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Exame Físico do Sistema Neurológico Bases Gerais de Anatomia e Fisiologia Sistema Nervoso ● Sistema nervoso central (SNC): encéfalo e medula espinhal ● Sistema nervoso periférico (SNP): raízes, nervos, gânglios, plexos e terminações nervosas → Dividido funcionalmente em somático e sistema nervoso autônomo. → transmite as mensagens sensoriais por meio das vias aferentes de receptores sensoriais do sistema nervoso central, mensagens motoras por meio das vias eferentes do SNC, além de mensagens autónomas que controlam os órgãos internos e os vasos sanguíneos. Encéfalo Compreende o tronco encefálico, constituído pelo bulbo, ponte e mesencéfalo; o cerebelo e o cérebro. Cérebro Representado pelos dois hemisférios, o cérebro apresenta um manto de revestimento, de cor cinzenta, denominado córtex cerebral. Córtex Cerebral Também é chamado de massa cinzenta por conta da característica de ser a camada mais externa dos corpos das células nervosas e desempenha um papel central nas funções complexas de funcionamento do corpo humano. Então, ele controla questões como a memória, raciocínio, pensamento, sensações… Cada metade do cérebro, quando pensamos nos dois hemisférios cerebrais, são divididos em 4 lobos. A gente tem: o lobo frontal, o lobo temporal, lobo occipital e o lobo parietal. Esses lobos têm certas áreas que medem funções específicas, então a gente tem regiões determinadas para cada um desses lobos que vão ter ações específicas correspondentes a essas áreas. Qualquer tipo de lesão ou perda de função correspondente a essas áreas, pode gerar algum déficit específico relacionado. Por exemplo, no lobo frontal a gente tem uma região chamada área de broca, que é o centro motor da fala. Então, se ocorrer a perda de função nessa área , vai gerar um déficit na fala do indivíduo. → pode acontecer em todas as áreas gerando déficit motor, paralisia, perda de sensibilidade, redução da capacidade de compreensão. Lobo Frontal ● As funções principais do lobo frontal relacionam-se com a atividade mental superior, com a motricidade e com a linguagem de expressão. ● Está relacionado com as emoções, personalidade, comportamento, função intelectual ● Área de broca - fala (pessoa tem dificuldade e não consegue ter a fala). Lobo Parietal ● Relaciona-se com os tipos de sensibilidade elementar, ou protopática e discriminativa ou epicrítica, além das gnosias sensitivas. ● sensibilidades pensando no tato grosso, de pressão que é o que está sendo relacionado com o protopática, quando a gente fala de discriminativa a gente está falando de uma sensibilidade relacionada ao toque fino e a vibração, gnosias sensitivas → percepção e reconhecimento de objetos. ● O lobo parietal é o centro primário da sensação, tem função de recepção, interpretação, integração de impulsos sensoriais primários (tato, dor, temperatura) que são todos itens que serão avaliados na examinação clínica, reconhecimento do espaço. Lobo Temporal ● Está relacionado com a audição e com a atividade psicossensorial (audição, paladar e olfato) ● Área de Wernicke → associada a compreensão da linguagem, quando é lesionada a pessoa ouve o som, mas não consegue reconhecer a linguagem. Lobo Occipital ● É responsável pela visão - integração de imagens recolhidas pela retina e conduzidas pelas vias ópticas e a lesão dessa região pode acarretar em distúrbios ilusórios, alucinatórios, agnosia visual, alteração do campo visual. Componentes do SNC Tálamo - uma das principais estações de retransmissão das vias sensoriais de entrada. Hipotálamo - importante controle de temperatura, sono, emoções, atividade autônoma. Cerebelo - coordenação motora, equilíbrio e pelos tônus muscular. Mesencéfalo e a ponte - neurônios motores e vias motoras sensoriais. Medula - contém feixes de fibras e centros autônomos responsáveis essenciais para a via respiratória, cardíaca e gastrointestinal. Medula espinhal - principal caminho para esses feixes de fibras ascendentes e descendentes que vão conectar o encéfalo aos nervos espinhais. Arco reflexo. Sistema Nervoso Periférico ● Um nervo é um feixe de fibras fora do SNC ● Os nervos periféricos transportam informações para o SNC por suas fibras aferentes sensoriais e fornecem o resultado do SNC pelas fibras eferentes. ● Arco reflexo ● Nervos cranianos ● Nervos espinhais Dermátomos ● dérmatomo é uma área de pele circunscrita inervada, principalmente, por um segmento da medula espinhal através de um determinado nervo espinhal. → um comprometimento nesses nervos e a gente consegue avaliar mediante alguma alteração nessas áreas circunscritas, a gente consegue fazer uma avaliação e compreender a área que está sendo comprometida. Anamnese Idade Sexo Procedência História pregressa 32 anos Feminino Manaus Comorbidades Histórico familiar Habitação e alimentação Vícios Trabalho e condições emocionais História da Doença ● 2018: data de início da doença ● 2019: evolução cronológica dos sintomas ● 2020 : estado atual do paciente Sinais e Sintomas Alguns sinais e sintomas das afecções do sistema nervoso são: ● Distúrbios da consciência → percepção do mundo exterior, de si mesmo, o estado de vigília. ● Cefaleia → muito comum na prática clínica, diferentes tipos e intensidades. ● Dor na face → diferentes intensidades e causas, sinusites, causas oculares, neuralgia do trigêmeo. ● Tonturas e Vertigens → queixa comum ● Convulsões → movimento súbitos e involuntários ● Amnésia → perda de memória que pode ser temporária ou permanente ● Transtorno do movimento ● Distúrbios visuais → redução da acuidade visual ou a perda total da visão ● Distúrbios auditivos → zumbidos, hipoacusia, acusia (compromete a audição podendo ser temporária ou permanente, respectivamente). ● Náuseas e vômitos → relacionadas ao sistema neurológico, queixa comum na clínica, aumento na pressão intracraniana. ● Disfagia → considerar essa alteração no transporte da boca para o intestino. ● Distúrbios da mancha (disbasia) ● Paresias → sistema motor ● Paralisias → sistema motor ● Distúrbios da sensibilidade ● Distúrbios esfincterianos → bexiga neurogênica ● Distúrbios do sono ● Distúrbios das funções cerebrais superiores → distúrbios da comunicação por meio da linguagem, leitura, escrita e reconhecimento. Níveis de Consciência Alerta - Acordado ou despertado facilmente Letárgico (ou sonolento) - Não está totalmente alerta, tende a dormir quando não estimulado Obnubilado - Dorme a maior parte do tempo, difícil de despertar Estupor - espontaneamente incosciente aoenas ai ser agutado persisntetnebte e vugirosamente Coma - completamente inconsciente, sem resposta à dor Escala de Coma Glasgow A ECG tem sido amplamente utilizada para determinar e avaliar a profundidade e a duração do coma e prognosticar a evolução dos pacientes com ou sem trauma cranioencefálico. A avaliação tanto da função e do dano cerebral quanto da evolução do nível de consciência é feita com base em três indicadores. ● análise de três parâmetros (abertura ocular, resposta verbal e reação motora). ● estímulos, desde a atividade espontânea e estímulos verbais até estímulos dolorosos.Avaliação do Estado Mental A avaliação resumida das funções psíquicas faz parte do exame neurológico, devendo-se avaliar a orientação alopsíquica, a memória e a linguagem. Para essa avaliação, utiliza-se o Mini-Mental State Examination, universalmente adotado e de fácil aplicação. Mini-Mental State 1. Orientação temporal (0-5): ano, estação, mês e dia do mês e da semana. 2. Orientação espacial (0-5): estado, rua, cidade, local e andar. 3. Registro (0-3): nomear pente, rua e caneta. 4. Cálculo (0-5): por exemplo, subtrair 7: 100-93-86-79-72-65. 5. Evocação (0-3): três palavras anteriores: pente, rua e caneta. Quais os três objetos perguntados anteriormente? 6. Linguagem 1 (0-2): nomear um relógio e uma caneta. 7. Linguagem 2 (0-1): repetir: nem aqui, nem ali e nem lá. 8. Linguagem 3 (0-3): siga o comando: pegue o papel com a mão direita, dobre-o ao meio e coloque-o em cima da mesa. 9. Linguagem 4 (0-1): ler e obedecer: feche os olhos. 10. Linguagem 5 (0-1): escrever uma frase completa. 11. Linguagem 6 (0-1): copiar o desenho. → A pontuação normal deve estar entre 27 e 30. Pontuações abaixo de 23 são consideradas anormais. → Para pacientes analfabetos, devem ser dispensadas as provas que exigem saber ler e escrever. → Não ficar restrito a essa avaliação. Exame Físico Equilíbrio Marcha ou equilíbrio dinâmico: associado a marcha. Cada pessoa tem uma forma de andar variável, mas quando há distúrbios neurológicos a marcha é alterada. ● Maneira pela qual o paciente se locomove. ● Distúrbio da marcha - disbasia Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido a 90°C, em adução, mão fletida em leve pronação e membro inferior ipsilateral espástico. O caminhar lembra o movimento de uma foice em ação. joelho que não flexiona. Acidente vascular encefálico. Marcha anserina ou do pato Para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para direita, ora para esquerda, lembrando o andar de um pato, traduzindo a diminuição da força dos músculos pélvicos. É uma característica das alterações das miopatias; Marcha parkisoniana O doente anda como um bloco enrijecido, sem o movimento automático dos braços, e com a cabeça inclinada para a frente. Marcha cerebelar ou marcha do ébrio um caminhar mais em zig zag, como o andar de um bêbado. Sem coordenação. Lesão cerebral. Marcha tabética O olhar fixo no chão, os membros levantam-se de forma abrupta e tocam o solo pesadamente. Com os olhos fechados, o paciente praticamente não consegue andar. É indicativa de perda da sensibilidade proprioceptiva (lesão do cordão posterior da medula, aparecendo na tabes dorsalis ( neurolues). Marcha de pequenos passos passos pequenos e curtos e, ao caminhar, arrastam-se os pés. É uma marcha característica da paralisia pseudobulbar e de idosos (arteriosclerose). Marcha vestibular paciente com lesão no labirinto, como se ele fosse empurrado para o lado ao andar. Marcha escarvante paralisia do movimento de flexão do pé. O paciente levanta acentuadamente o membro inferior para evitar tropeços, lembrando o passo do ganso. É uma marcha característica das neuropatias periféricas. Marcha claudicante o caminhar onde o paciente manca em um dos lados. insuficiência arterial periférica, lesões de aparelho locomotor. Marcha em tesoura ou espástica membros inferiores enrijecidos e espásticos, semifletidos, os pés se arrastam e as pernas cruzam uma na frente da outra, marcha frequente nas forças espásticas de paralisia cerebral: doença de Little. Marcha ou Equilíbrio Dinâmico ● Função cerebelar ● Teste de equilíbrio equilíbrio dinâmico Marcha: peça para o paciente caminhar em linha reta, com um pé atrás do outro. Equilíbrio Estático Equilíbrio estático. Terminado o estudo da marcha, solicita-se ao paciente continuar na posição vertical, com os pés juntos, olhando para a frente. Nessa postura, ele deve permanecer alguns segundos. Em seguida, ordena-se a ele que feche as pálpebras. A isso denomina-se prova de Romberg. ● Prova de Romberg negativa → no indivíduo normal, nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas. ● Prova de Romberg positiva → na vigência de determinadas alterações neurológicas, ao fechar as pálpebras, o paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda. Força Muscular A avaliação da função motora mede a força dos membros superiores e inferiores, com a finalidade de verificar a dependência ou independência do paciente para realizar atividades diárias. Durante a avaliação, um membro é sempre comparado com o seu par contralateral. ● O paciente procura fazer movimentos com oposição aplicada pelo examinador. No caso das mãos, o aperto deverá ser o mesmo em cada um dos lados, forte, firme e igual. Como registrar? Registrar a força avaliada. Literalmente, anotando-se a graduação e a sede, assim: ● força normal nos quatro membros ● força discretamente diminuída na flexão da perna esquerda ● força muito reduzida na extensão do pé direito ● força abolida na flexão da coxa esquerda Percentualmente, anotando-se também a graduação e a sede, ou seja: ● 100%: força normal ● 75%: movimento completo contra a força da gravidade e contra certa resistência aplicada pelo examinador ● 50%.: movimento contra a força da gravidade ● 25%: movimento completo sem a força da gravidade ● 10%: discreta contra muscular ● 0%: nenhum movimento observável Outra maneira de nomear os déficits de movimento é com o grau de força: Grau V: força normal Grau IV: movimento completo contra a força da gravidade e contra certa resistência aplicada pelo examinador Grau III: movimento contra a força da gravidade Grau II: movimento completo sem a força da gravidade Grau I: discreta contração muscular Grau 0: nenhum movimento Tônus Muscular O tônus pode ser considerado como o estado de tensão constante a que estão submetidos os músculos, tanto em repouso (tônus de postura), como em movimento (tônus de ação). A regulação periférica do tônus é feita a partir dos fusos musculares e órgãos neurotendíneos. Já a regulação central é feita a partir do cerebelo (paleocerebelo) e do sistema extrapiramidal (corpo estriado). O exame do tônus é realizado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular, obedecendo a seguinte técnica: ● Inspeção: verifica-se a existência ou não achatamento das massas musculares de encontro ao plano do leito. ● Palpação das massas musculares. Averigua-se o grau de consistência muscular. ● A movimentação dos membros com flexão e extensão deve ser feita para avaliação da passividade, ou seja, para a verificação da resistência (tônus aumentado) ou se a passividade vai além do normal (tônus diminuído). ● A extensibilidade, isto é, se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fibra muscular. Assim, na flexão da perna sobre a coxa, fala-se em diminuição do tônus quando o calcanhar toca a região glútea de modo fácil. ● Balanço passivo Na hipotonia (diminuição do tônus) ou o seu aumento ( hipertonia ) devem ser registrados com as respectivas graduação e sede. Exemplos: → moderada hipotonia nos membros inferiores. → Acentuadahipertonia dos membros direitos. Considerando o interesse clínico no reconhecimento das alterações do tônus muscular, convém reunir as características semiológicas da hipotonia e da hipertonia. Coordenação Coordenação adequada traduz o bom funcionamento de, pelo menos 2 setores do SN: o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva A perda de coordenação é denominada ataxia, a qual pode ser de três tipos: cerebelar, sensorial e mista. Nas lesões de sensibilidade proprioceptiva, o paciente utiliza a visão para fiscalizar os movimentos incoordenados. Prova dedo-nariz: com o membro superior estendido lateralmente, o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o indicador. Repete a prova com os olhos abertos e fechados. → O paciente normal consegue fazer o movimento perfeitamente. Prova calcanhar-joelho: Na posição de decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho oposto com o calcanhar do membro a ser examinado. Com os olhos abertos e fechados, respectivamente. → A dismetria é a incapacidade que o paciente tem de alcançar o alvo com precisão. Arco reflexo Os reflexos são mecanismos de defesa básicos do SN. São involuntários, operando abaixo do nível de controle consciente e permitindo uma reação rápida a situações possivelmente dolorosas e prejudiciais. Ajudam o corpo a manter o equilíbrio e o tônus muscular apropriado. Existem quatro tipos de reflexos: ● reflexos tendinosos profundos (miotáticos) ● superficiais ● viscerais (orgânicos) ● patológicos (anormais) Resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza Reação motora ou secrretora Reflexos motores → base anatomo-funcional: arco reflexo a. via aferente b. via eferente c. centro reflexógeno d. órgão efetor Reflexos ● Reflexos exteroceptivos ou superficiais ● Reflexos cutâneos ● Os reflexos cutâneos habitualmente examinados são definidos a seguir. Reflexo cutâneo-plantar. Estando o paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos, o examinador estimula superficialmente a região plantar, próximo a borda lateral e desliza no sentido posteroanterior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior. ● Pesquisa-se estimulando a região plantar próximo a borda lateral. A resposta normal é a flexão dos dedos. → A inversão da resposta normal, ou seja, a extensão do hálux, constitui o sinal de Babinski, um dos mais importantes elementos semiológicos do sistema nervoso que indica lesão da via piramidal ou corticospinal. Reflexo cutâneo-abdominais: ainda com o paciente em decúbito dorsal, com a parede abdominal em completo relaxamento, o examinador estimula o abdome do paciente no sentido da linha mediana em três níveis: superior, médio e inferior. → não é feito comumente devido algumas alterações, como a obesidade, múltiplas gestações, idade, ascite, cicatriz cirúrgica entre outros. ● Reflexos proprioceptivos, profundos, musculares ou miotáticos. Reconhecem-se os tipos físicos ou clonicos, e os tônicos ou posturais.. ● Na pesquisa de reflexos miotáticos fásicos ou clônicos, o estímulo é feito pela percussão com o martelo de reflexos de tendão do músculo a ser examinado. ● De rotina, são investigados os reflexos aquileu , patelar , flexor dos dedos , supinador , pronador , bicipital e tricipital. Membros superiores Bicipital → Nervo: musculocutâneo, centro reflexo: C5-C6. Percute-se o tendão distal do bíceps e a resposta é flexão do braço. Tricipital → Nervo: radial; centro reflexo: C6-C8. Percute-se o tendão distal do tríceps e a resposta é a extensão do braço. Patelar (quadríceps) → Nervo: femoral, L2-L4. Percute-se o tendão da rótula. A resposta é a extensão da perna. Calcaneano (tríceps sural) → Nervo: tibial, L5-L2. Percute-se o tendão do calcâneo. A resposta é a flexão do pé. ● Pela maneira especial como é provocado, o clonus do pé e da rótula é colocado à parte do quadro geral dos reflexos, os quais consistem na contração sucessiva, clônica, do tríceps sural e dos quadríceps, respectivamente quando o estiramento rápido do músculo em questão é provocado e mantido. ● São encontrados na lesão da via piramidal e sempre acompanhados de exaltação dos reflexos daqueles músculos. Os reflexos miotáticos fásicos podem estar: normais, abolidos, diminuídos, vivos ou exaltados. Suas alterações podem ser simétricas ou não. Como fazer o registro? O registro dos resultados deve ser feito literalmente ou por meio de sinais convencionais, da seguinte maneira: ● Arreflexia ou reflexo abolido: ● Hiporreflexia ou reflexo diminuído: - ● Normorreflexia ou reflexo normal: + ● Reflexo vivo: ++ ● Hiper-reflexia ou reflexo exaltado: +++ Sensibilidade O estudo semiológico da sensibilidade diz respeito aos receptores, as vias condutoras e aos centros localizados no encéfalo. Essas vias sensitivas estão em estreita e contínua ligação com as vias motoras, configurando, em seu conjunto, o arco reflexo que representa a unidade anátomo funcional ou do sistema nervoso. ● Sensibilidade objetiva ● Sensibilidade subjetiva ● Sensibilidade espacial Para ser feito o exame de sensibilidade com a máxima precisão, devem ser obedecidas as seguintes recomendações: ● proporcione um ambiente adequado ● o paciente precisa estar com roupas adequadas ● o paciente deve manter os olhos fechados durante o exame ● evite sugestão quanto ao local e a natureza do estímulo aplicado ● ao aplicar o estímulo, indague: está sentindo alguma coisa? O quê? Em que parte do corpo? ● o tempo de exame não deve ser muito prolongado. Para a sensibilidade tátil, utiliza-se o pedaço de algodão ou o pequeno pincel macio, os quais são roçados de leve em várias partes do corpo. A sensibilidade térmica requer dois tubos de ensaio, um com água gelada e outro com água quente, com que se tocam pontos diversos do corpo, alternando-se os tubos. A sensibilidade dolorosa é pesquisada com o estilete rombo, capaz de provocar dor sem ferir o paciente. A agulha hipodérmica é inadequada, sobretudo em mãos inábeis. A diminuição da sensibilidade tátil recebe o nome de hipoestesia ; sua abolição, anestesia; e seu aumento, hiperestesia . Se houver alterações, o registro será efeito em esquemas que mostrem a distribuição sensitiva corporal ou, então, discriminativamente, como exemplificado a seguir: - diminuição da sensibilidade tátil - abolição da sensibilidade vibratória - aumento da sensibilidade superficial dolorosa É fundamental acrescentar a esses exemplos o grau e a localização das alterações. A sensibilidade vibratória (palestesia) é pesquisada com o diapasão de 128 vibrações por segundo, colocando em saliências ósseas. A sensibilidade à pressão (barestesia) é verificada mediante compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente de massas musculares. A cinética-postural ou artrocinética (batiestesia) é explorada deslocando-se suavemente em qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão, extensão). Em dado momento, fixa-se o segmento em uma determinada posição, que deverá ser reconhecida pelo paciente. Para facilitar o exame, elegeram-se algumas partes do corpo, como o hálux, o pé ou a mão. A sensibilidade profunda A sensibilidadedolorosa profunda é avaliada mediante compressão moderada de massas musculares e tendões, o que, normalmente, não desperta dor. Estereognosia → em seguida ao exame da sensibilidade, avalia-se o fenômeno estereognóstico, que significa a capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. Sensibilidade tátil Nervos Cranianos Os 12 nervos cranianos tem origem no tronco encefálico ou se dirigem para ele, com exceção dos dois primeiros, que, por sinal, não tem características morfológicas de nervo e sim de tecido cerebral e do ramo externo do XI, cuja origem se encontra na medula cervical. Nervos Cranianos Origem do nervo Tipo de estímulo conduzido pelas fibras Funções Principais I - Olfatório Mucosa olfatória Sensorial Olfato II - Óptico Retina Sensorial Visão III - Oculomotor Mesencéfalo Motor Parassimpático Motilidade ocular (RM, OI, RS, RI) e músculo elevador da pálpebra Motilidade do esfíncter da pupila IV - Troclear Mesencéfalo Motor Motilidade ocular (OS) V - Trigêmeo Mesencéfalo Ponte Bulbo Medula superior Motor Sensação superficial Mastigação Sensibilidade da metade anterior da cabeça VI - Abducente Ponte Motor Motilidade ocular (RL) VII - Facial Ponte Motor Parassimpático Sensorial Atividade mímica facial secreção salivar (glândulas submandibular e sublingual) secreção lacrimal gustação dos ⅔ anteriores da língua VIII - Vestibulococlear Orelha interna Sensorial Audição (ramo coclear) Equilíbrio (ramo vestibular) IX - Glossofaríngeo Bulbo Motor Parassimpático Sensorial Motilidade bucofaríngea secreção salivar (glândula parótida) gustação do ⅓ posterior da língua X - Vago Bulbo Motor Parassimpático Sensorial Motilidade do palato e da faringe Inervação dos órgãos viscerais toracoabdominais XI - Acessório Medula cervical bulbo (ramo que se une ao vago) Motor Motilidade do trapézio e do esternocleidomastoideo XII - Hipoglosso Bulbo Motor Motilidade da língua Nervo olfatório No exame, empregam-se substâncias com odores conhecidos: café, canela, cravo, tabaco, álcool etc. De olhos fechados, o paciente deve reconhecer o aroma que o examinador colocar diante de cada narina; Identificar condições que impeçam o conhecimento do odor (resfriado comum, atrofia de mucosa) As alterações deficitárias (hiposmia e anosmia) dependem de distúrbios neurológicos. → hiposmia é a redução da olfação e a anosmia é a ausência da olfação. Nervo óptico ● Acuidade visual Pede-se que o paciente que diga o que vê na sala de exame (na parede, na mesa) ou leia alguma coisa. Examina-se em cada olho separado. ● Campo visual Sentando, o paciente fixa um ponto na face do examinador, postado à sua frente. O examinador desloca um objeto nos sentidos horizontal e vertical e o paciente dirá até que ponto “está percebendo” o objeto nas várias posições. Cada olho é examinado separadamente. → Aquele que não possui visão em metade do campo visual de cada olho apresenta uma hemianopsia (hemicegueira). Quando ocorre lesão do nervo óptico, haverá perdas do campo nasal e temporal, levando a amaurose (perda total da visão) do lado lesado. A lesão do quiasma óptico gera perda dos campos temporal direito e esquerdo, característica em tumores hipofisários. Nervo oculomotor, nervo troclear e nervo abducente Esses três nervos são examinados em conjunto, pois inervam os vários músculos que tem por função a motilidade dos globos oculares. O III nervo inerva também a musculatura elevadora da pálpebra. A investigação semiológica desses nervos pode ser sistematizada de maneira a seguir. Motilidade extrínseca → Na imagem temos a posição primária dos olhos. Para execução dos movimentos horizontais, temos: RM E RL. Para execução dos movimentos verticais: RI, RS, OI, OS Como é feita a avaliação? O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: estando o paciente com a cabeça imóvel, o examinador solicita a ele que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. → No exame simultâneo, acrescenta-se a prova de convergência ocular, que é feita aproximando gradativamente um objeto dos olhos do paciente. Aqui podemos ver o comprometimento na motilidade extrínseca deste paciente. Motilidade Intrínseca ● Exame da pupila Dinamicamente, a pupila é examinada por meio de um feixe luminoso e pela convergência ocular. Em ambiente de pouca luminosidade, o paciente deve olhar para um ponto mais distante O examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração da pupila oposta. Em seguida, aproxima-se dos olhos um objeto, e as pupilas se contraem normalmente - é o reflexo de acomodação. Nervo Trigêmeo Raiz motora - avaliação de lesão observando atrofia, abertura da boca, cerrar/trincar os dentes e movimento de lateralização da mandíbula. → oftálmico, maxilar e mandibular, inerva todo o território da face ● Reflexo corneano ● Raiz sensitiva - reflexo córneo-palpebral → utiliza uma mecha de algodão limpa, que irá tocar suavemente entre a esclera e a córnea do paciente. Paciente, preferencialmente, deve estar com os olhos laterizados para o lado oposto. → resposta esperada: contração orbeo ocular, fechamento da pálpebra. Nervo Facial Avaliação da parte motora do nervo facial - temporofacial e cervicofacial. Mímica facial → Exame: solicitar ao paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, fechar as pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma. Se localizar na frente do paciente e fazer o movimento junto com ele. ● Paralisia periférica: toda a hemiface lateral é comprometida. Relacionada com: paralisia de Bell (infecções virais, edema no nervo, diabetes, traumatismos, hanseníase). ● Paralisia central: a gente tem muito mais comumente a metade inferior da face contralateral se mostrando alterada. Relacionada com: acidentes vasculares encefálicas, neoplasias cerebrais. Nervo vestibulococlear ● diminuição gradativa da intensidade da voz natural ● voz cochichada ● atrito suave das polpas digitais próximo a orelha → exame: para avaliar o equilíbrio do paciente deve pedir para que ele fique de olhos fechados e em pé, com as pernas aproximadas, posicionando os braços e as mãos paralelamente ao corpo. A posição é mantida por 10 segundos, sem perder o equilíbrio. Logo, o paciente é orientado a assumir a posição normal para andar, unindo o calcanhar de um pé com o dedo do outro e dar 10 passos. Nervo glossofaríngeo e nervo vago Pelas estreitas ligações quanto à origem, ao trajeto e a distribuição, esses nervos são examinados em conjunto. ● voz, deglutição e reflexo do vômito → em caso de lesão unilateral do vago, as funções vegetativas não são comprometidas. O examinador deve tocar a parte posterior da língua com um abaixador, ou estimular a faringe posterior para desencadear o reflexo do vômito. Deve também observar a presença de rouquidão e a simetria da úvula do palato mole. Nervo Acessório Aqui o examinador deve avaliar a capacidade do pacientede encolher os ombros e de fazer rotação com a cabeça contra uma resistência imposta. O exame deve ser feito em busca de atrofia muscular e queda do ombro. Esse nervo é responsável por inervar os músculos esternocleidomastóideo e a porção superior do trapézio. Nervo Hipoglosso Investiga-se pela inspeção da língua - no interior da boca ou exteriorizada - movimentando-a para todos os lados, forçando-a de modo que vá de encontro à bochecha e, por fim, palpando-a, para avaliação de sua consistência. → Os distúrbios e as manifestações mais frequentes são movimentos anormais da língua, paralisia e debilidade dos músculos da língua, bem como dificuldade para falar, mastigar e deglutir.
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