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Filosofia do Direito - FIlosofos

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Prova 3 Filosofia do Direito 
❤ Jurgen Habermas 
Possui 2 momentos: 
- Formação Marxista 
- 1960: “virada linguistica”, aproxima-se de correntes pragmáticas e liberais. Reformismo 
passa a ser seu horizonte politico e jurídico. 
O conhecimento: 
- Tem como proposta a Teoria do Agir Comunicativo (cuida dos problemas sociais e 
humanos a partir da matriz da comunicação): a razão deixa de ser solitária e passa a 
ser uma relação intersubjetiva e dialógica. 
- A razão não é eterna (ela não é a verdade absoluta); ela se situa na realidade histórica, 
social; é aprecedente. 
- A razão é um produto social, cultural, histórico, variável 
- A razão é possível na medida do consenso das interações sociais (linguagem/interação 
entre os indivíduos → produz consensos → estabilidade dos consensos = razão) 
- Os consenso se forma nos espaços públicos/mundo da vida dai a relação entre a 
democracia e o direito. 
- A organização do pensamento é decorrência de um processo de troca de 
experiências comunicativas: a razão/verdade se constrói enquanto processo 
comunicacional, enquanto consenso 
Habermas e Marx: 
↘ a teoria do agir comunicativo de Habermas apreende o homem na sociedade, no 
mundo da vida, a partir de sua capacidade de produção de linguagem, de interação 
comunicativa através da linguagem; a linguagem serve de mediadora (indivíduo/mundo 
da vida), codificando os valores, ideias, experiências, consensos... 
↘ o materialismo histórico de Marx apreende o homem na sociedade enquanto produtor, 
a partir do entendimento das relações de produção, tendo em conta as classes e o 
trabalho 
Faz uma critica ao capitalismo 
O Direito: 
- seu projeto político/jurídico (sua filosofia) não é revolucionário, nem conservador 
(ultrapassa a visão positivista), é reformista: toma o direito como ferramenta de uma 
ação superior de democratização ética 
↘ enlace entre o jurídico e o ético: não porque o direito em si mesmo seja ético, mas 
pela complementaridade entre os dois campos: o direito permite a ética na medida em 
que sua construção e utilização se dão por meio de um espaço de interação 
comunicacional entre os sujeitos sociais que demanda um agir democrático e uma 
amarração constitucional de garantias 
- Dto: é o espaço que diminui atritos e gera, processual e democraticamente, consensos. 
- A interação/ consenso ocorre entre sujeitos sociais. 
- Não é o resultado em si que define a relação com a ética: os sujeitos devem atuar 
segundo procedimentos previamente estabelecidos e com a garantia da imparcialidade/ 
to a participação. 
- Não é o resultado das deliberações, a identificação com conteúdos morais, que legitima 
o direito, mas o fato de que podemos pressupor a racionalidade do resultado das 
deliberações porque: foi conforme a um procedimento (garantidor da participação e do 
consenso); e porque houve a imparcialidade do procedimento discursivo 
- Ou seja: o direito é legitimado pelo procedimento: 
↘︎ a proposta de Habermas tem a ver com o modo pelo quais se fazem as normas = é o 
procedimento garantidor da participação e do consenso que estabelece a eticidade do agir 
comunicativo, que é condição para a formação legítima da vontade jurídico-política. 
↘︎ tal procedimento está relacionado com o princípio democrático: os atores/participantes 
interessados devem atuar segundo pautas e procedimentos previamente constituídos para a 
garantia do exercício do direito à voz e participação 
↘︎ a esfera pública política é o centro produtor do direito (não o Estado), e precisa ser dotada de 
certos pressupostos para superar a lógica do individualismo liberal burgues: uma base cultural 
mínima que consinta o compartilhamento de visões do mundo; uma base democrática (liberdade e 
igualdade de expressão); base mínima de desenvolvimento moral e liberdade de crítica as regras do 
jogo.... 
↘︎ a esfera publica pode estar presente sempre que identificável alguém, uma organização, um 
grupo social, instituição social, etc., que expresse um ideal comum, um encontro comunicativo, que 
sirva de mediador entre a sociedade e o direito; ou seja, a interação comunicativa não fica apenas 
ao nível do legislativo e judiciário. 
Sua proposta: modo como se fazem as normas 
2 pontos: - mundo da vida (aqui se formam os consensos) 
 - sistema (governo/ mídia) 
Com base em sua teoria, Habermas vislumbra a possibilidade de uma mudança na 
estrutura da sociedade, a partir do direito (o direito como instrumento de solidificação 
racional do convívio humano em sociedade) 
↘︎ o nível de reprodução capitalista não está lastreado em consensos (o 
individualismo exacerbado/a renúncia a consensos mínimos é representada 
economicamente pelo neoliberalismo e gera a fragmentação social); 
↘︎ mas a racionalidade se apresenta como abertura do consenso e não como 
verdade imposta (o que afasta, também, as ditaduras) 
❤ Ronald Dworkin 
Elabora sua proposta em debate com o juspositivismo/analítica e o realismo. Não trabalha 
com o direito positivo como mera técnica normativa; há um enlace entre o jurídico e o 
ético- moral. 
↘ constrói uma teoria do direito como integridade com forte herança hermenêutica 
(Gadamer) = um modelo que vê uma missão ética a ser cumprida pelos operadores 
do direito (o que para ele é uma realidade), na tentativa de legitimar o ordenamento 
jurídico como justo e moralmente adequado. 
Enlace com a ética: Vê uma missão ética a ser cumprida pelos interpretes do dto. 
- O direito é a atitude interpretativa de uma comunidade que realiza a justiça em seu seio 
Sua proposta é a Teoriado Dto como Integridade 
- o dto é uma pratica interpretativa, fundada em um consenso geral quanto a 
finalidade do dto. 
↘ consenso/finalidade: 
• Dworkin parte do funcionamento da prática jurídica norte-americana (da melhor 
prática): 

- os advogados, juízes, juristas..., quando em questão os casos difíceis (hard 
cases), não decidem de maneira livre, criando direito novo, mas decidem de 
modo vinculado ao direito existente (ANALOGIA), se vislumbrado o direito como 
um conjunto coerente de princípios que visam garantir o igual respeito, 
consideração por todos 

* princípios: exprimem os valores políticos e morais predominantes em uma 
sociedade; 

- o direito apresenta um propósito, uma finalidade: é um projeto coletivo comum, 
no sentido de que pessoas livres e iguais podem se dar normas para regular 
suas vidas em comunidade; a prática é (deve ser) direcionada para cumprir esse 
propósito da melhor forma possível 
• o direito como integridade significa, por meio da interpretação, ver a moralidade 
interna do direito, um projeto político realizado (realizado porque para ele é o 
direito como integridade é a descrição do que é a melhor prática jurídica). É na 
Constituição Americana (1787) que a crença na integridade do direito se 
encontra 
• a integridade envolve: integridade política (elaboração de leis coerentes com os 
princípios da comunidade); e integridade na jurisdição (os juízes devem 
manter um coerência entre as decisões do presente/passado, a partir dos 
princípios da liberdade/igualdade, como se eles prosseguissem uma obra 
coletiva) 
↘ Interpretação: prática interpretativa 
• parte da existência de uma Constituição redigida em uma linguagem abstrata, 
para ser atualizada em cada momento histórico específico 
• a interpretação deve ser vista como uma obra coletiva (estória escrita por atores 
sociais e jurídicos), um romance em cadeia, em que cada geração assume o que 
foi feito para melhorar o trabalho:

- todos os operadores do direito estão envolvidos na pratica interpretativa e 
devem torna-la o melhor que pode ser; a interpretação é constitutiva e não 
criativa (deve justificar a interpretação dentro dos limites permitidos pela obra); a 
interpretação se dá dentro de uma história de interpretação passada que deve 
ser respeitada 

- o sentido atual do texto deve ser contextualizado a partir da história, 
propiciando uma fusão de horizontes de sentidoentre o texto originário e a 
interpretação atual 

• Dworkin indica as duas regras pelas quais se exerce a pratica interpretativa do 
direito:

- conveniência: o juiz deve fazer a lista de todas as soluções jurídicas (que 
garantem a coerência e unidade do direito) que se lhe parecem impor;

- valor: o juiz deve escolher, tendo a lista de interpretações possíveis, aquela que 
for conforme à moral política, mesmo que se escolha uma interpretação fundada 
em um princípio ainda não explicitamente reconhecido (de qualquer forma, não 
pode criar direito) 

- moral política: que para ele é o que resulta quando se equilibra a ideia da 
justiça com a do bem: tratamento igual e uma atenção igual para cada um = a 
satisfação do bem particular de cada um (privado) não pode ser conquistada 
sem que alguns elementos de justiça (publico) intervenham para o 
consentimento da realização desse bem particular 

• existe sempre uma única decisão correta no direito, no sentido de mais 
adequada, mais justa para regular as pretensões das partes. Ela só pode ser 
encontrada se: o juiz mergulhar no contexto dos fatos, nos argumentos das 
partes; e o juiz possuir o conhecimento de todo o direito (atual e sua história 
institucional). Como são características sobre-humanas, é denominado de 
Hércules (há uma idealização de juiz: um modelo da melhor prática) 
- é uma proposta alinhada à hermenêutica (filosófica/ linguagem: as coisas só existem 
pra nós por meio da linguagem intersubjetivamente compartilhada). 
Direitos 
↘︎ o dto é um projeto coletivo comum (o consenso geral do que é o direito é 
quando a comunidade/ operadores do dto reconhecem princípios comuns 
norteadores das praticas jurídicas; emergem lentamente). 
↘︎ a integridade política e jurídica é alcançada por meio da interpretação (ver a 
moralidade interna do dto). 
❤ John Rawls 
Critica o utilitarismo e o perfeccionismo 
Não trabalha com o direito positivo como mera técnica normativa; há um enlace entre o 
jurídico e o ético. 
Proposta: teoria da justiça como equidade 
↘︎ modelo que se explica como se realiza a justiça nas estruturas básicas da 
sociedade, a partir da posição original das partes no momento do contrato social. 
- A teoria da justiça: 
• Justiça das estruturas/instituições: 

- a justiça é refletida a partir do que é de interesse comum a todas as partes (e 
não a partir da esfera ética de cada indivíduo, enquanto pratica de virtude); ou 
seja, a partir das instituições sociais (a justiça das instituições é que beneficia ou 
prejudica a comunidade que a elas se encontra vinculada 

- questiona: como a justiça se encontra traduzida nas estruturas institucionais da 
sociedade; ou seja, como os direitos/deveres são distribuídos na sociedade? 
Envolve, portanto, a justiça social 

↘︎ Estrutura básica da sociedade: como ela distribuiu dtos, deveres, fortuna, 
oportunidades. 
• Contratualismo:

- resgata a idéia dos filósofos contratualistas ( a noção processual do pacto 
social)

- o homem é intrinsicamente egoísta, auto-interessado. Mas pode superar suas 
condições ao se associar com outros para estabelecer princípios da vida em 
comum, diretores da sociedade (momento hipotético)

- momento hipotético: momento de todo o agir social; quando se dá a escolha da 
estrutura fundamental da sociedade, seus alicerces 

↘︎ Contrato: resgata ideias; o homem é egoísta, ou seja pode mudar sua 
condição levando-o à associar para estabelecer os princípios que orientarão a 
sociedade (é hipotético). 
• Equidade (ou igualdade inicial)

- não se relaciona com a equidade aristotélica (quanto parâmetro, corretivo da lei)

- igualdade inicial: os homens se encontram em uma igualdade original no 
momento do pacto para optar entre os princípios = uma posição inicial situada 
sob o “véu da ignorância” = cada pessoa nada sabe sobre si próprio ou sobre sua 
sociedade (para impedir que as pessoas desenvolvam princípios que lhes trariam 
vantagens

- em resultado: os princípios escolhidos são aqueles que qualquer pessoa teria 
voluntariamente concordado 

↘︎ Equidade: igualdade inicial das partes, parte da idéia do "véu da ignorância” 
↳ Quais os princípios diretores escolhidos no pacto inicial?

1) princípio da igualdade (ou garantia da liberdade) = garante as liberdades básicas 
(expressão, associação, culto, política, propriedade...). Devem ser iguais para 
todos.

* as liberdades são consideradas firmes: uma perda de liberdade não pode ser 
considerada justa, ainda que para o bem coletivo (defensor do liberalismo)

⤿ Liberdade Igual: (expressão, política, culto…). São considerados “firmes”. 


2) princípio da diferença (da distribuição igual para todos) = regula a aplicação do 
primeiro princípio, corrigindo desigualdades. Identifica as desigualdades naturais e 
tenta corrigi-las para suprir as diferenças que impedem o exercício de iguais 
direitos

- todos devem se beneficiar dos bens primários básicos (educação, alimentação, 
saúde) 

- mas, trata-se de mexer na distribuição até o ponto em que se pode fazê-lo sem 
afetar a renda da sociedade como um todo (“principio maximim”) = tenta equilibrar 
a necessidade de crescimento da riqueza com o respeito aos menos favorecidos 
na sociedade.

⤿ Diferença: (distribuição igual para todos). Considera as aptidões naturais, sorte, 
etc. Como bem comum; os bens são os primários/básicos; o limite é o ponto em 
que será afetada a renda da sociedade. 
↳ o que motiva a nossa escolha? 

- quanto ao princípio da igualdade: desconhecendo a nossa situação real temos a 
maior oportunidade de perseguir quaisquer ideais

- quanto ao princípio da igualdade: não sabendo onde nos encontramos na 
distribuição dos bens sociais, preferimos a opção “menos pior” (porque podemos 
estar no nível mais baixo da sociedade) 
↳ os princípios devem ser constantemente realizados, reiterados (o pacto não se 
faz de uma só vez):

- pelos poderes: na elaboração da Constituição, nos processos legislativos, nas 
políticas de bem estar, na execução das leis, nos julgados.... 

- se bem aplicados/equilibrados: legitimam as decisões do poder; produzem a 
estabilidade das instituições (a aceitação, o cumprimento das leis, porque as leis 
representam o que as instituições representam em termos de justiça)

- e se o Estado se afasta dos princípios? Admite a imperfeição das instituições; 
portanto, basta uma observância geral (não incentiva a desobediência civil) 
Como se dá as escolhas: 1º autonomia; 2º ação "menos pior” 
Os princípios devem ser constantemente realizados 
❤ Michel Sandel 
Critica o utilitarismo e ao liberalismo; não aceita o rótulo de comunista; é preciso fazer um 
juízo de valor acerca da finalidades promovidas pelo direto. 
Proposta: sua proposta sobre uma sociedade justa traz a discussão o cultivo da vontade e 
a avaliação dos direitos a partir de uma ideia de bem/vida boa. 
a) Cultivo da virtude: uma sociedade justa requer cidadãos virtuosos; a virtude requer 
sabedoria pratica; o homem é perfectível; é preciso desenvolver o sentimento de 
comunidade (desempenham essa função: escola, exercito etc). 
- a desigualdade social enfraquece a solidariedade = não se trata apenas de distribuir 
riquezas; é preciso valorizar as coisas certas. 
b) O bem vem antes do justo: a justiça é teleológica e honórica: o reconhecimento 
depende da capacidade de demonstrar que ele honra/promove um bem. 
- não pretende ser axiologicamente neutro = a estrutura da sociedade não pode ser… 
- para os liberais e Rawls: podemos separar o “eu” público (neutro) do “eu” privado 
(relacionado as concepções religiosas, morais) ➡ gera tolerância. 
para Sandel: será? o vazio moral abre caminho para os moralismos intolerante. Aposta na 
discussão (dialogo ➡ verdadeira tolerância). 
 ❤ Carl Schmitt 
Parte de uma visão existencial do direito = o direito se manifesta como uma expressão do 
poder (de uma decisão); o direito se funda em uma decisão. 
Critica: normativismo de Kelsen; concepção liberal do Estado do direito (por defenderem o 
primadoda norma); concepção social do Estado: todos negam a verdadeira função 
política do Estado. 
↘︎ sua teoria emerge das críticas que produz ao normativismo de Kelsen e a 
concepção liberal do Estado de Direito = reata a conexão entre o jurídico ao 
político (para ele, há o primado do político sobre o jurídico) 
* Sentido politico: unidade política do povo, amigo/inimigo. 
Proposta: constrói uma teoria do decisionismo 
↘︎ O que é o estado de exceção? Precisa de permissivo constitucional? 
* Constituição de Weimar/ Alemã 
Teoria do decisionismo 
- Toda ordem jurídica se fundamenta em uma decisão = no topo da ordem jurídica não 
está a norma fundamental como quer Kelsen; porque uma ordem jurídica não pode 
efetuar-se a ela própria. No topo está a decisão do soberano; é ele que funda a ordem 
jurídica. Não há norma sem a intervenção de uma autoridade que decide; a decisão 
soberana é o começo o fundamento do direto. 
↘︎ O direito se funda em uma decisão e requer uma decisão para ser aplicado. 
* A origem do pensamento decisionista está nos teóricos da soberania, sobretudo Hobbes 
(“é a autoridade, e não a verdade, que faz a lei”). O soberano de Hobbes só terá de 
respeitar os preceitos percebidos pela razão derivados de sua vontade; o sentido da 
decisão é a garantia da segurança/ordem jurídica 
↘︎ Origem do pensamento: Hobbes (é a autoridade que faz a lei); o soberano põe 
termo a guerra; é quem decide sobre o estado de exceção. 
↘ o poder soberano é aquele que decide sobre a manutenção ou instauração da ordem, 
que segue a regra ou a rompe: ou seja, é aquele que decide sobre o “estado de 
exceção” 
⤿ Quem pode excepcionar a ordem jurídica, também pode viola-la 
• o estado de exceção, enquanto possibilidade de suspensão da ordem jurídica, 
revela o fundamento último do direito (que pode excepcionar é também quem 
pode validar....) 
• o estado de exceção se dá quando se faz necessário instaurar uma ordem 
concreta (e não uma ordem universal, ideal, como o positivismo apregoa) para 
regular o caos/retornar ao estado de normalidade; saber quem decide para 
produzir (novo) direito é uma questão que para o filósofo se relaciona com a 
soberania 
• no estado de exceção, o soberano dirá em que parte/todo a Constituição será 
suspensa 
• para ele essa decisão não precisa de permissivo legal. A Constituição pode até 
prever .a competência do governante durante o período de exceção, mas não 
pode determinar com precisão os limites do estado de exceção; há uma margem 
de liberdade para qualificar os fatos constitutivos e, portanto, uma margem de 
liberdade de ação (daí porque a componente decisionista permanece neste caso 
intacta) 
• o estado de exceção possibilita a figura de um soberano ditador que venha 
restaurar a ordem publica com uma função determinada/provisória (um ponto que 
teria marcado a proximidade do filósofo com o nazismo) 
↘ quem exerce a soberania? 
• a soberania se vincula ao Estado; o povo, em um estado democrático é o seu 
titular; mas quem é o representante da soberania dentro do Estado é o Governo/
Presidente (se vale da organização da Igreja para explicar a representação) 
↘ o soberano x constituição x direito 
• a soberania não é um atributo que se concretiza na Constituição; a soberania é o 
poder que põe a Constituição (a nação é preexistente à Constituição). Assim, a 
soberania não tem sua legitimidade dentro do direito; o Estado/poder é maior que 
o direito (porque o institui e pode alterá-lo). 
⤿ O poder do soberano põe a constituição 
⤿ O Estado é maior que o direito 
• quem possui legitimidade para guardar a Constituição é o presidente do Reich 
(não um Tribunal Constitucional/Judiciário, porque isso abalaria o equilíbrio dos 
poderes, seria uma afronta à soberania estatal). 
⤿ O soberano é o guardião da constituição (porque a constituição é uma decisão 
de política). 
• a Constituição não é um conjunto de normas de hierarquia superior = é uma 
decisão política que orienta o Estado, o direito, a vida social por um caminho (um 
ponto que teria marcado sua ligação com o nazismo = para ela a Constituição de 
Weimar era fraca, não tinha um caminho definido; uma nova ordem representaria 
o rompimento desta fraqueza política; ou seja, teria influenciado na escolha de 
uma saída autoritária 
Conclusões: 
↘ é uma ilusão pensar que se pode controlar o direito a partir das categorias 
normativas universais (normas/ concepção juspositivista); existe sempre a possibilidade 
de arbítrio escondida por detrás de uma pretensa legalidade 
↘ possibilidade de sua utilização de modo crítico: proposta de saída dos domínios da 
legalidade para a afirmação de um vinculo social praticamente existencial (é preciso 
sair deste domínio sem compreender o direito). 
❤ Michel Foucault 
Aborda o direito entre outros temas (loucura, sexualidade, medicina...); não há unidade a 
respeito da compreensão do direito (há várias imagens) 
Principal imagem/conceito de direito: direito como veículo de normalização; direito como 
vetor do poder (o direito aparece como mecanismo de disciplina e de segurança/
biopoder). 
Analise histórica do sujeito: critica ao sujeito do conhecimento. Analise: eixos = verdade/
saber; poder; do sujeito. 
Fases de seu estudo: 
• arqueologia do saber: constituição histórica dos saberes em discursos qualificados 
como verdadeiros e a desqualificação de outros 
• genealogia do poder: vinculação do discurso com as práticas sociais; o discurso 
com os regimes de poder 
Como se conhece: 
- segue as ideias de Nietzsche: nele há um discurso em que se faz a análise histórica da 
própria formação do sujeito, do nascimento de um certo tipo de saber (sem admitir a 
preexistência de um sujeito do conhecimento) 
- o conhecimento foi inventado; ou seja, não tem origem, não está inscrito na natureza 
humana = ele é o resultado do afrontamento, da junção, da luta... entre os instintos (= 
tudo o que faz, tudo o que trama o homem); é o resultado do confronto entre os 
instintos 
↘︎ Quanto ao conhecimento: foi inventado, resultado do confronto/luta entre 
instintos. Não recorre a história das ciências para compreender; recorre as praticas 
sociais. 
- na raiz do conhecimento estão os instintos/impulsos que nos colocam em relação de 
ódio, hostilidade, de luta, com o objeto a ser conhecido; não há uma adequação ao objeto, 
mas uma relação de dominação e distância; uma batalha = daí porque para conhecermos 
realmente algo devemos nos aproximar dos políticos, compreender as relações de luta e 
de poder = daí uma história política do conhecimento, dos fatos do conhecimento e do 
sujeito do conhecimento = compreender os domínios de saber que se formaram a partir 
de relações de força e de relações políticas na sociedade. 
* relação com certas concepções do marxismo? Para Foucault as condições políticas e 
econômicas não são um véu ou obstáculo para o sujeito do conhecimento, mas aquilo 
através do que se formam os sujeitos de conhecimento e, de consequência, as relações 
de verdade 
Quanto ao direito: 
- o direito e o poder: 
↘︎ O direito como o conhecemos, é inventado; resulta das relações de força/
confronto. O “poder" se exerce: não está centralizado no Estado; se sustenta pelos 
saberes; não é repressivo apenas; é produtivo. 
- ao longo da história certos saberes foram sendo formados e utilizados como forma 
de exercício de poder (também assim o saber do direito), como modo de 
autenticação da verdade e transmissão do saber. 
• como o inquérito (com origem na Grécia Clássica e desenvolvimento na Idade 
Média); é uma prática social que reorganiza as práticas jurídicas da Idade 
Média e se difunde em muitos domínios (medicina, botânica...); também é forma 
de poder utilizada pela monarquia 
• como o exame, a vigilância (fins da Idade Moderna, início da Idade 
Contemporânea); são práticas sociais que reorganizam as práticas jurídicas 
(direito penal/prisões) e se difunde em muitos setores (fábricas, escolas, 
hospitais ) e dão lugar a novos domíniosdo saber (psiquiatria, psicologia, 
sociologia); são utilizados pelo poder central... pela classe indústria, pelos 
proprietários, pelo Estado.... (sujeitos do poder do modo de produção 
capitalista) 
↘︎ A partir das praticas jurídicas (por exemplo prisões) é que são reveladas as 
estratégias do poder e os discursos/ saberes atrelados. 
- para Foucault, na teoria, Bentham previu e apresentou na forma de 
esquema/modelo = o Panopticon = espécie de instituição que deve valer para 
escolas, hospitais, prisões, fábricas, hospícios.... 
✓o Panopticon é um tipo de poder que repousa não mais sobre o inquérito, 
mas sobre o exame; a vigilância = alguém que se deve vigiar 
✓ao se vigiar alguém se exerce sobre ele um poder e, ao mesmo tempo, 
aquele que vigia tem a possibilidade de constituir sobre aquele que é 
vigiado um saber. Esse saber é distinto (não mais tem a ver com 
determinar se algo se passou ou não), porque tem por característica 
determinar se um indivíduo se conduz ou não como deve = se ordena em 
torno da norma (o que é normal ou não; correto ou não…) 
↘︎ Dto: prisão: possibilita a vigilância; exame do corpo, controle… história de 
sucesso/ fracasso. 
✓vai dar lugar a novas ciências (outras para além daquelas grandes ciências 
de observação relacionadas com o inquérito): as ciências humanas = 
psiquiatria, psicóloga, sociologia… 
- Ideia de norma/normalização: 
 A partir de textos que cuidam da medicina e psiquiatria (“o poder psiquiátrico”; “os 
anormais”), surgem as noções de “norma” e “normalização” que serão utilizadas por 
Foucault, quando fala da sociedade disciplinar e do direito como veículo de normalização: 
• a norma não remete à ideia de uma regra que restringe; não remete à noção de 
repressão, exclusão; normalizar não significa impor limites a determinadas 
condutas; 
• a norma é vista como um veículo do poder, um mecanismo produtivo do poder; 
normalizar significa agenciar a produção de condutas esperadas; 
• a medicina e psiquiatria são vistas como instâncias maiores de difusão de normas 
para outras esferas de vida do indivíduo. 
- A “sociedade disciplinar” : 
↘︎ nos fins do séc. XVIII e início do séc. XIX tem início a sociedade contemporânea, 
chamada por Foucault de sociedade disciplinar = é a idade do controle social, da 
sociedade de vigilância. O esquema/modelo dessa sociedade é, na teoria, o Panopticon 
de Bentham 
↘︎ sobre o panoptismo: 
• forma de vigilância individual e contínua, em forma de controle de punição e 
recompensa e em forma de correção (transformação dos indivíduos em função de 
certas normas). 
• tríplice aspecto: vigilância, controle e correção 
• existe ao nível mais simples e no funcionamento do cotidiano de instituições que 
enquadram a vida e os corpos dos indivíduos, ao nível da existência individual 
(para além do centro de decisão/Estado): 
- não são mecanismos de reclusão por exclusão (de marginais); as instituições 
atuais tem por finalidade fixar os indivíduos, liga-los a um aparelho de produção. (P. 
ex, escola, transmissão do saber; hospital psiquiátrico, prisão, correção/
normalização.... de produtores). Daí Foucault nomeá-las de instituições de 
sequestro (para diferenciar das de exclusão) = tem por finalidade a inclusão e 
normalização 
-as instituições são difíceis de serem taxadas de estatais ou extra-estatais. Como 
se entrecruzam, pode-se dizer como intra-estatais (há uma rede institucional de 
sequestros) 
• essas instituições tem por função: 
- controlar o tempo das pessoas para tornar-se tempo de trabalho (é preciso que o 
tempo dos indivíduos seja oferecido ao aparelho de produção). No decorrer do sec. 
XIX medidas são adotadas para controlar o tempo: para suprimir o tempo de 
festas/descansos; e são elaboradas técnicas para se controlar a economia dos 
operários (sob sua aparente proteção); controle exercido, em países, 
desenvolvidos, pelo mecanismo de consumo e publicidade 
- controlar os corpos dos indivíduos: a partir do sec. XIX, é formado, reformado, 
corrigido, deve adquirir aptidões, receber certo número de qualidades, qualificar-se 
como capaz de trabalhar. Essa função responde a anterior 
- criar um novo tipo de poder, polimorfo: micro poderes que funcionam nas 
instituições: econômico (oferece salário em troca de trabalho; o internamento em 
troca de pagamento...); político (são tomadas decisões, dadas ordens); judiciário 
(pune-se, recompensa-se); epistemológico (de extrair um saber sobre esses 
indivíduos submetidos ao olhar e já controlado pelos diferentes poderes). Trata-se 
de um jogo do poder e do saber... 
- Uma das imagens do direito: 
↘︎ séc. XVII e XVIII: nova mecânica do poder: poder disciplinar; se apoia em 
estratégias sobre o corpo (norma). 
↘︎ Dispositivos de funcionamento 
↘︎ Dto como valor de poder 
- Outra imagem? 
↘︎ É possível resistir? relação com a ética. 
- Possíveis conclusões : 
• o direito da Idade Contemporânea se ergue em conjunto com as necessidades 
trazidas pelo modo de produção capitalista, que precisa do direito e de outros 
saberes para se manter, bem como de outros poderes (micropoderes) 
• o questionamento do capitalismo implica o questionamento, em especial, das 
ciências humanas... implica o questionamento de todo um jogo de poder e saber....

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