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RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO UNIMAX - RELATO DE CASO SOBRE FALHA NA TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE PASSIVA EM POTRO AMERICAN TROTTER

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CENTRO UNIVERSITÁRIO - MAX PLANCK 
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAIS DOS SANTOS 
 
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INDAIATUBA 
AGOSTO / 2019 
 
 
 
 
LAIS DOS SANTOS 
 
RA: 20218059 (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório apresentado à disciplina de Estágio 
Supervisionado do curso de Medicina 
Veterinária do Centro Universitário - MAX 
PLANCK, como exigência parcial para 
conclusão do curso de graduação. 
 
Orientador: PROF DRA ROBERTA SARGO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INDAIATUBA 
 
AGOSTO / 2019 
 
 
 
 
LAIS DOS SANTOS 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
 
 
 
 
Exemplar correspondente a redação final de relatório de atividades, desenvolvidas 
em Estágio Supervisionado, do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário - 
MAX PLANCK, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. 
 
 
 
 
Data da defesa: ____/____/____ 
 
 
 
 
1. Orientador: ........................................................................................ NOTA: .......... 
 
2. Examinador 1: ................................................................................... NOTA: .......... 
 
3. Examinador 2: ................................................................................... NOTA: .......... 
 
4. Examinador 3: ................................................................................... NOTA: .......... 
 
 
 
 
 
Média Final: _________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados do Discente 
 
Nome: LAIS DOS SANTOS 
Registro Acadêmico: 20218059 
Instituição: UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI 
Curso: Medicina Veterinária 
Semestre: 10° Semestre 
 
 
Dados do Local de Estágio 
 
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE INDAIATUBA LTDA 
Setor ou Área: Clínica e Cirurgia de Grandes Animais 
Supervisor: M.V. Roberta Sargo 
N° de registro CRMV: 33435 
Período de Estágio: 
Início: 01/08/2019 
Término: 30/08/2019 
Total de horas: 120 horas mensal
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Resumo........................................................................................................................1 
Lista de Tabelas...........................................................................................................2 
Lista de Imagens..........................................................................................................3 
1. Informações sobre o Hospital Escola Veterinário Max Planck.................................4 
1.1 Descrição das atividades desenvolvidas................................................................4 
1.2 Casuística do setor de Grandes Animais do Hospital Escola Veterinário Max 
Planck do mês de Agosto de 2019.......................................................................................4 
2. Revisão bibliográfica sobre Falha na Transferência de Imunidade Passiva em 
Potros....................................................................................................................................8 
2.1 Introdução...............................................................................................................8 
2.2 Fisiopatogenia da Falha na Transferência de Imunidade Passiva.........................8 
2.2.1 Avaliação do Potro Recém-Nascido....................................................................9 
2.2.2 Imunologia do Potro Recém-Nascido................................................................11 
2.2.3 A Importância do Colostro.................................................................................13 
2.2.4 Fatores predisponentes e possíveis causas.....................................................14 
2.3 Sinais Clínicos......................................................................................................15 
2.4 Diagnóstico...........................................................................................................16 
2.4.1 Diagnóstico Diferencial......................................................................................17 
2.5 Tratamento...........................................................................................................17 
2.6 Profilaxia...............................................................................................................19 
3. Relato de Caso Unimax..........................................................................................20 
Conclusão...................................................................................................................24 
Referências Bibliográficas..........................................................................................25 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esse relatório tem como objetivo descrever as atividades desenvolvidas durante a 
realização do estágio supervisionado obrigatório, compreendido entre 01/08/2019 e 
30/08/2019, do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário - MAX PLANCK, e 
apresentar sobre os principais atendimentos e relatar caso de interesse. 
O estágio foi realizado no setor de Clínica Médica de Grandes Animais do Hospital 
Escola Veterinário Max Planck, na qual se acompanhou a rotina clínica e cirúrgica de 
equídeos, pequenos e grandes ruminantes, e animais de produção, como aves e suínos. 
Durante o estágio, foram acompanhados muitos casos interessantes, destacando-se 
o caso sobre Falha na Transferência de Imunidade Passiva em Potros, que será relatado 
nesse trabalho. 
Por fim, concluiu-se que o período de estágio supervisionado foi fundamental para 
permitir maior contato com a rotina clínica e cirúrgica de grandes animais, podendo 
colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos durante a graduação e alertar 
para a necessidade constante de atualização do médico veterinário a fim de prestar um 
serviço de excelência na promoção da saúde. 
 
Palavras-chaves: clínica; cirurgia; grandes animais; equinos; potros; imunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -1- 
 
 
 
Lista de Tabela 
 
Tabela 1: Distribuição dos casos de acordo com o sistema acometido .................. 5 
Tabela 2: Distribuição dos casos de acordo com o sistema locomotor ................... 5 
Tabela 3: Distribuição dos casos de acordo com o sistema digestório. .................. 6 
Tabela 4: Distribuição dos casos sobre neonatologia ............................................. 6 
Tabela 5: Distribuição dos casos de acordo com o sistema respiratório associado 
com o sistema circulatório ................................................................................................ 7 
Tabela 6: Distribuição dos casos de acordo com o sistema reprodutor .................. 7 
Tabela 7: Distribuição dos casos de acordo com o sistema tegumentar ................ 7 
Tabela 8: Causas mais comuns de FTIP, divididas por causas atribuíveis à égua e 
causas atribuíveis ao potro..............................................................................................14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -2- 
 
 
 
Lista de Imagens 
 
Figura 1: Égua sendo segurada no cabresto para aceitar que o potro mame..........23 
Figura 2: Égua permitindo que o potro mame sem a necessidade de contenção....23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -3- 
 
 
 
1. Informações sobre o Hospital Escola Veterinário Max Planck 
O Hospital fica localizada na Rodovia João Ceccon, km 4 - Fazenda Espírito Santo, 
na cidade de Indaiatuba, no estado de São Paulo, Brasil. Conta com 2 veterinários 
responsáveis, 3 residentes e 7 estagiárias no período da manhã, e outro grupo de 
estagiários no período da tarde e noite. Presta serviço de clínica médica e de clínica 
cirúrgica tanto de pequenos, quanto de grandes animais, com disponibilidade de11 baias 
de internação para o setor de grandes animais. Além disso, possuem granjas-escola de 
aves e suínos e curral-escola de grandes e pequenos ruminantes. 
 
1.1 Descrição das atividades desenvolvidas 
O estágio foi supervisionado pela Dra. Roberta Sargo e pelo Dr. Thyago Escodro 
Dercoli, no período de 01 de Agosto de 2019 a 30 de Agosto de 2019, totalizando 120 
horas. 
As atividades realizadas foram: anamnese aos animais recém-chegados ao hospital; 
abertura de fichas de prontuários; realização de primeiros socorros aos animais de 
emergência; acompanhamento clínico dos animais que já estavam internados; exames 
físicos periódicos; auxilio em procedimentos cirúrgicos; preparo e administração e 
medicações; limpeza da área em comum, como farmácia, pátio, enfermaria, centro 
cirúrgico; alimentação dos animais internados; acompanhamento a atendimento à campo, 
e discussões de casos clínicos com os residentes. 
 
1.2 Casuística do setor de Grandes Animais do Hospital Escola Veterinário 
Max Planck do mês de Agosto de 2019 
Durante o período de estágio supervisionado foram atendidos 12 equinos. 
Para melhor demonstração e análise de casuística, os diferentes casos foram 
discriminados em tabelas, sendo cada uma organizada de acordo com o sistema 
acometido. 
Estas análises foram baseadas nos sinais clínicos de cada paciente, suspeita clínica 
e diagnóstico. 
 
 
 
 
 
 
 -4- 
 
 
 
 
Tabela 1: Distribuição dos casos de acordo com o sistema acometido, atendidos no 
setor de Grandes Animais do Hospital Escola Veterinário Max Planck, no mês de Agosto 
de 2019, Indaiatuba, São Paulo. 
 
SISTEMA NÚMERO DE CASOS 
LOCOMOTOR 7 
DIGESTÓRIO 1 
NEONATOLOGIA 1 
RESPIRATÓRIO + CIRCULATÓRIO 1 
REPRODUTOR 1 
TEGUMENTAR 1 
 
Conclui-se através da tabela 1 que as principais afecções atendidas no período do 
estágio supervisionado obrigatório foram do sistema locomotor, porém, apesar de poucos 
animais, houve uma grande diversidade entre os sistemas dos outros casos 
acompanhados. 
 
Tabela 2: Relação de casos do sistema locomotor atendidos no setor de Grandes 
Animais do Hospital Escola Veterinário Max Planck, durante o mês de Agosto de 2019, 
Indaiatuba, São Paulo. 
 
DATA DE 
ENTRADA 
ESPÉCIE RAÇA IDADE SEXO 
DIAGNÓSTICO/SUSPEITA 
CLÍNICA 
17/05/19 Equina 
Quarto de 
Milha 
3 anos Macho 
Tendinose no Tendão Flexor 
Digital Superficial no Membro 
Pélvico Esquerdo 
14/06/19 Equina 
Quarto de 
Milha 
15 
anos 
Macho Sesamoidite 
25/06/19 Equina 
Quarto de 
Milha 
12 
anos 
Macho Esparavão 
 
 -5- 
 
 
 
10/07/19 Equina 
Mangalarga 
Marchador 
6 anos Fêmea 
Tenotomia do Tendão Flexor 
Digital Profundo devido à 
Laminite 
24/07/19 Equina 
Brasileiro 
de Hipismo 
13 
anos 
Macho Queratoma 
06/08/19 Equina 
Mangalarga 
Marchador 
3 anos Fêmea 
Osteocondrite Dissecante em 
curvilhões 
19/08/2019 Equina 
Quarto de 
Milha 
4 anos Macho 
Tendinite no Tendão Flexor 
Digital Superficial 
 
Tabela 3: Relação de casos do sistema digestório atendidos no setor de Grandes 
Animais do Hospital Escola Veterinário Max Planck, durante o mês de Agosto de 2019, 
Indaiatuba, São Paulo. 
 
 
DATA DE 
ENTRADA 
ESPÉCIE RAÇA IDADE SEXO 
DIAGNÓSTICO/SUSPEITA 
CLÍNICA 
12/08/19 Equina 
Mangalarga 
Marchador 
3 anos Fêmea Compactação de Cólon Maior 
 
Tabela 4: Relação de casos de neonatologia atendidos no setor de Grandes Animais 
do Hospital Escola Veterinário Max Planck, durante o mês de Agosto de 2019, Indaiatuba, 
São Paulo. 
 
 
DATA DE 
ENTRADA 
ESPÉCIE RAÇA IDADE SEXO 
DIAGNÓSTICO/SUSPEITA 
CLÍNICA 
23/07/19 Equina 
American 
Trotter 
1 dia Macho 
Falha na Transferência da 
Imunidade Passiva 
 
 
 
 -6-
 
 
 
 
Tabela 5: Relação de casos do sistema respiratório associado com o sistema 
circulatório atendidos no setor de Grandes Animais do Hospital Escola Veterinário Max 
Planck, durante o mês de Agosto de 2019, Indaiatuba, São Paulo. 
 
DATA DE 
ENTRADA 
ESPÉCIE RAÇA IDADE SEXO 
DIAGNÓSTICO/SUSPEITA 
CLÍNICA 
24/07/19 Equina 
Quarto de 
Milha 
5 anos Fêmea 
Adenite Equina; Púrpura 
Hemorrágica; Babesiose; 
Erliquiose 
 
Tabela 6: Relação de casos do sistema reprodutor atendidos no setor de Grandes 
Animais do Hospital Escola Veterinário Max Planck, durante o mês de Agosto de 2019, 
Indaiatuba, São Paulo. 
 
DATA DE 
ENTRADA 
ESPÉCIE RAÇA IDADE SEXO 
DIAGNÓSTICO/SUSPEITA 
CLÍNICA 
16/08/19 Equina 
Mangalarga 
Paulista 
5 anos Macho Orquiectomia 
 
 
Tabela 7: Relação de casos do sistema tegumentar atendidos no setor de Grandes 
Animais do Hospital Escola Veterinário Max Planck, durante o mês de Agosto de 2019, 
Indaiatuba, São Paulo. 
 
DATA DE 
ENTRADA 
ESPÉCIE RAÇA IDADE SEXO 
DIAGNÓSTICO/SUSPEITA 
CLÍNICA 
14/08/19 Equina 
Polo 
Argentino 
14 
anos 
Fêmea 
Ferida com Tecido de 
Granulação em Membro Pélvico 
Direito 
 
 
 -7- 
 
 
 
 
 
2. Revisão Bibliográfica sobre Falha na Transferência de Imunidade Passiva 
em Potros 
 
2.1 Introdução 
 
A equideocultura tem sido intensificada nos tempos modernos, e os gastos 
envolvidos são cada vez maiores. Atualmente, muitos criadores recorrem à cobrição 
supervisionada e/ou inseminação artificial de suas éguas, congelamento de sêmen, 
sexagem embrionária associada à transferência de embriões, fertilização in vitro, controle 
ecográfico dos ciclos foliculares e diagnóstico de gestação. A produção de um potro pode, 
portanto, ser um processo bastante complexo e com custos elevados, o que leva aos 
veterinários se atualizarem e se especializarem em medicina reprodutiva também no 
mundo equestre. 
A produtividade de uma égua pode ser medida em função da sua capacidade de 
produzir potros viáveis e sãos, capazes de gerar um retorno financeiro adequado. Por 
este motivo, a sobrevivência ou não dos seus produtos pode afetar fortemente a 
produtividade e rotatividade de uma determinada propriedade. Além disso, paralelamente 
ao esforço financeiro que pode representar, o nascimento de um potro e a perspectiva do 
seu desenvolvimento são, muitas vezes, acontecimentos com grande impacto emocional 
para os proprietários, levando à cuidados relacionados a estes animais cada vez mais 
sofisticados. A especialidade de neonatologia tem, pelos motivos enunciados, vindo a 
tornar-se, nos últimos anos, cada vez mais importante na clínica de equinos. 
Assim, esse trabalho tem por objetivo relatar um caso de uma das afeções mais 
comuns do sistema reprodutivo equino, que pode ser encontrada e tratada por clínicos 
gerais, tanto dentro de hospitais, como na própria propriedade. 
 
2.2 Fisiopatogenia da Falha na Transferência de Imunidade Passiva 
 
As síndromes de imunodeficiência são problemas relativamente comuns em potros, 
dentre os quais a falha de transferência passiva de anticorpos é, sem dúvida, a afecção 
mais comum na neonatologia equina (ROCHA, 2008). 
A placenta das éguas é epiteliocorial difusa o que significa que não há transferência 
 -8- 
 
 
 
transplacentária de macromoléculas e, portanto, o potro nasce virtualmente 
agamaglobinêmico, e por esse motivo, não é preparado para montar uma resposta 
imunitária rápida. Sem uma correção adequada dessa agamaglobinemia é provável que o 
potro acabe por sucumbir a outros processos. A transferência passiva de imunoglobulinas 
através da ingestão do colostro é, deste modo, a única fonte de anticorpos para o potro 
recém-nascido. 
O prognóstico desta síndrome deve ser considerado sempre reservado devido às 
inúmeras complicações que podem surgir, das quais a septicemia é o exemplo por 
excelência. Potros com deficiência em imunoglobulinas G entre 24 e 48 horas de vida, 
têm elevada probabilidade de sofrerem complicações, e por isso, baixa probabilidade de 
sobrevivência. 
O sucesso ou fracasso no tratamento de um recém-nascido depende muito da 
capacidade do proprietário ou tratador detectarantecipadamente as alterações do filhote e 
de uma rápida atuação ao contatar o médico veterinário. Portanto, é de extrema 
importância que o veterinário clínico responsável pela propriedade desempenhe um bom 
papel na instrução e orientação dos proprietários/tratadores no reconhecimento das 
alterações e cuidados necessários nesses casos, podendo ser determinante na 
sobrevivência destes. 
O recém-nascido que apresente problemas requer cuidados intensivos, que muitas 
vezes não são levados à risca dentro da propriedade, assim a possibilidade de ser 
hospitalizado deve ser considerada. 
 
2.2.1 Avaliação do Potro Recém-Nascido 
 
A frequência respiratória de um potro recém-nascido é naturalmente elevada para 
conseguir a total insuflação dos pulmões e, assim, combater a hipóxia e hipercapnia 
normais ao nascimento, podendo chegar até 75 respirações por minuto imediatamente 
após o parto, baixando para 35 a 40 ao fim da primeira hora de vida, e sendo necessários 
movimentos respiratórios ativos tanto na inspiração como na expiração (KNOTTENBELT 
et al, 2004). 
Minutos após o nascimento, a frequência cardíaca do poldro recém-nascido é 
normalmente de 50 a 60 batimentos por minuto, valor que rapidamente aumenta para 120 
 -9- 
 
 
 
(KNOTTENBELT et al, 2004). Alterações arrítmicas como a fibrilação atrial, a taquicardia 
ventricular ou a despolarização extraventricular são achados comuns nos primeiros 15 a 
30 minutos de vida, quase sempre devidos ao tônus vagal elevado, e que se resolvem 
espontaneamente em pouco tempo (KNOTTENBELT et al, 2004). 
O ideal é que o potro apresente dois reflexos importantes minutos após o 
nascimento: um reflexo forte para se endireitar, e um reflexo de sucção, que deve estar 
presente em 5 a 10 minutos após o nascimento, sendo observado pela extensão da língua 
e sucção de ar. Quando a égua começa a lamber o potro, ele estende os membros 
anteriores e faz os primeiros esforços para se levantar, o que acontece normalmente em 
até 1 hora após o nascimento. Deve ser considerado anormal se o potro demorar mais de 
120 minutos para se levantar. No início, o filhote apresenta bastante incoordenação, mas 
que melhora rapidamente, estabelecendo a ligação com a égua e a procura do úbere 
(ROCHA, 2008). As tentativas para mamar devem ser bem-sucedidas em até 3 horas 
após o nascimento (ORSINI & DIVERS, 2008). Para melhor instruir os proprietários pode-
se assim estabelecer a chamada regra 1,2,3: uma hora para levantar, duas para mamar e 
três para a expulsão da placenta (ORSINI & DIVERS, 2008). 
A primeira urina ocorre entre 6 e 10 horas após o nascimento, sendo que os machos 
urinam normalmente mais cedo. Devido à grande quantidade de leite ingerido, é normal 
que grandes quantidades de urina diluída sejam produzidas: aproximadamente 148 
ml/kg/dia, o que significa que um potro com 50 kg produzirá cerca de 7,4 litros de urina 
por dia (PARADIS, 2006). O mecônio, constituído por fluido alantóico, “debris” celulares e 
secreções gastrointestinais, acumula-se no reto e cólon menor e é normalmente 
excretado em 2 a 12 horas após o nascimento (KNOTTENBELT et al, 2004). 
O sistema gastrointestinal tem capacidade para digerir colostro e leite minutos após 
o nascimento. A liberação de hormônios e neuropeptídios, estimulada pela ingestão, é 
fundamental para o desenvolvimento gastrointestinal. O aparecimento de fezes pálidas 
causadas pela ingestão de leite, é sinal que todo o mecônio foi excretado. Caso isso não 
aconteça, a retenção de mecônio provocará sinais de cólica (KNOTTENBELT et al, 2004). 
A coprofagia é normal nos potros até a 8ª semana de vida, e poderá ser causada pela 
necessidade de estabelecer uma flora intestinal adequada (PARADIS, 2006). 
Se a ligação entre o potro e a égua for bem-sucedida, durante 90% do tempo, 
ambos não se separarão mais de 5 metros nos primeiros meses de vida. A rejeição do 
 -10- 
 
 
 
potro pela égua acontece mais frequentemente em éguas primíparas, que têm medo do 
potro e o evitam. Em situações mais sérias, a égua chega a atacar o poldro. É importante 
não interferir ou perturbar a égua durante o período de estabelecimento da ligação, se a 
situação de rejeição não for extrema e a égua apenas manifestar medo, acalmar a égua 
ou mesmo sedá-la permite geralmente que o potro mame e a égua o aceite 
(KNOTTENBELT et al, 2004). O padrão de alimentação dos potros varia 
consideravelmente. Na primeira semana, um potro normal mamará aproximadamente 
durante 2 minutos, 5 a 7 vezes por hora. Ao segundo dia de vida o poldro recém-nascido 
consome diariamente cerca de 23% do seu peso (KNOTTENBELT et al, 2004). 
A temperatura retal normal no equino recém-nascido deverá situar-se entre os 37 e 
39º C. Um potro saudável é capaz de termorregular-se após o nascimento, mas ainda 
assim é extremamente susceptível à hipotermia devido à pequena quantidade de gordura 
subcutânea, à elevada área de superfície em relação ao volume, e aos mecanismos de 
termorregulação imaturos (ROCHA, 2008). 
Um poldro saudável é curioso e vigoroso, reage à aproximação movendo-se para o 
lado contrário da égua; face a estímulos auditivos levanta-se rapidamente indo mamar de 
imediato e é extremamente sensível a estímulos tácteis reagindo com movimentos da 
cabeça exagerados (PARADIS, 2006). 
 
2.2.2 Imunologia do Potro Recém-Nascido 
 
O desenvolvimento do sistema imunitário equino ocorre durante a vida fetal e o 
equino recém-nascido é praticamente imunocompetente (PERRYMAN, 1981). Os 
linfócitos de um equino são capazes de responder à estimulação antigênica aos 80 a 100 
dias de gestação e montar uma resposta humoral em 200 dias (PARADIS, 2006), mas o 
valor de linfócitos circulantes permanece cerca de um terço do valor normal em adultos 
até a 3ª ou 4ª semana de idade (KNOTTENBELT et al, 2004). No entanto, como o potro in 
útero está protegido a exposição de patógenos, é raro que a primeira resposta imune 
ocorra antes do nascimento (MORRIS, 1987). 
A imunidade humoral é a proteção conferida pelos anticorpos circulantes. As 
diferentes classes de imunoglobulinas têm diferentes estruturas básicas, e os anticorpos 
específicos dentro de cada classe têm uma região base comum e diferentes regiões 
 -11- 
 
 
 
acessórias, que lhes conferem especificidade para cada antígeno (KNOTTENBLET et al, 
2004). 
Devido a placenta equina ser do tipo epiteliocorial difusa, ela funciona como uma 
barreira aos agentes patogênicos, porém, impede, de igual modo, a passagem de 
imunoglobulinas da mãe para o feto (TIZARD, 1982). Como os vírus e as bactérias, em 
condições normais, não ultrapassam a placenta, o potro não produz uma resposta 
imunitária antes do nascimento, ainda que já tenha capacidade para o fazer. 
Assim, o potro nasce virtualmente desprotegido, e sem imunoglobulinas, com 
exceção de imunoglobulinas M, cuja produção inicia aos 185 dias de gestação. 
Após o nascimento, a resposta imunitária primária necessita de aproximadamente 2 
semanas para conferir proteção ao recém-nascido (GIGUÈRE & POLKES, 2005). Assim, 
em condições normais, em que não há um estímulo antigênico in útero, a produção de 
imunoglobulinas G e imunoglobulinas A é iniciada imediatamente após o nascimento, 
tornando-se mais efetiva após 4 semanas de idade (PERRYMAN et al, 1980). Desta 
forma, o potro recém-nascido depende quase totalmente das imunoglobulinas que recebe 
através do colostro para se proteger das ameaças ambientais, durante as primeiras 4 a 8 
semanas de vida (KNOTTENBELT et al, 2004). 
É ainda importante considerar que a falta de imunoglobulinas G resulta na falha na 
capacidade de opsonização (processo que consiste em fixar opsoninas em epítopos do 
antígeno, permitindo a fagocitose) e, por isso, o potro recém-nascido com falha na 
transferência de imunidade total ou parcial não possui este tipo de proteção (LEBLANC & 
PRITCHARD, 1988), ou seja,uma vez que não podem ligar imunoglobulinas G aos 
microrganismos, os neutrófilos não podem fagocitar estes microrganismos eficientemente. 
Um potro recém-nascido cuja ingestão de colostro seja adequada e resulte numa 
concentração sérica de imunoglobulinas G superior a 8 g/L, tem a mesma capacidade de 
opsonização que um adulto (KNOTTENBELT et al, 2004). Porém, a concentração 
plasmática de imunoglobulinas G considerada como ideal é variável segundo os autores 
consultados. Knottenbelt et al (2004) consideram que o nível protetor mínimo é de 4-6 g/L, 
considerando como FTIP parcial concentrações entre 2-4 g/L e FTIP total quando inferior 
a 2 g/L. Já Paradis (2006), Giguère, (2005) e Orsini (2008) consideram como FTIP total 
concentrações inferiores a 4 g/L, como FTIP parcial concentrações de 4-8 g/L e como 
concentração ideal valores superiores a 8 g/L. 
 -12- 
 
 
 
A imunidade celular é pouco desenvolvida ao nascimento e requer um processo de 
maturação de aproximadamente 6 meses (GIGUÈRE & POLKES, 2005). As condições 
patológicas nas quais a imunidade celular tem um papel importante, como, por exemplo, 
Rhodococcus equi, rotavirus ou ascarídeos, são mais graves antes da maturação deste 
tipo de imunidade (KNOTTENBELT et al, 2004). 
Os indicadores clínicos de síndromes de imunodeficiência em potros jovens incluem: 
- Infecções recorrentes e múltiplas em potros com idade inferior a 6 a 8 semanas; 
- Doença clínica severa causada por organismos patogênicos que em circunstâncias 
normais seriam relativamente inócuos; 
- Inexistência de resposta humoral à vacinação; 
- Doença causada por vacinas vivas atenuadas. 
 
2.2.3 A Importância do Colostro 
 
O fator individual mais importante para a imunidade humoral nos potros é a 
transferência de imunidade passiva via colostro (STONEHAM, 1991). O poldro recém-
nascido requer cerca de 1 a 2 litros de colostro preferencialmente durante as primeiras 4 
horas de vida para que se estabeleça um nível de imunoglobulinas G adequado (ROCHA, 
2008). O colostro é um complexo de eletrólitos, hidratos de carbono, lipídios e vitaminas 
(KNOTTENBELT et al, 2004). Quanto aos seus componentes celulares, destacam-se os 
linfócitos, os macrófagos, os neutrófilos e as células epiteliais (HURLEY, 1998). Além 
desses componentes, evidenciam-se as imunoglobulinas, hormônios, fatores de 
crescimento, citocinas, lisozima, entre outros. Cerca de 80% da proteína existente no 
colostro é imunoglobulina G (KNOTTENBELT et al, 2004). Este componente tem impacto 
significativo e positivo não só na imunidade neonatal, mas também na maturação 
gastrointestinal. 
No momento do parto, a concentração de imunoglobulinas G no colostro pode 
exceder 90 g/L em algumas éguas (PARADIS, 2006). Em éguas multíparas, a secreção 
de colostro é de cerca de 300 ml/h, e a concentração de imunoglobulinas é de cerca de 
70g/L no momento do parto (KNOTTENBELT et al, 2004). Cerca de 2 horas após o parto, 
essa concentração começa a diminuir, atingindo valores abaixo das 5 g/L às 24 horas. 
Portanto, a produção de colostro é um evento único, o que leva com que a perda 
 -13- 
 
 
 
signifique um menor volume disponível para o potro, e, portanto, uma menor e menos 
duradoura proteção (KNOTTENBELT et al, 2004). 
Dada a sua importância na proteção do potro, a qualidade do colostro, em condições 
ideais, deveria ser aferida antes do potro mamar (KNOTTENBELT et al, 2004). Uma 
pequena quantidade de colostro pode ser obtida para se quantificar as imunoglobulinas G 
colostrais (KNOTTENBELT et al, 2004). Um bom método para estimar a qualidade do 
colostro é a determinação da gravidade específica com um colostrômetro. 
Alimentar o potro com aproximadamente 1,5 g de imunoglobulinas G por quilo de 
peso vivo resulta numa concentração sérica aceitável. Para um potro de 45 kg, isto 
corresponde a aproximadamente 1 a 2 litros de colostro com gravidade específica 
superior a 1060 (aproximadamente 70 a 75 g de imunoglobulinas G), em várias vezes 
com pequena quantidade nas primeiras 8 horas de vida (PARADIS, 2006). 
Os potros saudáveis começam a mamar ativamente em 1 a 2 horas após o 
nascimento, e os primeiros anticorpos maternos podem ser detectados no sangue 4 a 6 
horas após a ingestão do colostro (JEFFCOTT, 1974). O intestino delgado está provido de 
células especializadas que absorvem de forma não seletiva macromoléculas por 
pinocitose. A eficiência absortiva máxima ocorre imediatamente após o nascimento e 
declina progressivamente ao longo das horas seguintes, devido a substituição dos 
enterócitos especializados e capazes de realizar a pinocitose por enterócitos maduros que 
não conseguem fazer a absorção de macromoléculas. 
O pico da concentração dos anticorpos maternos no sangue do potro ocorre das 18 
às 24 horas de vida e sofre um declínio rápido nas primeiras 4 semanas de vida, com uma 
vida útil de aproximadamente 18 dias para as imunoglobulinas. A maioria dos anticorpos 
maternos está presente em concentração reduzida aos 6 meses de idade (HUSSEY, 
2001). À medida que o nível de anticorpos maternos diminui, os anticorpos autógenos vão 
aumentando progressivamente, sendo detectáveis a partir da 2ª a 4ª semana de vida 
(PARADIS, 2006). 
 
2.2.4 Fatores predisponentes e possíveis causas 
 
As três potenciais causas de FTIP são a não produção de colostro (causas 
 
 -14- 
 
 
 
maternas) ou a não ingestão e não absorção do mesmo (causas do potro) (GIGUÈRE, 
2005). A falha na absorção do colostro ingerido é uma causa muito mais rara de FTIP do 
que a não ingestão de colostro. 
 
Tabela 8: Causas mais comuns de FTIP, divididas por causas atribuíveis à égua e 
causas atribuíveis ao potro. 
 
CAUSAS ATRIBUÍVEIS À ÉGUA CAUSAS ATRIBUÍVEIS AO POTRO 
Concentração abaixo de 30 g/litro de IgG 
no colostro, por início da lactação 
prematuro ou tardio, ou falha na secreção 
de IgG para o colostro 
Falha na ingestão de colostro devido ao 
temperamento do potro 
Doença da égua (febre, dor, debilidade) Potro fraco ou cego 
Mastite 
Problemas congênitos que impedem uma 
ingestão de colostro efetiva (fenda palatina, 
quistos epiglóticos) 
Placentite Stress ou infecção 
Gestação gemelar 
Problemas ortopédicos ou traumas 
(incapacidade para se levantar) 
Égua primípara Problemas de comportamento neonatal 
Perda de colostro antes do parto (mais 
comum) 
Síndrome hipóxia, isquemia e exaustão 
Parto prematuro (tempo inadequado para a 
concentração de IgG no colostro) 
Absorção fraca ou inexistente no intestino 
por potros prematuros, devido à 
imaturidade da função gastrointestinal, ou 
ingestão tardia 
Falha na descida do leite, atribuível à 
temperamento da égua, égua primípara ou 
iatrogenia 
Problemas neurológicos que impedem o 
potro de se levantar 
 
 
 
 -15- 
 
 
 
2.3 Sinais Clínicos 
 
Os potros com FTIP não complicada não apresentam quaisquer sinais clínicos 
patognomônicos. As anomalias encontradas no exame clínico são resultados de outros 
processos secundários ou complicações (PARADIS, 2006). 
Além disso, como o colostro é a primeira fonte alimentar para o potro, a não ingestão 
deste pode levar a uma diminuição significativa da glicemia, já que o poldro não tem 
reservas corporais que a possam manter, e consequentemente ao enfraquecimento 
acentuado do animal. 
Os sinais clínicos dessa afecção são, portanto, extremamente variáveis, que vão 
desde uma ligeira desorientação até infecções generalizadas, devendo suspeitar-se de 
FTIP em qualquer animal que apresente infecções recorrentes ou septicemia neonatal 
(KNOTTENBELT et al, 2004). 
 
2.4 Diagnóstico 
 
Teoricamente, todos os potros recém-nascidos deveriam ser examinados por um 
médico veterinário e testados para a passagem da transferência passiva de 
imunoglobulinas às 12 e 24 horas de vida (KNOTTENBELT et al, 2004). Os potros 
considerados de alto risco de FTIP oude sepse podem ser avaliados às 6 e 12 horas de 
vida (JEFFCOTT, 1975). 
Existem inúmeros kits rápidos no mercado que permitem fazer este teste in loco, 
sendo que a escolha deve ser baseada no tempo até obtenção de resultado, no tempo 
para executar o teste, precisão, simplicidade do processo e custo. 
A quantificação da proteína sérica total num densitômetro, embora barato e simples 
de executar, é um método pouco preciso como indicador do nível total de imunoglobulinas 
em potros (JEFFCOTT, 1975). Os testes de coagulação com glutaraldeído ou sulfato de 
zinco são bastante fáceis de executar, de baixo custo, os resultados são obtidos quase de 
imediato e têm uma precisão razoável. Estes são adequados para a testagem do valor de 
imunoglobulinas porque têm sensibilidade e valor preditivo negativo elevados, o que 
significa que potros com imunoglobulinas G em níveis adequados são corretamente 
identificados (PARADIS, 2006). 
 -16- 
 
 
 
A confirmação pode ser obtida pelo teste de imunodifusão radial simples, com a 
desvantagem do aumento do custo e tempo dispendido até à obtenção de resultado (24 a 
48 horas). Ainda assim, é o teste mais preciso dos existentes atualmente e considerado o 
teste de eleição no diagnóstico de FTIP em potros (PARADIS, 2006). 
 
2.4.1 Diagnóstico Diferencial 
 
Para o diagnóstico diferencial da síndrome de falha de transferência de imunidade 
passiva devem ser consideradas as afeções como síndrome de imunodeficiência 
combinada; agamaglobinemia transitória; perda de sangue severa; infecções violentas e 
fome. 
 
2.5 Tratamento 
 
Se a FTIP for diagnosticada ou suspeitada antes das 12 horas de vida, é indicado a 
administração oral de colostro ou plasma de boa qualidade (PARADIS, 2006), devendo 
ser feito preferencialmente durante as primeiras 8 horas (KNOTTENBELT et al, 2004). 
Depois da 18ª hora, a administração de colostro de uma outra égua, ou de um banco 
de colostro, já não é indicada porque a absorção não seletiva de macromoléculas pelo 
intestino delgado nesta fase já não é eficiente (PARADIS, 2006). 
A desvantagem de administrar plasma oralmente é que as imunoglobulinas estão 
mais diluídas que no colostro (15g / litro e 70 g / litro, respectivamente), o que significa 
que para atingir uma concentração no sangue superior a 8 g/L é necessário um volume 
muito superior de plasma oral (ROCHA, 2008). Uma solução é usar plasma congelado 
seco ou concentrado, que permite administrar um menor volume (KNOTTENBELT et al, 
2004). 
Para o cálculo do volume de colostro a ser administrado, deve ser levado em 
consideração que o volume plasmático de um potro de 50 kg é cerca de 3 litros (60 ml/kg), 
para obter uma concentração plasmática de 8g/L de imunoglobulinas serão necessárias 
24g de IgG. Administrando o colostro entre a 4ª e a 6ª hora de vida, e considerando uma 
absorção de cerca de 25%, serão necessárias 96g de IgG. Se administrarmos um colostro 
com uma concentração de IgG de 36g/L teremos que administrar cerca de 2,7L de 
-17- 
 
 
 
colostro para atingir uma concentração plasmática de 8 g/L (KNOTTENBELT et al, 2004). 
Quando a administração oral de colostro ou plasma já não é suficiente para 
aumentar a concentração plasmática de imunoglobulinas, a solução existente é a 
administração endovenosa de plasma (WHITE, 1989). Os cavalos dadores de plasma, 
devem estar testados para as doenças infecciosas mais comuns da espécie, para os 
aloantígenos ou incompatibilidades de aloanticorpos, e ter sido vacinados antes da 
colheita de sangue para produção de plasma (PARADIS, 2006). Idealmente devem ser 
negativos para aloanticorpos Aa e Qa para prevenir sensibilizações do receptor a futuras 
transfusões, e ainda conter uma concentração adequada de anticorpos para doenças 
específicas dos equinos (PARADIS, 2006). Alguns produtores de plasma, vacinam ainda 
os dadores com lipido A, de forma a terem um elevado número de anticorpos anti-
endotoxinas (PARADIS, 2006). 
Uma alternativa mais viável é a colheita de plasma de um cavalo saudável, que 
satisfaça o maior número possível das condições acima descritas e que esteja estabulado 
no mesmo ambiente do poldro recém-nascido. Este procedimento tem a vantagem de o 
dador conter provavelmente uma alta concentração de anticorpos contra os agentes 
patológicos mais prevalentes na exploração onde se encontra o potro. 
Se não houver ou não puder ser efetuado um teste de compatibilidade, um cavalo 
castrado que nunca tenha recebido uma transfusão é uma alternativa razoável 
(STONEHAM, 1997). A concentração de imunoglobulinas G no plasma do dador deve ser 
no mínimo de 12 g/L. A colheita, processamento e armazenamento do plasma deve ser 
feita com assepsia rigorosa para prevenir contaminação iatrogênica (STONEHAM, 1997). 
A concentração sérica de imunoglobulinas G deve ser aferida entre 12 a 24 horas 
após a transfusão de plasma, de modo a verificar se o aumento pretendido foi atingido. 
Esse espeço de tempo se faz necessário para que as imunoglobulinas transferidas 
atinjam tanto o espaço vascular como extra vascular. Além disso, as imunoglobulinas G 
transfundidas são rapidamente utilizadas em reações imunitárias ou catabolizadas, sendo 
que um potro saudável apresenta um decréscimo de cerca de 30% das imunoglobulinas 
transfundidas aos 7 dias de idade. Em potros sépticos ou com comprometimento 
sistêmico, esta depleção ainda é maior, devido à maior permeabilidade vascular e 
superiores necessidades imunológicas (PARADIS, 2006). 
 
 -18- 
 
 
 
A utilização de antibióticos, embora estes não sejam usados especificamente para 
tratar a FTIP, pode ser útil, preventivamente, dada a probabilidade elevada de 
complicações, como infecção ou septicemia. No entanto, a utilização de antibióticos pode 
favorecer o aparecimento de resistências, o que não pode ser desconsiderado. Assim, a 
utilização profilática de antibióticos deve ser considerada individualmente para cada 
animal, segundo o risco que representa, o valor do animal, o histórico, a utilização, a 
história reprodutiva da mãe, devendo ainda ser considerado o agravamento do custo do 
tratamento que daí advém (PARADIS, 2006). Antes da administração de qualquer droga 
anti-infecciosa o ideal é que seja colhido sangue para hemocultivo e antibiograma. 
Empiricamente, caso não seja possível esperar pelos resultados, são aconselhadas 
algumas associações, dependendo do estado clínico do animal. Quando não há qualquer 
evidência de sepse, pode ser utilizado um antibiótico ou uma associação de antibióticos 
de amplo espectro, durante um período de 5 dias (KNOTTENBELT et al, 2004). As 
associações de Penicilina com Amicacina ou Gentamicina são normalmente indicadas 
(KNOTTENBELT et al, 2004). Se o animal apresentar sepse ou outra infecção, a 
antibioticoterapia tem de ser mais agressiva, e administrada durante um maior período de 
tempo. Estão aconselhados para esses casos a Ticarcilina, o Ceftiofur e a Amicacina 
(KNOTTENBELT et al, 2004). 
As restantes opções terapêuticas dependem do estado clínico do animal e têm como 
objetivo combater processos secundários dos quais o potro sofra e estabilizá-lo 
metabolicamente. A fluidoterapia tem como objetivo essa estabilização, e deve ser 
considerada de acordo com o estado ácido-base e hidroeletrolítico do animal. 
 
2.6 Profilaxia 
 
Na grande maioria dos casos, quando a FTIP é diagnosticada, é tarde demais para 
prevenir a exposição a eventuais patógenos no ambiente, portanto, a melhor abordagem 
ao problema é um programa agressivo de prevenção e reconhecimento precoce 
(KNOTTENBELT et al, 2004). 
Os proprietários devem ser instruídos acerca da importância da ingestão de colostro 
nas primeiras horas de vida e monitorização das éguas gestantes, para se assegurarem 
que o parto ocorre normalmente e que o potro desenvolva as primeiras atitudes nos 
 -19- 
 
 
 
prazos corretos, como mencionadosanteriormente. Se tal não ocorrer, devem chamar de 
imediato o médico-veterinário, para que assista o potro com o que for necessário. 
Caso as éguas vivam em pastagens, em sistema extensivo, o ideal é que elas sejam 
recolhidas 2 a 3 semanas antes do parto para o local onde vão parir (ou um piquete 
maternidade, ou uma baia mais ampla). Dado que o colostro se forma no último período 
da gestação, é importante que a égua se encontre no ambiente em que o potro passará 
os primeiros tempos de vida, para que os anticorpos maternos lhe confiram proteção em 
relação a esse ambiente (KNOTTENBELT et al, 2004). Esse local do parto deve estar 
limpo e com boa cama. O procedimento mais adequado é a desinfecção das instalações 
após cada parto, substituição das camas e limpeza do períneo e da glândula mamária 
antes que o poldro se levante, para diminuir a potencial ingestão de patógenos quando o 
recém-nascido comece a procurar o úbere da mãe (PARADIS, 2006). 
 
3. Relato de Caso 
 
Foi acompanhado durante o período de estágio o caso do paciente Desejo, equino, 
macho, que chegou ao Hospital Escola Veterinário Max Planck com 1 dia de vida, no dia 
23/07/2019 às 21h50, acompanhado de sua mãe NN Promessa, equino, fêmea, da raça 
American Trotter, 6 anos, primípara. 
A queixa principal do proprietário foi que o potro não mamou o colostro, e se 
apresentava muito apático, portanto, encaminhou os animais ao perceber que a situação 
não era o ideal, o mais rápido possível, possibilitando assim, maior chance de 
recuperação deste potro. 
Ao realizar o exame clínico no primeiro atendimento, os parâmetros encontrados 
foram: frequência cardíaca em 100 batimentos por minutos, frequência respiratória em 24 
movimentos por minuto, mucosas congestas, tempo de preenchimento capilar de 3 
segundos, temperatura retal em 38,6°C e hipomotilidade nos quatro quadrantes de 
ausculta do sistema digestório. Glicemia em 136 mg/dl. 
Durante os primeiros dias de internação, observou-se que o potro tentava ingerir o 
leite materno, porém, sem sucesso, pois sua mãe o impedia de mamar, tentando mordê-lo 
ou coiceá-lo quando se aproximava. Frente a este caso, o proprietário relatou que ela não 
tinha contato com outros animais da mesma espécie, e apresentava problemas 
 -20- 
 
 
 
comportamentais. Ao nascer o potro, a égua entrou em estresse pela presença de um 
outro animal junto a ela, mesmo sendo sua própria cria. 
Fêmeas primíparas podem não apresentar instinto materno, e este caso foi um 
exemplo real do quão problemático isso pode se tornar. 
Porém, além desse problema comportamental, a fêmea apresentava uma falha na 
produção de leite, pois, ao ordenhá-la na tentativa de administrar o leite por mamadeira ao 
filhote, não descia leite suficiente dos tetos. Portanto, a conduta foi utilizar fármacos que 
promovesse a liberação do leite, como a Ocitocina, cuja dose em literatura é de 1 a 2 ml 
por animal, administrada por via intramuscular, quatro vezes ao dia, durante dois dias. 
Além disso, com o intuito de deixar a mãe mais calma para facilitar a aceitação do 
potro, fez-se uso de um tranquilizante, Acepran, cuja dose em literatura é de 0,5 a 1 ml 
para cada 100kg, administrado por via intramuscular, três vezes ao dia, por dois dias. 
Para complementar essa terapia, foi utilizado o suplemento Calm-new 5000®, que é 
indicado para animais que sofrem com estresse, pois os princípios ativos constituintes são 
triptofano, magnésio, ômega 3 e 6, e vitamina B1, que favorecem a ação de serotonina, 
proporcionando ao animal sensação de bem-estar. A dose utilizada foi de 13,3 gramas por 
dia (uma medida dosadora), 2 vezes ao dia, durante 10 dias. 
Também se fez escolha do Omeprazol como protetor gástrico, cuja dose em 
literatura é de 1 a 5 mg/kg, administrado por via oral, uma vez ao dia, por 6 dias, utilizado 
para diminuir secreções ácidas do estômago. 
Já o potro recebeu, no segundo dia de atendimento, plasma hiperimune comercial, 
que é constituído por fatores do complemento, fatores da cascata de coagulação, fatores 
de crescimento, aminoácidos, minerais, água, vitaminas, enzimas, sais, proteínas, além 
de desenvolver o papel fundamental na prevenção de patologias por possuir anticorpos 
específicos da espécie. Foi utilizado na tentativa de reverter as consequências que 
poderiam ocorrer por este animal não ter ingerido o colostro nas primeiras horas de vida. 
A tentativa de alimentar este filhote foi inicialmente com Leite Nan®, sendo fornecido 
através de mamadeira. Após alguns dias, foi feita uma associação de leite de vaca 
pasteurizado semidesnatado via mamadeira e leite materno, para isso, era necessário 
colocar o cabresto na mãe e ficar segurando-a até o potro mamar a quantidade que 
desejasse. 
 
 -21- 
 
 
 
Também for administrado Agrosil® (Benzilpenicilina Procaína, Benzilpenicilina 
Potássica, Benzilpenicilina Benzatina e Estreptomicina) cuja dose em literatura é de 
20.000 UI/kg, para prevenção de uma onfalite, pois o animal apresentou um edema na 
região umbilical ao longo da internação. Administrado por via intramuscular, uma vez ao 
dia, durante 5 dias. 
O exame laboratorial realizado foi um hemograma, no dia 25/07/2019, onde se 
constatou trombocitopenia, hipoproteinemia, e fibrinogênio alto. O exame foi repetido no 
dia 29/07/2019, onde as plaquetas foram normalizadas, porém a hipoproteinemia ainda 
estava presente e o fibrinogênio ficou ainda mais elevado. 
Foram realizados pelos estagiários diversos exames clínicos por dia, e desde o dia 
que o animal chegou (23/07/2019) até o dia 26/07/2019 observou-se hipomotilidade 
intestinal no paciente, o que era previsível, pois o animal não estava se alimentando 
devidamente. Após esta data, a motilidade intestinal começou a se normalizar. 
Depois de um período de 16 dias de internação, os animais encontravam-se em 
condições ideais para receberem alta. A égua estava mais calma com a presença de seu 
filhote e ele iniciou a alimentação gradativa com ração já no hospital. Ao embarcarem os 
animais de volta à propriedade, o residente de plantão repassou todas as informações 
necessárias com os proprietários, orientando-os que, mesmo com o potro já conseguindo 
se alimentar sozinho na mãe, era necessário observar o comportamento dela, e verificar 
se a produção de leite estaria adequada. Foi entregue um receituário explicando a 
alimentação do potro, que era baseada na ingestão de ração Essence Creepper, 500 
gramas por dia, dividido em dois tratos, um pela manhã e outro pela tarde, aumentando as 
porções gradativamente, após 1 mês de vida. 
Através deste relato nota-se a diferença na recuperação de um animal atendido 
imediatamente, ao necessitar de cuidados especiais, e com isso a recuperação foi rápida 
e satisfatória. 
 
 
 
 
 
 
 -22- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Égua sendo segurada no cabresto para aceitar que o potro mame. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Égua permitindo que o potro mame sem a necessidade de contenção. 
 
 
 -23- 
 
 
 
Conclusão 
 
Com relação ao relato de caso, o acompanhamento do recém-nascido é 
fundamental para a sua sobrevivência, pois as alterações sofridas são extremamente 
rápidas e a deterioração do estado do animal requer medidas terapêuticas imediatas, para 
assegurar um desfecho positivo. O tratamento de suporte destes animais reveste-se 
assim de tanta importância como o tratamento específico. A prevenção de complicações e 
a estabilização do estado metabólico são vitais para um prognóstico favorável. E o 
essencial é sempre orientar os clientes para com os seus animais, pois a atuação rápida é 
o que salva uma vida em determinadas situações. 
Com relação ao período de estágio obrigatório supervisionado, considera-se que é 
uma oportunidade para o aluno da graduação em medicina veterinária vivenciar sua rotinado mercado de trabalho. É o momento ideal para ter contato integral com a prática, com a 
rotina clínica e cirúrgica de grandes animais, utilizando os conhecimentos teóricos 
adquiridos durante toda graduação. Se faz necessário para o desenvolvimento de 
raciocínio clínico, para o desenvolvimento de técnicas e habilidades científicas, para criar 
condutas terapêuticas efetivas, para lidar com opiniões de diferentes pessoas da mesma 
área, para construir métodos de se relacionar com proprietários como clientes, para 
promover networking e o principal, para aprimorar as relações interpessoais tanto 
profissionais quando pessoais. 
É nítido que o profissional Médico Veterinário deve sempre se atualizar e se preparar 
para enfrentar novas situações, sempre focando na qualidade de vida dos seus pacientes 
e buscando aprimoramento constante a fim de promover com excelência sua atuação na 
promoção de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -24- 
 
 
 
 
Referências 
 
GIGUÈRE, S.; POLKES, A.C. Immunologic disorders in neonatal foals. Veterinary 
Clinica of North America – Equine Practice, 2005. 
 
JEFFCOTT L.B. Studies on passive immunity in the foal. Veterinary Clinica of North 
America – Equine Practice, 1974. 
 
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status after birth. Equine Neonatal Medicine – a case based aproach. Tufts Cummings 
School of Veterinary Medicine, 1975. 
 
KNOTTENBELT, D.C., HOLDSTOCK, N., MADIGAN J.E. Equine Neonatology. Medicine 
and Surgery, 2004. 
 
ROCHA, M. C. Falha de Transferência da Imunidade Passiva em Equinos Recém-
Nascidos. Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, 2008. 
 
HAFEZ, E.S.E. Reprodução Animal, e-book 6ª edição. 
 
Falha de Transferência passiva em potros: a importância da imunidade do colostro. 
Boletim informativo do Departamento Técnico Venco – Saúde Animal, 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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