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1 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos Bloco 2 História da Educação de Surdos Objetivo de aprendizagem Apropriar-se sobre a história da educação de surdos. Prepare-se para o saber Prepare-se para conhecer os principais pontos referentes à história da educação dos sujeitos surdos. Mapa da aula 2 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos Conexão A história dos surdos está inserida desde a história antiga da humanidade, mas quando falamos especificamente da educação de surdos ela é, relativamente, recente… Dia 26 de setembro: um dia especial para chamar a atenção! No Brasil, a educação institucionalizada de surdos iniciou em 26 de setembro de 1857 com a fundação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos (atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES). Neste dia, comemoramos o Dia Nacional dos Surdos. Introdução Faremos mais uma breve passagem pela história dos surdos. Desta vez pela educação de surdos. Antes dos surdos serem escolarizados, ou seja, ter uma educação institucionalizada, os surdos de famílias abastadas eram ensinados em casa para que pudessem herdar as heranças. Quando os surdos começaram a frequentar instituições de ensino (algumas delas em regime de internato, inicialmente) passaram por três fases no que se refere à metodologia de ensino utilizada: o oralismo, a comunicação total e o bilinguismo. A seguir, iremos conhecer estas fases. Imagens retiradas de: <https://culturasurda.net/congresso-de-mil ao/ > <https://www.alagoasnanet.com.br/v3 /uniao-dos-palmares-juiz-determina-contrat acao-imediata-de-professores-para-ministra rem-aulas-em-libras/> https://culturasurda.net/congresso-de-milao/ https://www.alagoasnanet.com.br/v3/uniao-dos-palmares-juiz-determina-contratacao-imediata-de-professores-para-ministrarem-aulas-em-libras/ 3 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos Desenvolva habilidades Observação Você sabe alguma informação sobre a educação de surdos no seu Estado ou Município? Pense a respeito… Fundamentação Teórica O oralismo como um imperativo na educação de surdos No Brasil, o Imperador Dom Pedro II (1825–1891) criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atualmente Instituto Benjamin Constant). Em 1856, ele apoiou as iniciativas do professor francês Eduard Huet para a criação do Colégio Imperial de meninos surdos-mudos e, no ano seguinte, em 26 de setembro de 1857, fundou o Imperial Instituto de Surdos-Mudos (atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos). Conheça mais sobre o INES no site: http://www.ines.gov.br/ Eduard Huet (1822-1882), professor francês, fundador do INES, mesclou as línguas de sinais utilizadas por alguns surdos do Instituto com sinais franceses. Fonte: arquivo da autora http://www.ines.gov.br/ 4 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos Se fixarmos nossas reflexões nos fatos relatados, percebe-se que foi percorrido um longo caminho até aqui e que neste caminho muitas barreiras foram superadas. Para dizer a verdade, outros obstáculos começaram a surgir a partir de 1880, em que a educação de surdos no Brasil e no mundo estava voltada para a formação básica, cada instituição utilizava-se dos métodos que entendiam mais adequados aos surdos. Em 1880, ocorreu o II Congresso Internacional de Surdo-Mudez, realizado em Milão, na Itália, onde se discutiu sobre o melhor método de ensino para os surdos. Esse congresso foi organizado, patrocinado e conduzido por muitos especialistas ouvintes na área de surdez, a maioria defensores do oralismo puro. O Oralismo como abordagem educacional prioriza a fala e todo o trabalho elaborado visa à reabilitação de surdos, ou seja, torná-los próximos aos ouvintes. Nessa concepção, era e é necessário fazê-los falar como se fossem ouvintes, ainda que sem a mesma fluência e/ou entonação, para que, a partir daí, sejam ensinados. Essa abordagem quando definida como forma de escolarização de surdos atribui a responsabilidade pelo sucesso e/ou pelo fracasso ao indivíduo, inicialmente proíbe o uso dos gestos e, na atualidade, o uso de língua de sinais. (VIEIRA; MOLINA, 2018, p. 3) Durante a votação na 24ª assembleia geral, realizada no congresso, foi negado o direito de voto aos professores surdos presentes no ato. Dos 164 representantes, apenas cinco, dos Estados Unidos, votaram contra o oralismo puro. Assim, a votação encerrou-se traçando ao mundo um método oficial de ensino: o método oral, considerado o mais eficiente e o mais adequado a ser adotado pelas escolas de surdos. Além dessa decisão, foi determinada a proibição do uso da língua de sinais. Essa indicação foi criticada por muitos professores e alunos que reconheciam a importância e a legitimidade da comunicação sinalizada. A principal crítica que se fazia aos processos de aquisição de língua oral era de que ela demandava um tempo enorme de treinamento da fala e dos resíduos auditivos, concorrendo com a escolarização formal, que ia sendo abandonada pela importância que era dada à expressão oral. É possível afirmar que as escolas que aderiram ao método oral estavam utilizando-se de punições contra as crianças surdas, fazendo uso das palmatórias, além das cansativas e incessantes aulas que mais pareciam atendimentos clínicos. Não obtendo retorno satisfatório, algumas instituições passaram a utilizar uma técnica que combinava alguns sinais com o alfabeto manual como meio para chegar à fala oral. Em nossa breve viagem por esses tempos, chegamos à modernidade. E podemos afirmar que esse período está fortemente marcado pelos movimentos políticos e sociais. A educação, enquanto pano de fundo, a cultura e a linguística, são razões que movem as comunidades surdas no Brasil e no mundo. Comunicação total: medida provisória ou permanente? O fracasso do método oral deu-se no momento em que as instituições passaram a aderir outras formas comunicativas com o objetivo de ensinar a língua majoritária. As instituições passaram a adotar uma metodologia bimodal de ensino, mais conhecida como a Comunicação Total, aderida pela Gallaudet University, em 1969. Este método defendia que os surdos tivessem “acesso à linguagem oral por meio da leitura orofacial, da amplificação, dos sinais e do alfabeto manual e que se expressem por meio da fala, dos sinais e do alfabeto manual” 5 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos (PEREIRA et al, 2011, p.11). Com o tempo, as escolas passaram a discutir essa forma de ensino, que foi compreendida como a melhor, sem desconsiderar o ensino da leitura e da escrita. Ao mesmo tempo em que a educação encaminhava-se para grandes embates, a comunidade surda também se movimentava, criando espaços associativos, com a finalidade de dialogar, e espaços de garantias de direitos como as Federações. Em 1969, o padre americano Eugênio Oates, missionário da congregação dos padres redentoristas, publicou, no Brasil, a obra Linguagem das Mãos, que contém 1.258 sinais fotografados. No início da década de 1970, a corrente filosófica chega com força no Brasil. Nesse período, inicia-se um olhar sobre a educação de surdos em uma perspectiva de educação especial, em que os profissionais necessitam de formação específica para atuar com esses sujeitos, que aprendem de outra forma que não somente pela oralidade. A Comunicação Total ainda não era uma forma de ensino ideal, e muitas pesquisas sobre a educação de surdos e os métodos de ensino foram desmembrando as razões pelas quais a educação constituía-se, ainda, defasada. Constatou-se: a falta de vocabulário de sinais, por parte dos professores que foram ensinados para o método oral; a falta de conhecimentos dos conceitos de termos da língua majoritária; a escassa publicação de materiais sobre a educação de surdos. Mesmo com outros eventos sobre a temática da educação de surdos, havia a necessidade de mais estudos, de novos profissionais especializados, pois a educaçãoestava fragilizada. A Comunicação Total imperou no Brasil até o fim da década de 1980. Enquanto em alguns países a Língua de Sinais retornava com força, aqui ainda estávamos nos adequando ao fracasso do oralismo. É possível afirmar que a língua de sinais venceu diferentes barreiras e resistências postas para que ela não fosse utilizada nas escolas. Profissionais como Lucinda Ferreira Brito, linguista brasileira, deram a sua contribuição, escrevendo sobre a gramática da Língua de Sinais. Lucinda foi precursora no assunto e estabeleceu alguns parâmetros gramaticais à Língua de Sinais. Língua de Sinais: Língua natural dos surdos! Podemos afirmar que a Libras constitui-se como uma língua e os surdos a têm como a sua língua natural, ou primeira língua (L1). Por outro lado, também é possível afirmar que a Língua Portuguesa é uma segunda língua (L2). A influência da educação bilíngue chega ao Brasil em 1990, pelas lutas e movimentos da comunidade surda. De acordo com Quadros e Schmiedt (2006), trata-se de uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. O objetivo da educação bilíngue é que a criança se desenvolva cognitiva e linguisticamente em equivalência à criança ouvinte, que aprende sua língua, naturalmente, e a partir dela desenvolve os aspectos cognitivos e linguísticos. 6 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos Leia o artigo abaixo que fala sobre as fases da educação de surdos, complementando nossos estudos: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100503 Contextos e Práticas É interessante conhecermos a realidade da educação de surdos na região em que moramos. Então, desafio vocês a pesquisar nos sites das Secretarias de Educação na sua região ou conversar com algum professor ou diretor em escola que tenham surdos para saber, por exemplo: Quantos surdos estão matriculados? Há profissionais e um currículo que para contemplar suas necessidades e língua? Qual a metodologia de ensino? Experimentação Neste momento de nosso estudo, convidamos você a se familiarizar um pouco mais com a nossa disciplina, assistindo a um vídeo com a professora Maria Cristina Laguna. Assista ao vídeo sobre Números e Classificação Numérica em Libras: https://www.youtube.com/embed/KNLKW3fCdmI. Com relação aos números, também observamos algumas regras. Assista ao vídeo para conhecer sobre a ordem dos números: https://www.youtube.com/embed/53DjlH7gkdg. Aplicações Vamos aprender a dizer aniversário e idade em Libras… Assista ao vídeo abaixo: https://www.youtube.com/embed/-D1vJBtyf8c. Referências Libras [recurso eletrônico]: língua brasileira de sinais / Bianca Ribeiro Pontin ... [et al.]. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Profissional, 2015. PEREIRA, M. C. C. et. al. LIBRAS, Conhecimento Além dos Sinais. 1. ed. São Paulo. Pearson, 2011. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100503 https://www.youtube.com/embed/KNLKW3fCdmI https://www.youtube.com/embed/53DjlH7gkdg https://www.youtube.com/embed/-D1vJBtyf8c 7 / 7Panorama histórico sobre os surdos: História da Educação de Surdos QUADROS, R. M., SCHMIEDT, M. L. P. Idéias para ensinar português para alunos surdos – Brasília : MEC, SEESP, 2006. VIEIRA, Claudia Regina; MOLINA, Karina Soledad Maldonado. Prática pedagógica na educação de surdos: o entrelaçamento das abordagens no contexto escolar. Educ. Pesqui., São Paulo , v. 44, e179339, 2018 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100503&lng= en&nrm=iso>. access on 06 Jan. 2020. Epub Dec 03, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/s1678- 4634201844179339. Glossário Comunicação Total: método que defendia que os surdos tivessem acesso à comunicação por meio da leitura orofacial, da amplificação, dos sinais e do alfabeto manual e que se expressem por meio da fala, dos sinais e do alfabeto manual. Educação bilíngue: abordagem que considera a língua de sinais como primeira língua dos surdos e a Língua Portuguesa (no caso do Brasil) como segunda língua. Oralismo: abordagem educacional que prioriza a fala e todo o trabalho elaborado visa à reabilitação de surdos. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100503&lng=en&nrm=iso
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