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Viés - Erros Sistemáticos de Análise Sistemas de Informação em saúde Um dos principais objetivos da pesquisa biomédica é o estabelecimento de uma relação entre causa e efeito entre duas variáveis, sendo a identificação de uma asso- ciação estatisticamente significativa entre elas um passo intermediário e necessário A importância de estudar estatisticamente a associação entre exposição e doença deve-se ao fato de ela ser uma condição essencial para se inferir causalidade Viés: ✓ É necessário controlar os vieses, uma eventual as- sociação observada entre duas variáveis ainda pode ser devida ao acaso, ou seja, por uma amostra infeliz o pesquisador foi levado a decidir pela associação. ✓ O papel de um teste estatístico é tentar des- cartar o acaso como uma possível explicação para o resultado observado ✓ O viés é um erro sistemático de um estudo ou análise, que leva a uma interpretação equivo- cada dos resultados Principais tipos de vieses (erros sistemáticos): Viés de Seleção: ➔ Está relacionado a forma como os sujeitos foram selecionados. Ocorre quando alguns indivíduos pos- suem mais chances de serem escolhidos em uma amostra . Ex: selecionar pacientes em hospitais. Viés de Aferição: ➔ Quando os núcleos de aferição/forma de medir são diferentes entre os grupos de pacientes Viés de Sobrevivência (de incidência/pre- valência): ➔ Em um estudo transversal de casos e controles, quando se estuda casos prevalentes ao invés de incidentes, qualquer característica associada a sobrevivên- cia será mais comum entre os casos. Ex: em uma determinada população, a aids tem maior incidência entre pessoas de baixo nível socio- econômico. No entanto, o tempo de sobrevivência é maior em pessoas que possuem alto nível econô- mico. Viés de Não-correspondentes: ➔ Em estudos transversais, os indivíduos apresentam, tipicamente, maiores prevalências da maioria de do- enças do que os que são entrevistados. Em estudos de casos controles, haverá viés se a taxa de não resposta for diferente entre casos e controles, e se a não-resposta estiver associada com exposição Ex: um estudo transversal tem como objetivo esti- mar a frequência de indicadores de estresse na po- pulação. Houve 20% de perdas, principalmente de- vido a recusas e a dificuldade de encontrar indivíduos que pouco ficavam em casa Viés de Recordação: ➔ Tendência maior de indivíduos com a doença lem- brarem de eventos e experiencias relacionadas com a exposição Viés de Verificação: ➔ Tendência a uma investigação mais detalhada pelo desfecho em sujeitos expostos do que naqueles não-expostos a determinado fator Viés de Registro: ➔ Indivíduos com doenças mais graves tendem a ter registros mais completos sobre exposições e, por- tanto, pode-se encontrar uma maior associação nes- ses casos Viés do Entrevistador/observador: ➔ Quando se tenta buscar aquilo que você deseja en- xergar. Depende da suspeita diagnosticada, do instru- mento de coleta de dados. Ex: o entrevistador sabe que assistir televisão pode au- mentar o consumo de alimentos gordurosos e isso pode causar aumento da obesidade. Ao entrevistar a criança obesa ela relata não assistir televisão, o entrevistador por- tanto insiste tentando obter uma resposta positiva em- basada em seu pressuposto. Viés de Confusão ou confundimento: ➔ Pode aumentar ou reduzir uma associação obser- vada entre exposição e doença. Ex: um estudo sobre vitaminas e sua capacidade de pro- teger contra eventos cardiovasculares se as pessoas to- mam vitaminas, provavelmente tem um estilo de vida saudável. Logo a proteção contra doenças cardiovascu- lares pode estar atrelada à alimentação saudável e não à ingestão da vitamina. Viés de Amostragem: ➔ Quando os pacientes em um estudo não são como outros pacientes com a condição. As formas de se- leção não correspondem com outras pessoas que possuem a doença. Viés de Migração: ➔ Ocorre quando alguns pacientes abandonam o es- tudo durante o seguimento e são sistematicamente diferentes daqueles que permanecem. Se os aban- donos são aleatórios não há viés. Uma possibilidade é o abandono por conta de um prognóstico ruim. Viés de Perdas de Acompanhamento: ➔ Em casos de estudo de coorte/intervenção, os indi- víduos que deixam de ser acompanhados podem di- ferir daqueles que são efetivamente estudados. Isso pode distorcer as medidas de incidência e de efeito, se as perdas estiverem associadas com exposição. ➔ Parecido com viés de migração Viés do Trabalhador Sadio (viés da auto- seleção): ➔ Indivíduos com determinada característica tem maior probabilidade de entrar em um estudo. Ex: em casos de estudo de saúde ocupacional, desco- bre-se que os trabalhadores têm menos morbimortali- dade (ou melhores condições de saúde/dieta) do que a população geral da mesma idade e sexo. Isso se deve ao fato de que para obter e manter um emprego e neces- sário estar relativamente saudável Viés de Hospitalização: ➔ Pacientes com uma determinada característica po- dem ser hospitalizados mais frequentemente do que pacientes sem essa característica. Isso pode levar a uma conclusão errada de que a característica seja um fator de risco quando não o é, ou ainda gerar o efeito de um verdadeiro fator de risco Ex: crianças pobres com pneumonia são mais hospitali- zadas do que crianças ricas com a mesma doença, pois o tratamento domiciliar é demasiadamente caro para as primeiras Viés do Instrumento: ➔ Um instrumento pode fornecer resultados inadequados para um subgrupo de pacientes Ex: aferir a pressão com u aparelho comum em pes- soas obesas resulta em uma superestimativa dos níveis tensionais Causalidade Reversa: ➔ Ocorre quando a exposição muda com o resultado da doença Ex: um estudo transversal mostra que pessoas que rea- lizam exercícios físicos regularmente tem maior preva- lência de obesidade (a obesidade na verdade foi o motivo que levou as pessoas a fazerem exercício). ➔ A pesquisa pode fazer com que o leitor tenha uma interpretação erada de modo a acreditar que pes- soas que frequentam academia engordem
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