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Luana Schlindwein Imhof Univille PRINCÍPIOS DA QUIMIOTERAPIA · Para cânceres epiteliais, muitas vezes o mais importante é tratamento cirúrgico · Mecanismo de ação: extermínio de todas as células, todo o sistema hematopoiético (aplasia) · Duração em média 2 anos e meio · Transplante de medula óssea: 10% de mortalidade – além de aumentar o risco de doenças cardíacas, pulmonares, reação enxerto-hospedeiro QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA · HISTÓRICO: Mostarda nitrogenada -> Usada na primeira e segunda guerra e percebeu-se que destruiu a linhagem linfóide possibilitando o tratamento de cânceres linfóides. · TIPOS DE QUIMIOTERAPIA: · DOENÇAS NÃO MALIGNAS: Psoríase, doença de Chron, retocolite ulcerativa, AR, doenças em que usamos a quimioterapia · DOENÇAS MALIGNAS: A quimioterapia promove a destruição de células que se multiplicam rapidamente. Por isso a quimio faz com que ocorra queda de cabelo, lesão de mucosa(bucal), destruição das células dá origem branca 🡪 ou seja, tecidos que possuem uma multiplicação rápida. · A maioria das células neoplásicas são células normais com alteração na sua proliferação e portanto, a maioria de seus antígenos são comuns às células normais, por isso a dificuldade do tratamento. · O futuro da quimioterapia é conseguir atingir vias metabólicas que apenas as células cancerígenas possuem, dessa forma estaríamos diminuindo seus efeitos adversos. Ou até mesmo, marcadores que só possuem nessas células. · Ex: As células linfóides da medula óssea podem ter um déficit na produção de aspartato. Existe uma enzima chamada asparginase, quando eu medico com asparginase (L-asparginase: forma levogira da asparginase), a célula neoplásica não consegue mais produzir a asparginase (mas a célula normal continua produzindo) e então é possível destruir a célula neoplásica. (essa é uma exceção que tem poucos efeitos colaterais) · ÍNDICE TERAPÊUTICO · Ciclo específico e não específicos · Associação de drogas · Pode dar alta dose e não tem toxicidade = índice terapêutico grande · Relação entre o efeito da substância e a toxicidade. · Tenho um efeito baixo quando o índice terapêutico é muito próximo do efeito tóxico. É um índice terapêutico alto quando ocorre o inverso. Comment by Luana Schlindwein Imhof: Ou seja: depende de cada pessoa e cada quimio · EFEITOS COLATERAIS · Associação de drogas · ASPARGINASE: · Mecanismo de ação: enzima macromolecular isolada da Escherichia coli ou da Erwinia carotovora. · A asparaginase hidrolisa o aminoácido asparagina, essencial para o processo de divisão das células leucêmicas. As células normais são poupadas, pois, em geral, têm capacidade de produzir sua própria asparagina. A asparaginase derivada da Erwinia carotovora é reservada para casos de hipersensibilidade à asparaginase. Agente específico de fase do ciclo celular (fase G-1). Fonte: bula do medicamento. · As drogas quimioterápicas seguem esse padrão em relação ao ciclo celular: · CICLO ESPECÍFICO: drogas que são específicas para cada parte do ciclo celular · NÃO CICLO ESPECÍFICO: são drogas que agem em todo o ciclo celular) CICLO CELULAR · As células se dividem em: · Células Lábeis: · As lábeis são aquelas que continuam a se multiplicar durante a vida toda (células epiteliais, hematopoiéticas e linfóides). · Células Estáveis: · As estáveis normalmente não se dividem, contudo têm a capacidade de proliferar quando estimuladas (são as células das glândulas como: fígado, pâncreas, salivares, endócrinas e as células derivadas do mesênquima como fibroblastos, osteoblastos). · Células G0 ou Permanentes: Neurônios. · As permanentes são aquelas que perderam totalmente a capacidade de se dividir, como as células do sistema nervoso central e músculo. Uma reconstrução original da área lesada só poderá ocorrer se as células afetadas forem do tipo lábil ou estável porque se for do tipo permanente, ocorrerá a substituição por tecido conjuntivo. Período G1: · Duração- mais variável- tecidos c/ renovação rápida, G1 curto · n° de cromossomos -> nesta fase, célula com 2n de cromossomos · Atividade: reinício da síntese de RNA e proteínas, que estavam interrompidas na mitose · Danos no DNA durante G1: entram em ação mecanismos de reparo do DNA. Proteína p53 dá o sinal de parada do ciclo. Mutações na p53 – câncer. Período S: · Duplicação semiconservativa da cromatina · Síntese de histonas ocorre na fase S, junto com a síntese de DNA · Atividade- replicação da totalidade do DNA Período G2: · Duração- curto (2 a 4h), · Atividade- preparativos para a próxima mitose, mas nem todos são conhecidos · Síntese das proteínas não histônicas que vão se associar aos cromossomos na sua condensação na mitose · Acúmulo do complexo ciclina Cdk (cyclin-dependent kinase) – regulador da transição G2-M. · Síntese de RNA e de proteínas iniciadas no período G1 continuam nos períodos S e G2 e se interrompe no período seguinte (mitose). · Se eu tenho um tumor que não se multiplica ou se multiplica muito pouco. Se eu der um antineoplásico que age na fase S os resultados não serão eficazes pois as células estão na fase G0 e não na fase S, elas se multiplicam muito pouco, ou seja, entra muito pouco na fase de replicação. · Quando passa de uma fase para outra temos pontos de parada: pontos de parada onde a célula passa por checagem para encontrar defeitos, que se estiverem presentes levam a morte celular · Todos são pontos dentro do ciclo celular que bloqueia a continuidade do ciclo celular, mas quando ocorre a alteração em algumas organelas ou no ácido nucleico a célula para sua multiplicação. · Os antineoplásicos agem de acordo com o ciclo celular. · Células tumorais não apresentam efetividade desses pontos QUIMIOTERÁPICOS · Alquilante · Antimetabólicos · Produtos Naturais · Outros Agentes · Hormônios e Antagonistas ALQUILANTES · Mostardas Nitrogenadas -> vieram a partir dos gases utilizados na primeira guerra (principais elementos desse grupo) · Etileniminas e Metilmelaminas · Alquil Sulfonatos · Nitrosuréias · Triazenos · Histórico: · 1854 sintetizada a mostarda nitrogenada · 1942 estudos clínicos · 1963 era moderna da QMT antineoplásica · Química: · Eletrofílicos, alquilam o DNA · Tornam o DNA um radical alquila (radical monovalente derivado de hidrocarboneto) · Causam ligações cruzadas entre as fitas do DNA (dessa forma a célula entra em apoptose devido às lesões no DNA) · Mutagênicos e citotóxicos · Alquilantes aumentam a chance de desenvolver uma segunda neoplasia, por isso deve ser evitada em homens e mulheres jovens. · Efeito citotóxico · Altera a síntese do DNA e a divisão celular · Efeito maior em células em divisão (mas ele age em todas as células) · Dependente dos mecanismos de reparo do DNA · Ativa o “sistema” p53 G1/S check point e apoptose · Não ciclo específico · Pode ser usado em qualquer tipo de neoplasia. · Resistência a alquilantes: · Diminuição da entrada ativa de droga intracelular – jogam para fora o fármaco · Aumento de substâncias detoxificantes dentro da célula · Aumento de atividade do DNA repair · Aumento da metabolização do alquilante · Existem situações em que se utiliza outras drogas para evitar/retardar o efeito de quebra dos alquilantes. · É preciso ferir a célula pra ela morrer, ou seja, uma lesão que o sistema de reparo de DNA não consiga reparar, mas quando eu tenho esse sistema reparando mais que o normal isso leva a morte celular também. (ex: pode ocorrer em melanoma). · Toxicidade: · (principal) Mielotoxicidade em tecido epiteliais age em todas as células, mas nas células que se dividem mais o efeito vai ser maior (por isso teremos mucosite e alopecia). · Neutropenia (nadir (ponto mais baixo da neutropenia) 14-21 dias) · Diminuição imunidade celular e humoral · Diarreia (desnudação do intestino), úlceras orais. · Fibrose pulmonar (variável), lesão endotelial (doença veno-oclusiva hepática em altas doses) · CNS náusea e vômitos, alteração estado mental, coma e convulsões · Mutagênese e carcinogênese · Principaismostardas nitrogenadas: · Mecloretamina (era utilizado para linfoma de hodgkin) · Ciclofosfamida (usada também no tratamento de vasculites e lúpus) · Ifosfamida · Melfalan · Clorambucil ANTIMETABÓLICOS · Agem normalmente na fase S quando ocorre a replicação do DNA. Impedem a passagem da fase S para a G2 (ou seja, antes da mitose). · Antagonistas do Ácido Fólico · Análogos da Pirimidina · Análogos da Purina e inibidores correlatos · Metotrexato: · O Metotrexato é um antimetabólito e análogo ao ácido fólico. · Entra nas células por transporte ativo e inibe a enzima di-hidrofolato redutase. Dihidrofolatos devem ser reduzidos para tetraidrofolatos por esta enzima, antes de poderem ser utilizados como transportadores de grupos de um carbono na síntese de nucleotídeos de purina e timidilato. · Portanto, metotrexato interfere com a síntese de DNA, reparo e replicação celular. (Pode bloquear isso dando ácido folínico direto) Comment by Luana Schlindwein Imhof: parte mais importante! · Inibidor da dehidrofolate redutase e das enzimas da síntese de purinas e timidilato. · Ácido fólico é necessário, derivado de cofatores tetrahidrofolatos e provê carbono para a síntese das purinas e timedilato · A enzima dihidrofolate redutase é o local chave de ação do MTX e outros análogos do ac. fólico. Depleção de cofatores tetrahidrofolatos com alteração síntese do DNA. · Não cruzam a barreira hemato-liquórica. · Farmacocinética: · Agem na fase S do ciclo celular. · Bem absorvido VO. Após infusão EV clearance trifásico. Distribuição rápida, após clearance renal 2-3h e terceira fase 8-12. · Insuficiência Renal altera última fase. · Derrame Pleural e ascite podem armazenar MTX. · 50% ligado a albumina é deslocado por sulfas, salicilatos, tetraciclina e DFH. · Excreção renal por filtração glomerular e secreção tubular. Drogas que reduzem o fluxo renal (AINE), e nefrotóxicas (cisplatina) ou ácidos orgânicos fracos (aspirina ou piperacilina) podem retardar a excreção e aumentar toxicidade do MTX. · Mecanismo de resistência: · Transporte dificultado intracelular · Produção de dihidrofolato redutase com menor afinidade ao análogo do ácido fólico – a célula produz algo que bloqueia mais e deixa o ácido fólico visível para enzima que seguirá na sua via normal · Amplificação ou regulação gênica da dihidrofolate redutase (de modo que a droga não consiga agir) · Altas doses de MTX podem superar a resistência. (a dose é 50mg/M², mas em alguns casos pode se chegar 500mg/m²) 🡪 Mas para isso precisamos dar algo que bloqueie o metrotrexidado no tempo que ele estiver agindo, dou o produto que aparece depois do bloqueio para evitar efeito colateral (ex: ácido folínico) 🡪 modo de fazer o fármaco ser eliminado do organismo. · Uso terapêutico: · Psoríase. Artrite Reumatóide. · LLA, osteossarcoma, neoplasia trofoblástica gestacional (funcional muito bem), ca de mama, LNH, ca de ovário, cabeça e pescoço e bexiga. · Toxicidade: · Por agir nas células de alto poder proliferativo, pode causar: · Mucosite, mielossupressão, trombocitopenia com nadir 5d. · Pneumonite, disfunção hepática e cirrose em uso crônico. · Teratogênese, esterilidade, aborto. Alopécia PRODUTOS NATURAIS · Produtos que agem na fase M · Alcalóides da vinca · Taxanes · Epidofitoxinas · Camptocinas · Antibióticos · Enzimas · Modificadores de Resposta Biológica · ALCALÓIDES DA VINCA · Vincristina – Vimblastina – Vinorrelbine · Ligam-se à tubulina bloqueando a polimerização dos microtúbulos e impedem a despolimerização. Levam as células à morte. Conhecidas como veneno do tubo · Absorção VO inadequada. · Meia vida similar ao redor 2h. · Efeitos colaterais: · Mielotoxicidade (vimblastina e vinorrelbine maiores) neutropenia. Neurotoxicidade (vincristina maior) · Neuropatia periférica e constipação. Alopécia em alguns pacientes. · TAXANES: · Plactaxel e docetaxel (produtos isolados do plátano) · Promove a polimerização dos microtúbulos. Ligam-se aos microtúbulos com alteração do citoesqueleto e para da célula na mitose. Promove apoptose. · Uso endovenoso. O clearance diminui com a concentração plasmática HORMÔNIOS E ANTAGONISTAS · Glicorticóides (pode ser usado no tratamento da leucemia) · Progestágenos (câncer de próstata e mama) · Estrógenos (câncer de próstata e mama) · Antiestrógenos (câncer de prostata) · Androgenios (câncer de mama) · Antiandrogenios · Análogos do GRH (bloquear os ovários ou testículos – câncer de mama e próstata) · A testosterona é responsável pela diferenciação e proliferação da célula prostática, se retirar a testosterona a célula para de se multuplicar por alguns meses, depois disso ocorre a criação de um clone resistente. Uma das formas de acabar com a testosterona é a castração química (uso de um análogo) e outra forma é usar drogas que bloqueiam a testosterona dentro da célula.
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