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Urgência e Emergência - Acidentes com animais peçonhentos e venenosos

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Prof: Juninho || Adriane Souza do Nascimento - XXXIX 
# Urgência e Emergência II 
Acidentes com animais peçonhentos 
e venenosos 
 Animais peçonhentos são àqueles que 
possuem veneno e conseguem INOCULAR 
o veneno (morder = dente/picar/ferroar) 
pelas peçonhas. 
*Alguns tipos de sapos, por exemplo, possuem 
venenos mais potentes do que muitas cobras, mas 
não conseguem inocular na vítima* 
 
 Insetos: 
- Em geral, são peçonhentos; Na maior parte das 
vezes essas manifestações não são graves. 
Geralmente, a manifestação está relacionada 
com a idade da vítima, a quantidade de picadas. 
(Dor no local da picada, que é seguida de um 
pequeno edema). 
Tipos de imunização: 
- Hipersensibilidade 
‘imediata’ 
* A pessoa tem uma 
exposição primária e 
NÃO terá alergia, mas 
irá criar as células de 
memória (por conta 
disso, não importa a 
quantidade do 
antígeno, a reação 
será da mesma 
forma) a partir da 2ª 
vez que ela 
apresentará reação. 
- Sensibilização 
* Pessoa não 
apresentava alergia 
durante a vida toda, 
mesmo sendo exposta 
ao alergênico, mas 
‘desenvolve’. 
 
 
❶ ABELHAS E VESPAS: ‘ferroam/picam’ 
*Mamangavas e outros* 
- O perigo da picada da abelha, geralmente, 
está mais associado à quantidade de picadas 
recebidas do que no veneno em si, também à 
sensibilidade do indivíduo ao veneno e a 
idade. 
• Manifestações Clínicas: 
- Dor generalizada/local 
- Pápulas brancas de consistência firme e 
elevada. 
 • Manifestações Sistêmicas: 
- Insuficiência respiratória 
- Edema de glote e Edema generalizado 
das vias 
- Broncoespasmo 
- Hipertensão Arterial 
*Paciente muito alérgico ou com muitas picadas* 
 PRIMEIROS SOCORROS: 
 
 1) Manter a calma. 
 2) Corrente de sobrevivência: 
• Avaliar a Cena 
 • Verificar Responsividade do paciente 
(Se ela acordar, conversar e ver o que 
aconteceu.) 
• Chamar socorro (192) 
• BLS -> Avaliar Sinais Vitais 
* verificar se forem múltiplas picadas, levar 
imediatamente ao hospital. * 
 3) Retirar cuidadosamente o ferrão e o saco 
de veneno. Nunca retirar diretamente com a 
pinça, pois ao apertar estará inoculando mais 
veneno, com isso, deve-se raspar (com as 
costas de facas; linhas, lâminas; etc) e assim, 
após retirar o veneno, com a pinça deve-se 
terminar de retirar o ferrão. 
 4) Após remoção o local deve ser lavado com 
água e sabão; E aplicar bolsa de gelo para 
controlar a dor. 
 *Não pegar o animal agressor com a mão** 
* Dependendo do animal e se der, a pessoa deve 
tentar levar para facilitar identificação, a não ser 
que seja conhecido. * 
*Alguns só ferroam uma vez, como abelhas e 
outros várias vezes, como mamangava* 
 
 
 
 
❷ ESCORPIÕES: ‘ferroam/picam’ 
 
- Maior incidência nos meses de calor. 
- Membros superiores e inferiores são os 
locais mais acometidos (70%). 
- O gênero Tityus é o de maior importância 
no Brasil; Têm entre 6-7cm. 
- Frequentemente escondem-se em locais 
sombrios, frescos, sob madeiras, pedras, 
cascas de árvores, tijolos, telhas, etc. 
- Picam ao serem molestados. 
 
 
• Sintomas: 
- Sintomas sistêmicos geralmente surgem 
após de minutos até 1-3 horas. 
 
» A gravidade depende: 
 * Espécie e Tamanho 
 * Quantidade do veneno inoculado 
 * Sensibilidade 
- Dor muito intensa e dura em torno de 12h. 
- Sudorese 
- Uso de soroterapia e perfeita 
manutenção das funções vitais. 
 
 PRIMEIROS SOCORROS: 
1) Lavar a região atingida com água. 
*ATENÇÃO se o local da ferroada tiver 
adornos deve-se tirar por causa de possíveis 
edemas* 
2) Colocar saco com gelo ou compressa de 
água gelada sobre o local da ferroada para 
ajudar no alívio da dor. 
*ATENÇÃO para caso de desenvolvimento de 
reações sistêmicas, ou ferroadas por Tityus 
serrulatus. 
 4) Se necessário, realizar BLS: 
• Avaliar a Cena 
 • Verificar Responsividade do paciente 
(Se ela acordar, conversar e ver o que 
aconteceu.) 
• Chamar socorro (192) ou remoção 
imediata para atendimento médico. 
• BLS -> Avaliar Sinais Vitais 
*Não pegar o animal agressor com a mão** 
* Se der levar, com segurança, o animal para 
identificação*. 
 ❸ ARANHAS: ‘ferroam/picam’ 
*Gostam de lugares quentes e escuros* 
 
 • Aranha Marrom: 
- Gênero: Loxoceles 
*Pernas finas e longas, pelos escassos* 
*Cor marrom clara uniforme e dorso verde-
oliva* 
- Responsável por 20% dos acidentes no 
Brasil. 
- Picam ao serem espremidas contra o corpo. 
- Com hábitos noturnos e constroem teias 
irregulares em fendas de barrancos e cascas 
de árvores. Situam-se, geralmente, atrás de 
móveis, cantos de paredes, garagens, etc. 
 
• Sintomas: 
- As manifestações precoces muitas vezes são 
ausentes, ou com dor local discreta, mas 
podem evoluir (12-24horas). 
- Podem evoluir com vesículas e flictenas 
hemorrágicas, que necrosam e ulceram (difícil 
cicatrização); hipertermia; mal-estar; cefaleia. 
- Comum em mulheres adultas, com picadas 
geralmente na coxa, tronco ou braços. 
 
• Aranha Armadeira: 
*Levantam as patas anteriores para atacar* 
- Gênero: Phoneutria 
*Colorido cinzento ou marrom, corpo com 
pelos cinzentos e curtos*. 
 
• Sintomas: 
- Dor intensa com irradiação, associada ou 
não a sudorese e edema e eritema locais; 
náusea; 
- Em casos mais graves: Choques neurogênico 
com sudorese fria; agitação; salivação; 
priapismo; taquicardia; etc. 
 
• Aranha Viúva Negra: 
- Gênero: Latrodectus 
*Abdômen globoso, com manchas vermelhas 
em fundo negro; mancha vermelha em forma 
de ampulheta no ventre*. 
 
• Sintomas: 
- Dor intensa com irradiação; Edema 
- Hiperestesia – sensibilidade excessiva >> 
dor- 
- Eritema e sudorese locais; Contraturas 
musculares generalizadas; Rigidez muscular; 
 
• Aranha Tarântula (de jardim): 
*Veneno é mais fraco que de uma abelha, mas a 
ferroada é bastante dolorida* 
- Gênero: Lycosa 
*Ventre negro e dorso do abdômen com 
desenho em forma de seta*. 
 
• Sintomas: 
- Dor local de leve a moderada 
- Edema e eritema local e discreto 
*Raros casos de necrose superficial* 
 
• Aranha Caranguejeira: 
- Gênero: Grammostola 
*Cor negra ou castanho claro, corpo 
densamente coberto de pelos*. 
 
 
• Sintomas: 
- Prurido local intenso 
- Edema e pápulas (pequena lesão na pele) 
locais; Irritação de mucosas com tosses. 
*geralmente não há dor* 
 
 PRIMEIROS SOCORROS: 
1) Identificar rapidamente o tipo de 
picada. 
2) Locomoção da vítima para local onde 
tenha pessoas capazes de aplicar 
tratamento por soro. - Após notificar 
sobre o caso o sistema de saúde 
disponibiliza o soro -. 
3) Para amenizar a dor da vítima deve-se 
aplicar bolsa de gelo ou compressa de 
água gelada. 
*Faz notificação compulsória para Secretaria da Saúde* 
❹ COBRAS (= venenosas e não venenosas) 
 
*As serpentes que são peçonhentas (= venenosas)* 
- Acidentes ofídicos no Brasil: 
* Gênero Bothropico – 90,8% 
* Gênero Crotalico – 8,4% - (São os casos mais grave e letal) 
* Corais venenosas – 0,8% 
 
- Principais características: 
 
 
 
** As cobras possuem fosseta loreal na narina que é um 
órgão termo receptor, que as permite detectar animais 
endodérmicos*. 
** Através da língua, as cobras captam partículas de odor no 
ar; Com a língua bifurcada projetada para fora, elas 
conseguem ‘tatear’/sentir/cheirar o ambiente em sua volta*. 
** Geralmente, as serpentes venenosas possuem cabeça 
triangulas e as não venenosas cabeças redondas*. 
** As Serpentes venenos possuem presas na região anterior 
com o veneno, com exceção de um tipo que é posterior; As 
não venenosas não possuem presas e sim dentes*. 
 
• Jararaca: 
- Gênero: Bothrops 
- De 1 a 1,5m 
*Cor amarelada, cinza ou verde-escura; com 
desenhos escuros e lateralmente triangulares*. 
- O veneno dessas cobras possui enzimas 
proteolíticas que alteram os mecanismos 
naturais da coagulação sanguínea; E levam à 
destruição dos tecidos periféricos ao local da 
mordida,podendo necrosas o membro 
afetado – pode acarretar em amputação -. 
* Dificilmente essa cobra erra o ‘bote’ – Ela alcança 
2/3 do seu tamanho, geralmente 1,30m*. 
 • Sintomas: 
- Dor intensa no local; Edema. 
- Hemorragias em mucosas – nariz/boca/urina- 
- Pode ocorrer a grave síndrome de coagulação 
intravascular disseminada (CID – coagulação 
por todo o corpo – eventos trombóticos). 
Causando BOLHAS e NECROSOSES *(podendo 
levar a amputação)*. 
 
 
• Cascavel: 
- Gênero: Crotalus 
*Cor pardo-escura e no dorso uma série de 
losangos que se alternam com outros laterais*. 
- O veneno é hemolítico, ou seja, destrói 
hemácias - Mioglobinúria - (pode levar a 
Insuficiência Renal) e atua como tóxico no SN. 
*Na sua cauda há um chocalho/ guizo que serve de 
aviso para que não se aproximem dela – Além disso, 
ela também fica dando ‘botes’ falsos para afastar o 
‘perigo’*. 
• Sintomas: 
- Rigidez de nuca 
- Perturbações visuais – nistagmo (olho 
tremendo), visão dupla, estrabismo -. 
- Lacrimejamento e salivação. 
- Face Ebria (parece estar embriagado) – olhos 
caídos e sem conseguir abrir -. 
- Parestesia na região afetada 
(formigamento/adormecimento) e Parada 
Respiratória – paralisia do diafragma -. 
 
 *Urina -> hemólise * 
 
• Coral Verdadeira: 
- Gênero: Micrurus 
*Nas Corais Verdadeiras suas partes vermelhas e 
pretas não se tocam, há sempre uma faixa 
branco separando*. 
 
- Características diferentes das demais cobras: 
cabeça mais arredondada, cauda mais finas e 
etc. 
- Pouco agressivas e em geral pequenas; 
Vistosas e ornadas de anéis de cor vermelho-
coral, preta e amarela, que se alternam. 
** As ‘falsas corais’ são mansas, inofensivas e 
não tentam morder**. 
 
• Surucucu: 
- Gênero: Lachesis 
- Maior Serpente da América Latina podendo 
chegar até 4m. 
 
• Manifestações Locais: 
- Dor e Edema 
- Surgimento de vesículas de conteúdo seroso 
ou sero-hemorrágico nas primeiras horas. 
- Manifestações hemorrágicas, geralmente, no 
local da mordida. 
• Manifestações Sistêmicas: 
- Hipotensão arterial; Tonturas; 
Escurecimento da visão; Bradicardia; Cólicas 
abdominais; Diarreias. 
** Sempre considerado grave devido ao 
tamanho da Serpente, ou seja, inocula muito 
veneno*. 
**Não se deve chupar o sangue para retirar o 
veneno, além de não ter comprovação científica, o 
socorrista estará entrando em contato com um 
sangue desconhecido e pode contrair doenças 
infectocontagiosas e se houver lesões na boca 
pode acabar se tornando outra vítima**. 
 
 PRIMEIROS SOCORROS: 
1) Manter a vítima em decúbito dorsal, 
em repouso, evitando deambular ou 
correr, pois o sangue circula e o 
veneno pode se disseminar; Além de 
mantê-la hidratada. 
 
2) Lavar o local da mordia com somente 
com água ou com sabão para fazer 
assepsia local. 
3) Não perfurar/cortar o local da mordida; 
Não colocar folhas, pó de café, ou outros 
contaminantes. 
4) Não garrotear o membro afetado, pois 
poderá agravar as lesões locais. Antes, 
deve-se elevar o membro afetado. 
5) Evitar o uso de qualquer droga 
depressora de SN. 
6) Controle de sinais vitais e choques para 
possível BLS e controle do volume 
urinário da vítima. 
7) Transportar a vítima com urgência para 
atendimento especializado de 
emergência. 
**As medidas locais de primeiros 
socorros devem ser realizadas nos 
primeiros 30 minutos após a mordida, 
passado o tempo não adianta fazer mais 
nenhuma manobra local**. 
8) Se possível localizar a cobra que mordeu 
a vítima e levá-la, com segurança, para 
que seja reconhecida e possa administrar 
o soro específico, já que, o soro 
antiofídico universal não é tão 
eficiente quanto o específico. 
 
** Acredita-se que acidentes por filhotes de 
cobras são piores, pois nas primeiras mordidas 
o veneno está mais concentrado. 
** Quando a cobra que mordeu é levada, o 
médico pode esperar um pouco para ver se vão 
apresentar e quais serão os sintomas, já que, 
precisa-se verificar se àquela é mesmo a cobra 
correta da mordida e se ela não mordeu algum 
outro animal antes e assim, o seu veneno 
praticamente não trará nenhum efeito 
colateral; Ou às vezes, acontece de apenas 
raspar a presa, mas não chegar a inocular. 
** A dosagem de ampolas de soro depende da 
gravidade, do tipo e das manifestações clínicas.

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