRETO afirmar: a) Nenhuma mudança importante em relação aos quadros psiquiátricos. b) Os indígenas deixaram de ser citados na nova redação. c) Os “ébrios habituais e os viciados em tóxicos” deixaram de ser citados na nova redação. d) Com a nova redação, não há mais a definição de “absolutamente incapaz” para o exercício dos atos da vida civil, por diagnósticos médicos. e) Na nova redação, se mantém a definição: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 18 anos”. (NUCEPE/PC-PI/Delegado/2018) Fernando, atualmente, com 17 (dezessete) anos de idade, nasceu sem o movimento das pernas. Quanto a personalidade e capacidade de Fernando, podemos afirmar: a) que Fernando possui incapacidade absoluta, o que acarreta a proibição total do exercício dos atos da vida civil, por si só; b) a personalidade jurídica e capacidade de fato de Fernando tiveram início no dia que este nasceu com vida; c) possui incapacidade relativa apenas em razão do critério etário; d) sendo Fernando uma pessoa moral passou a ter personalidade jurídica no dia do registro no cartório que confeccionou sua Certidão de Nascimento; e) possui incapacidade absoluta em virtude de ser pessoa com deficiência. Absolutamente incapazes Representados (AR) Atos Nulos Relativamente incapazes Assistidos (RA) Atos Anuláveis •Cessação da Incapacidade •Desaparecer a sua causa; •Maioridade; •Emancipação •Voluntária; • Judicial; ou •Legal. Da Extinção da Personalidade • Fim da personalidade: morte – art. 6º, CC/02. Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. • Morte Real: quando há um corpo • Morte Presumida: não há um corpo. Ocorre com ou sem a decretação de ausência. CC/02, Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. •Comoriência •É a morte simultânea. Na comoriência, ocorre a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião e por força do mesmo evento, sendo elas reciprocamente herdeiras umas das outras. CC/02, Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Ausência – artigos 22 a 39, CC •Ocorre quando pessoa natural desaparece de seu domicílio sem dar notícias ou sem deixar procurador, ao ponto de ter-se dúvidas acerca de sua existência. •Deve ser decretada por sentença judicial, por meio de processo de jurisdição voluntária, nos termos dos artigos 744 e 745 do CPC. • 3 fases: • 1ª fase: Curadoria dos bens do ausente; • Artigos 22 a 25 do CC • 2ª fase: Sucessão Provisória • Artigos 26 a 36 do CC • 3ª fase: Sucessão definitiva • Artigos 37 a 39 do CC
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