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Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária Vias metabólicas de carboidratos introdução Glicose → CO2 + H2O Δ=22840Kj/mol Glicose pode ser estocada como polímero de alta densidade: amido e glicogênio Gliconeogênese Sintetiza glicose a partir de precursores de 3 e 4 carbonos que não são carboidratos Principais precursores lactato, piruvato, glicerol, oxaloacetato, propionil-CoA e certos aminoácidos intermediários do ciclo de Krebs (compos- tos que contribuem em número de C para produção de oxaloacetato) citrato, isocitrato, α-cetoglutarato, suc- cinil-CoA, succinil, fumarato e malato glicerol → diidroxicetona-P Onde ocorre principalmente no fígado e em menor ex- tensão no córtex renal e nas células epite- liais que revestem internamente o intes- tino delgado ➢ 7 de 10 reações da glicólise ocorrem na gliconeogênese - 3 delas são irreversíveis Na gliconeogênese essas 3 reações diferen- tes chamam PONTO DE CONTORNO oxidação Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária ✓ 1° ponto de contorno Piruvato-cinase em Piruvato-carboxilase e PEP-carboxicinase - Piruvato-carboxilase: adiciona 1C no pi- ruvato formando oxaloacetato Enzima mitocondrial, piruvato tem que entrar na mitocôndria para ocorrer - PEP-carboxinase: tira 1C, mas adiciona um P na estrutura Presente no citosol e na mitocôndria, de- pende do precursor Se o precursor for piruvato o oxaloace- tato (sem transportador) é convertido em malato para sair da mitocôndria (consome NADH) e no citosol é convertido novamente em oxaloacetato e forma NADH Se o precursor for lactato, ao formar pi- ruvato ele já forma um NADH no citosol, não precisando da transformação do ma- lato para lançar o NADH para o citosol ! sempre que adiciona C ou P em um inter- mediário tem consumo de ATP ✓ 2° ponto de contorno Fosfofrutocinase em Frutose-1,6-bifosfa- tase - Hidrolise e remoção do Pi ✓ 3° ponto de contorno Hexocinase em Glicose-6-fosfatase - Hidrolise e remoção do Pi Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária Consumo Tem muito gasto, porém é essencial Conversão de Ac. graxo em glicose Não pode ocorrer porque o catabolismo de Ac. graxo (gordura) gera acetil-coa, que não pode ser convertido em piruvato pela piruvato-desidrogenase (reação irreversí- vel) Ele também não contribui para número de C para o oxaloacetato, porque tem 2C, po- rém 2C são eliminados na forma de CO2 também O lipídeo fornece apenas a energia para a via, não precursor A quebra de triacilglicerol forma glicerol, que pode ser usada ao ser convertida em diidroxicetona-P ➢ Em ruminantes a fermentação no rú- men converte a maior parte da glicose em ácidos graxos voláteis (proprio- nato), absorvendo pouca glicose Entrada de precursores Propionil-CoA é produzido ao final da β- oxidação de ácidos graxos de cadeia ímpar, gerando succinil-Coa, precursor do ciclo de krebs Por essa via os ruminantes conseguem ad- quirir glicose Via das pentoses-fosfato Em alguns tecidos a glicose-6-fosfato é oxidada em pentoses-fosfato Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária o NADP+ aceptor de elétrons o Células que se dividem muito rápido utilizam ribose-5-fosfato (RNA, DNA, ATP, NADH, FADH2, CoA) o NADPH necessário para manutenção de um sistema antioxidante o NADPH necessário para redução Bio- sintética de algumas vias 2 Fases - Fase oxidativa Reações oxidativas permitem formação de NADPH O fosfato a mais no NADPH marca essa coenzima para que ela não vá para a cadeia respiratória, ela tem 2 funções importan- tes: - Participa de um sistema antioxi- dante baseado na glutationa - Doadora de elétrons em reação de biossíntese redutora - Fase não oxidativa Enzimas: transcetolase e transaldolase Importância do NADPH Proteção da célula contra espécies reativas do O2 a partir de sistemas antioxidantes Importante nos eritrócitos e em tecidos que ocorre a biossíntese de grande quanti- dade de ac. graxos (fígado, tecido adiposo, g. mamárias) ou de colesterol e esteroides. Ao invés de oxidar um componente celular, a glutationa é oxidada e perde seus elé- trons 2GSH → GSSG Para o sistema antioxidante continue ocor- rendo a GSSG precisa ganhar elétrons de novo e volta a sua forma reduzida O NADPH doa elétrons para a forma oxi- dada da glutationa para ela voltar para sua fase reduzida Reações da fase oxidativa Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária Reações da fase não oxidativa Em tecidos que precisam de NADPH, as pentoses-fosfato produzidas na fase oxida- tiva são recicladas em glicose-6-fosfato Ribulose-5-fosfato é primeiro epimerizada a xilulose-5-fosfato Permite conversão de ribose-5-fosfato que tenha sobrado na célula em glicose-6-fos- fato Enzimas: transaldolase (catalisa transfe- rência de blocos de 3C entre açucares) e transcetolase (catalisa transferência de blocos de 2C entre açúcares) Regulação 2 vias para glicose-6-fosfato: glicólise e via das pentoses-fosfato É definida pela [] de NADPH [↓] NADPH: a via das pentoses fica ativa (primeira enzima e subsequentemente as outras) [↑] NADPH: inibe primeira enzima da via e consequentemente todas as enzimas Metabolismo do glicogênio e regulação Glicogênio fica armazenado nas células do fígado e músculo esquelético na forma de grânulos citosólicos (eletrondensos) Grânulos de glicogênio contém também as enzimas que os sintetizam e degradam Glicogenólise Enzimas: glicogênio-fosforilase, enzima desramificadora do glicogênio e fosfoglico- mutase • Glicogênio-fosforilase Pode atuar em todas extremidades da mo- lécula, quebra ligação α1→4 pela reação fosforolise (quebra na presença de fosfato), até ficar 4 resíduos Glicogênio → Glicose-1-fosfato • Enzima desramificadora do glicogê- nio Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária 1° quebra 3 resíduos de glicose e adiciona em um ramo adjacente 2° libera resíduo da ligação α1→6 como gli- cose livre ! vai sofrendo ação da glicogênio-fosfori- lase para remover os resíduos, até que o ramo atinja 3 resíduos • Fosfoglicomutase Glicose-1-fosfato → Glicose-6-fosfato Destinos o Músculo: glicólise (fonte de energia) o Fígado: lançar glicose no sangue quando o nível de glicose sanguínea está baixo No fígado, para glicose-6P ser lançado no sangue ela precisa perder o fosfato, porque não possui transportador Glicose-6-fosfatase, presente na mem- brana do RE, degrada a glicose-6P no lúmen O Pi e a glicose voltam pro citosol e deixa o hepatócito pela transportador GLUT2 Glicogênese A proteína glicogenina atua como iniciador, sobre o qual são montadas novas cadeias Começa com a transferência de um resíduo de glicose da UDP-glicose para um aminoá- cido tirosina da glicogenina Enzimas: glicogênio sintase, enzima de ra- mificação do glicogênio • Glicogênio sintase: catalisa formação da ligação α1→4, doador imediato de glicose é o UDP-glicose • Enzima de ramificação do glicogênio: quebra um ramo de 6 a 7 resíduos de glicose (que antes tinha no mínimo 11) e adiciona a outro ponto, for- mando a ligação α1→6 Regulação coordenada Alvos: glicogênio sintase e glicogênio fosfo- rilase Glicogênio fosforilase é regulada por fosfo- rilação, formando sua forma ativa ou me- nos ativa Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária Fosforilase ativa: quebra glicogênio Glucagon (queda da glicemia): ativa a ci- nase que fosforila a glicogênio fosforilase Adrenalina (músculo): ativa a cinase que fosforila a glicogênio fosforilase Quando o nível retorna ao normal,a glicose entra nos hepatócitos e se liga a um sítio alostérico inibitório na fosforilase a. Via de sinalização para quebra do glicogê- nio Glicogênio sintase é regulada por fosforila- ção Com P: inativa Sem P: ativa GSK3: glicogênio sintase quinase 3 PP1: fosfoproteína fosfatase 1 CKII: caseína quinase II Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária Insulina: anuncia abundância de glicose Inibe GSK3 e glicogênio sintase perma- nece ativa, podendo fazer glicogênio Ativa PP1 que fosforila glicogênio sintase inativa para forma ativa, consumindo a gli- cose que está chegando e produzindo mais glicogênio Cascata de cinases Glucagon e Adrenalina Inibe PP1: glicogênio sintase mantém na forma inativa Regulação da glicólise e da gliconeogênese regulação metabólica e coordenada das vias metabólicas: importante para destinar cor- retamente intermediários metabólicos e produtos e assim manter a homeostase Fatores que afetam a atividade enzimática ❖ Controle do n° de moléculas de enzi- mas Fatores de transcrição, taxa de degradação do mRNA, taxa de degradação proteica ❖ Regulação da atividade da enzima Associação com proteína reguladora: pode inibir ou aumentar a atividade da enzima Regulação alostérica: sítios para modulado- res que pode inibir ou aumentar atividade Modificação covalente: fosforilação, parti- cipação de hormônios Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária Enzimas alostéricas: reguladas por ligações reversíveis e não covalentes (fracas) com moduladores alostéricos (metabólitos pe- quenos ou cofatores) É modulada por modificações covalentes em alguns de seus resíduos aminoácidos Proteínas quinases: liga grupo fosforil em resíduos de aminoácidos específicos Proteínas fosfatases: remove o grupo fos- foril *dependente da ação de hormônios* Regulação hormonal ❖ Glucagon ❖ Insulina ❖ Epinefrina Glucagon Liberado em resposta a baixa glicose san- guínea Não exerce ação no músculo (não tem fun- ção de repor glicemia no sangue) Permite que o fígado exporte glicose - Estímulo da degradação do glicogênio - Inibe a glicólise nos hepatócitos - Promove a gliconeogênese nos hepatóci- tos Insulina Liberada em altas concentrações de glicose - Estimula a captação da glicose pelos músculos e tecido adiposo - Estimula a formação de glicogênio no fí- gado e no músculo - Inibe a degradação de glicogênio no fí- gado e no músculo Epinefrina / Adrenalina Produzida em resposta a situações de es- tresse, fuga ou luta No músculo estimula a glicólise para au- mento da produção de ATP - Estimulo a degradação do glicogênio (músculo e fígado) - Inibe a síntese do glicogênio - Promove a gliconeogênese nos hepatóci- tos e inibe a glicólise hepática Produção de insulina Pâncreas, células β, pelo ↑ da [] de glicose Canais de K+: controlados por ATP Canais de Ca²+: controlado por voltagem Glicose entra na célula β pelo transporta- dor GLUT2 e é metabolizada (glicocinase) → ↑[] ATP → fechamento de canal de K+ Íon positivo de K+ era importante para o potencial transmembrana Com canal fechado o íon não sai e altera o potencial → despolarização → canal de Ca+² se abre → ↑[] Ca+² → promove estímulo da exocitose de grânulos contendo insulina Depois de liberada ela sinaliza um tecido Interage com receptor tirosina quinase → receptor se auto fosforila, podendo fosfori- lar outras moléculas → forsforila o IRS-1 (substrato 1 do receptor de insulina) Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária IRS-1 fosforilada ativa uma cascata de qui- nases → fosforilação de PKB (final da cas- cata) fosforila GSK3 que fica inativa → GSK3 não fosforila glicogênio sintase (con- segue converter glicose em glicogênio) PKB ativa também promove movimentação do GLUT 4, que sai de vesículas e vai para membrana da célula de tecidos dependen- tes de glicose (captação de glicose) Tipos de transporte de glicose (GLUT) GLUT 4 - Músculo e tecido adiposo - Fica armazenado em vesículas, só vai para membrana com sinalização celular da insulina - Transportador dependente de insulina GLUT 2 - Sempre está na membrana, indepen- dente de insulina (constitutivos de mem- brana) - Fígado, Pâncreas e Rim Sinalização do Glucagon e Epinefrina São dependentes da ativação de PKA de- pendente de cAMP Se ligam ao receptor específico → ativam proteína G que desliza uma de suas subuni- dades pela membrana → ativa proteína efe- tora (adenilato ciclase) AC converte ATP em cAMP → cAMP ativa PKA Enzimas envolvidas na regulação Os dois processos não podem ocorrer ao mesmo tempo Regulação das enzimas da glicólise Hexoquinase Fosforilação glicose do C6 → glicose-6P Deixa a glicose marcada com o P Possui isoenzimas (proteínas diferentes que catalisam a mesma coisa, podendo variar o Km) - Hexocinase I, II, III: isoenzimas predomi- nantes no músculo - Hexocinase IV: isoenzima predominante no fígado (glicoquinase), é diferente das de- mais A do fígado e a do músculo possuem 3 diferenças: Km: [] de substrato necessária para que a enzima atinja 50% da sua Vmáx (enzimas 50% saturadas ligadas ao substrato) Hexocinase I tem alta afinidade por seu substrato: em poucas quantidades já atinge sua Vmáx Hexocinase IV precisa de uma alta quanti- dade de glicose para atingir sua Vmáx, por- tanto tem baixa afinidade pelo seu subs- trato Tem baixa afinidade porque no fígado precisa de uma alta quantidade de glicose para que ela fosforile e seja estocada, dife- rente do músculo que toda glicose que chega é fosforilada Hexoquinases do músculo são inibidas pelo seu produto (glicose-6P): se ela é produzida Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária e não começa mais ser estocada como gli- cogênio ela começa sobrar e inibir a hexo- quinase muscular (inibição alostérica), saindo do músculo depois Hexoquinase IV não é inibida pelo seu pro- duto: ela atua principalmente quando a gli- cemia está elevada, portanto precisa fosfo- rilá-las, garantindo a homeostasia Hexoquinase IV é sequestrada por proteína reguladora e levada ao núcleo, impedida de encontrar seu substrato e assim atuar Quando há muita glicose a enzima per- manece no citosol, quando a concentração cai a hexoquinase IV é estimulada entrar no núcleo e ser sequestrada pela proteína PFK-1 ↑ATP indica não necessidade energética, inibindo a enzima AMP e ADP é produzido quando o animal está em atividade, necessitando de ATP as- sim estimulam a enzima Citrato indica falta de demanda por ener- gia, redução do ciclo de Krebs por já ter muita energia, inibindo a enzima Frutose-2,6-bifosfato ativa a enzima Piruvato quinase Frutose-1,6-bifosfato estimula a enzima para que a via glicolítica termine ATP, acetil-Coa indicam redução da de- manda energética, inibe as isoenzimas da piruvato quinase Ác. Graxos de cadeia longa indica que exis- tem combustíveis alternativos, inibe as isoenzimas da piruvato quinase Alanina é um inibidor da via, indica que está ocorrendo proteólise muscular (redu- ção da glicemia) e busca por outros com- bustíveis Só no fígado: glucagon ativa PKA que fosfo- rila piruvato quinase, inibindo a piruvato quinase e pausando via glicolítica no fígado Isso porque glucagon estimula a via gli- coneogenese, que não pode ocorrer junto com glicólise Isoenzima hepática ativa piruvato quinase em resposta a insulina No músculo não ocorre isso porque a isoen- zima não está sujeita a regulação por fos- forilação Regulação das enzimas da gliconeogênese Piruvato carboxilase Substrato: piruvato 2 vias: virar oxaloacetato ou Acetil-Coa 2 enzimas: piruvato-carboxilasee com- plexo piruvato-desidrogenase Acetil-Coa determina ação das enzimas ↑[] (por combustíveis alternativos): inibe complexo piruvato-desidrogenase e ativa piruvato carboxilase Acetil representa que ácidos graxos estão sendo usados para produção de energia, Modulo 2 Gabriele Kinchin - Medicina Veterinária portanto o piruvato não deveria ser usado para produção de energia, e sim para pro- dução de glicose (gliconeogênese) Frutose-1,6-bifosfatase AMP no fígado sinaliza a baixa ↓[] ATP no tecido, e a gliconeogênese exige grande de- manda de ATP para ocorrer, por isso ela inibe a via Frutose-1,6-bifosfato é modulador alosté- rico, não intermediário de via metabólica Quando ↑[] ativa PFK-1 e inibe FBPase-1 Frutose-2,6,bifosfato é produzida por uma enzima bifuncional: quinase e fosfatase Atividade de quinase: aumenta [] do mo- dulador Atividade da fosfatase 2: diminui [] do modulador A enzima bifuncional é regulada por fosfo- rilação Desfosforilada: atividade de quinase, que aumenta [] do modulador (função de PFK-2) Fosforilada: atividade de fosfatase, de- grada modulador (função de FBPase-2) Glucagon (por sinalização) aumenta cAMP que ativa PKA que fosforila enzima bifunci- onal Inibe atividade de PFK-2 e aumenta atividade de FBPase-2 Sendo assim o glucagon reduz a [] de frutose-2,6-bifosfato, inibindo a glicólise e estimulando a gliconeogênese Insulina (por sinalização) ativa fosfatase que remove fosfato da enzima bifuncional → aumento do modulador (frutose-2,6-bi- fosfato), estimulando a glicólise e inibindo a gliconeogênese
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