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Prova 3 Filosofia do Direito ❤ Jurgen Habermas Possui 2 momentos: - Formação Marxista - 1960: “virada linguistica”, aproxima-se de correntes pragmáticas e liberais. Reformismo passa a ser seu horizonte politico e jurídico. O conhecimento: - Tem como proposta a Teoria do Agir Comunicativo (cuida dos problemas sociais e humanos a partir da matriz da comunicação): a razão deixa de ser solitária e passa a ser uma relação intersubjetiva e dialógica. - A razão não é eterna (ela não é a verdade absoluta); ela se situa na realidade histórica, social; é aprecedente. - A razão é um produto social, cultural, histórico, variável - A razão é possível na medida do consenso das interações sociais (linguagem/interação entre os indivíduos → produz consensos → estabilidade dos consensos = razão) - Os consenso se forma nos espaços públicos/mundo da vida dai a relação entre a democracia e o direito. - A organização do pensamento é decorrência de um processo de troca de experiências comunicativas: a razão/verdade se constrói enquanto processo comunicacional, enquanto consenso Habermas e Marx: ↘ a teoria do agir comunicativo de Habermas apreende o homem na sociedade, no mundo da vida, a partir de sua capacidade de produção de linguagem, de interação comunicativa através da linguagem; a linguagem serve de mediadora (indivíduo/mundo da vida), codificando os valores, ideias, experiências, consensos... ↘ o materialismo histórico de Marx apreende o homem na sociedade enquanto produtor, a partir do entendimento das relações de produção, tendo em conta as classes e o trabalho Faz uma critica ao capitalismo O Direito: - seu projeto político/jurídico (sua filosofia) não é revolucionário, nem conservador (ultrapassa a visão positivista), é reformista: toma o direito como ferramenta de uma ação superior de democratização ética ↘ enlace entre o jurídico e o ético: não porque o direito em si mesmo seja ético, mas pela complementaridade entre os dois campos: o direito permite a ética na medida em que sua construção e utilização se dão por meio de um espaço de interação comunicacional entre os sujeitos sociais que demanda um agir democrático e uma amarração constitucional de garantias - Dto: é o espaço que diminui atritos e gera, processual e democraticamente, consensos. - A interação/ consenso ocorre entre sujeitos sociais. - Não é o resultado em si que define a relação com a ética: os sujeitos devem atuar segundo procedimentos previamente estabelecidos e com a garantia da imparcialidade/ to a participação. - Não é o resultado das deliberações, a identificação com conteúdos morais, que legitima o direito, mas o fato de que podemos pressupor a racionalidade do resultado das deliberações porque: foi conforme a um procedimento (garantidor da participação e do consenso); e porque houve a imparcialidade do procedimento discursivo - Ou seja: o direito é legitimado pelo procedimento: ↘︎ a proposta de Habermas tem a ver com o modo pelo quais se fazem as normas = é o procedimento garantidor da participação e do consenso que estabelece a eticidade do agir comunicativo, que é condição para a formação legítima da vontade jurídico-política. ↘︎ tal procedimento está relacionado com o princípio democrático: os atores/participantes interessados devem atuar segundo pautas e procedimentos previamente constituídos para a garantia do exercício do direito à voz e participação ↘︎ a esfera pública política é o centro produtor do direito (não o Estado), e precisa ser dotada de certos pressupostos para superar a lógica do individualismo liberal burgues: uma base cultural mínima que consinta o compartilhamento de visões do mundo; uma base democrática (liberdade e igualdade de expressão); base mínima de desenvolvimento moral e liberdade de crítica as regras do jogo.... ↘︎ a esfera publica pode estar presente sempre que identificável alguém, uma organização, um grupo social, instituição social, etc., que expresse um ideal comum, um encontro comunicativo, que sirva de mediador entre a sociedade e o direito; ou seja, a interação comunicativa não fica apenas ao nível do legislativo e judiciário. Sua proposta: modo como se fazem as normas 2 pontos: - mundo da vida (aqui se formam os consensos) - sistema (governo/ mídia) Com base em sua teoria, Habermas vislumbra a possibilidade de uma mudança na estrutura da sociedade, a partir do direito (o direito como instrumento de solidificação racional do convívio humano em sociedade) ↘︎ o nível de reprodução capitalista não está lastreado em consensos (o individualismo exacerbado/a renúncia a consensos mínimos é representada economicamente pelo neoliberalismo e gera a fragmentação social); ↘︎ mas a racionalidade se apresenta como abertura do consenso e não como verdade imposta (o que afasta, também, as ditaduras) ❤ Ronald Dworkin Elabora sua proposta em debate com o juspositivismo/analítica e o realismo. Não trabalha com o direito positivo como mera técnica normativa; há um enlace entre o jurídico e o ético- moral. ↘ constrói uma teoria do direito como integridade com forte herança hermenêutica (Gadamer) = um modelo que vê uma missão ética a ser cumprida pelos operadores do direito (o que para ele é uma realidade), na tentativa de legitimar o ordenamento jurídico como justo e moralmente adequado. Enlace com a ética: Vê uma missão ética a ser cumprida pelos interpretes do dto. - O direito é a atitude interpretativa de uma comunidade que realiza a justiça em seu seio Sua proposta é a Teoriado Dto como Integridade - o dto é uma pratica interpretativa, fundada em um consenso geral quanto a finalidade do dto. ↘ consenso/finalidade: • Dworkin parte do funcionamento da prática jurídica norte-americana (da melhor prática): - os advogados, juízes, juristas..., quando em questão os casos difíceis (hard cases), não decidem de maneira livre, criando direito novo, mas decidem de modo vinculado ao direito existente (ANALOGIA), se vislumbrado o direito como um conjunto coerente de princípios que visam garantir o igual respeito, consideração por todos * princípios: exprimem os valores políticos e morais predominantes em uma sociedade; - o direito apresenta um propósito, uma finalidade: é um projeto coletivo comum, no sentido de que pessoas livres e iguais podem se dar normas para regular suas vidas em comunidade; a prática é (deve ser) direcionada para cumprir esse propósito da melhor forma possível • o direito como integridade significa, por meio da interpretação, ver a moralidade interna do direito, um projeto político realizado (realizado porque para ele é o direito como integridade é a descrição do que é a melhor prática jurídica). É na Constituição Americana (1787) que a crença na integridade do direito se encontra • a integridade envolve: integridade política (elaboração de leis coerentes com os princípios da comunidade); e integridade na jurisdição (os juízes devem manter um coerência entre as decisões do presente/passado, a partir dos princípios da liberdade/igualdade, como se eles prosseguissem uma obra coletiva) ↘ Interpretação: prática interpretativa • parte da existência de uma Constituição redigida em uma linguagem abstrata, para ser atualizada em cada momento histórico específico • a interpretação deve ser vista como uma obra coletiva (estória escrita por atores sociais e jurídicos), um romance em cadeia, em que cada geração assume o que foi feito para melhorar o trabalho: - todos os operadores do direito estão envolvidos na pratica interpretativa e devem torna-la o melhor que pode ser; a interpretação é constitutiva e não criativa (deve justificar a interpretação dentro dos limites permitidos pela obra); a interpretação se dá dentro de uma história de interpretação passada que deve ser respeitada - o sentido atual do texto deve ser contextualizado a partir da história, propiciando uma fusão de horizontes de sentidoentre o texto originário e a interpretação atual • Dworkin indica as duas regras pelas quais se exerce a pratica interpretativa do direito: - conveniência: o juiz deve fazer a lista de todas as soluções jurídicas (que garantem a coerência e unidade do direito) que se lhe parecem impor; - valor: o juiz deve escolher, tendo a lista de interpretações possíveis, aquela que for conforme à moral política, mesmo que se escolha uma interpretação fundada em um princípio ainda não explicitamente reconhecido (de qualquer forma, não pode criar direito) - moral política: que para ele é o que resulta quando se equilibra a ideia da justiça com a do bem: tratamento igual e uma atenção igual para cada um = a satisfação do bem particular de cada um (privado) não pode ser conquistada sem que alguns elementos de justiça (publico) intervenham para o consentimento da realização desse bem particular • existe sempre uma única decisão correta no direito, no sentido de mais adequada, mais justa para regular as pretensões das partes. Ela só pode ser encontrada se: o juiz mergulhar no contexto dos fatos, nos argumentos das partes; e o juiz possuir o conhecimento de todo o direito (atual e sua história institucional). Como são características sobre-humanas, é denominado de Hércules (há uma idealização de juiz: um modelo da melhor prática) - é uma proposta alinhada à hermenêutica (filosófica/ linguagem: as coisas só existem pra nós por meio da linguagem intersubjetivamente compartilhada). Direitos ↘︎ o dto é um projeto coletivo comum (o consenso geral do que é o direito é quando a comunidade/ operadores do dto reconhecem princípios comuns norteadores das praticas jurídicas; emergem lentamente). ↘︎ a integridade política e jurídica é alcançada por meio da interpretação (ver a moralidade interna do dto). ❤ John Rawls Critica o utilitarismo e o perfeccionismo Não trabalha com o direito positivo como mera técnica normativa; há um enlace entre o jurídico e o ético. Proposta: teoria da justiça como equidade ↘︎ modelo que se explica como se realiza a justiça nas estruturas básicas da sociedade, a partir da posição original das partes no momento do contrato social. - A teoria da justiça: • Justiça das estruturas/instituições: - a justiça é refletida a partir do que é de interesse comum a todas as partes (e não a partir da esfera ética de cada indivíduo, enquanto pratica de virtude); ou seja, a partir das instituições sociais (a justiça das instituições é que beneficia ou prejudica a comunidade que a elas se encontra vinculada - questiona: como a justiça se encontra traduzida nas estruturas institucionais da sociedade; ou seja, como os direitos/deveres são distribuídos na sociedade? Envolve, portanto, a justiça social ↘︎ Estrutura básica da sociedade: como ela distribuiu dtos, deveres, fortuna, oportunidades. • Contratualismo: - resgata a idéia dos filósofos contratualistas ( a noção processual do pacto social) - o homem é intrinsicamente egoísta, auto-interessado. Mas pode superar suas condições ao se associar com outros para estabelecer princípios da vida em comum, diretores da sociedade (momento hipotético) - momento hipotético: momento de todo o agir social; quando se dá a escolha da estrutura fundamental da sociedade, seus alicerces ↘︎ Contrato: resgata ideias; o homem é egoísta, ou seja pode mudar sua condição levando-o à associar para estabelecer os princípios que orientarão a sociedade (é hipotético). • Equidade (ou igualdade inicial) - não se relaciona com a equidade aristotélica (quanto parâmetro, corretivo da lei) - igualdade inicial: os homens se encontram em uma igualdade original no momento do pacto para optar entre os princípios = uma posição inicial situada sob o “véu da ignorância” = cada pessoa nada sabe sobre si próprio ou sobre sua sociedade (para impedir que as pessoas desenvolvam princípios que lhes trariam vantagens - em resultado: os princípios escolhidos são aqueles que qualquer pessoa teria voluntariamente concordado ↘︎ Equidade: igualdade inicial das partes, parte da idéia do "véu da ignorância” ↳ Quais os princípios diretores escolhidos no pacto inicial? 1) princípio da igualdade (ou garantia da liberdade) = garante as liberdades básicas (expressão, associação, culto, política, propriedade...). Devem ser iguais para todos. * as liberdades são consideradas firmes: uma perda de liberdade não pode ser considerada justa, ainda que para o bem coletivo (defensor do liberalismo) ⤿ Liberdade Igual: (expressão, política, culto…). São considerados “firmes”. 2) princípio da diferença (da distribuição igual para todos) = regula a aplicação do primeiro princípio, corrigindo desigualdades. Identifica as desigualdades naturais e tenta corrigi-las para suprir as diferenças que impedem o exercício de iguais direitos - todos devem se beneficiar dos bens primários básicos (educação, alimentação, saúde) - mas, trata-se de mexer na distribuição até o ponto em que se pode fazê-lo sem afetar a renda da sociedade como um todo (“principio maximim”) = tenta equilibrar a necessidade de crescimento da riqueza com o respeito aos menos favorecidos na sociedade. ⤿ Diferença: (distribuição igual para todos). Considera as aptidões naturais, sorte, etc. Como bem comum; os bens são os primários/básicos; o limite é o ponto em que será afetada a renda da sociedade. ↳ o que motiva a nossa escolha? - quanto ao princípio da igualdade: desconhecendo a nossa situação real temos a maior oportunidade de perseguir quaisquer ideais - quanto ao princípio da igualdade: não sabendo onde nos encontramos na distribuição dos bens sociais, preferimos a opção “menos pior” (porque podemos estar no nível mais baixo da sociedade) ↳ os princípios devem ser constantemente realizados, reiterados (o pacto não se faz de uma só vez): - pelos poderes: na elaboração da Constituição, nos processos legislativos, nas políticas de bem estar, na execução das leis, nos julgados.... - se bem aplicados/equilibrados: legitimam as decisões do poder; produzem a estabilidade das instituições (a aceitação, o cumprimento das leis, porque as leis representam o que as instituições representam em termos de justiça) - e se o Estado se afasta dos princípios? Admite a imperfeição das instituições; portanto, basta uma observância geral (não incentiva a desobediência civil) Como se dá as escolhas: 1º autonomia; 2º ação "menos pior” Os princípios devem ser constantemente realizados ❤ Michel Sandel Critica o utilitarismo e ao liberalismo; não aceita o rótulo de comunista; é preciso fazer um juízo de valor acerca da finalidades promovidas pelo direto. Proposta: sua proposta sobre uma sociedade justa traz a discussão o cultivo da vontade e a avaliação dos direitos a partir de uma ideia de bem/vida boa. a) Cultivo da virtude: uma sociedade justa requer cidadãos virtuosos; a virtude requer sabedoria pratica; o homem é perfectível; é preciso desenvolver o sentimento de comunidade (desempenham essa função: escola, exercito etc). - a desigualdade social enfraquece a solidariedade = não se trata apenas de distribuir riquezas; é preciso valorizar as coisas certas. b) O bem vem antes do justo: a justiça é teleológica e honórica: o reconhecimento depende da capacidade de demonstrar que ele honra/promove um bem. - não pretende ser axiologicamente neutro = a estrutura da sociedade não pode ser… - para os liberais e Rawls: podemos separar o “eu” público (neutro) do “eu” privado (relacionado as concepções religiosas, morais) ➡ gera tolerância. para Sandel: será? o vazio moral abre caminho para os moralismos intolerante. Aposta na discussão (dialogo ➡ verdadeira tolerância). ❤ Carl Schmitt Parte de uma visão existencial do direito = o direito se manifesta como uma expressão do poder (de uma decisão); o direito se funda em uma decisão. Critica: normativismo de Kelsen; concepção liberal do Estado do direito (por defenderem o primadoda norma); concepção social do Estado: todos negam a verdadeira função política do Estado. ↘︎ sua teoria emerge das críticas que produz ao normativismo de Kelsen e a concepção liberal do Estado de Direito = reata a conexão entre o jurídico ao político (para ele, há o primado do político sobre o jurídico) * Sentido politico: unidade política do povo, amigo/inimigo. Proposta: constrói uma teoria do decisionismo ↘︎ O que é o estado de exceção? Precisa de permissivo constitucional? * Constituição de Weimar/ Alemã Teoria do decisionismo - Toda ordem jurídica se fundamenta em uma decisão = no topo da ordem jurídica não está a norma fundamental como quer Kelsen; porque uma ordem jurídica não pode efetuar-se a ela própria. No topo está a decisão do soberano; é ele que funda a ordem jurídica. Não há norma sem a intervenção de uma autoridade que decide; a decisão soberana é o começo o fundamento do direto. ↘︎ O direito se funda em uma decisão e requer uma decisão para ser aplicado. * A origem do pensamento decisionista está nos teóricos da soberania, sobretudo Hobbes (“é a autoridade, e não a verdade, que faz a lei”). O soberano de Hobbes só terá de respeitar os preceitos percebidos pela razão derivados de sua vontade; o sentido da decisão é a garantia da segurança/ordem jurídica ↘︎ Origem do pensamento: Hobbes (é a autoridade que faz a lei); o soberano põe termo a guerra; é quem decide sobre o estado de exceção. ↘ o poder soberano é aquele que decide sobre a manutenção ou instauração da ordem, que segue a regra ou a rompe: ou seja, é aquele que decide sobre o “estado de exceção” ⤿ Quem pode excepcionar a ordem jurídica, também pode viola-la • o estado de exceção, enquanto possibilidade de suspensão da ordem jurídica, revela o fundamento último do direito (que pode excepcionar é também quem pode validar....) • o estado de exceção se dá quando se faz necessário instaurar uma ordem concreta (e não uma ordem universal, ideal, como o positivismo apregoa) para regular o caos/retornar ao estado de normalidade; saber quem decide para produzir (novo) direito é uma questão que para o filósofo se relaciona com a soberania • no estado de exceção, o soberano dirá em que parte/todo a Constituição será suspensa • para ele essa decisão não precisa de permissivo legal. A Constituição pode até prever .a competência do governante durante o período de exceção, mas não pode determinar com precisão os limites do estado de exceção; há uma margem de liberdade para qualificar os fatos constitutivos e, portanto, uma margem de liberdade de ação (daí porque a componente decisionista permanece neste caso intacta) • o estado de exceção possibilita a figura de um soberano ditador que venha restaurar a ordem publica com uma função determinada/provisória (um ponto que teria marcado a proximidade do filósofo com o nazismo) ↘ quem exerce a soberania? • a soberania se vincula ao Estado; o povo, em um estado democrático é o seu titular; mas quem é o representante da soberania dentro do Estado é o Governo/ Presidente (se vale da organização da Igreja para explicar a representação) ↘ o soberano x constituição x direito • a soberania não é um atributo que se concretiza na Constituição; a soberania é o poder que põe a Constituição (a nação é preexistente à Constituição). Assim, a soberania não tem sua legitimidade dentro do direito; o Estado/poder é maior que o direito (porque o institui e pode alterá-lo). ⤿ O poder do soberano põe a constituição ⤿ O Estado é maior que o direito • quem possui legitimidade para guardar a Constituição é o presidente do Reich (não um Tribunal Constitucional/Judiciário, porque isso abalaria o equilíbrio dos poderes, seria uma afronta à soberania estatal). ⤿ O soberano é o guardião da constituição (porque a constituição é uma decisão de política). • a Constituição não é um conjunto de normas de hierarquia superior = é uma decisão política que orienta o Estado, o direito, a vida social por um caminho (um ponto que teria marcado sua ligação com o nazismo = para ela a Constituição de Weimar era fraca, não tinha um caminho definido; uma nova ordem representaria o rompimento desta fraqueza política; ou seja, teria influenciado na escolha de uma saída autoritária Conclusões: ↘ é uma ilusão pensar que se pode controlar o direito a partir das categorias normativas universais (normas/ concepção juspositivista); existe sempre a possibilidade de arbítrio escondida por detrás de uma pretensa legalidade ↘ possibilidade de sua utilização de modo crítico: proposta de saída dos domínios da legalidade para a afirmação de um vinculo social praticamente existencial (é preciso sair deste domínio sem compreender o direito). ❤ Michel Foucault Aborda o direito entre outros temas (loucura, sexualidade, medicina...); não há unidade a respeito da compreensão do direito (há várias imagens) Principal imagem/conceito de direito: direito como veículo de normalização; direito como vetor do poder (o direito aparece como mecanismo de disciplina e de segurança/ biopoder). Analise histórica do sujeito: critica ao sujeito do conhecimento. Analise: eixos = verdade/ saber; poder; do sujeito. Fases de seu estudo: • arqueologia do saber: constituição histórica dos saberes em discursos qualificados como verdadeiros e a desqualificação de outros • genealogia do poder: vinculação do discurso com as práticas sociais; o discurso com os regimes de poder Como se conhece: - segue as ideias de Nietzsche: nele há um discurso em que se faz a análise histórica da própria formação do sujeito, do nascimento de um certo tipo de saber (sem admitir a preexistência de um sujeito do conhecimento) - o conhecimento foi inventado; ou seja, não tem origem, não está inscrito na natureza humana = ele é o resultado do afrontamento, da junção, da luta... entre os instintos (= tudo o que faz, tudo o que trama o homem); é o resultado do confronto entre os instintos ↘︎ Quanto ao conhecimento: foi inventado, resultado do confronto/luta entre instintos. Não recorre a história das ciências para compreender; recorre as praticas sociais. - na raiz do conhecimento estão os instintos/impulsos que nos colocam em relação de ódio, hostilidade, de luta, com o objeto a ser conhecido; não há uma adequação ao objeto, mas uma relação de dominação e distância; uma batalha = daí porque para conhecermos realmente algo devemos nos aproximar dos políticos, compreender as relações de luta e de poder = daí uma história política do conhecimento, dos fatos do conhecimento e do sujeito do conhecimento = compreender os domínios de saber que se formaram a partir de relações de força e de relações políticas na sociedade. * relação com certas concepções do marxismo? Para Foucault as condições políticas e econômicas não são um véu ou obstáculo para o sujeito do conhecimento, mas aquilo através do que se formam os sujeitos de conhecimento e, de consequência, as relações de verdade Quanto ao direito: - o direito e o poder: ↘︎ O direito como o conhecemos, é inventado; resulta das relações de força/ confronto. O “poder" se exerce: não está centralizado no Estado; se sustenta pelos saberes; não é repressivo apenas; é produtivo. - ao longo da história certos saberes foram sendo formados e utilizados como forma de exercício de poder (também assim o saber do direito), como modo de autenticação da verdade e transmissão do saber. • como o inquérito (com origem na Grécia Clássica e desenvolvimento na Idade Média); é uma prática social que reorganiza as práticas jurídicas da Idade Média e se difunde em muitos domínios (medicina, botânica...); também é forma de poder utilizada pela monarquia • como o exame, a vigilância (fins da Idade Moderna, início da Idade Contemporânea); são práticas sociais que reorganizam as práticas jurídicas (direito penal/prisões) e se difunde em muitos setores (fábricas, escolas, hospitais ) e dão lugar a novos domíniosdo saber (psiquiatria, psicologia, sociologia); são utilizados pelo poder central... pela classe indústria, pelos proprietários, pelo Estado.... (sujeitos do poder do modo de produção capitalista) ↘︎ A partir das praticas jurídicas (por exemplo prisões) é que são reveladas as estratégias do poder e os discursos/ saberes atrelados. - para Foucault, na teoria, Bentham previu e apresentou na forma de esquema/modelo = o Panopticon = espécie de instituição que deve valer para escolas, hospitais, prisões, fábricas, hospícios.... ✓o Panopticon é um tipo de poder que repousa não mais sobre o inquérito, mas sobre o exame; a vigilância = alguém que se deve vigiar ✓ao se vigiar alguém se exerce sobre ele um poder e, ao mesmo tempo, aquele que vigia tem a possibilidade de constituir sobre aquele que é vigiado um saber. Esse saber é distinto (não mais tem a ver com determinar se algo se passou ou não), porque tem por característica determinar se um indivíduo se conduz ou não como deve = se ordena em torno da norma (o que é normal ou não; correto ou não…) ↘︎ Dto: prisão: possibilita a vigilância; exame do corpo, controle… história de sucesso/ fracasso. ✓vai dar lugar a novas ciências (outras para além daquelas grandes ciências de observação relacionadas com o inquérito): as ciências humanas = psiquiatria, psicóloga, sociologia… - Ideia de norma/normalização: A partir de textos que cuidam da medicina e psiquiatria (“o poder psiquiátrico”; “os anormais”), surgem as noções de “norma” e “normalização” que serão utilizadas por Foucault, quando fala da sociedade disciplinar e do direito como veículo de normalização: • a norma não remete à ideia de uma regra que restringe; não remete à noção de repressão, exclusão; normalizar não significa impor limites a determinadas condutas; • a norma é vista como um veículo do poder, um mecanismo produtivo do poder; normalizar significa agenciar a produção de condutas esperadas; • a medicina e psiquiatria são vistas como instâncias maiores de difusão de normas para outras esferas de vida do indivíduo. - A “sociedade disciplinar” : ↘︎ nos fins do séc. XVIII e início do séc. XIX tem início a sociedade contemporânea, chamada por Foucault de sociedade disciplinar = é a idade do controle social, da sociedade de vigilância. O esquema/modelo dessa sociedade é, na teoria, o Panopticon de Bentham ↘︎ sobre o panoptismo: • forma de vigilância individual e contínua, em forma de controle de punição e recompensa e em forma de correção (transformação dos indivíduos em função de certas normas). • tríplice aspecto: vigilância, controle e correção • existe ao nível mais simples e no funcionamento do cotidiano de instituições que enquadram a vida e os corpos dos indivíduos, ao nível da existência individual (para além do centro de decisão/Estado): - não são mecanismos de reclusão por exclusão (de marginais); as instituições atuais tem por finalidade fixar os indivíduos, liga-los a um aparelho de produção. (P. ex, escola, transmissão do saber; hospital psiquiátrico, prisão, correção/ normalização.... de produtores). Daí Foucault nomeá-las de instituições de sequestro (para diferenciar das de exclusão) = tem por finalidade a inclusão e normalização -as instituições são difíceis de serem taxadas de estatais ou extra-estatais. Como se entrecruzam, pode-se dizer como intra-estatais (há uma rede institucional de sequestros) • essas instituições tem por função: - controlar o tempo das pessoas para tornar-se tempo de trabalho (é preciso que o tempo dos indivíduos seja oferecido ao aparelho de produção). No decorrer do sec. XIX medidas são adotadas para controlar o tempo: para suprimir o tempo de festas/descansos; e são elaboradas técnicas para se controlar a economia dos operários (sob sua aparente proteção); controle exercido, em países, desenvolvidos, pelo mecanismo de consumo e publicidade - controlar os corpos dos indivíduos: a partir do sec. XIX, é formado, reformado, corrigido, deve adquirir aptidões, receber certo número de qualidades, qualificar-se como capaz de trabalhar. Essa função responde a anterior - criar um novo tipo de poder, polimorfo: micro poderes que funcionam nas instituições: econômico (oferece salário em troca de trabalho; o internamento em troca de pagamento...); político (são tomadas decisões, dadas ordens); judiciário (pune-se, recompensa-se); epistemológico (de extrair um saber sobre esses indivíduos submetidos ao olhar e já controlado pelos diferentes poderes). Trata-se de um jogo do poder e do saber... - Uma das imagens do direito: ↘︎ séc. XVII e XVIII: nova mecânica do poder: poder disciplinar; se apoia em estratégias sobre o corpo (norma). ↘︎ Dispositivos de funcionamento ↘︎ Dto como valor de poder - Outra imagem? ↘︎ É possível resistir? relação com a ética. - Possíveis conclusões : • o direito da Idade Contemporânea se ergue em conjunto com as necessidades trazidas pelo modo de produção capitalista, que precisa do direito e de outros saberes para se manter, bem como de outros poderes (micropoderes) • o questionamento do capitalismo implica o questionamento, em especial, das ciências humanas... implica o questionamento de todo um jogo de poder e saber....
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