Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 BIOSSÍNTESE DOS LIPÍDEOS I – BIOSSÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS E EICOSANÓIDES A oxidação dos ácidos graxos consiste na remoção sucessiva de unidades de dois carbonos (acetil-CoA). Antes se cria que a biossíntese desses lipídeos consistia na atividade reversa das mesmas enzimas que realizavam a degradação. No entanto, descobriu-se a biossíntese e a degradação são realizadas por vias metabólicas distintas, que ocorrem em locais diferentes da célula. Além disso, a biossíntese necessita de um intermediário de três carbonos, malonil-CoA. O C - O CH2 C O SCoA Malonil-CoA A Origem do Acetil-CoA nos Eucariontes: O Acetato É Lançado para Fora da Mitocôndria na Forma de Citrato Nos eucariotos não fotossintetizantes, aproximadamente todo o acetil-CoA usado na síntese dos ácidos graxos é formado na mitocôndria a partir da oxidação do piruvato e do catabolismo do esqueleto de carbono de aminoácidos. Acetil-CoA fornecida pela oxidação de ácidos graxos não é uma fonte significativa para a síntese de ácidos graxos, porque as duas vias são reciprocamente reguladas. A membrana interna da mitocôndria é impermeável ao acetil-CoA, de modo que um transporte indireto transfere grupos equivalentes de acetil através da membrana interna (Fig. 10). O acetil-CoA intramitocondrial reage com o oxalacetato para formar citrato, na reação do ciclo do ácido cítrico catalizada pela enzima citrato sintase. O citrato passa através da membrana interna através do transportador de citrato. No citossol, o citrato é clivado pela citrato liase, que regenera o acetil numa reação ATP- dependente. O oxalacetato não pode retornar diretamente para a matriz mitocondrial, pois não há um transportador de citrato. Ao invés disso, a malato desidrogenase citossólica reduz o oxalacetato a malato, o qual retorna à matriz mitocondrial pelo transportatodor malato--cetoglutarado na troca pelo citrato. Na matriz, o malato é reoxidado a oxalacetato para completar o processo de transporte. Alternativamente, o malato produzido no citossol é usado para gerar NADPH citossólico através da atividade da enzima málica (Fig.1). 2 Matriz Citossol Transportador de citrato Citrato Citrato Acetil-CoA Biossíntese dos ácidos graxos Oxalacetato Malato Piruvato Transportador malato ceto- glutarato -- Piruvato Transportador de piruvato Malato OxalacetatoAminoácidos Piruvato Glicose Acetil-CoA CoA-SH Membrana interna Membrana externa Fig. 10. Mecanismo de transferência de acetil da matriz mitocondrial para o citosso: a membrana externa da mitocondria é permeável a todos os compostos. O piruvato derivado do catabolismo de aminoácidos, ou da via glicolítica no citossol, é convertido a acetil-CoA na matriz. Os grupos acetilas passa para fora da matriz como citrato; no citossol, eles são reconvertidos a acetil-CoA para a síntese dos ácidos graxos. O oxalacetato é reduzido a malato, que retorna à mitocôndria, onde é reconvertido a malato. Um destino alternativo ao malato é sua oxidação pela enzima málica para gerar NADPH; o piruvato aí produzido retorna à matriz mitocondrial onde é carboxilado a oxalacetato. Formação do Malonil-CoA a partir do Acetil-Coa A formação do malonil-CoA a partir do acetil-CoA é um processo irreversível catalizado pela acetil-CoA carboxilase. Nas bactérias, esta enzima é formada por três subunidades separatas; em células animais, atividades são parte uma proteína simples multifuncional. Em células vegetais, existem os dois tipos de acetil-Coa carboxilase. Em ambos os casos, a enzima contém grupo prostético de biotina ligado covalentemente por ligação amídica a um grupamento -amino de um resíduo de lisina em uma das três subunidades (Fig. 1). A reação é catalisada por esta enzima em duas etapas e ocorre de modo similar em outros tipos de carboxilação biotina-dependente. - NH O S NH O NH + HCO3- - NH O S N O NH C O O - ATP ADP + P i - NH O S NH O NH Acetil-CoA CH2 C O SCoA C O - O + Biotina carboxilase Transcarboxilase Fig. 1. Reação da acetil-CoA carboxilase. A enzima apresenta três regiões. O carreador de biotina (círculo cinza); a biotina carboxilase, que que ativa o CO2 ligando-o ao anel de biotina com o gasto de um ATP e a transcarboxilase, que transfere o CO2 ativo para o acetil-CoA produzindo o malonil-CoA. 3 A Síntese dos Ácidos Graxos: uma Seqüência de Reações Repetidas A longa cadeia carbônica dos ácidos graxos é montada por meio de seqüências de quatro etapas repetidas (Fig.2). Um grupo acila saturado é produzido por meio de uma desas seqüências de reações torna-se substrato para uma subseqüente condensação com grupo malonil ativado. Em cada passagem através desse ciclo, a cadeia de acila graxa é aumentada em dois carbonos. Quando o comprimento da cadeia atinge 16 carbonos, o produto (palmitato, 16:0) deixa o ciclo (Fig. 3). Os carbonos C-16 e C-15 do palmitato são derivados dos átomos de carbono metil e carboxil, respectivamente, de um acetil-CoA usado diretamente como prime do sistema; o restante dos átomos de carbono são derivados de acetil-CoA via malonil-CoA. Todas as reações são catalisadas por um complexo multienzimático, ácido graxo sintase. Embora os detalhes estruturais do complexo enzimático dos procariontes e dos eucariontes apresentem certas diferenças, as quatro etapas do processo de síntese são as mesmas em todos os organismos. O Complexo Ácido Graxo Sintase Tem Sete Diferentes Sítios Ativos Em E. coli, o core dos sistem ácido graxo sintase consiste de sete polipeptídeos separados, sendo que pelo menos três outros atuam num mesmo estágio do processo. As proteínas atuam juntas para catalisar a formação dos ácidos graxos a partir de acetil-CoA e malonil-CoA. Durante todo o processo, os intermediários permanecem covalenteme ligadosa um dos grupos tiol do complexo sintase. Um ponto de ligação é o grupo ─SH de um resíduo de Cys (cistéina) de uma das sete proteínas sintases (-cetoacil-ACP sintase); o outro é o grupo ─SH da proteína carreadora de acila (ACP). A proteína carreadora de acila (ACP) de E. coli é uma pequena proteína (Mr 8.860) contendo o grupo prostético 4’-fosfopanteteína (Fig. 4, que compara com o ácido pantotênico e -mercaptoetilamina que integra a coenzima A). Como a hidrólise de tioésteres é muito exergônica, a quebra da ligação tioéster dos grupos acila ligados à ACP libera energia que ajuda a tornar duas etapas de condensação diferentes (1 e 5 na Fig. 5) termodinamicamente favoráveis. O grupo prostético 4’-fosfopanteteína da ACP pode ser considerado como um braço flexível que mantém presa a cadeia crescente ácil graxa sobre a superfície do complexo ácido graxo sintase enquanto carrega os intermediários de reação de um sítio ativo ao seguinte. 4 CH3 C O S H O C - O CH2 C O S H Ácido graxo sintetase SH H 1 CH3 C O CH2 C O S H CO2 Grupo malonil Grupo acetil 2 NADPH + H+ NADP+ SH H CH3 CH OH CH2 C O S H SH H CH3 C H C C O S H H 3 H2O NADP+ NADPH + H+ 4 SH H CH3 CH H CH C O S H H Condensação Redução Desidratação Redução Fig. 2. As quatro etapas de um ciclo da ácido graxo sintase: (1) condensação de um grupo acetil (prime), ligado ao -SH de um resíduo de cisteína, com um grupo malonil, ligado ao -SH do carreador de acila; (2) primeira redução do grupo -cetoacil; (3) desidratação, com formação de um -enoil e (4) segunda redução com formação de um grupo butiril. CH3 C O S H S H C CH2 COO - O CO2 4H+ + e_ CH2 C O S H CH2 CH3 S H C CH2 COO - O CO2 4H+ + e_ S H C CH2 COO - O CO2 4H+ + e_ CH2 CH3 CH2 C O S H CH2 CH2 S H C CH2 COO - O CH2 CH3 CH2 CH2 CH2 C O S H CH2 CH2Mais 4 adições CH 3 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CH 2 CO SCoA SH H SH H + Fig. 3 Visão geral da síntese do ácido palmítico. A cadeia acil graxo cresce de dois em dois carbonos, doados pelo malonil ativado, com perda de CO 2 em cada etapa. O grupo acetil inicial está em azul. Após cada adição, por meio de redução, a cadeia crescente se converte em um ácido graxo saturado de 4, 6, 8 carbonos e assim por diante. O produto final é o palmitato (16:0). 5 N O O OH N N N NH2 OH SH CH2 CH2 N C CH2 CH2 N C CH C CH2 H O H O OH CH3 CH3 O P O O O- P O O- SH CH2 CH2 N C CH2 CH2 N C CH C CH2 H O H O OH CH3 CH3 O P O O- O CH2 Ser CH3ACP Grupo fosfopanteteína da Coenzima A Grupo fosfopanteteína da ACP Fig. 4. Os ácidos graxos são conjugados tanto à coenzima A como à proteína carreadora de acila através da sulfidrila dos grupos prostéticos fosfopanteteína. No Início da Síntese, a Ácido Graxo Sintase Recebe os Grupos Acil e Malonil Antes de ocorrer a condensação, os dois grupos tiol (─SH) do complexo ácido graxo sintase deve ser carregado com o grupo acilas corretos. Primeiro, o grupo acetila da acetil-CoA é transferido para o grupo ─SH da cisteína da cetoacil-ACP sintase. Esta reação é catalisada pela acetil-CoA-ACP transacetilase (AT na Fig. 5). A segunda reação, a transferência do grupo malonil da malonil-CoA para o grupo ─SH da ACP, é catalisada pela malonil-CoA-ACP transferase (MT), que também parte do complexo. No complexo sintase, os grupos acetil e malonil ficam muito próximos um ao outro e são ativados para o processo de alongamento de cadeia. As quatro primeira etapas são: Etapa 1: Condensação – A primeira reação na formação de uma cadeia de ácido graxo é a condensação dos grupos ativados acetil e malonil formando acetoacetil- ACP, um grupo acetoacetil ligado a ACP através do ─SH do grupamento fosfopanteteína; simultaneamente uma molécula de CO2 é produzida. Esta reação é catalisada pela -cetoacil-ACP sintase (CS), que transfere o grupamento acetil do ─SH da cisteína da enzima para o grupamento malonil na ─SH da ACP. O átomo de carbono liberado na forma de CO2 é o mesmo originalmente introduzido para formar o malonil-CoA partir do acetil e HCO3 − pela reação da acetil-CoA carboxilase. O CO2 é ligado transitoriamente durante a biossíntese dos ácidos graxos. O causa da entrada do CO2: a condensação de dois grupos acila (ligação C−C) é altamente endergônica (termodinamicamente desfavorável), enquanto que a quebra de uma ligação de um grupamento carboxila é altamente exergônica (termodinamicamente favorável). Desse modo, a condensação de dois grupamentos acila associada a quebra do grupamento carboxila do malonil (−COO−) torna a reação termodinamicamente favorável. 6 Etapa 2: Redução do grupamento carbonil – O acetoacetil-ACP formado na etapa de condensação sofre então redução da carbonila em C-3 formar o D--hidroxiburil-ACP, catalisada pela -cetoacil-ACP redutase (CR) e o doador de elétrons é o NADPH. O D--hidroxibutiril não tem a mesma forma estereoisomérica do L--hidroxibutiril intermediário na oxidação dos ácidos graxos. Etapa 3: Desidratação – Uma molécula de água é retirada movendo-se de C-2 e C-3 do D--hidroxibutiril-ACP, produzindo uma dupla ligação no produto, trans-2- butenoil-ACP. A reação é catalisada pela -hidroxiacil-ACP desidratase (HD). Etapa 4: Redução da dupla ligação – A dupla ligação do trans-2-butenoil-ACP é reduzida (saturada) para formar butiril-ACP pela enoil-ACP redutase (ER), com NADPH como doador de elétron. Fig. 5. Seqüência de eventos durante a síntese de um ácido graxos. Cada segumento dos disco representa um das seis atividades do complexo. No centro, está a proteína carreadora de acila (ACP). As etapas de 1 a 4 estão descritas no texto. As Reações da Ácido Graxo Sintetase São Repetidas até Formar o Palmitato A produção do ácido graxo de quatro carbonos saturado, butiril-ACP corresponde a um passo através do complexo ácido graxo sintase. O grupo butiril é então transferido do grupo fosfopanteteína−SH para o grupo Cys−SH da -cetoacil-ACP sintase, que inicalmente recebeu o grupo acetilo. Para se iniciar um novo ciclo de quatro reações que aumenta a cadeia com mais dois átomos de carbono, um outro grupo malonil é ligado ao grupo fosfopanteteína que ficou desocupado na ACP (Fig. 6). A condensação ocorre semelhante ao grupo acetil no primeiro ciclo, sendo ligado aos 7 dois carbonos do grupo malonil-ACP com a perda de CO2. P produto desta condensação é um grupo acil de seis carbonos, ligado covalentemente ao grupo fosfopanteteína−SH. O grupo -cetona é reduzido nas três etapas seguintes do ciclo da sintase para produzir o grupo acil saturado, exatamente como no primerio ciclo de reações. Neste caso, formando um produto de seis carbonos. Sete ciclos de condensação e redução produzem o grupo de 16 carbonos saturado palmitoil, ainda ligado à ACP. Por razões ainda não compreendidas, o alongamento da cadeia pelo complexo ácido graxo sintase geralmente pára neste ponto e um palmitato é liberado livre da ACP por uma atividade hidrolítica do complexo. Pequenas quantidades de ácidos graxos mais longos, como o estearato (18:0) são também formados. Em certas plantas (coqueiro e palmas, p. ex.) a terminação da cadeia ocorre antes, mais de 90% dos ácidos graxos dessas plantas têm entre 8 e 14 carbonos de comprimento. O balanço de reação para a síntese do palmitato a partir do acetil-CoA pode ser considerado em duas partes. Primeiro a formação de malonil-CoA: 7 Acetil-CoA + 7 CO2 + 7 ATP 7 malonil-CoA + 7 ADP + 7 Pi e então, os sete ciclos de condensação e redução: Acetil-CoA + 7 malonil-CoA + 14NADPH + 14H+ palmitato + 7CO2 + 8 CoA + 14NADP + + 6H2O A biossíntese dos ácidos graxos tais como o palmitato requerem acetil-CoA e o fornecimento de energia química em duas formas: o potencial de transferência do ATP e poder redutor do NADPH. O ATP é necesário para ligar o CO2 ao acetil-CoA para fazer o malonil-CoA; o NADPH é necessário para eliminar as duplas ligações (do grupo ceto e do enoil). 8 Fig. 6. O butiril está no grupo Cys-SH. O malonil entrante é primeiro ligado ao grupo fosfopanteteína-SH. Então, o grupo butiril é trocado pelo grupo carboxil do malonil, então perdido na forma de CO . Início do segundo ciclo de síntese do ácido graxo. 2.. As Ácido Graxo Sintases Consistem de Proteínas Multifuncionais Em E. coli e algumas plantas, as sete sítios ativos para a síntese dos ácidos graxos (seis enzimas e ACP) residem em sete polipeptídeos separados (Fig.7). Cada enzima, neste complexo, cada enzima é posicionada com seu sítio ativo próximo aos sítios ativos precedente e seguinte da seqüência de reação. O braço flexível da panteteína da ACP pode alcancar todos os sítios ativos e carregar a cadeia crescente de ácido graxo de um sítio ao sítio seguinte; não são liberados intermediários da enzima até o produto final ser formado. As ácido graxo sintases de leveduras e vertebrados também são complexos multienzimáticos até mais completos que em E. coli e nas plantas (Fig. 7). Em leveduras, os sete sítios ativos distintos se encontram em dois grandes polipeptídeos multifuncionais, com três atividades na subunidade e quatro na subunidade . Em vertebrados, um grande e único polipeptídeo (Mr 240.000) contém todos as sete atividades enzimáticas bem como uma atividade hidrolítica que quebra a ligação entre ácido graxo completo e a parte da complexo que funciona como a ACP. A enzima no vertebrado funciona com um dímero (Mr 480.000) no qual duas subunidades se posiciona na posição cabeça-com-cauda (Fig. 8). As duas subunidades parecem funcionar independentemente. Quando uma subunidade é inativada por mutação, a síntese de palmitato é modestamentereduzida. 9 Fig. 7. Estrutura da ácido graxo sintase. Em bactéria e plantas, é um complexo de pelo menos sete diferentes polipeptídeos. Em leveduras, todas as sete atividades residem em só dois polipeptídeos; a enzima dos vertebrados é um simples e grande polipeptídeo. . AT - acetil transferase KS - ceto acil sintase (enzima de condensação MT - malonil transferase KR - cetoacil redutase HD - desidrogenase ER - enoil redutase A Fig. 8. Ácido graxo sintase em animais contém todas os grupos funcionais e atividades enzimáticas em uma única subunidade multifuncional. A enzima ativa é um dímero com as subunidades posicionadas na posição (invertidas). cabeça-com- cauda Localização na Célula da Síntese dos Ácidos Graxos Na maioria dos eucariontes, o complexo ácido graxos sintase é encontrado exclusivamente no citossol, assim como também são encontradas as enzimas biossintéticas para os nucleotídeos, aminoácidos e glicose. Esta localização segrega os processos biossintéticos das reações degradativas, que ocorrem em sua maioria na matriz mitocondrial. Existe também uma segregação correspondente dos cofatores carreadores de elétrons usados no anabolismo, geralmente processos redutivos, daqueles usados no catabolismo, geralmente oxidativos. Usualmente, NADPH é um carreador de elétrons para reações anabólicas e NAD+, para reações catabólicas. Nos hepatócitos, a relação [NADPH][NADP+] é muito alta (cerca de 75). Já a taxa citossólica [NADH]/[NAD+] é muito menor (cerca de 8 10−4), de modo que o catabolismo oxidativo da glicose NAD+-dependente possa ocorrer no mesmo espaço celular (citpoplasma) e ao mesmo tempo. A relação [NADH]/[NAD] é muito maior na mitocôndria que no citossol, por causa do fluxo de elétrons para o NAD proveniente da oxidação dos ácidos graxos graxos, aminoácidos, piruvato e acetil-CoA (ciclo dos ácidos tricarboxílicos). A alta relação [NADH]/[NAD] mitocondrial 10 favorece a redução do oxigênio via a cadeia respiratória. Nos hepatócitos e adipócitos, o NADPH citossólico é gerado pela via das pentoses-fosfato e pela enzima málica (Fig.9) COOH CH CH2 COOH OH COOH C CH3 O + CO2 NADP+ NADPH + H+ Enzima málica (a) Glicose 6-fosfato Ribulose 5-fosfato NADP+ NADP+ NADPH NADPH Via das pentoses fosfato (b) Fig. 9. Produção de NADPH citossólico: (a) através da enzima málica e (b) através da via das pentoses fosfato. . Nas células fotossintetizantes de plantas, a síntese dos ácidos graxos ocorre nos cloroplastos. Isso faz sentido, já que o NADPH é produzido nos cloroplastos pela reação luminosa da fotossíntese: H2O + NADP + NADPH + H+ + 1/2 O2 Luz A elevada taxa [NADPH]/[NADP+] proporciona o meio redutor que favorece processos redutivos anabólicos como síntese dos ácidos graxos. A Regulação da Biossíntese dos Ácidos Graxos Quando uma célula ou organismo recebe mais combustível metabólico do que requer suas necessidades, o excesso é geralmente convertido em ácidos graxos e estocado na forma de lipídeos tais como os triacilgliceróis. A reação catalisada pela acetil-CoA carboxilase é a etapa limitadora de fluxo para a biossíntese dos ácidos graxos, sendo esta enzima um ponto importante de regulação. Nos vertebrados, o palmitoil-CoA, o principal produto da síntese dos ácidos graxos, é o inibidor por feedback desta enzima; o citrato é um ativador alostérico (Fig. 11a), aumentando seu Vmax. O citrato desempenha um papel central na mudança do metabolismo celular de consumidor 11 (oxidante) de combustível metabólico para armazenador de combustível na forma de ácidos graxos. Quando a concentração mitocondrial de acetil-CoA e ATP aumenta, o citrato é transportado pra fora da mitocôndria; este, além de tornar-se precursor do acetil-CoA citossólico, age também como sinal alostérico para ativação da acetil-CoA carboxilase. Ao mesmo tempo, o citrato inibe a atividade da fosfofrutoquinase-I, reduzindo o fluxo de carbono através da glicólise. A acetil-CoA carboxilase é também regulada por modificação covalente (fosforilação). Os hormônios glucagon e epinefrina acionam a inativação da enzima e reduzem a sua sensibilidade a ativação por meio de fosforilação, retardando, desse modo, a síntese dos ácidos graxos. Em sua forma ativa (desfosforilada), a acetil-CoA carboxilase polimeriza-se em longos filamentos (Fig. 11b); a fosforilação resulta na sua dissociação em subunidades monoméricas e na perda de atividade. Insulina dispara a ativação Glucagon Epinefrina dispara a fosforilação inativação Citrato Acetil-CoA Malonil-Coa Palmitoil-CoA Fig. 11. Regulação da síntese dos ácidos graxos. (a) Nas células dos vertebrados, tanto a regulação alostérica como a modificação covalente hormônio-dependente o fluxo de conversão de precursores em malonil-CoA. Nas plantas, a acetil-CoA carboxilase é atividade pelas mudanças na [Mg] e pH que acompanham a ação da luz. (b) Filamentos de acetil-CoA carboxilase (forma ativa desfosforilada). Síntese de Ácidos Graxos com Cadeia Maior que o Palmitato O palmitato, o principal produto da ácido graxo sintase nas células animais, é o precursor de outros ácidos de graxos de cadeias mais longas (Fig. 12). Este pode ser aumentado para formar o estearato (18:0) ou ainda ácidos graxos saturados mais longos pela adição posterior grupos acetilas, através da ação dos sistemas de alongamento de ácidos graxos presentes no retículo endoplasmático liso e na mitocôndria. O sistema de alongamento mais ativo do RE aumenta a cadeia de 16- carbonos do palmitoil-CoA em dois carbonos, formando o estearoil-CoA. Embora diferentes sistemas enzimáticos estejam envolvidos, e a coenzima A seja o carreador de acilas nas reações ao invés da ACP, o mecanismo de alongamento no RE é idêntico à síntese do palmitato: doação de dois carbonos pela malonil-CoA, seguida de redução, desidratação e redução formando o produto de 18-carbonos, estearoil-CoA. 12 Palmitato 16:0 Estearato 18:0 Palmitoleato 16:1(9) Oleato 18:1(9) Linoeato 18:2(9, 12) Ácidos graxos saturados de cadeia mais longa -Linolenato 18:3(9, 12, 18) Outros ácidos graxos poliinsaturados -Linonenato 18:3(6,9,12) Eicosatrienoato 20:3(8,11,14) Araquidonato 20:4( ,11,14) Dessaturação Alongamento Alongamento Alongamento Dessaturação Dessaturação (Apenas em plantas) Dessaturação (Apenas em plantas) Dessaturação Fig. 12. Rotas de síntese de outros ácidos graxos. O palmitato é o precursor do estearato e de outros ácidos graxos saturados mais longos, bem como dos ácidos monoinsaturados palmitoleato e oleato. Os mamíferos não podem converter oleato em -linoeato (destacado em cinza), o qual tem que ser suprido através da dieta como um ácido graxo essencial. A conversão de linoeato a outros ácidos graxos poliinsaturados está indicado. Os ácidos graxos insaturados são simbolizdos indicando-se o número de carbonos e o número e posição das duplas ligações. Dessaturação dos Ácidos Graxos O palmitato e o estearato servem como precursores dos ácidos graxos monoinsaturados mais comuns no tecido animal: palmitoleato, 16:1(9), e oleato 18:1(9); ambos apresentando uma dupla ligação entre C-9 e C-10. Esta dupla ligação é introduzida na cadeia do ácido graxos por uma reação oxidativa catalisada pela acilgraxo-CoA dessaturase (Fig. 13), uma oxidadase de função mista. Dois diferentes substratos, o ácido graxo e o NADH ou NADPH, se submetem a uma oxidação pela perda de dois elétrons cada. A via de fluxo dos elétrons inclui um citocromo (citocromo b5) e uma flavoproteína (citocromo b5 redutase), ambas, incluindo a acilgraxo-CoA dessaturase, estão localizadas na membrana do RE liso. As bactérias apresentam duas citocromo b5 redutases, uma NADH-dependente e a outra NADPH- 13 dependente; dos dois, não está claro qual é o principal doador de elétrons.Em plantas, o oleato é produzido pela estearoil-ACP dessaturase nos estromas dos cloroplastos que usam ferredoxina reduzida como doador de elétrons. O 2 + 2H+ + CH3 (CH2)n CH2 CH2 C O S CoA 2H 2 O + CH3 (CH2)n CH CH C O S CoA 2 Cit b5 (Fe2+) 2 Cit b5 (Fe3+) 2 Cit b5 redutase (FADH 2 ) 2 Cit b5 redutase (FAD) NADPH + H+ NADP+ acilgraxo-CoA dessaturase Fig. 13. Transferência de elétrons na dessaturação de ácidos graxos em vertebrados. As setas em preto mostram a direção elétrons na cadeia transportadora, sendo que as setas em azul indicam o fluxo dos elétrons dos dois doadores, os substratos acilgraxo-CoA e o NADPH, submetidos à oxidação pelo oxigênio molecular. Estas reações ocorrem na face lumenal do REL. Um via similar, mas com diferentes carreadores de elétrons, ocorre nas plantas. Nos hepatócitos dos mamíferos, podem literalmente ser introduzidas ligações duplas na posição 9 dos ácidos graxos, mas não ligações adicionais entre C-10 e a extremidade metil-terminal. Desse modo, os mamíferos não podem sintetizar linoleato, 18:2(ão podem sintetizar linoleato, 18:2(9,12), ou -linolenato, 18:3(9,12,15). As plantas, no entanto, podem sintetizar ambos; as dessaturases que introduzem duplas ligações nas posições 12 e 15 estão localizadas no RE e nos cloroplastos. As enzimas do RE não agem em ácidos graxos livres mas em um fosfolipídeo, fosfatidil colina, que contenha pelo menos um oleato ligado ao glicerol (Fig. 14). CH2 CH CH2 O O O P O O OH CH2 CH2 N + (CH3)3 C O C O CH3 CH3 CH2 CH CH2 O O O P O O OH CH2 CH2 N + (CH3)3 C O C O CH3 CH3 CH2 CH CH2 O O O P O O OH CH2 CH2 N + (CH3)3 C O C O CH3 CH3 Fosfatidilcolina contendo oleato, 18:1 ( ) Fosfatidilcolina contendo linoleato, 18:2 ( ) Fosfatidilcolina contendo linolenato, 18:3 ( ) Dessaturase Dessaturase Fig. 14. Ação da dessaturase de plantas. As dessaturases vegetais oxidam o oleato ligado a uma fosfatidil colina, formando ácido graxo poliinsaturado. Alguns dos produtos são liberados da fsfatidil colina por hidrólise. 14 Pelo fato de serem precursores necessários para a síntese de outros produtos, linoleato e linolenato são ácidos graxos essenciais para os mamíferos; eles devem ser obtidos de dieta à base de vegetais. Uma vez ingerido, o linoleato pode ser convertido a certos outros ácidos polinsaturados, em particular o -linolenato, eicosatrienoato e araquidonato (eicosatetraenoato), todos podem ser produzidos a partir do linoleato (Fig. 12). O araquidonato, 20:4(do linoleato (Fig. 12). O araquidonato, 20:4(5,8,11,14), é um precursor essencial de lipídeos reguladores, os eicosanóides. Os ácidos graxos de 20 carbono são sintetizados a partir do linoleato (e do linolenato) por reações de alongamento, análogas às descritas anteriormente. Eicosanóides: Ácidos Graxos Poliinsaturados de 20 Carbonos. Os eicosanóides formam uma família de sinalizadores biológicos muito potentes, que agem como mensageiros de curto espectro, afetando apenas os tecidos próximos às células que os produzem. Em resposta a ação de alguns hormônios ou de outros estímulos, a fosfolipase A2, presente na maioria da células de mamíferos, ataca alguns fosfoliídeos da membrana, liberando o araquidonato do glicerol. Enzimas do REL, então convertem o araquidonato em prostaglandinas, começando com a formação da prostaglandina H2 (PGH2), o precursor imediato de muitas outras prostaglandinas e tromboxanas (Fig. 1a). As duas reações que levam à formação da PGH2 são catalisadas por uma enzima bifuncional, a cicloxigenase (COX), também chamada de prostaglandina H2 sintase. Na primeida das duas etapas, a atividade da cicloxigenase introduz oxigênio molecular (O2) para converter araquidonato em PGG2. A segunda etapa é catalisada pela atividade de peroxigenase da COX, que converte PGG2 em PGH2. A aspirina (acetilsalicilato; Fig. 1b) inativa irreversivelmente a atividade da cicloxigenase por acetilação de um resíduo de Ser bloqueando sítio ativo da enzima, inibindo então a síntese de prostaglandinas e tromboxanas. O ibuprofeno, uma droga antinflamatória não esteróide (DAINE; Fig. 1c) largamente usada, inibe a mesma enzima. 15 COO - CH3 CH3 COO - O O O OH CH3 COO - OH O O Fosfolipídeo contendo araquidonato 2O 2 aspirina, ibuprofeno Lisofosfolipídeo Araquidonato 20:4(5,8,1,14) PGG 2 PGH 2 Outras Tromboxanas prostaglandinas Fosfolipase A2 atividade da cicloxigenase da cox atividade da peroxidase da cox COO - O C O CH3 Ser OH COX COX acetilada inativa COO - OH C O CH3 Ser O ++ (b) CH2 CH CH3 CH3 CH CH3 COO - CH CH3 COO - C O CH3 (c) (a) Fig. 1. A via cíclica do araquidonato às prostaglandinas e tromboxanas. (a) Após o araquidonato ser liberado pela ação da fosfolipase A 2 , as atividades da cicloxigenase e peroxidases da COX (também chamada de prostaglandina H 2 sintetase) catalisa a produção de PGH 2 , o precursor de outras prostaglandinas e tromboxanas. (b) A aspirina inibe a primeira reação acetilando um resíduo essencial de Ser. (c) O ibuprofeno e naproxeno inibem a mesma etapa. Aspirina Salicilato (acetil salicilato) Ibuprofeno Naproxeno A tromboxana sintase, presente nas plaquetas (trombócitos) do sangue, converte PGH2 em tromboxana A2. As tromboxanas induzem a constricção dos vasos sangüíneos e a agregação plaquetária, estágios anteriores à coagulação do sangue. Pequenas doses de aspirina, ministradas regularmente, reduzem a probabilidade de ataques cardíacos e derrames pela redução da produção de tromboxanas. As tromboxanas, tal como as prostaglandinas, contém um anel de cinco ou seix átomos; a via que leva o araquidonato até essas duas classes de compostos é chamada de via “cíclica”, para distinguir da via “linear” que vai do araquidonato aos leucotrienos, que são compostos lineares (Fig. 2). A síntese dos leucotrienos começa com a ação de algumas lipoxigenases que catalisam a incorporação de oxigênio molecular no araquidonato. Estas enzimas, encontradas nos leucócitos e no coração, cérebro, pulmões e baço, são oxidases de função mista que usa o citocromo P-450. Os leucotrienos se diferem pela posição do grupo peróxido introduzido pelas lipoxigenases. A via linear a partir do araquidonato, ao contrário da via cíclica, não é inibida pela aspirina ou por outras DAINEs. 16 CH3 15 11 8 5 COO - Araquidonato CH3 15 11 8 5 COO - O OH lipoxigenase O 2 O 2 lipoxigenase CH3 15 11 8 5 COO - O OH12- Hidroperoxieicosatetraenoato (12-HPTETE) 5-Hidroperoxieicosatetraenoato (5-HPETE) várias etapas Leucotrieno A 4 LTA 4 LTC 4 LTD 4 Fig. 2. A via "linear" do araquidonato aos leucotrienos várias etapas Outros leucotrienos BIOSSÍNTESE DOS LIPÍDEOS II – BIOSSÍNTESE DOS TRIACILGLICERÓIS A maioria dos ácidos graxos sintetizados ou ingeridos pelo organismo pode ter um destes dois destinos: incorporação nos triacilgliceróis para o estoque de energia metabólica, ou incorporação na estrutura dos fosfolipídeos componentes das membranas. A distribuição dos ácidos graxos entre estas duas alternativas depende da necessidade corrente do organismo. Durante a fase de crescimento rápido, a síntese de novas membranas requer a produção de fosfolipídeos de membrana; quando o organismo tem um suprimento pleno de alimento mas não está ativamente em crescimento, a maior parte dos ácidos graxos são desviados para a estocagem de gordura. Ambas as vias começam no mesmo ponto: na formação de ésteres de ácidos graxos com glicerol. Os Precursores Comuns da Síntese dos Triacilgliceróis e GlicerofosfolipídeosOs animais podem sintetizar e estocar grandes quantidades de triacilgliceróis, para serem usados posteriomente como combustível. O ser humano pode estocar apenas algumas centenas de gramas de glicogênio no fígado e músculos, suficiente o bastante para atender as necessidades energéticas do corpo por 12 horas. Em contraste, a quantidade de triacilglicerol estocada por um homem de 70 kg de estatura média é de cerca de 15 kg, o bastante para suprir as necessidade basais de energia ao longo de 12 semanas. Os triacilgliceróis tem o maior teor de energia de todos os nutrientes estocados – mais de 38 kJ/g ( 9 kcal/g). Toda vez que carboidratos são ingeridos em excesso e a capacidade de armazenamento de glicogênio é excedida, este excesso de carboidrato é convertido a triacilgliceróis, que são estocados no tecido adiposo. Plantas também produzem triacilgliceróis como um combustível rico em energia, estocando-os principalmente nas frutas, amêndoas e sementes. Nos tecidos animais, os triacilgliceróis e os glicerofosfolipídeos tais como a fosfatidiletanolamina compartilham dois precursores (acilgraxo-CoA e o L-glicerol 3- 17 fosfato) e algumas etapas de suas vias biossintéticas. A maior parte do glicerol 3- fosfato é derivada do intermediário da via glicolítica dihidroxiacetona fosfato (DHAP), pela ação da glicerol 3-fosfato desidrogenase ligada a NAD; no fígado e rins, uma pequena quantidade de glicerol 3-fosfato é também formada pela ação glicerol quinase. Os outros precursores dos triacilgliceróis são os acilgraxos-CoA, formados pelas acilgraxo-CoA sintetases. O primeiro estágio da biossíntese dos triacilgliceróis é a acilação dos dois grupos hidroxilas livres do glicerol 3-fosfatos por duas moléculas de acilgraxo-CoA para produzir o diacilgliclerol 3-fosfato, mais conhecido como ácido fosfatídico ou fosfatidato (Fig. 1). O ácido fosfatídico está presente em pequenas quantidades nas células mas é um intermediário central na biossíntese dos lipídeos; este pode ser convertido tanto em triacilglicerol como em glicerofosfolipídeos. Na via dos triacilgliceróis, o ácido fosfatídico é hidrolisado pela ácido fosfatídico fosfatase para formar 1,2-diacilglicerol. CH3 CO CoA CH2 CH CH2 OH OH O P O - O O - CH3 CO CH2 CH CH2 O OH O P O - O O - CH2 CH CH2 O O O P O - O O - CH3 CO CH3 CO a c il tr a n s fe ra s e a c il tr a n s fe ra s e P i F o s fa ta s e F o s fa ti d il s e ri n a a s in te ta s e H S C o A A c il g ra x o -C o A A c il g ra x o -C o A H S C o A g li c e ro l- fo s fa to H S C o A Membrana do REL CH2 CH CH2 O O OH CH3 CO CH3 CO Acilgraxo-CoA (Palmitoil-CoA) Monoacilglicerol- fosfato (ou Ácido lisofosfatídico) Diacilglicerol-fosfato (ou Ácido fosfatídico Diacilglicerol CH2 CH CH2 O O O CH3 CO CH3 CO CH3 CO Triacilglicerol TRIACILGLICEROL A mesma via que dá origem aos triacilglicerídeos também dá origem aos fosfolipídeos da membrana a partir do ácido fosfatídico ou do diacilglicerol (Fig.2). No primeiro caso, o ácido fosfatídico é ligado a um nucleotídeo de citidina, formando o CDP-diacilglicerol; o CMP é liberado e o ácido fosfatídico é ligado um dos álcoois aminados: etanolamina, colina ou serina. No segundo caso, um dos álcoois aminados é ligado ao nucleotídeo de citosina, formando CDP-etanolamina, CDP-colina ou CDP-serina. O álcool aminado é então transferido juntamente com um grupo fosfato para o diacilglicerol liberando CMP. Fig. 1. Biossíntese dos triacilglicerídeos. Primeiro, a aciliação das hidroxilas do glicerol fosfato, dando primeiro o ácido lisofosfatídico e depois o ácido fosfatídico; depois, o ácido fosfatídico é desfosforilado pela ácido fosfatídico fosfatase, para sofrer a terceira acilação, produzindo o triacilglicerol. 18 CH3 CO CoA CH2 CH CH2 OH OH O P O - O O - CH3 CO CH2 CH CH2 O OH O P O - O O - CH2 CH CH2 O O O P O - O O - CH3 CO CH3 CH2 CO a c ilt ra n s fe ra s e a c ilt ra n s fe ra s e C T P P P i D ia c ilg lic e ro l- C D P s in te ta s P O O O - CH2 CH CH2 O O O P O O O - CH3 CO CH3 CH2 CO Rib Citosina F o s fa ti d ils e ri n a a s in te ta s e C M P S e ri n a CH2 CH CO O - NH2 CH2 CH CH2 O O O P O O O - CH3 CO CH3 CH2 CO A c ilg ra xo -C o A H S C o A g li c e ro l- fo s fa to H S C o A Membrana do REL Glicerol-fosfato Acilgraxo-CoA (Palmitoil-CoA) Monoacilglicerol- fosfato (ou Ácido lisofosfatídico) Diacilglicerol-fosfato (ou Ácido fosfatídico CDP-diacilglicerol Fosfatidil-serina III – BIOSSÍNTESE DOS ESFINGOLIPÍDEOS A biossíntese dos esfingolipídeos ocorre em quatro estágios: (1) a síntese de uma amina de 18 carbonos a partir do palmitoil-CoA e da serina, formando a ceto esfinganina e depois a esfinganina; (2) adição de um ácido graxo através de uma ligação amida para produzir a N-acilesfinganina; (3) dessaturação da porção esfinganina para formar a N-acilesfingosina (ceramida); e (4) adição de um grupamento na cabeça polar para produzir um esfingolipídeo como um cerebrosídeo (glicoesfingolipídeo) ou esfingomielina (fosfoesfingolipídeo) (fig. 3 e 4). CH3 CO CoA C e to e s fi n g a n in a s in te ta s e C e to e s fi n g a n in a d e s id ro g e n a s e A c il e s fi n g a n in a s in te ta s e N A D P H + H + N A D P + s e ri n a H S C o A + C O 2 Membrana do REL Acilgraxo-CoA (Palmitoil-CoA) Cetoesfinganina Esfinganina Acilesfinganina Esfingosina ou esfingenina CH 3 O CH NH 2 CH2 OH CH 3 CHOH CH NH 2 CH2 OH A c ilg ra xo -C o A H S C o A CH3 CO CH 3 CHOH CH NH CH2 OH O xi d a s e d e fu n ç ã o m is ta CH3 CO CH 3 CHOH CH NH CH2 OH Fig. 3. Biossíntese de uma ceramida (esfingolipídeo). Um palmitoil-CoA se condensa a uma serina, formando um cetoálcool aminado (cetoesfinganina), que é reduzida a esfinganina; um grupo acilgraxo é adicionado à esfinganina, formando uma acilesfinganina que é dessaturada dando origem a uma esfingosina, que é a estrutura base dos esfingolipídeos de menbrana (cerebrosídeos, gangliosídeos e esfingomielina. 19 CH3 C O CH 3 CH OH CH NH CH2 OH Di ac ilg lic er ol F os fa tid ilc ol in a CH3 C O CH 3 CH OH CH NH CH2 OH UDP-glicose UDP O O H H H OH OH HOH H OH CH3 C O CH 3 CH OH CH NH CH2 Ceramida Co lin a t ra ns fe ra se Sintetase Esfingomielina Cerebrosídeo Fig. 4. Biossíntese dos esfingolipídeos de membrana esfingomielina e cerebrosídeo, a partir da ceramida
Compartilhar