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Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 1 ⁉ Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 💡 Cap 26- Tortora Estrutura e função do sistema urinário e reprodutivo Quais as estruturas compõem o sistema urinário e de que forma esse sistema funciona? O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma única bexiga urinária, e uma única uretra. Determinados resíduos, coletivamente chamados de urina, são removidos do sangue à medida que ele circula nos rins. A urina passa pelos ureteres até a bexiga, onde é estocada antes de ser eliminada do corpo pela uretra. Na mulher, a uretra conduz somente a urina para o exterior. No homem, a uretra é um conduto comum para urina e fluido seminal. Onde os ureteres entram na bexiga, válvulas fisiológicas impedem o fluxo reverso da urina para os rins. Esse mecanismo ajuda a defender os rins das infecções do trato urinário inferior. Além disso, a urina normal tem algumas propriedades antimicrobianas. A ação do fluxo urinário durante a excreção da urina também tende a remover microrganismos potencialmente infecciosos. Quais as estruturas compõem o sistema reprodutivo e de que forma esse sistema funciona? O sistema reprodutivo feminino consiste em dois ovários, duas tubas uterinas (falópio), o útero, incluindo o colo uterino, a vagina e a genitália externa. Os ovários produzem os hormônios sexuais femininos e os óvulos. Quando um óvulo é liberado durante o processo de ovulação, ele entra na tuba uterina, onde Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 2 a fertilização pode ocorrer se houver espermatozoides viáveis presentes. O óvulo fertilizado (zigoto) desce pela tuba e entra no útero. Ele se implanta na parede interna do útero e permanece ali enquanto se transforma em um embrião e, posteriormente, em um feto. A genitália externa (vulva) inclui o clitóris, os lábios e as glândulas que produzem uma secreção de lubrificação durante a cópula. O sistema reprodutivo masculino consiste em dois testículos, um sistema de ductos, glândulas acessórias e o pênis. Os testículos produzem hormônios sexuais masculinos e esperma. Para serem liberadas do corpo, as células espermáticas passam por uma série de ductos: o epidídimo, o ducto (canal) deferente, o ducto ejaculatório e a uretra. Qual a composição da microbiota normal dos sistemas reprodutivo e urinário? A urina normal é estéril, porém pode se tornar contaminada com a microbiota da pele próxima ao final de sua passagem pela uretra. Assim, a urina coletada diretamente da bexiga tem um menor número de micróbios contaminantes que a urina eliminada normalmente. As bactérias predominantes na vagina são os lactobacilos. Essas bactérias produzem o ácido láctico, que mantém o pH ácido da vagina (3,8-4,5), inibindo o crescimento da maioria dos outros microrganismos. A maior parte dos lactobacilos da vagina produz peróxido de hidrogênio, que também inibe o crescimento de outras bactérias. O estrogênio (hormônio sexual) promove o crescimento dos lactobacilos pelo aumento da produção de glicogênio pelas células do epitélio vaginal. O glicogênio é rapidamente decomposto em glicose, que os lactobacilos metabolizam em ácido láctico. Outras bactérias, como os estreptococos, vários anaeróbios e algumas gram- negativas, também são encontradas na vagina. O fungo leveduriforme Candida albicans é parte da microbiota normal de 10 a 25% das mulheres, mesmo que elas sejam assintomáticas. A gravidez e a menopausa frequentemente são associadas a altas taxas de infecções no trato urinário. A razão é que os níveis de estrogênio são mais baixos, resultando em populações menores de lactobacilos e, portanto, em menor acidez vaginal. A uretra masculina normalmente é estéril, exceto por contaminações microbianas próximas à abertura externa. Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 3 Doenças Bacterianas do sistema urinário O que é cistite, uretrite e pielonefrite? As infecções do sistema urinário são iniciadas mais frequentemente por uma inflamação da uretra, ou uretrite. A infecção da bexiga é denominada cistite, e a infecção dos ureteres, ureterite. O perigo mais significativo das infecções do trato urinário inferior é que elas podem migrar para os ureteres e afetar os rins, causando a pielonefrite. Ocasionalmente, os rins são afetados por infecções bacterianas sistêmicas, como a leptospirose. Os patógenos causadores dessa doença são encontrados na urina excretada. Devido à proximidade do ânus com a abertura urinária, as bactérias intestinais predominam nas infecções do sistema urinário. A maioria das infecções urinárias é causada por Escherichia coli. Infecções por Pseudomonas, devido a sua resistência natural aos antibióticos, são especialmente problemáticas. O que é a cistite? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, diagnóstico e tratamento. O que é: É uma inflamação comum da bexiga em mulheres. Sintomas: Disúria (dificuldade, dor e urgência para urinar) e piúria (pus na urina). Patogenia: A uretra feminina tem menos de 5 cm de comprimento, e os microrganismos a atravessam facilmente. Ela é bem mais próxima do ânus e de suas bactérias intestinais contaminantes que a uretra masculina. Essas considerações refletem o fato de que a taxa de infecção do sistema urinário em mulheres é cerca de oito vezes maior que em homens. Agente Causador: Em ambos os gêneros, a maioria dos casos deve-se a infecções por E. coli. Outra causa bacteriana frequente é o Staphylococcus saprophyticus coagulase-negativo. Diagnóstico: Como regra geral, uma amostra de urina com mais de 100 unidades formadoras de colônia (UFC) por mL de patógenos potenciais (como coliformes) de uma paciente com cistite é considerada significativa. O diagnóstico deve incluir também um teste de urina positivo para leucócito esterase (LE), enzima produzida pelos neutrófilos – que indica uma infecção ativa. Tratamento: O fármaco trimetoprim-sulfametoxazol normalmente reverte os casos de cistite com rapidez. Os antibióticos fluoroquinolona ou ampicilina Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 4 frequentemente são utilizados com sucesso se resistência à antimicrobianos é encontrada O que é a Pielonefrite? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, diagnóstico e tratamento. O que é: É uma inflamação dos rins, e normalmente é um progressão da cistite não tratada. Sintomas: Febre e dor nos flancos (lateral da lombar) ou nas costas. No sexo feminino, infecções do trato urinário inferior são uma complicação frequente. Patogenia: A pielonefrite geralmente resulta em bacteremia. Se a pielonefrite se tornar crônica, formam-se cicatrizes nos rins, o que prejudica significativamente o seu funcionamento. Agente Causador: O agente envolvido em cerca de 75% dos casos é a E. coli. Diagnóstico: culturas sanguíneas e uma coloração de Gram da urina para a identificação da presença de bactérias são estratégias úteis no diagnóstico. Uma amostra de urina contendo mais de 10.000 UFC/mL e um teste de LE positivo indicam pielonefrite. Tratamento: Uma vez que a pielonefrite é uma condição que oferece potencial risco à vida, o tratamento normalmente se inicia com a administração intravenosa, de longo prazo, de um antibiótico de amplo espectro, como uma cefalosporina de segunda ou terceira geração. O que é a Leptospirose? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, diagnóstico e tratamento. O que é: é principalmente uma doença de animais domésticos ou silvestres, mas pode ser transmissível aos seres humanos e, algumas vezes, provocar doença renal ou hepática severa. Sintomas: Após um período de incubação de 1 a 2 semanas, dores de cabeça e musculares, calafriose febre aparecem abrupta- mente. Muitos dias depois, os sintomas agudos desaparecem e a temperatura retorna ao normal. Alguns dias depois, entretanto, um segundo episódio de febre pode ocorrer. As leptospiras são observadas no interior de células não fagocíticas dos pacientes infectados. É incerto como os patógenos entram nas células Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 5 hospedeiras, no entanto, eles utilizam esse mecanismo como fator de dispersão para os órgãos-alvo e para a evasão do sistema imune. Devido a isso, a resposta imune é atrasada tempo o suficiente (1 ou 2 semanas) para que a população de bactérias no sangue e nos tecidos alcance números enormes. Em um pequeno número de casos, os rins e o fígado tornam-se gravemente infectados (doença de Weil); a insuficiência renal é a causa mais comum de morte. Uma forma emergente de leptospirose, a síndrome hemorrágica pulmonar, surgiu globalmente. Afetando os pulmões com sangramento maciço, essa síndrome tem uma taxa de mortalidade de mais de 50%. A recuperação resulta em uma imunida- de sólida, mas apenas contra o sorovar envolvido Patogenia e Transmissão: Os animais infectados com as espiroquetas disseminam a bactéria em sua urina por períodos prolongados. Os seres humanos se tornam infectados através do contato com água contaminada com urina, proveniente de lagos de água doce ou riachos, solo ou, algumas vezes, pelo contato com tecido animal. Normalmente, o patógeno penetra por pequenas abrasões na pele ou nas membranas mucosas. Quando ingerido, ele penetra pela mucosa do trato digestório superior. Cães e ratos são a fonte mais comum de infecção. Cães domésticos apresentam uma taxa considerável de infecção; mesmo quando imunizados, eles continuam a disseminar as leptospiras. Agente Causador: O agente causador é a espiroqueta Leptospira interrogans. Diagnóstico: A maioria dos casos de leptospirose é diagnosticada por um teste sorológico que é complicado e, normalmente, feito em laboratórios centrais de referência. Entretanto, muitos testes rápidos estão disponíveis para o diagnóstico preliminar. Além disso, o diagnóstico pode ser realizado pela amostragem de sangue, urina ou outros fluidos para o microrganismo ou seu DNA Tratamento: Doxiciclina (uma tetraciclina) é o antibiótico recomendado para o tratamento; entretanto, a administração de antibióticos em estágios tardios frequentemente é insatisfatória. Uma explicação para esse fato pode ser que as reações imunes são responsáveis pela patogênese nesse estágio. Doenças Bacterianas do Sistema Reprodutivo Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 6 O que é a Gonorreia? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: É uma IST muito comum. Sintomas: Os homens tornam-se cientes da existência de uma infecção gonorreica pela dor ao urinar e pela descarga de mate- rial contendo pus pela uretra. Cerca de 80% dos homens infectados mostram esses sintomas óbvios após um período de incubação de apenas alguns dias; a maioria mostra sintomas em menos de uma semana. Nos dias anteriores à antibioticoterapia, os sintomas são persistentes por semanas. Uma complicação comum é a uretrite, embora ela ocorra mais em decorrência da coinfecção com Chlamydia, que será discutida em breve. Uma complicação rara é a epididimite, uma infecção do epidídimo. Normalmente de ocorrência unilateral, essa condição dolorosa resulta da infecção ascendente ao longo da uretra e do ducto deferente. Em mulheres, a doença é mais insidiosa. Somente o colo uterino, que contém células epiteliais colunares, é infectado. As paredes da vagina são compostas de células epiteliais escamosas estratificadas, que não são colonizadas. Poucas mulheres percebem a infecção. Posteriormente, no curso da doença, pode ocorrer dor abdominal a complicações, como a doença inflamatória pélvica. Em homens e mulheres, a gonorreia não tratada pode se disseminar e se tornar uma doença sistêmica grave. As complicações da gonorreia podem envolver as articulações, o coração (endocardite gonorreica), as meninges (meningite gonorreica), os olhos, a faringe ou outras partes do corpo. A artrite gonorreica, que é causada pelo crescimento do gonococo nos fluidos das articulações, ocorre em aproximadamente 1% dos casos de gonorreia. As articulações comumente afetas são as do pulso, do joelho e do tornozelo. Se a mãe estiver infectada com gonorreia, os olhos do bebê dela podem se tornar infectados à medida que ele passa pelo canal do parto. Essa condição, oftalmia neonatal, pode resultar em cegueira. Devido à gravidade dessa condição e à dificuldade de ter certeza que a mãe está livre da gonorreia, antibióticos são colocados nos olhos de todos os recém- nascidos. Se for conhecido que a mãe está infectada, uma injeção intramuscular de antibiótico também é administrada ao bebê. Algum tipo de profilaxia é requerido por lei em muitos Estados. Infecções gonorreicas também podem ser transferidas pelo contato das mãos, de locais infectados Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 7 para os olhos de adultos. As infecções gonorreicas podem ser adquiridas em qualquer momento do contato sexual; as gonorreias faríngea e anal não são raras. Os sintomas da gonorreia faríngea frequentemente lembram àqueles da dor de garganta séptica comum. A gonorreia anal pode ser dolorosa e acompanhada de descargas de pus. Na maioria dos casos, entretanto, os sintomas são limitados à coceira. Patogenia e Transmissão: Para infectar, o gonococo precisa se ligar através das fímbrias às células mucosas da parede epitelial. O patógeno invade os espaços que separam as células epiteliais colunares, as quais são encontradas na área orofaríngea, nos olhos, no reto, na uretra, na abertura do colo uterino e na área externa genital das mulheres pré-puberais. A invasão desencadeia uma inflamação e, quando os leucócitos se movem para a área inflamada, o pus característico se forma. Em homens, uma única exposição não protegida resulta em infecção com gonorreia 20 a 35% das vezes. As mulheres tornam-se infectadas em 60 a 90% das vezes com uma única exposição. Agente Causador: Provocada pelo diplococo gram-negativo Neisseria gonorrhoeae. Diagnóstico: A gonorreia nos homens é diagnosticada pelo achado de gonococos em esfregaço corado de pus da uretra. A coloração de Gram de exsudatos não é tão confiável para as mulheres. Em geral, uma cultura é coletada do colo uterino e cultivada em meios especiais. A cultura de bactérias nutricionalmente fastidiosas requer uma atmosfera enriquecida com dióxido de carbono. O gonococo é muito sensível às influências ambientais adversas (dessecação e temperatura) e sobrevive com dificuldade fora do corpo. O cultivo tem a vantagem de permitir a determinação da suscetibilidade aos antibióticos. O diagnóstico da gonorreia tem sido auxiliado pelo desenvolvimento de um teste de ELISA que detecta N. gonorrhoeae no pus uretral ou em esfregaços cervicais, em cerca de 3 horas, com alta exatidão. Esse e outros testes rápidos utilizam anticorpos monoclonais contra antígenos de superfície dos gonococos. Testes de amplificação de ácido nucleico são muito precisos em identificar isolados clínicos de casos suspeitos. Tratamento: Para a gonorreia que afeta os tecidos cervicais, uretrais ou retais, a recomendação atual é, inicialmente, utilizar as cefalosporinas, como a ceftriaxona ou o cefixime. A ceftriaxona também é recomendada para casos de infecção faríngea. Fluoroquinolonas não são recomendadas Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 8 devido ao desenvolvimento rápido de resistência a elas. A menos que uma coinfecção com Chlamydia trachomatis seja descartada,o paciente também deve ser tratado para esse organismo. É também uma prática-padrão tratar parceiros sexuais de pacientes, a fim de diminuir o risco de reinfecção e a incidência de ISTs em geral. O que é a Chlamydia trachomatis ? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: É um tipo de Uretrite não gonocócica (UNG) ou Uretrite Inespecífica( UI) Sintomas: Em mulheres, ela é responsável por muitos casos de doença inflamatória pélvica, além de infecções oculares e pneumonias em lactentes nascidos de mães infectadas. Infecções clamidiais genitais também estão associadas com alto risco de câncer cervical. Uma vez que os sintomas frequentemente são leves em homens, e as mulheres normalmente são assintomáticas, muitos casos de UNG permanecem não tratados. Embora as complicações não sejam comuns, podem ser bastante graves. Os homens podem desenvolver inflamação do epidídimo. Em mulheres, a inflamação das tubas uterinas pode causar cicatrizes, levando à esterilidade. Agente Causador: Chlamydia trachomatis. Diagnóstico: Para o diagnóstico, a cultura é o método mais confiável, porém requer métodos de cultivo especializados, leva de 24 a 72 horas e nem sempre está disponível de maneira conveniente. Atualmente, existem diversos testes novos não baseados em cultura. Muitos deles amplificam e detectam as sequências de DNA e RNA do microrganismo. Amostras de urina podem ser utilizadas, mas a sensibilidade é menor que com esfregaços. O desenvolvimento mais recente em testes de amplificação é o uso de espécimes de esfregaços (uretrais ou vaginais, conforme o caso) coletados pelos próprios pacientes – método que eles tendem a preferir. Tratamento: São sensíveis a antibióticos do tipo tetraciclina, como doxiciclina, ou a antibióticos macrolídeos, como a azitromicina. Observações: Um fato de especial importância é que cinco vezes mais casos são relatados em mulheres do que em homens. C. trachomatis também é responsável pelas ISTs linfogranuloma venéreo e tracoma. Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 9 O que é a Doença Inflamatória pélvica (DIP)? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: Doença inflamatória pélvica (DIP) é um termo coletivo para qualquer infecção bacteriana extensa dos órgãos pélvicos femininos, particularmente o útero, o colo do útero, as tubas uterinas ou os ovários. Sintomas: A infecção das tubas uterinas, ou salpingite, é a forma mais severa de DIP. A salpingite pode resultar em cicatrizações que bloqueiam a passagem dos óvulos do ovário ao útero, possivelmente causando esterilidade. Uma tuba uterina bloqueada pode causar a implantação de um ovo fertilizado na tuba uterina, em vez de no útero. Esse fenômeno é denominado gravidez ectópica (ou tubária), sendo uma condição potencialmente letal, devido à possibilidade de ruptura da tuba, com hemorragia resultante. Patogenia e Transmissão: O começo da DIP clamidial é relativamente mais insidioso, com poucos sintomas inflamatórios iniciais, em comparação com a N. gonorrhoeae. Entretanto, o dano à tuba uterina pode ser maior com a infecção clamidial, principalmente no caso de infecções repetidas. Agente Causador: A DIP é considerada uma infecção polimicrobiana, ou seja, diversos patógenos diferentes podem ser a causa, incluindo coinfecções. Os dois micróbios mais comuns são a N. gonorrhoeae e a C. trachomatis. Diagnóstico: Um diagnóstico de DIP depende muito dos sinais e dos sintomas, em combinação com as indicações laboratoriais de gonorreia ou infecção clamidial do colo uterino Tratamento: O tratamento recomendado para DIP é a administração simultânea de doxiciclina e cefoxitina (uma celafosporina). Essa combinação é ativa contra ambos, gonococos e clamídia. O que é a Sífilis? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: É IST e que possui alguns estágios, o estágio primário, secundário, período latente e o estágio terciário da sífilis. Estágio Primário da Sífilis: No estágio primário da doença, o sinal inicial é um cancro, ou úlcera, pequeno, de base endurecida, que aparece no local da infecção de 10 a 90 dias após a exposição – em média, cerca de 3 semanas. O cancro é indolor, e um exsudato seroso forma-se no centro. Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 10 Esse fluido é altamente infeccioso. Em algumas semanas a lesão desaparece. Nenhum desses sintomas causa qualquer desconforto. De fato, muitas mulheres têm total desconhecimento do cancro, que, com, frequência, localiza-se no colo do útero. Nos homens, o cancro algumas vezes se forma na uretra e não é visível. Durante esse estágio, as bactérias entram na corrente sanguínea e no sistema linfático, que as distribuem amplamente pelo corpo. Estágio Secundário da Sífilis: Muitas semanas após o estágio primário (o tempo exato varia e os estágios podem se sobrepor), a doença entra no estágio secundário, caracterizado principalmente por uma erupção cutânea de aparência variável. A erupção é amplamente distribuída na pele e nas membranas mucosas, sendo especialmente visível nas palmas das mãos e nas solas dos pés. O dano ocorrido aos tecidos nesse estágio e no estágio terciário tardio deve-se principalmente à resposta inflamatória aos imunocomplexos circulantes que se alojam em várias partes do corpo. Outros sintomas frequentemente observados são perda de tufos de cabelo, mal-estar e febre branda. Algumas pessoas podem apresentar sintomas neurológicos. Nesse estágio, as lesões da erupção contêm muitas espiroquetas e são muito infecciosas. A transmissão por contato sexual pode ocorrer durante os estágios primário e secundário. Dentistas e outros profissionais de cuidados com a saúde, ao entrarem em contato com o fluido oriundo dessas lesões podem se tornar infectados pelas espiroquetas que penetram por minúsculas fissuras na pele. Essa transmissão não sexual é possível, porém os micróbios não sobrevivem por muito tempo nas superfícies ambientais, não sendo comum serem transmissíveis, por exemplo, em assentos sanitários. A sífilis secundária é uma doença sutil; pelo menos metade dos pacientes diagnosticados nessa fase não se recorda de Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 11 nenhum tipo de lesão. Os sintomas desaparecem, normalmente, dentro de três meses. Período latente: Os sintomas da sífilis secundária desaparecerão com ou sem tratamento, e a doença entra em um período latente. Durante esse período, não há sintomas. Após 2 a 4 anos de latência, a doença normalmente é não infecciosa, exceto pela transmissão materno-fetal. A maioria dos casos não progride além do período latente, mesmo sem tratamento. Estágio terciário da sífilis: Em até 25% dos casos não tratados, a doença reaparece em seu estágio terciário. Esse estágio ocorre somente após um intervalo de muitos anos depois da ocorrência do período latente. T. pallidum tem uma camada externa de lipídeos que estimula uma resposta imune pouco efetiva, principalmente por reações de complemento destruidoras de células. No entanto, a maioria dos sintomas da sífilis terciária provavelmente se deve às reações imunes do corpo (mediadas por células) às espiroquetas sobreviventes. O estágio terciário, ou tardio, da sífilis, em geral, pode ser classificado pelos tecidos afetados ou pelo tipo de lesão. A sífilis gomatosa é caracterizada por gomas, que são uma forma de inflamação progressiva que aparece como massas de tecido com aspecto emborrachado em diversos órgãos (mais comumente na pele, nas membranas mucosas e nos ossos) após cerca de 15 anos. Nesses locais, elas causam destruição dos tecidos, mas normalmente não causam incapacitação ou morte A sífilis cardiovascular resultamais severamente em um enfraquecimento da aorta. A neurossífilis ocorre em até 10% dos pacientes se a doença não for tratada. Como partes do sistema nervoso central são afetadas, o resultado pode variar amplamente em sinais e sintomas. O paciente pode sofrer de alterações de personalidade e outros sinais de demência (paresia), convulsões, perda da coordenação do Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 12 movimento voluntário (tabes dorsalis), paralisia parcial, perda da capacidade de utilização e compreensão da fala, perda da visão ou audição, ou perda do controle da bexiga e do intestino. Poucos (ou nenhum) patógenos são encontrados nas lesões do estágio terciário, e eles não são considerados muito infecciosos. Hoje, raramente os casos de sífilis progridem até esse estágio. Sífilis congênita: Uma das formas mais perturbadoras e perigosas da sífilis, chamada de sífilis congênita, é transmissível através da placenta para o feto. O prejuízo do desenvolvimento mental e outros sintomas neurológicos estão entre as consequências mais graves. Esse tipo de infecção é mais comum quando a gestação ocorre durante o período latente da doença. A gestação durante os estágios primário e secundário mais comumente produz um natimorto. O tratamento da mãe com antibióticos durante os dois primeiros trimestres (6 meses) geralmente é capaz de prevenir a transmissão congênita. Patogenia e Transmissão: T. pallidum não tem fatores de virulência evidentes, como toxinas, porém produz diversas lipoproteínas que induzem uma resposta imune inflamatória. Aparentemente, essa é a causa da destruição tecidual da doença. Quase imediatamente após a infecção, o organismo entra na corrente sanguínea e invade profundamente os tecidos, cruzando facilmente as junções entre as células. Ele tem uma mobilidade do tipo saca-rolhas, que o permite “nadar” rapidamente nos fluidos gelatinosos teciduais. A sífilis é transmissível por contato sexual de quaisquer tipos, por infecção sifilítica da área genital ou de outras partes do corpo. O período médio de incubação é de 3 semanas, mas pode variar de 2 semanas a muitos meses. A doença progride, ocorrendo muitos estágios reconhecidos. Agente Causador: É uma espiroqueta gram-negativa, Treponema pallidum Diagnóstico: O diagnóstico da sífilis é complexo, uma vez que cada estágio da doença tem exigências especiais. Os testes se dividem em três grupos gerais: inspeção microscópica visual, testes sorológicos treponêmicos e testes sorológicos não treponêmicos. Para a triagem preliminar, os laboratórios usam o teste sorológico não treponêmico ou o exame microscópico de exsudatos das lesões, quando estão presentes. Se o teste de triagem for positivo, os resultados são confirmados por testes sorológicos treponêmicos Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 13 Tratamento: A penicilina benzatina, formulação de ação prolongada que permanece efetiva no corpo por cerca de duas semanas, é o antibiótico normalmente utilizado no tratamento da sífilis. A concentração alcançada no soro por essa formulação é baixa, mas a espiroqueta tem permanecido muito sensível a esse antibiótico. Para pessoas sensíveis à penicilina, muitos outros antibió- ticos, como a azitromicina, a doxiciclina e a tetraciclina, também têm provado ser efetivos. O que é a Linfogranuloma venéreo (LGV)? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: É uma IST causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Sintomas: Os microrganismos invadem o sistema linfático, e a região dos linfonodos torna-se aumentada e dolorosa. A supuração (descarga de pus) também pode ocorrer. A inflamação dos linfonodos resulta em cicatrizes, que, ocasionalmente, obstruem os vasos linfáticos. Esse bloqueio algumas vezes leva a um aumento de volume maciço da genitália externa nos homens. Em mulheres, o envolvimento dos linfonodos da região retal pode levar ao estreitamento do reto. Essas condições podem, ocasionalmente, requerer cirurgia Agente Causador: Essa doença aparentemente é causada pelos sorovares de C. trachomatis que são invasivos e tendem a infectar o tecido linfoide. Diagnóstico: Para o diagnóstico, testes sanguíneos para a presença de anticorpos contra os sorovares de C. trachomatis que estão causando a doença são os mais satisfatórios. Os organismos isolados também podem ser crescidos em cultura celular ou em ovos embrionados. Tratamento: O antibiótico de escolha para o tratamento é a doxiciclina. O que é o Cancroide (Cancro mole)? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: A IST conhecida como cancroide (cancro mole). Sintomas: No cancroide, uma ulceração dolorosa e edemacia- da que se forma sobre a genitália envolve uma infecção dos linfonodos adjacentes. Os linfonodos infectados na virilha algumas vezes ulceram e secretam pus na superfície da pele. Essas lesões são um fator importante na transmissão do HIV, sobretudo na África. As lesões também podem ocorrer em outras áreas, como a língua e os lábios. Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 14 Patogenia e Transmissão: Assim como a sífilis, sua incidência está fortemente associada ao uso de drogas. Agente Causador: O agente causador é o Haemophilus ducreyi, um pequeno bacilo gram-negativo Diagnóstico: Os sintomas e o cultivo dessas bactérias são o principal meio de diagnóstico Tratamento: Os antibióticos recomendados incluem doses únicas de azitromicina ou ceftriaxona. O que é Vaginose bacteriana? Explique os sintomas, agente causador, patogenia, transmissão, diagnóstico e tratamento. O que é: A inflamação da vagina devido a uma infecção, ou vaginite. Sintomas: A vaginose bacteriana é caracterizada por pH vaginal acima de 4,5 e uma abundante descarga vaginal espumosa. Quando testadas com uma solução de hidróxido de potássio, essas secreções vaginais liberam um odor de peixe, devido à presença de aminas produzidas pela G. vaginalis. Patogenia e Transmissão: A maioria desses casos é atribuída à presença de G. vaginalis e é chamada de vaginose bacteriana. (Uma vez que não existe sinal de inflamação, o termo vaginose é preferido ao termo vaginite.). Não há condição correspondente nos homens, mas a G. vaginalis com frequência está presente em suas uretras. Desse modo, a condição pode ser sexualmente transmissível, porém, ocasionalmente, ocorre em mulheres que não são sexualmente ativas. Agente Causador: principalmente o fungo Candida albicans, o protozoário Trichomonas vaginalis, ou a bactéria Gardnerella vaginalis, um pequeno bastonete pleomórfico gram-variável Diagnóstico: O diagnóstico tem como base o pH vaginal, o odor de peixe (teste de exalação) e a observação microscópica de células-alvo na descarga vaginal. Essas células indicadoras são células epiteliais vaginais descamadas cobertas por um biofilme de bactérias, geralmente G. vaginalis. Tratamento: O tratamento é feito principalmente com metronidazol, antimicrobiano que erradica os anaeróbios essenciais à continuação da doença, mas permite que os lactobacilos normais repovoem a vagina. Observações: A doença tem sido considerada mais uma irritação do que uma infecção séria, mas atualmente tem sido vista como um fator em Resumo-Bactérias associadas às infecções urinárias, ginecológicas, perinatais e sexualmente transmissíveis 15 muitos partos prematuros e nascimento de bebês com baixo peso.
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