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Aldencar Coêlho 2020.1 AULA HPB E CÂNCER DE PRÓSTATA ANATOMIA Próstata: glândula que faz parte do ap. reprodutor e urinário masculino Glândula de formato aproximado de pirâmide, com base voltada para cima e o ápice voltado para baixo. Grosseiramente, seu formato assemelha-se a um morango voltado para baixo. Localização: abaixo da bexiga, entre o colo vesical e a parte proximal da uretra peniana No jovem: 20-30g. A partir dos 40 anos, com as mudanças hormonais, pode ocorrer o aumento da próstata, que pode trazer implicações miccionais. Zonas prostáticas: o Z. de transição: menor porção (5%), circunda a uretra, sendo o principal local onde se desenvolve o tecido benigno responsável pela HPB e seus sintomas, inclusive, os sintomas obstrutivos urinários, no homem de maior idade. o Z. central: não glandular (tec. Estromal), também relacionado a HPB o Z. periférica: maior porção (80%). Nessa zona ocorre a maior incidência de câncer de próstata (neoplasia maligna) HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB) Processo histopatológico onde há proliferação das células estromais e epiteliais prostáticas. Ocorre em homens a partir dos 40 anos, quando há mudanças hormonais no organismo masculino e a próstata pode passar a ter um crescimento acentuado. Paciente pode cursar com sintomas urinários obstrutivos baixos: QUADRO CLÍNICO: o Hesitação miccional: dificuldade de iniciar micção * o Diminuição do jato urinário * o Jato urinário interrompido * o Aumento do esforço miccional * o Gotejamento terminal: o paciente queixa que no final da micção pinga bastante, sendo de difícil controle, gerando até incontinência. o Dificuldade em conter a micção * o Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga * o Polaciúria: aumento da frequência urinária* o Noctúria: aumento da frequência urinária à noite * * IPSS – índice de avaliação que fornece um score/ grau de sintomas obstrutivos. Possibilita a quantificar e comparar diversos pacientes. Usado em trabalhos científicos. Devido ao aumento prostático e sua obstrução a uretra, a bexiga passa a ter um espessamento da parede vesical, a parte muscular aumenta a espessura, e então ela não consegue relaxar direito para acomodar os volumes urinários maiores daí os sintomas de urgência miccional e até incontinência urinária. Doença urológica mais prevalente em idosos (prevalência aumenta com a idade) Volume prostático não necessariamente tem correlação com o grau de sintomas que o paciente apresenta. kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Sublinhado kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce Aldencar Coêlho 2020.1 Volume prostático não é indicação de tratamento O tratamento é quando há sintomatologia urinária ou risco aumentado de CA de próstata! Cerca de 50% dos homens tem sintomas obstrutivos urinários aos 75 anos, sendo que 25% apresentam sintomas aos 55 anos. DIAGNÓSTICO CLÍNICO! EXAME FÍSICO Médico, com luva, usa lubrificante no dedo indicador, e introduz no ânus com o objetivo de identificar a próstata. Tenta-se identificar na palpação da próstata: tamanho, consistência (normal= ponta do nariz), presença de áreas endurecidas (pode estar correlacionadas a neoplasias prostática maligna). Faz o rastreamento do CA de próstata, junto com o PSA. EXAMES COMPLEMENTARES NA HPB USG de próstata de aparelho urinário: transabdominal e transretal (mais usada quando se deseja colher amostras do tecido prostático, na suspeita de CA de próstata – BIOPSIA TRANSRETAL GUIADA POR USG). Uretrocistoscopia ou cistocopia: Exame endoscópioco, onde o médico introduz um aparelho através do meato uretral e prossegue através da uretra (peniana, bulbar e prostática) até a bexiga. Seu objetivo é avaliar calibre uretral, presença de aumento dos lobos prostáticos que comprimem a uretra prostática, avaliar mucosa vesical, colo vesical e bexiga – avaliar presença de tumor, corpo estranho ou outra coisa que esteja por lá. Urofluxometria: Teste em que o paciente ingere bastante água e quando sente que estar com bastante vontade de urinar, ele é conduzido a urinar em um aparelho que avaliar o fluxo, a força do jato urinário e o tempo de micção, sendo um importante exame para avaliação de pacientes com queixas urinárias obstrutivas baixas. Estudo Urodinâmico: Utiliza uma sonda através da uretra, que faz o enchimento vesical e, por outra via do cateter, mede a pressão dentro da bexiga. Há também a introdução de um balão dentro do reto. Com isso, esse exame possibilita diagnosticar patologias de esvaziamento vesical. TRATAMENTO Medidas comportamentais ingesta hídrica durante o dia (evitar a noite), exercício físico, esvaziamento programado (quando for entrar em uma situação de dificuldade de urinar, como numa viagem longa, orientar que o paciente urine antes e diminua a ingesta hídrica). Fitoterapia sem fundamentação científica. Farmacológico até piora dos sintomas de esvaziamento ou armazenamento. o Alfa-bloqueadores (Doxazosina/Tansulosina) Aumentam contração detrusora; Relaxam o tônus da musculatura do colo vesical e estroma prostático → melhoram fluxo urinário, deixa o fluxo do jato mais mais forte (↓sintomas de esvaziamento e sintomas urinários obstrutivos baixo) o Inibidores de 5 redutase (Finasterida /Dutasterida) Bloqueiam a conversão de Testosterona em di-hidrotestosterona. Inibem o crescimento prostático. Usados em próstatas >40cm3. Podem prevenir progressão da HPB. Essa medicação tende a ter efeito mais retardado (6-12m de uso o paciente começa a diminuir o volume prostático). Finasterida é menos potente que Dutasterida. o Anticolinérgicos (oxibutinina, solifenacina, darifenacina e tolterodina) Bloqueiam a ligação colinérgica vesical. Melhoram sintomas de kakac Sublinhado kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Sublinhado kakac Sublinhado Aldencar Coêlho 2020.1 armazenamento (diminuem as queixas de urgência miccional e urge- incontinência). Essas medicações faz a bexiga ficar menos reativa, possibilitando um melhor relaxamento, assim o paciente passa a ter mais estabilidade (menos contrações na fase de armazenamento) do músculo detrusor. Diminui a urge-incontinência urinária. Contraindicado para pacientes com glaucoma de ângulo fechado (PIO elevada). o Inibidores de Fosfodiesterase (Tadalafila) ↑óxido nítrico na bexiga, próstata e pênis causando relaxamento da musculatura lisa → ↑ fluxo urinário. Essa medicação é usada também para disfunção erétil. Sendo conveniente também para melhora da função urinária. o Agonista β-3 adrenérgico (mirabegrona) Sendo semelhante aos anticolinérgicos, causa relaxamento detrusor → melhora a capacidade vesical sem prejudicar a micção (melhor as queixas de urgência e urge- incontinência). Sua vantagem é ser poder ser usada em pacientes com glaucoma de ângulo fechado. o Terapia Combinada Finasterida+ Doxazosina – com ou sem Tadalafila Dutasterida + Tansulosina – com ou sem Tadalafila Combinação de um inibidor de 5 redutase com um alfa-bloqueador, com ou sem inibidor de fosfodiesterase. Essas combinações objetivam prevenir a progressão da doença (inibidor de 5 redutase – Finasterida/ Dutasterida) e melhorar os sintomas urinários obstrutivos, de esvaziamento (alfa- bloqueador - Doxazosina/ Tansulosina e inibidor de fosfodiesterase - Tadalafila). Cirúrgico endoscópico ou cirúrgico. o Falha da terapia medicamentosa o Retenção urinária recorrente ou refratária – Quando o paciente faz uma retenção urinária, passa a usar uma sonda vesical de demora (Sonda de Foley) e mesmo sob uso de medicação ele não consegue voltar a urinar.o Dilatação do trato urinário superior por HPB o ITU de repetição – acontece porque o paciente aumenta o resíduo miccional, favorecendo a colonização bacteriana na urina. o Hematúria macroscópica por HPB o Litíase Vesical – estase de urina, resíduo pós miccional elevado pode fazer com que os sais urinários se cristalizem e formem os cálculos. o Divertículos vesicais – falência detrusora, formação de saculações que acabam armazenando urina, impedindo um esvaziamento completo/eficiente da urina O tto cirúrgico da HPB pode ser feito por via endoscópica Ressecção transuretral da Próstata (RTU de próstata), pode ser monopolar ou bipolar. Paciente sob anestesia RAK ou geral, introduz-se um endoscópio por via uretral e faz- se remoção de pequenos fragmentos prostáticos, desobstruindo a uretra prostática, levando a melhora dos sintomas. PADRÃO OURO para próstatas de 20-80g (próstatas não muito volumosas) Fotoablação prostática a laser (GreenLight) – é uma cirugia em que se faz a vaporização do tecido prostático, usando como fonte de energia o raio laser verde. Técnica eficiente, trata próstatas bastante volumosas (até 200g) kakac Realce kakac Sublinhado kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce Aldencar Coêlho 2020.1 Prostaectomia a céu aberto – Recomendada para próstatas > 80g, é um método fácil, barato e seguro. Amplamente disponível. Remove a parte da próstata que está atrapalhando a urina (retira o parênquima prostático, deixando a cápsula prostática vazia). SUS. Melhora a urina e os sintomas Avanços terapêuticos: aqua-ablação (jato de água para fazer enucleação da próstata), enucleação a laser, embolização da próstata (faz obstrução das artérias prostáticas, por microtrombos usando técnicas de terapia invasivas), vaporização da próstata, urolift (técnica menos invasiva que tende a aumentar o diâmetro da uretra prostática, melhorando por certo tempo os sintomas. Desvantagem: com os meses ocorre piora dos sintomas, sendo preciso repetir a técnica ou migrar para outro tto). Os sintomas de esvaziamento = sintomas obstrutivos Sintomas de armazenamento = Polaciúria, noctúria, urgência e urge-incontinência, enurese, dor vesical. CÂNCER DE PRÓSTATA Tumor sólido mais frequente em homens Segundo tumor mais frequente nos homens (1° lugar: câncer de pele) Segundo tumor mais letal (1° lugar: câncer de pulmão) 68.220 casos novos no Brasil (INCA 2018), 14.484 mortes (Brasil, 2015). ANO 2010: 8.000 mortes 1 em cada 6 homens são acometidos - Incidência aumentando (devido ao diagnóstico precoce - tumores iniciais e de baixo risco) No passado: diagnóstico tardio (doença avançada), quando palpável ao toque retal. Isso mudou bastante em 1980, com o advento do PSA Quadro Clínico: sintomas miccionais/ metástases / TR alterado 1980: advento do uso do PSA (Aprovado pelo FDA em 1994) permite o diagnóstico precoce. kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce TR = toque retal Aldencar Coêlho 2020.1 O problema do diagnóstico precoce é que passou acontecer sobretratamento de tumores baixo risco (overtreatment), ou seja, muitas vezes eram recomendados tratamentos radicais (como a prostatectomia) em pacientes com tumores em fases iniciais, tumores que poderiam ser indolentes e demorar muitos anos para manifestarem assim, o sobretratamento pode trazer uma morbidade (incontinência urinária e impotência sexual) elevada ao paciente, decorrente do tto cirúrgico. ↓morte câncer específica o diagnóstico precoce possibilitou a diminuição de mortes por CA de próstata ↑ Morbidade decorrente dos tratamentos (cirúrgico) – incontinência urinária e impotência sexual Discussão sobre a validade do rastreamento (2012 E.U.A.): o Overdiagnosis + overtreatment X Late diagnosis Recomendação de Rastreamento (SBU 2019): o ♂ > 45 anos: Se Negros , História Familiar positiva para CA de próstata → PSA + Toque Retal anualmente o ♂ 50 a 75 anos começa a rastrear aos 50 se não negros e sem história familiar positiva de CA de próstata PSA + Toque Retal anualmente o ♂ > 75 anos PSA + Toque Retal anualmente se expectativa de vida > 10 anos FATORES DE RISCO: Idade Hereditariedade – 01 ou mais casos de CA de Próstata na familiar aumenta a chance de ter, sendo ainda maior quando o caso familiar foi antes dos 60 anos. Raça – Risco aumentado para raça negra Estilo de Vida (Tabagismo, arsênio [presente em indústrias de tinta], agrotóxicos, aminas aromáticas [presente em indústrias de tinta], Obesidade [CA de Próstata avançado]) QUADRO CLÍNICO: ASSINTOMÁTICO – Nas fase iniciais Disfunção miccional – Embora mais comum no HPB, os sintomas urinários obstrutivos baixos podem estar presentes na CA de próstata também, sobretudo na fase avançada. Invasão de órgãos adjacentes – coluna, lombar, bacia, fêmur. Hemospermia Fraturas patológicas – podem ocorrer mesmo em situações de mínimos esforços Metastáses - podem ocorrer para ossos, linfonodos retroperitoenais e cadeias ilíacas. DIAGNÓSTICO: Biópsia Prostática guiada por US com ou sem fusão de imagens de RMN É indicado quando: o PSA > 2,5 e/ou Toque retal alterado; o Velocidade PSA> 0,75/ano PATOLOGIA: kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Sublinhado kakac Realce kakac Realce kakac Sublinhado kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce Aldencar Coêlho 2020.1 Adenocarcinoma acinar da próstata – A maioria 70% Zona Periférica – palpáveis ao Toque Retal. Tumor sólido, endurecido (inclusive ao toque retal), branco- Amarelado. Escala de Gleason ( 6-10). Papel da Testosterona – os tumores prostáticos são dependentes da testosterona, a presença do hormônio possibilita a progressão do tumor. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO TRATAMENTO Visando a cura: eliminação completa do tumor o Cirurgia (Prostatectomia Radical) retira próstata, vesículas seminais, ductos deferentes e gânglios linfáticos regionais ou estendida (quando tumor grave). A cirurgia pode ser aberta, videolaparoscópica ou por robô assistida. o Radioterapia externa resultados similares. 30 sessões; de 1h de exposição diária de radiação por 30 dias consecutivos. Complicações: irritação do reto e bexiga devido a irradiação. Pode cursar com sangramento urinário, retal, dor pélvica, hemorragia urinária, incluindo o pós operatório tardio. Indicado para pacientes cuja cirurgia seja contraindicado, pelas comorbidades por exemplo. o Braquiterapia Visando o Controle: Quando descoberto em fase avançada, que impossibilita seu tto curativo. o Hormonioterapia Faz com que abaixe as taxas de testosterona. Pode ser cirúrgica (castração, retirada dos testículos – orquiectomia bilateral, suprime completamente a testosterona no organismo, levando a uma repressão rápida do tumor), química (medicações) o Quimioterapia indicados em casos refratários ao tratamento hormonioterápico, sobretudo aos casos que há metástases. o Imunoterapia ESTRATÉGIAS DE ACOMPANHAMENTO: o Vigilância ativa (baixo risco) – Identificação de tumores de baixo risco em pacientes hígidos, com boa expectativa de vida. Esses pacientes entram no protocolo de acompanhamento, que fará exames periódicos para avaliar progressão da doença (PSA a cada 03 meses, RNM da próstata a cada 06 meses e biopsia prostática anual). Essa estratégia está indicada para pacientes saudáveis, poucas comorbidades, com tumores Gleason 06 e PSA baixo. Endurecidos ao toque retal kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce kakac Realce Aldencar Coêlho 2020.1 o Observação (>80 anos) – tumor pode ser indolente, crescimento lento, pacientecom muitas comorbidades, sem condições de realizar tratamento radical devido à idade avançada e presença de outras doenças. Assim, acompanha-se de forma conservadora, intervindo quando progressão. Evita- se piora da qualidade de vida Prevenção: não há medicação preventiva comprovadamente eficaz. Deve-se: evitar tabagismo, obesidade e exposição aos produtos químicos supracitados, além de praticar exercício físico. Estilo de vida/Dieta? Vitamina D/E? Não mostraram benefício Licopeno (tomate)? Alguns trabalhos sugere papel anti-oxidante, prevenindo CA de próstata. Selênio? Presente na castanha do Pará, alguns estudos também sugere efeito protetor ao Ca de próstata Quimioprevenção não há comprovação científica de eficácia. kakac Realce
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