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Asma (Imipão) - Louise Candiotto

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ASMA 
IMIPÃO 
LOUISE CANDIOTTO 1 
 
INTRODUÇÃO 
ASMA  Doença inflamatória crônica, resultante da 
interação entre predisposição genética e exposição 
ambiental a alérgenos e irritantes. 
Substratos fisiopatológicos  Hiper-responsividade das 
vias aéreas inferiores e a limitação do fluxo aéreo, 
reversível espontaneamente ou com tratamento. 
Manifesta-se por episódios recorrentes de sibilância, 
dispneia, aperto no peito e/ou tosse, principalmente à noite 
e ao despertar. 
Geralmente de fácil identificação, sendo comum no grupo 
etário pediátrico. 
Ela é responsável por elevada ocorrência de atendimento 
de urgência e de hospitalização. É também causa 
importante de absteísmo escolar e perda de trabalho. 
EPIDEMIOLOGIA 
 A asma é uma afecção frequente no mundo e no Brasil. 
É a 3° ou 4° causa de hospitalização no Brasil. 
É uma das principais causas de consultas de emergência. 
O manejo adequado, conforme as diretrizes internacionais 
e nacionais, permite reduzir os internamentos e as consultas 
de urgência. 
FATORES DE RISCO 
Divididos em: 
 Predisponentes do surgimento da doença 
 Desencadeante de sintomas 
 Os que podem exercem ambos efeitos 
FATORES GENÉTICOS 
 Hereditária 
 Modo de herança complexo, poligênico e 
mal determinado 
SEXO 
 Até a adolescência  Homem 
 Vida adulta  Mulher 
EXPOSIÇÃO A ALÉRGENOS 
 Aeroalérgenos 
 Desencadeante dos sintomas 
 Papel como predisponente da doença 
não é claro 
 
 
EXPOSIÇÃO A ANIMAIS DOMÉSTICOS 
 A presença de cão em casa não foi considerada 
um fator de risco para asma, podendo aumentar 
discretamente o risco para ela 
 A exposição com gatos possui o efeito inverso 
 O papel da exposição com cães e gatos no 
desenvolvimento da asma é complexo e ainda mal 
conhecido 
RESIDÊNCIA EM ÁREA RURAL 
 Evidencias sugerem que reduz o risco de asma 
INFECÇÃO 
 A exposição precoce a micróbios parece ter efeito 
protetor sobre o desenvolvimento subsequente de 
uma asma e atopia 
 Já infecções vitais do trato aéreo inferior tiveram 
efeito contrário 
HELMINTÍASES 
 Estudos epidemiológicos sugerem que exerçam 
efeito protetor no desenvolvimento de atopia 
HIGIENE ANTI- INFECCIOSA 
 A exposição a rigorosa higiene anti-infecciosa 
aumenta o risco para atopia 
POBREZA 
 Alguns estudos dizem que prevalece com a 
pobreza, outros dizem que não. 
 Estudos nacionais demonstraram não haver relação 
entre desenvolvimento de asma e pobreza 
 Não seria ela um fator predisponente para o 
desenvolvimento, mas sim um empecilho que 
dificulta o acesso a serviços de saúde, 
medicamento, entre outros 
ALEITAMENTO NATURAL 
 Relação com asma não é clara 
CONSUMO DE VEGETAIS E FRUTAS, CEREAIS E 
PEIXE 
 Alguns estudos que demonstram que dietas 
baseadas nesses alimentos protegem contra asma 
e atopia 
INGESTÃO DE PROBIÓTICOS 
 Alguns autores atribuem o surgimento da asma a 
um desequilíbrio na regulação imune 
 
LOUISE CANDIOTTO 2 
 
 Há evidencias de que o consumo de probióticos 
favorece o desenvolvimento imunológico e reduz o 
risco de atopias 
 Ainda não se pode recomendar esse recurso como 
parte do tratamento das afecções alérgicas 
ADITIVOS E PRESERVATIVOS DA DIETA 
 Algumas substancias desencadeadoras e asma e 
de outras reações atópicas  Sulfitos, glutamato 
monossódico, tartrazina e benzoatos 
OBESIDADE 
 Não é fator desencadeante mas pode agravar a 
asma, afetando a função pulmonar e a 
capacidade muscular 
 A perda de peso determina a melhora da asma 
EXPOSIÇÃO DE POLUENTES INTRADOMICILIARES E 
MACROAMBIENTAIS 
 Fumo passivo merece destaque  Relação positiva 
entre a exposição e a asma na idade escolar 
 Poluentes macroambientais  Produtos de emissão 
de veículos e industrias  Desencadeamento de 
crises e agravamento da doença 
CONSUMO DE MEDICAMENTOS 
 Antibióticos  Consumo excessivo faria com que o 
organismo não reagisse naturalmente contra 
infecções bacterianas, favorecendo a resposta 
inflamatória Th2  Evidencias epidemiológicas 
não mostram relação de risco com esses fármacos 
 Antitérmicos  Evidencias sugerem que o consumo 
de paracetamol aumenta o risco de 
desenvolvimento de asma 
ATIVIDADE FÍSICA E NATAÇÃO 
 O exercício é reconhecidamente desencadeante 
de sintomas de asma em escolares, adolescentes e 
adultos 
 A atividade física regular por tempo prolongado 
tem efeito reverso, bem como melhora a 
capacidade física e a qualidade de vida 
 Natação  Esporte recomendado para asmáticos, 
menor risco de provocar asma induzida durante o 
exercício 
HISTÓRIA NATURAL 
 A asma inicia-se na maioria das vezes na infância, 
e sua persistência na idade adulta é mais comum 
do que se normalmente estima 
PATOGÊNESE 
A asma resulta da interação entre a predisposição genética 
e fatores ambientais que propiciam o seu surgimento ou 
agravamento. 
Dois grandes grupos são definidos: a asma atópica e a não 
atópica. 
TEORIA DA HIGIENE 
A redução da exposição aos micróbios em uma fase precoce 
da vida em que o sistema imunológico está se 
desenvolvendo, como decorrência da melhoria das 
condições de vida e de higiene anti-infecciosa. 
Isso geraria desequilíbrio entre as respostas Th1/Th2, que 
são antagônica, havendo predominância de Th2, que 
estimula a resposta alérgica, em detrimento de Th1, 
importante na resposta infecciosa. 
OBS: Apesar de existirem alguns pontos que enfraquecem 
essa teoria, elas ainda não a invalidam. 
RESPOSTA IGE-MEDIADA 
Pouco se sabe da patogênese da asma não atópica, o 
conhecimento da patogênese da asma origina-se 
basicamente da asma atópica. 
Apesar da asma se manifestar clinicamente de modo 
bastante variado, tanto em tipo quanto em intensidade de 
sintomas, a característica típica da doença é a 
INFLAMAÇÃO DAS VIAS AÉREAS que persiste mesmo 
durante os períodos assintomáticos. 
Contato de antígenos com macrófagos  Célula expõe 
determinados antigênicos  Mastócitos e eosinófilos 
responsáveis pela broncocosntrição precoce e tardia  
Liberam alguns fatores  Promove recrutamento de células 
inflamatórias e hiper-responsividade brônquica, ativação 
de fibroblastos e degradação de neuropeptídios. 
Na musculatura lisa dos brônquios e bronquíolos ocorrem 
constrição, hipertrofia e posteriormente hiperplasia. 
No epitélio respiratório ocorrem desnudamento e edema. 
Nas glândulas mucosas  Hiperplasia e hipersecreção de 
muco. 
Na circulação sanguínea  Vasodilatação, trombose e 
extravasamento do plasma e células para interstício. 
Com a persistência da inflamação surge remodelamento das 
vias aéreas, que se caracteriza por metaplasia das células 
globulares, deposição de colágeno no espaço subepitelial, 
hiperplasia muscular lisa, proliferação de glândulas 
submucosas e aumento da vascularização. 
Como consequência do remodelamento, pode haver 
agravamento da obstrução brônquica e reversão 
incompleta do estreitamento das vias aéreas pelo 
tratamento com anti-inflamatórios. 
ALÉRGENOS 
Vários alérgenos tem sido associados ao desencadeamento 
da asma  Só alguns tem comprovação epidemiológica em 
relação de risco. 
AEROALÉRGENOS  Poeira domiciliar, pelos de cães e 
gatos, barata e mofo. 
 
 
 
 
LOUISE CANDIOTTO 3 
 
FISIOPATOLOGIA 
A asma é classicamente definida como uma doença 
pulmonar obstrutiva que cursa com hiper-responsividade 
das vias aéreas. 
O estreitamento aéreo, decorrente de edema, 
broncoespasmo e hipersecreção de muco é difuso, mas 
compromete principalmente os brônquios de menor calibre. 
A obstrução acontece geralmente durante a expiração, 
quando o calibre dos brônquios é reduzido pela compressão 
da caixa torácica, promovendo hiperinsuflação por aumento 
do volume residual. 
Quando a obstrução ocorre tanto na inspiração quanto na 
expiração, surge atelectasia. 
A insuficiência respiratória decorre de distúrbio na relação 
ventilação-perfusão. Leva inicialmente à hipóxiacom 
hipocapnia e, quando o processo intensifica-se, surge 
hipercapnia. O processo pode reverter espontaneamente ou 
como resultado da terapia. 
DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico geralmente é clinico, baseado na história e 
no exame físico. 
A maioria dos casos da doença refere-se a formas leves. 
Exames complementares são indicados nas formas 
persistentes, na sibilância recorrente do lactente e nos casos 
atípicos ou nos que o médico tenha dúvida quanto ao 
diagnóstico. 
QUESTÕES IMPORTANTES NA ANAMNESE: 
 Se ocorrem crises de dispneia com sibilância 
 A presença de tosse seca noturna 
 Se o paciente tem tosse, sibilância ou dor torácica 
após exercício 
 Se ocorre sibilância, aperto no peito ou tosse após 
contato com aeroalérgeno ou poluente aéreo 
 Se os sintomas melhoram com tratamento 
adequado com broncodilatadores e corticoide 
sistêmico 
OBS: A frequência e a intensidade dos sintomas podem 
variar desde episódios leves e ocasionais de tosse até 
dispneia e sibilância perenes, com comprometimento do 
sono, da capacidade física e da qualidade de vida, além 
de episódios graves que motivam internamentos ou podem 
ser fatais. 
OBS2: É importante considerar na avaliação da gravidade 
da doença o nível de controle, visto que um paciente pode 
ter asma persistente e estar assintomático, se estiver usando 
medicação apropriada. 
EXAME FÍSICO: 
Na maioria das vezes é normal 
Durante as exacerbações, podem estar presentes sibilos, 
estertores grossos e finos 
Diminuição do murmúrio vesicular pode ocorrer na presença 
de atelectasia ou quando há obstrução brônquica difusa 
intensa. 
Nesses casos, os sibilos podem estar presentes apenas 
durante a respiração forçada. 
CLASSIFICAÇÃO DA ASMA CONFORME A 
GRAVIDADE 
O pior achado determina a classificação. 
INTERMITENTE 
 Sintomas (tosse, sibilância ou aperto no peito) 
menos de uma vez por semana 
 Crises de dispneia leves e de curta duração 
 Sintomas noturnos menos de 2 vezes no mês 
 Raramente necessida de broncodilatadores de 
ação curta 
 VEF¹ ou PFE > ou = 80% do previsto 
 Variação diuturna do PFE <20% 
PERSISTENTE LEVE 
 Sintomas mais de uma vez na semana, porém 
menos de 1 vez ao dia 
 Crises de dispneia que podem afetar o sono e as 
atividades diárias 
 Sintomas noturnos mais de 2 vezes por mês 
 Uso eventual de broncodilatadores de ação curta 
 VEF¹ ou PFE > ou = 80% do previsto 
 Variação diuturna do PFE entre 20-30% 
PERSISTENTE MODERADA 
 Sintomas diários 
 Crises de dispneia que podem afetar o sono e as 
atividades diárias 
 Sintomas noturnos mais e 2 vezes na semana 
 Uso diário de broncodilatadores de ação curta 
 VEF¹ ou PFE entre 60-80% do previsto 
 Variação diuturna do PFE >30% 
PERSISTENTE GRAVE 
 Sintomas diários 
 Sintomas mais de uma vez por semana, porém 
menos de uma vez ao dia 
 Crises de dispneia frequentes 
 Sintomas noturnos frequentes 
 Uso diário de broncodilatadores de ação curta 
 VEF¹ ou PFE < ou = a 60% do previsto 
 Variação diuturna do PFE >30% 
 
LOUISE CANDIOTTO 4 
 
CLASSIFICAÇÃO CONFORME O NÍVEL DE 
CONTROLE 
 
Característi-
ca 
Controla-
da 
(todos 
abaixo) 
Parcialmen-
te 
controlada 
(alguns dos 
abaixo) 
Descontrola-
da 
Sintomas 
diários 
≤ 2/ 
semana 
> 2/ 
semana 
≥ 3 achados 
da asma 
parcialmente 
controlada 
em pelo 
menos 1 
semana 
Limitação de 
atividades 
Nenhuma Alguma 
Sintomas 
noturnos 
Nenhum Alguma 
Medicação 
de alívio 
≤ 2/ 
semana 
>2/ 
semana 
PERV ou 
VEF¹ 
Normal >80% do 
previsto 
Exacerba-
ções 
Nenhuma ≥ 1/ ano > 1/ano 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Quando o diagnóstico não é claro por meio do exame 
clínico, utilizam-se exames de função pulmonar e testes 
alérgicos. 
Os testes de função pulmonar são também indicados nos 
casos suspeitos de asma persistente e para monitoração 
sequenciada da gravidade da doença, geralmente a cada 
6-12 meses. 
DOIS EXAMES SÃO ÚTEIS: 
 Espirometria com teste de broncoprovocação ou de 
broncodilatação 
 Medida domiciliar do pico de fluxo expiratório 
Os testes alérgicos disponíveis são os testes cutâneos por 
puntura e dosagem de IgE-específica, ambos feitos para os 
aeroalérgenos  Possuem acurácia similar, sendo o teste 
cutâneo de menor custo financeiro. 
OBS: Os pacientes atópicos tornam-se positivos geralmente 
a partir da idade escolar, algumas vezes mais 
precocemente. 
Com certa frequência observam-se casos nos quais ocorre 
agravamento clínico e suspeita-se de comorbidade 
associada. 
Nessa situação, as comorbidades mais importantes a se 
investigar são: rinite alérgica, sinusopatia, doença de 
refluxo gastresofágico e síndrome de Loffler. 
OUTROS EXAMES 
Em casos de asma atípica ou de sibilância recorrente no 
lactante e pré-escolar, muitas vezes se suspeita de outras 
afecções. 
 
 
MANEJO DA ASMA 
INTRODUÇÃO 
Não se dispõe ainda de tratamento efetivo para a asma, 
porém é possível controla-la de maneira efetiva. 
METAS PARA O BOM CONTROLE: 
 Minimizar os sintomas 
 Manter atividade física dentro do normal 
 Prevenir crises/exacerbações 
 Manter a função pulmonar próxima do normal 
 Evitar efeitos colaterais das medicações 
 Prevenir óbitos 
O processo para o manejo da asma envolve: 
 Parceria entre os profissionais de saúde, a família 
e o paciente para a troca de informações a 
respeito da doença 
 O objetivo da parceria é o automanejo, tutorado 
pelos profissionais de saúde 
MANEJO DAS CRISES/ EXACERBAÇÕES 
Na abordagem inicial de um paciente com crise aguda 
devem ser identificados os fatores de risco para episódios 
graves  A presença desses fatores dirige o manejo de 
forma mais agressiva. 
No manejo terapêutico, classificar a crise aguda, segundo a 
intensidade  Leve/moderada, grave e muito grave. 
A avaliação continuada e a quantificação da gravidade 
são importantes para acompanhar a evolução e instituir 
medidas terapêuticas conforme o quadro determina. 
O tratamento com broncodilatador deve ser instituído o mais 
precocemente possível  Caso não haja melhora, o 
paciente deve ser levado a um serviço de emergência. 
A via inalatória é a preferida  Fármaco chega mais 
rápido ao local de ação e a dose necessária é menor do 
que a utilização por via sistêmica  Nebulização, inalador 
dosimetrado com espaçador (ID) ou inalador de pó. 
O brometo de ipratrópio é útil como adjuvante nas crises 
moderadas ou graves. 
Os corticoides sistêmicos devem ser administrados no início 
da abordagem, se a crise inicia-se de forma grave ou se 
persiste por mais de 48-72 horas. 
CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DA CRISE DE 
ASMA 
LEVE/ MODERADA 
 Aspectos gerais  Sem alterações 
 Nível de consciência  Normal 
 Dispneia  Ausente/Leve 
 Fala  Frases completas/ Lactante: choro forte 
 
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 Uso da musculatura acessória  Retração 
intercostal leve ou ausente 
 Sibilos  Ausentes com MV normal, localizados ou 
difusos 
 FR (ipm)  Normal/ aumentada 
 FC (btm)  ≤110 
 PFE  > 50% 
 SO²  >95% 
 PaO²  Normal 
 PaCo2  <40mmHg 
GRAVE 
 Aspectos gerais  Sem alterações 
 Nível de consciência  Normal 
 Dispneia  Moderada 
 Fala  Frases incompletas. Lactente: choro 
entrecortado e dificuldade alimentar 
 Uso da musculatura acessória  Retrações 
subcostais e/ou esternocleidomastóideas 
acentuadas 
 Sibilos  Localizados ou difusos 
 FR (ipm)  Aumentada 
 FC (btm)  >110 
 PFE  30-50% 
 SO²  91-95% 
 PaO²  60mmHg 
 PaCo2  <40 mmHg 
MUITO GRAVE 
 Aspectos gerais  Cianose, sudorese, exaustão 
 Nível de consciência  Agitação, confusão, 
sonolência 
 Dispneia  Grave 
 Fala  Frases curtas e monossilábicas. Lactente: 
Choro entrecortado e dificuldade alimentar 
 Uso da musculatura acessória  Retrações 
acentuadas ou em declínio (exaustão) 
 Sibilos  Ausentes com MV diminuídos, difusos ou 
localizados FR (ipm)  Aumentada 
 FC (btm)  >140 ou bradicardia 
 PFE  <30% 
 SO²  ≤90% 
 PaO²  <60mmHg 
 PaCo2  >45mmHg 
MANEJO DA DOENÇA A LONGO PRAZO 
O tratamento de manutenção, indicado para os asmáticos 
persistentes, consiste em avaliação regular, medidas 
educativas e terapia. 
Embora o tratamento seja padronizado conforme a 
gravidade, o ajuste do esquema terapêutico deve ser 
individualizado. 
EDUCAÇÃO FAMILIAR E DO PACIENTE 
Visa fornecer conhecimento sobre a doença  Como surge, 
principais fatores de risco, como identifica-la e como tratar. 
Habilitar o paciente e a família para o automanejo. 
Deve ser contínuo e abordar: 
 Diagnóstico 
 Diferença entre medicações de alivio e de controle 
 Efeitos colaterais potenciais dos fármacos 
 Uso de dispositivos inalatórios 
 Prevenção dos sintomas 
 Sinais que sugerem piora e que medida tomar 
 Monitoração da doença 
 Quando procurar o médico 
CONTROLE AMBIENTAL 
Medidas de controle ambiental para redução de exposição 
a poeira não trazem benefícios em relação a redução de 
sintomas, uso de medicação de alívio ou melhora da função 
pulmonar, em crianças e adultos asmáticos previamente 
sensibilizados  Não se recomenda mais medidas de 
redução de poeira para pacientes que já apresentem 
sintomas desencadeados por poeira domiciliar ou que 
tenham testes alérgicos positivos para ácaros. 
Medidas para o controle de mofo e a exposição a baratas 
ainda são preconizadas. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
Existe duas classes de medicamentos para o tratamento da 
asma: 
 Fármacos de alívio dos sintomas 
 Β2-agonitas ação rápida, brometo de 
ipratrópio e xantinas 
 Fármacos de controle da doença 
 Corticosteroides inalatórios e sistêmicos, 
antagonistas de leucotrienos, xantinas e 
anticorpo monoclonal anti-IgE 
(omalizumabe) 
Β2-AGONISTAS 
 Classificados conforme a duração 
 Curta duração  Salbutamol e fenoterol 
 Média duração  Efeito broncodilatador 
de 4-6 horas 
 
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 Longa duração  Salmaterol e 
formoterol, com efeito de 8-12 horas 
 São administrados de forma inalatória, oral, 
intravenosa e subcutânea 
 Via preferencial  Inalatória 
 Fármacos de escolha para o tratamento inicial de 
alívio das exacerbações/crises 
 Os de longa ação são utilizados como adjuvantes 
dos corticosteroides na terapia de manutenção 
ANTICOLINÉRGICOS 
 Brometo de ipratrópio 
 Possui início lento de ação, com efeito 
máximo em 1-2 horas após administração 
 Usado por via inalatória 
 Atua reduzindo o tônus colinérgico 
intrínseco das vias aéreas, resultando em 
relaxamento passivo da musculatura lisa 
 Ação broncodilatadora inferior a dos β2-
agonistas 
 É uma fármaco que deve ser usado em 
múltiplas doses nas crises agudas 
moderadas e graves 
XANTINAS 
 Teofilina e aminofilina  Broncodilatadores de 
baixa potência e elevado potencial de efeitos 
colaterais 
 Possui ação anti-inflamatória discreta 
 Via oral ou intravenosa 
 Uso limitado as crises graves, sem resposta ao 
tratamento convencional 
 A teofilina de liberação lenta pode ser usada como 
medicamento de controle da doença 
CORTICOSTEROIDES 
 Corticosteroides inalados são a primeira escolha 
no tratamento de manutenção dos pacientes com 
asma persistente 
 Beclometasona, budesonida, fluticasona, 
ciclesonida, mometasona 
 Os corticosteroides sistêmicos são utilizados como 
adjuntos no tratamento das crises intensas e/ou 
persistentes 
 Prednisona, prednisolona, 
metilprednisolona, hidrocortisona 
 Os corticosteroides inalados também são eficazes 
em pré-escolares e lactentes 
 Eficácia comprovada + Segurança 
 
ANTAGONISTAS DOS LEUCOTRIENOS 
 Monotelucaste 
 Possui potência menor do que os corticosteroides 
inalados 
 Administrado por via oral 
 Atua bloqueando a síntese ou a interação com os 
receptores dos leucotrienos 
 Indicado para crianças de qualquer faixa etária 
com asma persistente leve, asma induzida por 
exercício e como adjuvante no tratamento da asma 
persistente grave 
 Em geral, não provoca efeitos colaterais 
ABORDAGEM FARMACOLÓGICA CONFORME A 
GRAVIDADE 
O tratamento de manutenção deve ser iniciado o mas 
precoce possível, visto que a normalização da função 
pulmonar ocorre mais rapidamente. 
ASMA INTERMITENTE: 
 Apenas medicação de alívio 
 Β2 de ação curta 
 Nas crises persistentes 
ASMA PERSISTENTE LEVE: 
 Terapia anti-inflamatória de manutenção é 
indicada 
 Primeira escolha  Corticosteroide inalado em 
doses baixas 
ASMA PERSISTENTE MODERADA: 
 CI nas mesmas doses da forma persistente leve 
associado a um β2 de ação longa ou duplica-se a 
dose de CI 
ASMA PERSISTENTE GRAVE: 
 CI em doses elevadas mesmo associado a β2 de 
ação longa 
 Quando não se obtém controle satisfatório pode-
se associar corticosteroide sistêmico por via oral na 
menor dose necessária para controle dos sintomas 
ou omalizumabe 
O tratamento de alívio para as formas persistentes é o 
mesmo da ama intermitente. 
Após estabilização clínica, indicada por sintomas 
esporádicos normalização da função pulmonar e uso 
ocasional de β2-agonistas para alívio, por período de pelo 
menos 3 meses, são reduzidas gradativamente as doses das 
medicações. 
OUTRAS MEDIDAS TERAPÊUTICAS 
 Imunoterapia 
 Homeopatia 
 
 
LOUISE CANDIOTTO 7 
 
IMUNOTERAPIA 
 A imunoterapia pode ser indicada na asma 
persistente leve quando o paciente é 
comprovadamente sensível a um alérgeno que não 
pode ser removido com controle ambiental 
 A imunoterapia reduz os sintomas e a hiper-
responsividade brônquica, porém o custo-
efetividade é inferior a terapia farmacológica e 
tem efeito potencial de provocar reações alérgicas 
 Utilizada apenas em casos excepcionais 
HOMEOPATIA 
 Efeitos não comprovados 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
A asma é uma afecção na qual se pode intervir 
efetivamente na prevenção primária. 
Recomendações específicas para bebês assintomáticos, 
porém com história de atopia em um ou mais parentes de 
primeiro grau: 
 Estimular o aleitamento materno 
 Fazer o desmame de crianças com antecedentes 
familiares de atopia com dieta hipoalergênica 
 Estimular uma dieta rica em probióticos, peixe, 
vegetais e ácidos graxos poli-insaturados 
 Estimular a vida no campo 
 Retirar os animais domésticos de casa em casos 
especiais  Reação positiva para os pelos e sem 
prejuízo emocional para remoção do animal 
 Estimular a prática de exercícios e não incentivar a 
prática de natação em piscina clorada 
 Asmáticos em crise não devem praticar 
atividades físicas. Todavia, devem ser 
tratados e estimulados à prática após o 
controle 
 Não retirar a criança de berçários, creches e 
escolas 
 Evitar a exposição ao fumo passivo e ativo 
 Utilizar antiparasitário periódico em escolares de 
risco de helmintíases, conforme recomenda a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nível de Controle Ação terapêutica 
Controlada Manter o reduzir passo 
Parcialmente controlada Considerar aumentar o passo 
Descontrolada Aumentar um ou mais passos até o controle 
 
Passo 1 Passo 2 Passo 3 Passo 4 Passo 5 
Medidas educativas e controle ambiental (para irritantes, mofo, baratas) 
Β2 de alívio Β2 de alívio nas crises 
Não necessita de 
medicação de controle 
Escolher um Escolher um Adicionar um ou mais Adicionar um ou 
ambos 
CI (Corticoide inalado) 
em dose baixa 
CI em dose baixa + 
LABA (β2 de longa 
ação) 
CI em dose média + 
LABA 
Corticoide oral 
Montelucaste CI em dose média Montelucaste Omalizumabe 
 CI em dose baixa + 
montelucaste 
Teofilina de liberação 
lenta

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