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Crescimento e Desenvolvimento Craniofacial O crescimento facial é muito importante na Ortodontia, já que as variações na morfologia craniofacial são fontes de maloclusões severas, sendo o estudo das alterações ósseas o principal fator para um tratamento adequado Crescimento X Desenvolvimento (prova) *Ocorrem ao mesmo tempo mas não no mesmo ritmo Crescimento: aumento quantitativo/dimensão; multiplicação celular ou aumento de volume celular Desenvolvimento: aumento qualitativo; diferenciação das células e tecidos Tipos de Ossificação Intramembranosa: a células mesenquimatosas do das membranas conjuntivas dos ossos (periósteo) se diferenciam em osteoblastos que produzem a matriz óssea, que por sua vez é calcificada formando o tecido ósseo. Os tecidos ósseos depositados pelo periósteo, pelo endósteo, pelas suturas e ligamento periodontal são de formação intramembranosa. O periósteo é responsável pelo crescimento do osso em largura e pelo reparo de fraturas ósseas. *O endósteo reveste as superfícies internas do osso e geralmente é constituído por uma delgada camada de células osteogênicas achatadas, que revestem as cavidades do osso esponjoso, o canal medular, os canais de Havers e os de Volkmann. *O periósteo é uma membrana de tecido conjuntivo denso, muito fibroso, que reveste a superfície externa da diáfise, fixando-se firmemente a toda a superfície externa do osso, exceto à cartilagem articular. Endocondral: primeiro as células mesenquimais se diferenciam em condroblastos e começam a produzir uma matriz cartilagínea formando uma cartilagem que posteriormente será substituída por osso (cartilagem de crescimento); Essas áreas são responsáveis pelo crescimento em comprimento dos ossos longos; são as regiões entre as epífises e diáfises. *Pode-se dizer que, no esqueleto cefálico, a maxila, o corpo e o ramo mandibulares se formam a partir de ossificação intramembranosa. O côndilo mandibular e a base craniana, a qual tem influência no crescimento facial, formam-se por ossificação endocondral. Mecanismo de Crescimento Ósseo Remodelação: Aposição óssea na direção de crescimento (osteoblastos) e reabsorção óssea na direção oposta (osteoclastos) Deslizamento: Quando o osso muda de lugar através da remodelação Deslocamento: Quando o osso muda de lugar ileso, como uma unidade *Tanto o deslizamento quanto o deslocamento ocorrem durante o crescimento Existem duas situações onde o osso sofre deslocamento, ou seja, muda de posição como um todo: - Deslocamento Primário: causado pelo crescimento de matrizes funcionais relacionadas a ele; crescimento do próprio osso acompanhado pelos tecidos moles Exemplo: crescimento do complexo nasomaxilar para trás e para cima que o desloca para frente e para baixo. Exemplo 2: crescimento da mandíbula pelo estímulo da língua durante o aleitamento materno. - Deslocamento Secundário: causado por outros ossos. Exemplo: crescimento da fossa craniana média para frente que desloca de maneira secundária todo o complexo nasomaxilar para a frente e para baixo. Crescimento Craniofacial Pós-Natal O crescimento do cérebro causa tensões nas suturas, o que estimula a aposição de osso na face externa do crânio, reabsorção óssea na face interna e substituição da membrana por osso. Ao nascer = 60 a 65% do tamanho definitivo 2 ou 3 anos de vida = 85% 5 ou 7 anos de vida = 90% Crescimento e Desenvolvimento Geral do Corpo (Curvas de Crescimento) (prova) Geral: Ossos, músculos e vísceras (crescimento rápido do nascimento ao 4 anos, seguido por um período de crescimento lento até os 12 anos e por fim, um período rápido de crescimento até os 18-20 anos, atingindo 100% do tamanho e maturação. Neural: Cérebro, medula espinhal, bulbos oculares, parte do ouvido interno e neurocrânio (crescimento rápido, atingindo 100% do tamanho e maturação aos 10 anos) Genital: Ovários, testículos, órgãos reprodutores acessórios e genitália externa (crescimento lento até os 12 anos quando atinge aproximadamente 10%, seguido por um surto de crescimento de 90% em 6-8 anos) Linfático ou Linfóide: timo, linfonodos, tonsilas e tecidos linfóides do tubo digestivos (por sua vez, o tecido linfóide sofre uma dissociação tremenda em comparação às dimensões corporais chegando a quase 200% aos 12 anos e regride até atingir 100% aos 20 anos) *O gráfico foi feito por Bailey P. em 1930, quando as crianças começavam a ir para a escola aos 7 anos, então os tecidos linfóides se adaptaram para proteger o organismo das infecções virais e bacterianas insólitas e abundantes do novo ambiente, mas aos 10-12 anos as crianças já haviam contraído a maioria delas, assim o estímulo foi reduzido juntamente com a diferença dimensional entre os tecidos linfóides e o corpo. Se o pico da curva linfóide fosse desenhada novamente, seria fortemente antecipado em muitas crianças, pois as crianças entram em infantários aos 4 meses hoje em dia. Fatores de Crescimento dos Tecidos Primários: hereditário (padrão facial, raça, má oclusão esquelética) Secundários: fatores externos (nutrição, idades dos genitores, doenças) Teorias do Crescimento Ósseo Hunter 1757 Primeiro a propor a teoria do crescimento facial, com base na remodelação óssea. Ele supôs, ao avaliar a porção distal dos segundos molares decíduos e concluir que não haveria espaço para os molares permanentes, que a mandíbula cresce para posterior através da aposição óssea na parte posterior do ramo ascendente da mandíbula e reabsorção na parte anterior. Compressão = Reabsorção Irrupção = Aposição Humphry 1863 Provou a teoria de Hunter através de um estudo realizado em mandíbula de porcos, ocorreu reabsorção na porção interna do ramo ascendente da mandíbula e aposição na parte posterior do ramo ascendente da mandíbula. Sicher 1952 Teoria Sutural As suturas e o periósteo são os centros primários de crescimento facial que se alteram por estímulos de tensão e pressão Todos os ossos do complexo nasomaxilar são intramembranosos, exceto o septo nasal. Scott 1956 Teoria Cartilaginosa O deslocamento do complexo nasomaxilar se deve aos ossos da base do crânio, ao vômer e ao septo nasal, que possuem origem endocondral pois, segundo ele, as cartilagens são mais resistentes à pressão e tensão e possuem maior capacidade de deslocá-lo. *O septo nasal influencia no deslocamento do complexo nasomaxilar, o que pode ser observado em pacientes fissurados que possuem comprometimento do terço médio da face. Moss 1962 Matriz Funcional Forma X Função O osso cresce em resposta ao crescimento intrínseco (genético) da matriz funcional, um conjunto de estruturas que compõem o crânio e a face e desempenha funções como mastigação, fala e respiração, ou seja, o crescimento ósseo em si depende de um fator epigenético, que é a função da matriz funcional, mas esta função depende da genética. Enlow 1965 Crescimento em V Muitos ossos faciais e cranianos possuem uma configuração em V. Enlow supôs que enquanto ocorre reabsorção na parte externa do V, a aposição óssea ocorre na parte interna, em direção a parte ampla do osso, assim o osso cresce em comprimento e largura. Van Limborg 1970 Combinou várias teorias, concluindo que o crescimento craniofacial depende de fatores genéticos e ambientais como hormônios, condições alimentares, hábitos, influências ambientais e hereditariedade. Condrocrânio: ossos da base do crânio Desmocrânio: calvária e esqueleto facial Crescimento Intersticial X Crescimento Aposicional - Formação de novos elementos celulares no interstício dos já existem - Formação de de novos elementos sobrepostos em camadas O centro de ossificação endocondral dos ossos longos é chamado disco epifisário ou metáfise, uma camada de cartilagem localizada entre a diáfise e a epífise que será substituída por osso. A radiografia de mão e punho serve para medir o potencial de crescimento dos ossos do paciente, se houver bastante cartilagem entre a diáfise e a epífise, o osso crescerá mais. Esse exame é importante para contraindicar uma cirurgia ortognática por exemplo, pois os ossos devem ter finalizadoseu crescimento para que se possa realizá-la, caso contrário o resultado final será diferente do esperado, podendo haver recidiva ou causar outra má oclusão. No caso de uma Classe II, se a cirurgia ortognática for realizada antes que os ossos finalizem seu crescimento, o paciente pode se tornar Classe III. No caso de uma Classe III, pode haver recidiva. Centro de Crescimento X Sítio de Crescimento Sítios de Crescimento são locais onde o crescimento ósseo ocorre. Todo Centro de Crescimento é também um sítio, mas o contrário não é verdadeiro. A diferença é que os centros de crescimento são regulados por fatores intrínsecos (genética) e possuem a capacidade de separar estruturas, como os discos epifisários e as sincondroses, enquanto os sítios de crescimento são estimulados por fatores extrínsecos e não separam estruturas, como o crescimento ósseo derivado do periósteo associado a função muscular e as suturas que respondem ao crescimento do cérebro, além disso podem ser classificados em: Sítio de Crescimento Primário: determina a maior parte do crescimento (tuberosidade da maxila) Sítio de Crescimento Secundário: também determina parte do crescimento, mas como coadjuvante ao sítio primário (palato, alvéolos, suturas, assoalho das fossas nasais) *Como o septo nasal é um centro de crescimento, seu crescimento é determinado pela genética, e caso não haja espaço para isso, ocorre o desvio de septo. Análise Cefalométrica Os ossos da base do crânio (etmóide e esfenóide) são a parte mais estável do esqueleto craniofacial, a que menos sofre alteração por fatores externos, por isso é usada como referência nos planos cefalométricos.
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