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Aula 03 e 04 - Direito Civil Constitucional - Das Pessoas Naturais

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Tópicos Especiais II
Direito Civil e Processo Civil
Prof. Jorge 
Machado
- Unidade I – Direito Civil
Direito Civil Constitucional
Parte Geral – Pessoa Natural
Aula 03 e 04 – 25/08/2020
A Constitucionalização do Direito 
Civil
• O direito civil constitucional está baseado em uma visão unitária do
sistema.
• Ambos os ramos não são interpretados isoladamente, mas
dentro de um todo, mediante uma interação simbiótica entre
eles.
• A teoria da eficácia horizontal (ou irradiante) dos direitos
fundamentais preconiza a aplicação direta dos direitos
fundamentais às relações privadas.
O entendimento é que as normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicação imediata (eficácia horizontal
imediata).
• Ao reunificar o sistema jurídico em seu eixo fundamental,
estabelecendo como princípios norteadores da República
Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art.
1º, III), a solidariedade social (art. 3º) e a igualdade
substancial ou isonomia material (arts. 3º e 5º), a CF/88
realizou uma interpenetração do direito público e do
direito privado.
•O que é a dignidade da pessoa humana?
• É fundamento do Estado Democrático de Direito.
•Direitos humanos e justiça social.
• É princípio universal, do qual se irradiam os demais
princípios.
•Despatrimonialização e personalização dos institutos
jurídicos.
•A pessoa humana é colocada como o centro a ser
protegido pelo direito.
•O que é igualdade substancial ou isonomia
material?
• É assegurar tratamento igualitário às partes. A
mesma faculdade conferida a uma parte deve ser
conferida a outra.
•Dar tratamento isonômico significa “tratar
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais,
na medida de suas desigualdades”.
Igualdade 
FORMAL
Igualdade 
MATERIAL
Há igualdade de tratamento?
PARTE GERAL DO DIREITO CIVIL
Da Pessoa Natural
Personalidade Jurídica
• É a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair
obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário
para ser sujeito de direito. O Direito somente admite que
sejam titulares de direitos os entes a quem se atribui
personalidade jurídica. (Pablo Stolze)
• No direito brasileiro, a personalidade jurídica é atribuída às
pessoas.
• Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil.
• Nesse caso, o código civil não faz distinção entre pessoa
natural e pessoa jurídica.
• Pessoa Natural (Física) ente de existência visível.
• Pessoa Jurídica  são entes criados pela imaginação humana
para desempenhar um determinado papel social. No direito
privado, são as associações, sociedades e fundações. Art. 44,
CC.
• Nascituro ≠ Concepturo (prole eventual – artigo 1.800, §4º)
Das Pessoas Naturais
• Início da Personalidade Jurídica
• Teoria Natalista;
• Teoria da Personalidade Condicional;
• Teoria Concepcionista.
• Teoria Natalista  A personalidade jurídica surge a
partir do nascimento com vida. (respirar) Foi a
adotada pelo CC.
•Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro.
• Teoria da Personalidade Condicional  O nascituro
tem aptidão potencial condicional para adquirir
direitos, desde a concepção, a qual se confirma se ele
nascer com vida e se anula se nascer morto.
• Teoria Concepcionista A personalidade jurídica surge desde
a concepção.
• Reconhece a personalidade jurídica do nascituro
• O nascituro já titulariza os direitos da personalidade desde
a concepção, ficando os direitos patrimoniais
condicionados ao nascimento com vida.
• Se já titulariza os direitos da personalidade, é porque já
há personalidade jurídica.
• Essa teoria está fundamentada no próprio Código Civil.
Exemplos:
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é
irrevogável e será feito:
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho
ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida
a mulher, e não tendo o poder familiar.
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no
momento da abertura da sucessão.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal.
• Direito à vida no artigo 5º, caput da CF e no artigo 7º do ECA c/c
artigos 124 a 128 do Código Penal.
E o STJ, qual o posicionamento acerca 
do início da personalidade?
Posição do STJ: Nascituro é pessoa
DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE
COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL
DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE
ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA
INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I,
DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA.
1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a
aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -, o ordenamento
jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação
entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade
jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais
simplificada da lei.
2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro
confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese
sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do
nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779
e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante,
assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim
e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro);
alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não
da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva
do nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia,
pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no
título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo
"dos crimes contra a vida" - tutela da vida humana em formação, a
chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito
penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI,
Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012, p. 658).
3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro
- natalista e da personalidade condicional - fincam
raízes na ordem jurídica superada pela Constituição
Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O
paradigma no qual foram edificadas transitava,
essencialmente, dentro da órbita dos direitos
patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se
sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos
catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens
imateriais da pessoa - como a honra, o nome, imagem,
integridade moral e psíquica, entre outros.
4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias
restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade
ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao
nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao
nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de
nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais.
5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro
DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n. 6.194/1974.
Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo
acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que
outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de
uma vida intrauterina.
6. Recurso especial provido.
(REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014)
Antes de adentrar ao mérito, tem-se o seguinte 
panorama fático:
Todavia, se bem compreendida a controvérsia, não busca a autora"direitos
patrimoniais" do nascituro, como se tais direitos devessem, antes, ter sido
transmitidos por herança à autora. Em outras palavras, não se está a
vindicar direito sucessório - originariamente do nascituro -, mas direito
próprio da genitora ao recebimento da indenização do seguro obrigatório
DPVAT.
É que, no caso de morte, por razões óbvias, a pessoa do beneficiário do
seguro - DPVAT ou qualquer outro - não coincide com a da vítima do
sinistro. (...)
Portanto, a questão a ser resolvida é saber se a autora - beneficiária legal
do seguro DPVAT -, em razão da morte intrauterina do feto gestado, tem os
"direitos patrimoniais" que lhe foram negados pelo acórdão recorrido.
Análise do acórdão
•2 aspectos a serem observados:
•1º - Se toda pessoa é capaz de direitos, nem todo
sujeito de direito é pessoa. Esse raciocínio alcança o
nascituro como sujeito de direito, mesmo para
aqueles que entendem não seja ele uma pessoa.
•2º - a literalidade do Código Civil não mistura os
conceitos de “existência da pessoa” e de “aquisição
da personalidade jurídica”.
Sujeito de 
Direito
NASCITURO
Outros sujeitos / 
entes / situações 
jurídicas
Condomínio
Massa 
falida
Outros...
Trechos do voto
“Porém, a despeito da literalidade do art. 2º do Código
Civil – que condiciona a aquisição de personalidade
jurídica ao nascimento –, o ordenamento jurídico
pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel
vinculação entre o nascimento com vida e o conceito
de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização
de direitos, como pode aparentar a leitura mais
simplificada da lei.”
“Primeiramente, o art. 1º afirma que "toda pessoa é capaz de
direitos e deveres na ordem civil", o que não impede que outros
sujeitos/entes/situações jurídicas desprovidos de
personalidade jurídica também o sejam, como é o caso da
massa falida – a qual, pelo seu viés subjetivo, configura a
coletividade de credores –, condomínio e a herança jacente. Tais
entes despersonalizados fornecem seguros sinais de que, do
ponto de vista técnico-jurídico, se toda pessoa é capaz de
direitos, nem todo sujeito de direitos é pessoa, construção
essa que pode, sem maior esforço, alcançar o nascituro como
sujeito de direito, mesmo para aqueles que entendem não seja
ele uma pessoa.” (1º aspecto)
“Outro aspecto a ser observado é o de que o Código
Civil de 2002, mesmo em sua literalidade, não
baralha os conceitos de ‘existência da pessoa’ e de
‘aquisição da personalidade jurídica’”. (2º
aspecto)
“Nesse sentido, o art. 2º, ao afirmar que a "personalidade civil
da pessoa começa com o nascimento", logicamente abraça uma
premissa insofismável: a de que "personalidade civil" e pessoa
não caminham umbilicalmente juntas. Isso porque, pela
construção legal, é apenas em um dado momento da
existência da pessoa que se tem por iniciada sua personalidade
jurídica, qual seja, o nascimento. Donde se conclui que, antes
disso, se não se pode falar em personalidade jurídica –
segundo o rigor da literalidade do preceito legal –, é possível,
sim, falar-se em pessoa. Caso contrário, não se vislumbraria
nenhum sentido lógico na fórmula "a personalidade civil da
pessoa começa", se ambas – pessoa e personalidade civil –
tivessem como começo o mesmo acontecimento”.
“Com efeito, quando a lei pretendeu estabelecer a "existência
da pessoa", o fez expressamente. É o caso do art. 6º, o qual
assere que "a existência da pessoa natural termina com a
morte", e do art. 45, caput, segundo o qual "começa a
existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro". Tal
circunstância torna eloquente o silêncio da lei quanto à
"existência da pessoa natural", a qual, se por um lado não há
uma afirmação expressa de quando se inicia, por outro lado não
se pode considerar como iniciada tão somente com o
nascimento com vida.”
O fim da existência da 
pessoa ocorre com a 
morte – art. 6º, CC.
A existência da pessoa se inicia antes do 
nascimento. 
Caso contrário, não faria sentido a 
construção do art. 2º do CC.
Logo, se é pessoa, é um SUJEITO DE 
DIREITOS, por força do art. 1º do CC.
Início da personalidade 
civil: nascimento com 
vida – art. 2º, CC.
Existência da pessoa ≠ Início da personalidade
2º Aspecto: O Nascituro é pessoa.
“Portanto, extraem-se conclusões que afastam a ideia de
que só pessoas titularizam direitos e de que a existência
da pessoa natural só se inicia com o nascimento.”
“Porém, segundo penso, a principal conclusão é a de
que, se a existência da pessoa natural tem início antes
do nascimento, NASCITURO DEVE MESMO SER
CONSIDERADO PESSOA, E, PORTANTO, SUJEITO DE
DIREITO, uma vez que, por força do art. 1º, ‘toda pessoa
é capaz de direitos e deveres na ordem civil’”.
Nascituro Pessoa
Sujeito de 
Direitos
É Logo,
“Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico
como um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 –
alinhou-se mais à teoria concepcionista para a
construção da situação jurídica do nascituro, conclusão
enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina
contemporânea.”
Na mesma linha de que o nascituro é, verdadeiramente,
uma pessoa, o art. 1.798 do Código Civil prevê a
legitimação para suceder não só das "pessoas nascidas",
mas também das pessoas "já concebidas no momento da
abertura da sucessão".
E mais, o direito de receber doação (art. 542 do Código
Civil), de ser curatelado (art. 1.779 do Código Civil), a
especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-
lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao
fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde
do nascituro), e recentemente a edição da Lei n.
11.804/2008, que positivou os chamados alimentos
gravídicos , cuja titularidade é, na verdade, do nascituro
e não da mãe.
“Porém, a par dos citados exemplos, parece ser no direito penal que a condição de
pessoa viva do nascituro – embora não nascida – é afirmada sem a menor
cerimônia. É que o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no
título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo ‘dos crimes
contra a vida’.”
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide
ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos. (...)
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54
Capacidade
• Retorna-se ao art. 1º: Toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil.
• A capacidade é a medida da personalidade, pois para uns
ela é plena e, para outros, limitada.
•Capacidade de direito ou de gozo  Todos tem.
Adquire-se ao nascer com vida. Exprime a ideia
potencial de ser sujeito de direitos.
•Capacidade de fato ou de exercício  é a
possibilidade de praticar, pessoalmente, os atos da
vida civil.
Capacidade Civil Plena  Capacidade de Direito +
Capacidade de Fato.
Incapacidade
É a restrição legal para a prática de determinados atos da vida
civil.
• Incapacidade Absoluta
É aquela onde a pessoa é incapaz de manifestar sua vontade,
será representada para todos os atos da vida civil, acarretando
a nulidade do ato (artigo 166, I), se praticado sem seu
representante.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)
• Atos praticados, diretamente, por absolutamente
incapaz são nulos, pois estes deveriam ser
representados.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
• Incapacidade Relativa
É aquela onde a pessoa pode praticar atos da vida civil, desde
que devidamente assistida, podendo o ato ser anulável se
desrespeitada essa norma (art. 171, I).
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à
maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
• Há atos que podemser praticados sem a assistência de seu
representante legal, como ser testemunha (art. 228, I), aceitar
mandato (art. 666), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único),
casar (art. 1.517), ser eleitor, celebrar contrato de trabalho.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015)
IV - os pródigos.
É aquela pessoa que desordenadamente gasta, acaba com seu
patrimônio, ficando na miséria. Deve haver sentença que declare o
estado de prodigalidade (e tornando-o relativamente incapaz). O
pródigo é capaz de todos os atos da vida civil. Com a sua
interdição, o pródigo será privado, exclusivamente, dos atos que
possam comprometer seu patrimônio.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será
regulada por legislação especial.
•No caso é o Estatuto do Índio – Lei nº 6.001/73.
•Negócios jurídicos praticados sem a presença da
FUNAI são considerados nulos.
• Entretanto, será considerado válido se o índio
revelar consciência e conhecimento do ato
praticado e, ao mesmo tempo, tal ato não o
prejudicar.
• “Maioridade” com 21 anos. Aplica-se a lei
especial.
Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio
Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não
integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade
indígena quando não tenha havido assistência do órgão
tutelar competente.
Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no
caso em que o índio revele consciência e conhecimento
do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da
extensão dos seus efeitos.
Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio
Art. 9º Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua
liberação do regime tutelar previsto nesta Lei, investindo-se na
plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos
seguintes:
I - idade mínima de 21 anos;
II - conhecimento da língua portuguesa;
III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão
nacional;
IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão
nacional.
Parágrafo único. O Juiz decidirá após instrução sumária, ouvidos o
órgão de assistência ao índio e o Ministério Público, transcrita a
sentença concessiva no registro civil.
Atenção!!!
•O deficiente não é, necessariamente, considerado
incapaz. Estatuto da Pessoa com Deficiência.
•Lei nº 13.146/2015, Art. 84. A pessoa com
deficiência tem assegurado o direito ao exercício
de sua capacidade legal em igualdade de
condições com as demais pessoas.
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência
será submetida à curatela, conforme a lei.
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a
adoção de processo de tomada de decisão
apoiada.
Tomada de Decisão Apoiada
•CC/02, Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada
é o processo pelo qual a pessoa com deficiência
elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com
as quais mantenha vínculos e que gozem de sua
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de
decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes
os elementos e informações necessários para que
possa exercer sua capacidade.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1783a
(NUCEPE/PC-PI/2018) O Estatuto da Pessoa Com Deficiência (Lei nº
13.146 de 06.06.2015), modificou os artigos 3º e 4º do Código Civil.
Sobre as mudanças ocorridas, é CORRETO afirmar:
a) Nenhuma mudança importante em relação aos quadros psiquiátricos.
b) Os indígenas deixaram de ser citados na nova redação.
c) Os “ébrios habituais e os viciados em tóxicos” deixaram de ser citados
na nova redação.
d) Com a nova redação, não há mais a definição de “absolutamente
incapaz” para o exercício dos atos da vida civil, por diagnósticos
médicos.
e) Na nova redação, se mantém a definição: “São absolutamente
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
18 anos”.
(NUCEPE/PC-PI/Delegado/2018) Fernando, atualmente, com 17
(dezessete) anos de idade, nasceu sem o movimento das pernas.
Quanto a personalidade e capacidade de Fernando, podemos afirmar:
a) que Fernando possui incapacidade absoluta, o que acarreta a
proibição total do exercício dos atos da vida civil, por si só;
b) a personalidade jurídica e capacidade de fato de Fernando tiveram
início no dia que este nasceu com vida;
c) possui incapacidade relativa apenas em razão do critério etário;
d) sendo Fernando uma pessoa moral passou a ter personalidade
jurídica no dia do registro no cartório que confeccionou sua Certidão de
Nascimento;
e) possui incapacidade absoluta em virtude de ser pessoa com
deficiência.
Absolutamente incapazes Representados 
(AR)
Atos Nulos
Relativamente incapazes Assistidos
(RA)
Atos Anuláveis
•Cessação da Incapacidade
•Desaparecer a sua causa;
•Maioridade;
•Emancipação
•Voluntária;
• Judicial; ou
•Legal.
Da Extinção da Personalidade
• Fim da personalidade: morte – art. 6º, CC/02.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte;
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei
autoriza a abertura de sucessão definitiva.
• Morte Real: quando há um corpo
• Morte Presumida: não há um corpo. Ocorre com ou sem a
decretação de ausência.
CC/02, Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida,
sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava
em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida,
nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença
fixar a data provável do falecimento.
•Comoriência
•É a morte simultânea. Na comoriência, ocorre a
morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião e
por força do mesmo evento, sendo elas
reciprocamente herdeiras umas das outras.
CC/02, Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.
Ausência – artigos 22 a 39, CC
•Ocorre quando pessoa natural desaparece de seu
domicílio sem dar notícias ou sem deixar procurador,
ao ponto de ter-se dúvidas acerca de sua existência.
•Deve ser decretada por sentença judicial, por meio de
processo de jurisdição voluntária, nos termos dos
artigos 744 e 745 do CPC.
• 3 fases:
• 1ª fase: Curadoria dos bens do ausente;
• Artigos 22 a 25 do CC
• 2ª fase: Sucessão Provisória
• Artigos 26 a 36 do CC
• 3ª fase: Sucessão definitiva
• Artigos 37 a 39 do CC

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