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Ética e Legislação aula 8

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Ética e Legislação aula 8: Ética como verdadeira filosofia do fazer jornalístico
Objetivos desta aula
Identificar a relação entre jornalismo e cidadania. Um olhar ético para as questões da imprensa. Entre o publicar e o não publicar. C\ ‘est fino la utopia mas a guerra todo dia, dia a dia”.
Samuel Rosa e Chico Amaral
“Ô pacato cidadão, eu te chamei a atenção não foi a toa não. 
A palavra cidadania é derivada do latim civitas (cidadão). Aquele que participava ou somente se encontrava na vida em conjunto, da vida política, situava-se em um ambiente de direitos e deveres que muitas vezes não eram respeitados.
Ao longo dos tempos, a noção de cidadania se transformou, pois as instituições e o homem se transformaram. Os direitos eram restritos a algumas classes. Fato que ainda observamos hoje.
Esse preâmbulo para entrarmos em um estudo pormenorizado sobre a ética no jornalismo é crucial. O conceito de cidadania não é estanque; varia no tempo e no espaço e hoje em dia a atividade do jornalista tem uma relação direta com a afirmação da cidadania.
Ser cidadão é ter direitos e conhecê-los; ter deveres e exercê-los. Essa qualidade ou estado do cidadão possui um elo fortíssimo com o regime democrático de direito. Em uma democracia, a cidadania é arma fundamental. No entanto, ainda observamos uma série de desrespeitos e mais uma vez é necessário lembrar que o jornalismo deve lutar contra essas forças contrárias aos direitos do cidadão.
A ética do jornalista e a ética do marceneiro.
Cláudio Abramo  argumenta que “não existe ética específica do jornalista: sua ética é a mesma do cidadão”. Aqui temos a primeira observação sobre a ética no exercício da atividade jornalística. Continua Abramo perguntando onde entra a ética do jornalista, indagando sobre o que não pode um jornalista fazer.
O cidadão não pode trair a palavra dada, não pode abusar da confiança do outro, não pode mentir. No jornalismo, o limite entre o profissional como cidadão e como trabalhador é o mesmo que existe em qualquer outra profissão. É preciso ter opinião para poder fazer opções e olhar o mundo da maneira que escolhemos.
É nessa liberdade e na opção de nossas escolhas como cidadão que fazemos jornalismo. É na forma como nos ligamos com as questões do mundo que exercemos a profissão. E essa forma é igual para o jornalista, para o cidadão.
Em resumo: “A ética do jornalista é ética do cidadão!”
O pacato cidadão, o receptor de informações - não tão mais passivo assim - tem nas novas mídias uma nova ferramenta para chegar às notícias. O jornalista cidadão que se adapta a uma nova revolução nos meios de comunicação precisa compreender a urgência em cada vez melhor informar.
Entre publicar e não publicar, o denuncismo não pode prevalecer e sim os interesses de todos os cidadãos. Lembremos que o jornalista não é juiz. Não pode condenar ninguém e sim esclarecer, mediar. Veremos mais à frente alguns casos em que, achando que se prestava um serviço, o jornalismo acabou por contribuir por um enfraquecimento da cidadania.
Um exemplo: Alberto Dines observa se referindo às denúncias feitas pela revista Veja envolvendo o presidente Lula e contas em paraíso fiscais em maio de 2006.
“ Veicular uma suposição mesmo assumindo que é uma suposição atenta contra os mais comezinhos princípios jornalísticos e as noções mais elementares de decência. A liberdade de expressão não pode ser pretexto para irresponsabilidades que colocam em risco não apenas uma revista, mas a imprensa brasileira como instituição” .
Denunciar por denunciar não é fazer jornalismo que deve ser embasado por pesquisa séria e um eterno conferir das informações; por comprometimento com o texto e com a edição. Às vezes, em nome da pressa ou do furo, o pensamento sobre os interesses do cidadão é solenemente esquecido e a técnica jornalística é colocada de lado ou funciona apenas como adorno.
Em nome de uma espetacularização da notícia, a ética do jornalista se afasta da ética do cidadão. A perplexidade diante da forma como a imprensa trata certos assuntos, seja na edição, na escolha do que é manchete ou não, em nome do que vende mais, do que chama mais atenção nas bancas, são questões que também afastam o compromisso ético do jornalista do seu dever de cidadão.
Texto e edição sob o método do denuncismo de Leticia Nunes em 17/5/2006 sobre o programa Observatório da Imprensa qua analisou o episódio ilustrado na Veja, em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=381IMQ008
Liberdade de imprensa - Noções iniciais
A relação entre ética e cidadania sob os olhos de uma sociedade espetacularizada coloca em cena a necessidade de refletirmos criticamente a liberdade da imprensa. Em uma democracia a imprensa livre é instrumento importante. Mas como muitos profissionais de jornalismo ainda desconhecem a necessidade da ética para o exercício profissional - e para o exercício da vida - podemos começar a pensar a liberdade de imprensa através de uma dialética negativa. Não queremos de modo algum pensar em qualquer forma de censura à imprensa (fato que fere a liberdade de maneira cabal), mas sim pensar limites para a compreensão ética de nossa profissão.
A profunda relação entre o jornalismo e as revoluções políticas não pode se esvaziar em nome do espetáculo. Nem pode ser reduzida a velocidade que cerca as informações nos dias de hoje. É através da ética que devemos pensar na imprensa e em sua liberdade. É discutindo ética que a imprensa pode também ‘chamar para si’ o devir de sua atividade.
Discutindo a liberdade de imprensa Karl Marx observa: “(...) a primeira condição que precisa ter a liberdade é a autoconsciência, e a autoconsciência é impossível sem um auto-exame prévio”. Marx se refere a uma questão próxima ao que Abramo coloca sobre ética do jornalista e ética do cidadão.
Esse exame na autoconsciência é o exame que relaciona ética com liberdade pensando no outro. Ao se auto-examinar, o sujeito decide. Essa decisão no que diz respeito à atividade jornalística passa por uma série de outros interesses (a linha editorial, por exemplo) que devem também ser auto-examinados. Para muitos a saída é até mesmo o abandono da grande imprensa.
A guerra de todo dia que o Skank faz menção, e utilizamos aqui como abertura, transforma o jornalista em uma máquina de guerra... Uma máquina de guerra ética.
MARX, Karl. Liberdade de imprensa. São Paulo: L& PM, 1999.
ARBEX, José Jr. Showrnalismo. São Paulo: Casa Amarela, 2002.
Exercício:
1. Que jornalista classificou a ética profissional como a mesma da ética do cidadão?
R: Claudio Abramo
2. Qual a origem da palavra cidadania e seu respectivo significado:
R: Civitas, cidadão 
3. Marque a afirmativa verdadeira de acordo com Marx:
R: O auto-exame da consciência ao tratar a liberdade preconiza o outro como fator decisivo, segundo Marx.

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