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Caso clínico 4 Casa de Eurípedes

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CASO CLÍNICO 4
No dia 30 de novembro de 2017 voltamos a Casa de Eurípedes com o intuito de aplicar uma das técnicas aprendidas durante o semestre, além de conversar com os pacientes da UDQ, buscando conhecer um pouco sobre eles, suas queixas, sua história. Foi feita a avaliação psicológica completa Entrevista clínica, Anamnese e inventário NPI, paciente apresenta Organicidade, ansiedade, impulsividade, compulsividade, e explosividade, dificuldades em lidar com a frustração, pensamento fantasioso. 
Conhecemos o paciente L. e sua mãe, que se chama A. O paciente tem dezesseis anos e, por ser menor de idade, necessita de um acompanhante durante a internação. A demanda do paciente é o vício, porém não se considera “viciado”. O mesmo possui duas irmãs por parte de mãe e dois irmãos por parte de pai. Sendo que não mantém contato com os irmãos paternos.
Começando o relato falando um pouco sobre o convívio familiar de L., podemos citar que não há uma boa relação entre o paciente e o pai, além de não haver contato com a família paterna. 
A relação começou a ser conflituosa desde quando L. era pequeno. O pai queria fazer teste de DNA para saber se o garoto era ou não filho dele e isso gerou um clima muito afrontoso para a mãe, que não aceitou essa desconfiança. Ainda quando o garoto era mais novo, a avó paterna dizia que ele era o “satanás”. Porém não ficou apenas nessa vez. Diversas vezes o pai o chamou de “demônio” e outros adjetivos não comum. 
É importante ressaltar que essas situações aconteceram quando o jovem ainda era pequeno, ou seja, o que ele sabe sobre o pai e seus familiares, a questão do DNA, os adjetivos diretos para ele, o mesmo sabe através da mãe. Então, sabendo desses fatos e de tudo que a mãe relatou a respeito do pai, L. prefere manter afastado do pai, porém credita esse afastamento, totalmente, como uma vontade própria dele. 
Como um escape para a falta do pai, o paciente relatou que seu padrasto é o pai que ele não teve. Demonstra ter um amor e gratidão enorme por ele, além de ter a mãe como “tudo na minha vida”, ao ponto de não saber mensurar o valor e o significado da mãe para ele. 
Através dos grupos de amigos do futebol, da escola, da rua, aos onze anos entrou no mundo das drogas, mas desde pequeno demonstrava não saber lidar com o “não”, não aceitava ser confrontado. L. usava drogas como maconha, bebidas destiladas (pinga 51) e cigarros, sendo que este último o próprio paciente fazia. 
Parou de estudar quando estava no 9° ano do ensino fundamental. Expulso duas vezes da escola, relata não saber o motivo da mesma. A escola era integral. Começava às 07h30minh e o paciente pulava o muro às 16 horas para ir jogar bola ou fazer qualquer outra coisa, além de relatar que era muito “atentado”. 
Quando tinha por volta de doze anos matou aula e seu pai resolveu corrigi-lo. Pegou uma vara verde, tirou suas vestimentas e o agrediu. Em outra situação, L. faltou aula novamente e seu pai bateu em seu rosto, mas L. revidou derrubando a moto dele. Relata que hoje não aceitaria a correção do pai. Partiria para a agressão também. 
Em um determinado momento, L. disse que os drogadiços são excluídos e taxados como bandido, ladrões. Questionamos para saber o motivo desse pensamento e o mesmo relatou pensar dessa forma porque as pessoas acham que todos que usam drogas vão roubar ou cometer algum tipo de crime. 
L. já roubou um ferro de passar roupa de uma casa vizinha e disse que pegou por se tratar de uma casa abandonada. Mas na casa abandonada tinha televisão também. “Não levei a televisão porque seria estranho sair carregando um trem desse tamanho (gesto com as mãos sinalizando o tamanho da televisão)”.
A mãe relatou que descobriu que o filho estava usando drogas quando lhe pediu para que pegasse uma nota de R$ 100 reais dentro de sua carteira, sendo que dentro tinha outra nota com o mesmo valor. Nessa situação, o filho pegou a outra nota para ele pensando que a mãe não sabia da existência da mesma. Foi ai que ela resolveu confrontá-lo. A mesma era usuária de cigarros e parou quando entrou na Casa de Eurípedes como acompanhante dele. 
Percebemos que a relação entre mãe – filho é aparentemente boa. O paciente tem o apoio da mãe nessa batalha, mesmo com a ausência do pai e com as dificuldades financeiras travadas. 
Mesclamos a técnica de diário de pensamentos com o método socrático. Através dessas técnicas e do que ele nos relatou, a vontade de aproximação com o pai e a família paterna é nula, por tudo que eles já passaram e que vem passando. O pai não ajuda em nada e nem sabe que ele está internado. Nas escalas propostas, sempre que o assunto era o pai o nível de insatisfação era estrondoso. Percebemos também uma angústia misturada com decepção de ambas às partes com o pai, além de esses sentimentos pairarem também na situação atual de tratamento que L. está vivenciando.