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DESTRUIÇÃO DE PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS

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DESTRUIÇÃO DE PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS
A discussão em torno da derrubada ou depredação de estátuas no Brasil e no mundo passa, antes, pela própria conceituação de patrimônio histórico e cultural. Nesse sentido, vamos a algumas considerações conceituais: 
Tradicionalmente a ideia de patrimônio histórico se situa sobre a herança constituída por um complexo de bens históricos. Há, porém, a relação de transição entre a ideia de patrimônio histórico para uma mais ampla, a de patrimônio cultural.
 - De acordo com o Dicionário de Conceitos Históricos, podemos definir Patrimônio Cultural como “o complexo de monumentos, conjuntos arquitetônicos, sítios históricos e parques nacionais de determinado país ou região que possui valor histórico e artístico e compõem um determinado entorno ambiental de valor patrimonial”.
 - A Convenção sobre Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, de 1972, realizada pela ONU, detalhou o patrimônio cultural como monumentos, assim como “elementos estruturais de caráter arqueológico que tenham valor universal do ponto de vista da História”.
Podemos classificar em quatro, as categorias de bens patrimoniais:
 1. Os Bens Naturais;
 2. Os Bens Materiais;
 3. Os Bens Intelectuais (conhecimento humano);
 4. Os Bens Emocionais (Manifestações de folclore, religião ou arte).
 Nossa ideia de patrimônio histórico ainda se encontra bastante ligada à ideia de monumento. Porém a própria definição de monumento ou do que é ou não é patrimônio é bastante seletiva, bastante parcial. De modo geral “escolhemos somente os pontos do passado que queremos lembrar”.
 Nesse sentido, portanto, não podemos perder do horizonte, ao discutir a depredação recente de monumentos que, tais, possivelmente digam muito mais a respeito das razões e das pessoas que resolveram construí-lo do que, no mais das vezes, o personagem ou fato histórico que buscam lembrar.
 Jacques Le Goff define monumento como “tudo o que pode evocar o passado e recordar, até mesmo o escrito”. Para o historiador francês, a diferença entre monumento e documento se encontra que o primeiro é “voluntariamente selecionado pela sociedade para lembrar o passado que ela escolheu lembrar”.
 No que se refere ao ataque a monumentos que homenageiam personagens controversos da história do país, ou do mundo, precisamos ter em mente a presente idealização do passado e, não raro, o apagamento proposital de fatos que deporiam contra as “idades de ouro” tão caras, por exemplo, ao turismo e aos “contadores de causos”. A História, afinal, não é o que queremos que ela seja, mas, antes, o conjunto de fatos analisados criticamente e que, de inquestionavelmente ocorreram.
 Peter Burke já definia, sobre o ofício do historiador que a função deste é, em última instância, “lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer”. Assim, podemos destacar que os movimentos recentes contra estátuas como a do bandeirante Borba Gato ou do Monumento às Bandeiras, ambas em São Paulo, assim como outros monumentos no Brasil e no mundo, são uma forma, ainda que radical, de contestar os discursos idealizados que legitimaram a construção e presença de tais monumentos. 
Mas afinal, destruir ou não destruir? Essa é aquela pergunta de 64 milhões de dólares, entretanto, com vistas aos recentes movimentos, muitos historiadores e pesquisadores da área do patrimônio sugerem uma abordagem diferente, ou seja, de que tais monumentos constituam o acervo de museus como peça pedagógica.
 É bom lembrar que um museu não é apenas uma coleção de artefatos. Ele possui, antes, um papel pedagógico, de ensino e, portanto, talvez seja um bom caminho ter esses monumentos polêmicos dentro de tais instituições, sempre bem explicados e fundamentados, afinal, muito mais danoso, muitas vezes, do que não ter tido contato com a História, é tê-la estudado sem o devido critério, sem a qualidade necessária a um conhecimento tão relevante na construção de nossa identidade individual e coletiva.
REFERÊNCIAS DE PESQUISA
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/antropologia/patrimonio-historico
https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2020/09/22/depreciacao-do-patrimonio-publico-e-ate-de-nossa-cultura-diz-neta-de-ariano-suassuna-sobre-escultura-depredada-no-recife.ghtml

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