Buscar

Resenha analítica sobre o texto Gêneros Textuais definição e funcionalidade (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Gêneros textuais: definição e funcionalidade, por Luiz Antônio Marcuschi
Vívian Cintra Grassis
Universidade Federal Da Bahia, Bahia, Brasil
 MARCUSCHI, L. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. et al. Gêneros textuais e ensino. 4.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
As transformações que as línguas sofrem no decorrer da história são incontáveis. Palavras desaparecem, perdem ou ganham letras, acentos, e essa constante adaptação também exige de nós, falantes e escritores, novas maneiras de enunciar esses inúmeros códigos que nos cercam. Além das reformulações nas normas e no léxico, a nossa forma de se comunicar é mutável e acompanha nossa evolução social. Assim, como tínhamos as charges em revistas e jornais, hoje, devido à grande ascensão tecnológica e, a partir dela, às redes sociais, temos os memes, ambas a fim de gerar humor, mas cada uma em seu contexto nas diferentes épocas.
Pensando nessa personificação linguística, o insigne autor Luiz Antônio Marcuschi, elucida, através de um riquíssimo e detalhado texto, a distinção entre gêneros textuais e tipos textuais, mostra, por meio de exemplos minuciosos, como um pode ser identificado no outro – ou até mais de um – e aplica os gêneros textuais na realidade corriqueira social, haja vista que eles apresentam um caráter sociocomunicativo e estão presentes em toda e qualquer estrutura que chamamos de texto – verbal ou não verbal. Ainda, o autor promove uma reflexão sobre como deve-se relacionar os inúmeros gêneros textuais e como devem ser trabalhados pedagogicamente.
A priori, Marcuschi nos introduz a funcionalidade dos gêneros textuais, os caracterizando como “fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social.” (MARCUSCHI, 2002), e com isso evidencia o contexto em que eles surgem, em parelho com as necessidades comunicativas e expressivas do corpo social. Ele ratifica ao longo da primeira parte do texto, que a determinação do gênero é “muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais.” (MARCUSCHI, 2002), ou seja, seu diferencial está no meio em que ele promove a interlocução com o leitor/ouvinte e na forma ele passa a mensagem. 
A posteriori, o autor constata que, apesar dos gêneros estarem em constante multiplicação, eles fixam raízes em bases anteriores. Sob esse viés, retomo o exemplo supracitado, comparando as charges com os memes, esse último sendo a adaptação do primeiro aos novos moldes da comunicação, com traços mais modernos e lúdicos, subvertendo características do seu suporte – redes sociais e a própria internet em si – podendo explorar o criticismo ou apenas visando o humor. A respeito disso, percebesse que “a tecnologia favorece o surgimento de formas inovadoras, mas não absolutamente novas.” (MARCUSCHI, 2002). No entanto, a reflexão do autor ainda vai além, ao evidenciar que a transgressão de fronteiras se aplica na conjugação de oralidade e escrita para configurar gêneros, fazendo-os possuir mais maleabilidade em um cenário atual.
Ademais, tem-se também o insight de Marcuschi em diferenciar dois conceitos, que estão sempre se misturando no imaginário popular, e ao mesmo tempo mostrar como um – ou uns – pode ser encontrado no outro e vice e versa. Distinguir tipos textuais de gêneros textuais, é entender que o primeiro está ligado a natureza linguística e o último a características sociocomunicativa (MARCUSCHI, 2002) e nessa distinção é perceptível que o conhecimento sobre gêneros é mais corriqueiro, transgrede as fronteiras do ambiente escolar, porque conversa com realidade do corpo social.
Ao aproximar-se do fim do texto, o escritor faz algumas observações que englobam os gêneros textuais, os relacionando entre si, reafirmando sua relação com a sociedade e a compreensão do receptor e assim, resultando no caráter plástico dos gêneros. Na obra, ele utiliza do pensamento de Swales para caracterizar essa maleabilidade, no qual ele fala que "hoje, gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias" (SWALES, 1990: 33). Portanto, fica evidente essa construção estrutural, realizada por Marcuschi, embasada na desconstrução de paradigmas obsoletos da língua, que buscavam classificar em definições engessadas o significado de um processo tão complexo, mas ao mesmo tempo tão acessível quanto o dos gêneros textuais.
Apesar de ser um grande entusiasta da transgressão de fronteiras, Marcuschi, na penúltima parte do seu texto, começa a sugerir uma determinada ponderação nessa interligação entre os gêneros orais e escritos. Segundo ele “é bom ter cautela com a ideia de gêneros orais e escritos, pois essa distinção é complexa e deve ser feita com clareza.” (MARCUSCHI, 2002), ou seja, é necessário fazer sim uma divisão, pois existem partes do todo que não pode confundir-se e se interligar para que haja o entendimento da mensagem a ser passada.
Por último, o autor encerra seu projeto indagando que “o trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia a dia” (MARCUSCHI, 2002). Ainda, ele afirma que nada dentro do contexto literário escapará de pertencer a algum gênero literário, mas que ele busca escapar do estereótipo – ainda muito aplicado nas escolas – de voltar o conhecimento e o desenvolvimento apenas a um reduzido campo de gêneros textuais datados nas salas de aula. Estudar sobre gêneros textuais é além do que textos dos livros didáticos ou das redações nos mostram, a interlocução é muito maior, e deve ganhar espaço cada vez mais.
Em face ao exposto, é nítido que o texto de Marcuschi tem um caráter lúdico e didático em apresentar a questão dos gêneros textuais no âmbito social, resgatando seu processo histórico, mas sempre ligando-o com a realidade em que a obra foi escrita. O autor propõe ideias fluidas sobre o tema, de fácil entendimento e com muita credibilidade, principalmente por ser um grande nome da Linguística Textual brasileira, montando o texto em uma linearidade construtiva que culmina na aplicabilidade pedagógica do que foi tratado no decorrer da obra. Além disso, dá exemplos sobre os conceitos passados no texto, buscando amarrar toda a estrutura textual e sem deixar pendências, consagrando seu caráter pragmático e inovador.

Outros materiais