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AÇÃO PENAL Conceito: é o direito potestativo de acusar, público, autônomo, abstrato, porém conexo instrumentalmente com o caso penal. PÚBLICO AUTONOMO GENÉRICO SUBJETIVO O que é um direito potestativo? É um direito que para ser exercido independe de qualquer resistência da outra parte (do réu) A única diferença desse conceito para o conceito da Teoria Geral do Processo é a parte final “conexo instrumentalmente com o caso penal” A Teoria Geral do Processo fala que é um direito abstrato e autônomo, independe do direito material e do caso concreto ocorrido, porém em Ação Penal, este conceito está dizendo que dada a autonomia e abstração, o direito de ação possui alguma conexão instrumental com o caso penal. O que quer dizer a ação penal ser instrumentalmente conexa com o caso penal? Essa conexão instrumental está relacionada com a necessidade de demonstração da existência de prova da materialidade e indícios de autoria no crime para que haja ação penal. É necessária a existência de justa causa no caso penal para ser proposta a ação penal. Justa causa = prova da materialidade + indícios de autoria. As exigências no processo penal são maiores do que no processo civil. A doutrina em geral trabalha o direito de ação de acordo com uma dupla perspectiva: O prof Jacinto Coutinho usa um termo denominado “Direito de dois tempos” para caracterizar essa dupla perspectiva da justa causa no direito de ação O primeiro tempo/momento diz respeito a própria existência do direito de ação, no qual o fundamento do direito de ação é o próprio direito fundamental de petição, que dá o acesso à justiça (CF/88) Além disso, um outro fundamento constitucional desse primeiro tempo é o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Neste primeiro momento diz que o direito de ação em relação a existência é incondicionado. O segundo tempo diz respeito ao exercício do direito de ação, possui fundamento legal infraconstitucional, onde a lei exige condições para o seu exercício. Portanto, de acordo com a perspectiva de o direito de ação ser um Direito de Dois Tempo, ele é incondicionado para existir, mas é condicionado para ser exercido! O DIREITO DE AÇÃO EXISTE, MAS PARA SER EXERCIDO É NECESSÁRIA A PRETENSÃO DO ESTADO PARA TUTELAR O DIREITO. CONDICOES DA ACAO: condições para o exercício do direito de ação a) LEGITIMIDADE: existe legitimidade para propor a ação penal? Sim A legitimidade para propor a ação penal vai ser do Ministério Público em caso de ação penal pública incondicionada ou vai ser do ofendido em caso de ação penal privada b) INTERESSE: o interesse de agir é aplicável ao processo penal? O processo penal é o meio necessário, adequado e útil para a aplicação de uma pena? Sim, devido ao princípio da necessidade do processo Entao será que no processo penal não seria presumível? Sim, pois o processo penal é sempre o meio necessário e adequado para a aplicação de uma pena. Por isso é que parte da doutrina considera que sempre que houver legitimidade haverá interesse de agir. Obs: existe uma hipótese excepcional na qual o prof Gustavo Badaró, entende que o MP, embora seja parte legitima, não terá interesse de agir, que é quando houver a possibilidade de transação penal (exceção ao princípio da necessidade do processo). Portanto, sempre haverá transação penal quando faltar interesse ao MP ao propor a ação penal, pois a transação penal pressupõe necessariamente o MP abrir mão da propositura da ação. Então nesse caso o processo penal não será necessário, nem adequado, nem útil para a aplicação da pena. c) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: A possibilidade jurídica do pedido foi uma condição criada por um italiano chamado (n entendi) No processo penal a doutrina que critica estabelece outras razoes. Diz que como todo crime corresponde a uma pena, não faz sentido falar de possibilidade jurídica do pedido, pois só será possível pedir uma pena prevista no Código Penal. Logo seria uma loucura pedir uma pena não prevista ou vedada constitucionalmente. EXISTEM 5 CONDIÇÕES DA AÇÃO NO PROCESSO PENAL (para o exercício do direito) PPLOJ PRÁTICA DE ATO APARENTEMENTE CRIMINOSO: fato aparente tipico PUNIBILIDADE CONCRETA: se não estiver nenhuma causa excludente de punibilidade LEGITIMIDADE: MP, particular ou representante, ministério da justiça e Estado. 1 divergência doutrinária ORIGINALIDADE: evitar litispendencia JUSTA CAUSA: filtro da fragmentabilidade do Direito+provas materialidade do Direito e autoria 1) LEGITIMIDADE: Polo ativo: Ministério Público no caso de ação penal pública e ofendido/querelante no caso de ação penal privada Polo passivo: o réu/imputado A maioria da doutrina acredita que no caso de ação penal privada há hipótese de legitimidade extraordinária, ou seja, o particular ofendido, ao propor uma ação penal privada está agindo em nome próprio defendendo um direito alheio. Que direito alheio é esse? É o direito de punir, que cabe ao Estado. O acusador tem único e exclusivamente o direito de acusar. Portanto, é um EQUÍVOCO DA DOUTRINA ISSO, pois quando o particular propõe uma ação penal privada, ele está agindo em nome próprio defendendo, na verdade, um direito próprio, que é o direito de acusar e não o direito de punir. Sabemos que quem possui o direito de punir é o Estado juiz, e não o Estado acusador (MP) ou o particular. Há outro argumento para isso, pois essa doutrina não menciona que, se concordarmos com o raciocínio de que o particular ao propor a ação penal privada possui legitimidade extraordinária, nós teríamos que concluir que o MP de igual modo, ao propor uma ação penal pública estaria diante de uma hipótese de legitimidade extraordinária. Afinal de contas, o MP quando propõe uma ação penal, estaria agindo em nome próprio, defendendo interesse alheio, que é o direito do Estado de punir. Portanto, é um equívoco dessa doutrina. Na verdade essa propositura da ação penal tanto do MP quanto do ofendido, ambos agem em nome próprio, defendendo direito próprio, que é o direito de acusar, pois o direito de punir pertence ao Estado-juiz. OBS: Ora, isso não significa que não exista legitimidade extraordinária no processo penal Há sim exemplos de ação penal com legitimidade extraordinária. Exemplo1: ação penal privada subsidiária da pública = quando o ofendido propõe uma ação penal privada subsidiária da pública, por conta da inércia do MP, aí sim ele está agindo em nome próprio defendendo um direito alheio, que é igualmente o direito de acusar, mas que originalmente não lhe pertence, mas pertence ao MP. É um caso de legitimidade extraordinária sucessiva, pois originalmente essa legitimidade do particular de propor ação penal privada, segundo a CF e o CPP, necessariamente só surge depois do lapso temporal de 5 ou 15 dias para o MP propor a ação penal, respectivamente se o indivíduo estiver preso ou solto. O professor Gustavo Badaró diz que para que não haja confusão, o que faz crer que ele acredita que essa seja sim uma hipótese de legitimidade extraordinária, considera esta hipótese como sendo uma legitimidade subsidiária, pois o legitimado originário/primário é o MP, afinal de contas trata-se de ação penal pública, e que no caso de desídia do MP surge a legitimidade subsidiária do particular/vítima/ofendido Exemplo²: Representação = uma pessoa age em nome alheio, defendendo interesse alheio, como no caso do representante, que propõe ação penal em lugar de um menor ou incapaz. LEGITIMIDADE SUBSIDIÁRIA DO PARTICULAR Subseção processual, quando no caso de ação penal privada, o ofendido morre ou quando é declarada a sua ausência, então surge a legitimidade sucessiva do cônjuge, ascendente, descente ou irmão, nesta ordem. 2) PRÁTICA DE FATO APARENTEMENTE CRIMINOSO: ARTIGO 41 DO CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, comtodas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. - A denúncia ou a queixa conterá descrição minuciosa do fato criminoso - É esse dispositivo que a doutrina que considera a existência de uma condição para a ação chamada fato aparentemente criminoso utiliza para fundamentar, pois este dispositivo de que a peça inaugural da ação penal (que é a denúncia ou queixa) deve descrever de forma minuciosa o fato criminoso praticado A grande discussão é: O que devemos entender sobre fato criminoso para fins de condição da ação? Por fato criminoso deve-se compreender fato aparentemente típico? E portanto se ficar demonstrado na denúncia ou na queixa que houve fato aparentemente típico, já seria suficiente para satisfazer a condição da ação? Mesmo que haja alguma referência ou alguma possibilidade de que o fato típico tenha sido praticado, por exemplo, em legítima defesa? Um fato aparentemente típico praticado sob a excludente de ilicitude satisfaz a condição da ação prática de fato aparentemente criminoso? Em síntese, fato criminoso para fins de condição da ação é fato aparentemente típico ou é fato aparentemente típico e antijurídico ou ainda é fato aparentemente típico, antijurídico e culpável? As excludentes são circunstancias que devem ser provadas no curso do processo e que, portanto, não cabe ao Ministério Público ou ao particular acusador definir de antemão como condição da ação? E se estiver demonstrado na investigação que a conduta foi praticada em legitima defesa? Isso enseja uma denúncia? Esse é o ponto central: as excludentes fazem parte dessa análise que deve ser levada em conta para fins de configuração desta condição da ação? Predomina na doutrina que o fato aparentemente criminoso deve ser compreendido como fato aparentemente típico e que excludentes de ilicitude e culpabilidade devem ser analisadas no curso do processo, pois se havendo dúvida se houve ou não crime, é necessário abrir um processo em benefício da sociedade. Mas existem diversas decisões, inclusive do STF no snetindo de que é suficiente para o arquivamento com base em excludente de ilicitude e de culpabilidade, que geram também coisa julgada material. Recentemente é que o STF mudou o posicionamento, dizendo que só se houver excludente de tipicidade ou causa extintiva de punibilidade é suficiente para que se realize o arquivamento. Apesar disso, ainda predomina o entendimento de que o fato aparentemente criminoso (art. 41 do CPP) deve ser compreendido por fato aparentemente típico. Mas o professor não concorda com isso. Ele acha que fato aparentemente criminoso deveria levar em conta todas as excludentes, exceto uma excludente de culpabilidade, que mesmo quando estiver presente deve haver denuncia e processo: a inimputabilidade Como existe uma consequência jurídica com a absolvição por não configuração do crime, ao contrário de todas as outras excludentes, a inimputabilidade psicológica gera uma consequência jurídica, ainda com problema de legitimação, mas existe. A consequência jurídica é a medida de segurança, de modo que para haver aplicação de medida de segurança é necessário que ao fim do processo o juiz tenha convicção de que o sujeito realmente foi responsável pela prática do fato. Vai haver defesa e tudo o que o sujeito tem direito e todas as fases do processo. Por isso que a sentença é chamada de Sentença Absolutória Imprópria, pois o sujeito é condenado, mas não se aplica pena, mas sim medida de segurança. 3) PUNIBILIDADE CONCRETA: Punibilidade concreta é a concreta ou real possibilidade de punição da conduta praticada. Que parâmetros o processo penal brasileiro tem para estabelecer a punibilidade concreta da conduta? Não é a previsão em abstrato de uma pena. - Haverá punibilidade concreta quando não estiver presente nenhuma causa extintiva de punibilidade. 4) JUSTA CAUSA: Não existe consenso sobre o conceito de justa causa. Mas no geral, Cleopas considera justa causa como a causa necessária e suficiente para fazer surgir ou desencadear um procedimento persecutório penal que restrinja ou possa restringir direitos fundamentais do imputado. A doutrina no processo penal que analisa esta condição da ação prefere fazer esta analise a partir de um duplo parâmetro: Provar materialidade e indicios de autoria+caráter fragmentário do Direito 1º: entendem que estará presente a justa causa quando houver prova da materialidade e indícios de autoria 2º: a justa causa estará presente servindo como um filtro processual do caráter fragmentário do direito penal (expressão do prof Aury Lopes) Obs: o que significa caráter fragmentário? É que o direito penal deve ser lecionado de forma fragmentária, pontual para a proteção dos bens jurídicos. Ocorre que muitas vezes mesmo havendo essa seleção, alguns bens jurídicos não são afetados de forma suficiente pela prática de um crime. Ex: aplicação do princípio da insignificância. O prof Aury Lopes entende que essa insignificância deve ser analisada na justa causa. Cleopas discorda disso, pois a insignificância afeta a tipicidade do crime, no caso, o crime de conduta insignificante vai ser considerado atípico, embora formalmente típica, não vai ser materialmente típica e não vai existir ofensividade. Ora, se ela exclui a tipicidade, nós incluiríamos a justa causa ou o princípio da insignificância em qual condição da ação? Na prática de fato aparentemente criminoso, pois se é insignificante não é aparentemente típico, logo não ensejaria uma denúncia. 5) ORIGINALIDADE: Esta condição da ação está relacionada a litispendência. Uma ação penal só pode ser proposta se ela for original, não pode haver a propositura de uma ação penal se já houver outra com o mesmo objeto, pessoa... Não se trata na verdade de litispendência. É uma evitação da litispendência. Além dessas condições da ação penal, que são chamadas de genéricas ou gerais, muitas vezes a legislação exige a presença de algumas outras condições que são chamadas de condições específicas ou condições objetivas de procedibilidade, sem as quais o Ministério Público não poderá propor a ação penal, mesmo que as condições genéricas estejam presentes. EXEMPLOS DE CONDIÇÕES ESPECÍFICAS OU OBJETIVAS DE PROCEDIBILIDADE: 4 hipóteses a) Representação do ofendido e a requisição do ministro da justiça, nos casos de crime de ação penal pública condicionada. b) Autorização, por dois terços de seus membros da câmara dos deputados, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice- Presidente da República e os Ministros de Estado – Art. 51, I da CF Observação antes do próx. exemplo de condição específica: - princípio da extraterritorialidade da lei penal (art. 7º do CP) Quando um crime for praticado por estrangeiro mas que deve ser aplicada a lei penal brasileira, o sujeito ativo do crime vai ser processado no estrangeiro pela lei brasileira ou vai ser processado aqui? Onde ele vai ser processado? Obviamente ele vai ser processado no Brasil, pois a lei penal processual brasileira só pode ser aplicada NO BRASIL, ao contrário da lei penal, que é extraterritorial. Portanto, uma outra condição objetiva de procedibilidade é: c) Nos casos de incidência do princípio da extraterritorialidade da lei penal brasileira, a entrada do sujeito ativo do crime no território nacional é fundamental para ele ser processado, pois a lei penal processual brasileira só pode ser aplicada no Brasil! d) Art. 236, parág. único do CP: Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraenteenganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL 1) A primeira grande classificação da ação penal divide a ação penal em duas: Ação penal pública e ação penal privada 1.1) Ação penal pública: Ação penal pública incondicionada e ação penal pública condicionada A ação penal pública condicionada também se subclassifica: - Ação penal pública condicionada a representação do ofendido - Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. 1.2) Ação penal privada: Ação penal privada exclusiva, personalíssima e subsidiária da públicaInépcia do MP AÇÃO PENAL PÚBLICA: Obs 1: De quem é a legitimidade para propor a ação penal pública? Ë do Ministério Público (art. 129, I da CF/88) - PRINCÍPIOS DA ACAO PENAL PÚBLICA: ioi-io (in)divisibilidade da ação penal Oficialidade Intranscedencia indisponibilidade obrigatoriedade a) Princípio da Obrigatoriedade: a ação penal pública é obrigatória, desde que o MP forme a sua opinião sobre o delito, ou seja, a regra é: se estiverem presentes as condições da ação penal, o membro do MP estará obrigado a propor a ação penal.. possui 4 exceções. Exceções ao princípio da obrigatoriedade: 1ª exceção: transação penal 2ª exceção: art. 4º, parág. 4º da Lei 12.850 (organização criminosa) – Colaboração premiada: O caput do art. 4º da Lei diz que as consequências normais da colaboração premiada são o perdão judicial, redução de pena ou substituição da pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos. Mas na hipótese do parágr. 4º, há outro benefício, que é o maior: a não propositura da ação, desde que o delator não seja líder da organização criminosa e se ele for o primeiro a delatar 3ª exceção: Termo de ajustamento de conduta ambiental (TACA). O STF entente que havendo termo de ajustamento de conduta, o MP não deverá propor a ação penal 4ª exceção: acordo de leniência ou pacto de leniência ou acordo de doçura, ou seja, Acordo de Leniência é o acordo celebrado entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) - que atua em nome da União - e pessoas físicas ou jurídicas autoras de infração contra a ordem econômica, que permite ao infrator colaborar nas investigações, no próprio processo administrativo e apresentar provas inéditas e suficientes para a condenação dos demais envolvidos na suposta infração. Em contrapartida, o agente tem os seguintes benefícios: extinção da ação punitiva da administração pública, ou redução da penalidade imposta pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Pode extinguir ou reduzir a penalidade do CADE. -colaboração premiada, que pode reduzir ou extinguir a pena privativa de liberdade por de Direitos, trazendo a possibilidade até da ação não ser proposta, se o delator não for o líder e se for o primeiro a delatar. - transação penal -acordo de leniência, que pode extinguir ou reduzir a pena - TACAtermo de ajustamento de conduta ambiental b) Princípio da indisponibilidade: se há obrigatoriedade de o MP propor a acao penal, ele não pode, depois de propô-la, dela dispor, desistir. (art. 42 do CPP) Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. OBS: A doutrina considera que existe uma exceção ao princípio da indisponibilidade, ou seja, mesmo depois de o MP propor a ação penal, ele poderia desistir dela, fazendo uma nova proposta de transação penal. Caso o sujeito aceite, estaria resolvido. c) Princípio da intranscedencia: Obs: O CP prevê que a pena não passará da pessoa do condenado (princípio da instrancedencia da pena). Ora, se não há pena sem processo, se a pena não pode passar da pessoa do condenado, é óbvio que também não pode haver ação penal para a pessoa além do condenado. Portanto, o princípio da instrancedencia da ação penal quer dizer que a ação penal só pode ser proposta contra aquele sobre o qual recai indícios de autoria e materialidade do crime praticado. Aula dia 11./5/2017 d) Princípio da (in)divisibilidade da ação penal: Prevalece o entendimento doutrinário e jurisprudencial do STF e STJ que o princípio é da divisibilidade. Portanto, o entendimento majoritário é que a ação penal pública é divisível. Mas quando essa doutrina e jurisprudência tentam explicar o motivo, nas explicações percebe-se que eles também não acham que seja divisível. Eles dizem que se o MP estiver diante de uma investigação com pluralidade de agente, mas se não houver indícios suficientes de autoria em relação a alguns investigados, o MP vai dividir a ação penal e propor apenas contra aqueles que tem indícios de autoria mais concretos. Depois que se descobrir indícios concretos contra outros, o MP faz um aditamento da ação penal propondo a denúncia contra eles. Mas isso não parece ser óbvio? Ou seja, não parece óbvio que para propor a ação penal é necessário indícios de autoria? Então quando essa mesma doutrina tenta desenvolver o raciocínio dizem: Porém, quando estiver diante de indícios em relação a todos, o MP não pode deixar de propor a ação penal em relação a alguns deles. Ora este é exatamente o argumento da indivisibilidade. Se fosse possível o MP dividir a ação penal quando estiver diante de indícios de autoria em relação a pluralidade de investigados, aí realmente seria o princípio da divisibilidade, mas isso não é possível. Pelo contrário, é decorrência lógica do princípio da obrigatoriedade: se houver indícios de autoria em relação a todos, o MP é obrigado a propor a ação penal contra todos. Portanto, Cleopas entende que está correta a doutrina minoritária que afirma ser indivisível. - Existe uma exceção ao princípio da invisibilidade, ou seja, existe uma hipótese que diz ser a ação penal divisível, que mesmo estando presente todas as condições da ação, o MP poderá dividir a propositura da ação penal (propor contra umas pessoas e não propor contra outras) A exceção ao princípio da indivisibilidade é a TRANSACAO PENAL A transação penal é o maior exemplo de justiça dialogal ou negocial que temos no processo penal brasileiro. Por exemplo, imaginem que há uma pluralidade de autores de um crime de menor potencial ofensivo. O MP antes de propor a ação penal, vai propor a transação penal. Um dos dois autores aceita a transação penal mas o outro não aceita. Portanto, em relação aquele que aceitou a transação, ele não vai propor a acao penal, mas em relação ao outro o MP vai ser obrigado a propor a ação penal, em decorrência do princípio da obrigatoriedade. Portanto, nesta hipótese há caso de divisibilidade da ação penal. e) Princípio da oficialidade: significa que a ação penal pública só pode ser proposta por um órgão oficial, no caso é o Ministério Público. obs: é semelhante ao inquérito policial Exceção: ação penal privada subsidiária da pública –a CF e também o CPP preveem a possibilidade de o órgão ofendido ou seu representante legal propor a ação penal em substituição ao MP quando ele for desidioso. Quando o MP deixar de propor a ação penal pública no prazo previsto em lei, surge para o particular ofendido a legitimidade sucessiva para propor a ação penal privada subsidiária ou em substituição a ação penal pública. Veja que nesta hipótese a ação penal privada subsidiária da pública é originalmente uma ação pública. Só cabe ação penal privada subsidiária da pública nas hipóteses de crimes de ação penal pública, pois o MP deixou de propor a ação penal no prazo legal. Por isso é que ela é ontologicamente/sua natureza é pública, mas acaba sendo promovida pela particular. Portanto esta é a hipótese em que a ação penal pública é promovida por um órgão não oficial. OBS: esses princípios dizem respeito tanto a ação penal pública condicionada quando a incondicionada. ACAO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA: são duas condiçõesAção penal pública condicionada a representação do ofendido e a requisição do Ministro da Justiça a) Ação penal pública condicionada a representação do ofendido: Quando o crime em questão for de ação penal pública condicionada a representação, absolutamente nenhuma autoridade poderá tomar iniciativa sem que o ofendido ou seu representante legal autorize. Foi o Estado que conferiu esse poder ao particular ofendido através do direito de representação. Portanto, o delegado de polícia ou o MP só poderão agir se houver representação do ofendido Infelizmente há um tratamento muito superficial no CPP acerca do instituto da representação. Art. 39 do CPP: O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Afinal, em que consiste esse direito de representação? Quais as formalidades desse direito? Quem pode exerce- lo? A quem ele é dirigido? Ele pode ser exercido a qualquer tempo? 1º) Quanto à forma: a lei não exige uma forma específica, diz apenas que pode ser feita por escrito ou oralmente; obviamente quando for oral, será reduzida a termo. Apesar de não haver nenhuma forma específica exigida em lei, o que leva a uma certa informalidade do exercício do direito de representação, a doutrina e jurisprudência são pacíficas no sentido de exigir pelo menos uma coisa: a manifestação inequívoca de vontade do ofendido de que o crime praticado seja investigado. Um simples registro de ocorrência policial satisfaz essa condição da representação? Em outras palavras, o delegado, diante do registro de boletim de ocorrência feito pelo ofendido sobre o delito praticado contra ele, já é suficiente para satisfazer a representação do ofendido para que o delegado instaurar o inquérito policial? Obs: existem muitos casos de registro de boletim de ocorrência pelo ofendido, mas ele não quer abrir uma ação penal. Então, não necessariamente alguém que registra boletim de ocorrência quer que o delito praticado contra ele seja investigado. Porém, sobre o registro de ocorrência substituir a representação do ofendido, há um debate, onde predomina o entendimento de que o registro da ocorrência não substitui a representação do ofendido, mas o STF entende que o registro de ocorrência é suficiente para substituir a representação. Mesmo que a representação do ofendido possa ser exercida mediante declaração oral ou escrita feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial, via de regra o sujeito vai a uma delegacia a procura do delegado. Normalmente já existe um formulário padrão no computador que é um termo de representação; quando o crime é de ação penal pública condicionada a representação, o escrivão preenche o formulário que mostra interesse do ofendido em abrir uma investigação. Portanto, temos até aqui duas formas de materialização dessa representação: 1ª forma – Forma escrita: o sujeito faz a representação narrando o fato e pedindo providencias, sendo o mais comum, feito por um advogado 2ª forma – Termo de representação: feito na delegacia, mediante preenchimento de um formulário Existe ainda uma terceira forma também bastante comum 3ª forma – Na própria oitiva, quando a vítima está sendo ouvida sobre determinado fato, nessa ocasião (em termo de declarações), ela já manifesta desejo de que o caso seja investigado. ESCRITA PELO ADVOGADO TERMO DE REPRESENTAÇÃO FEITO NA DELEGACIA SE NA OITIVA MANIFESTAR DESEJO DE SER INVESTIGADX PODE SER EXERCIDO PESOALMENTE OU POR PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS Nota-se que o dispositivo do art. 39 do CPP também diz que esse direito de representação pode ser exercido pessoalmente ou através de procurador, desde que este tenha poderes especiais para representa-lo. Portanto, não serve aquela procuração de poderes gerais, o procurador deve ter poderes específicos. OBS: Imaginem que foi exercitado o direito de representação, o sujeito disse que gostaria que o crime praticado contra ele fosse investigado, mencionando apenas o nome de uma pessoa que praticou o crime, ou seja, o ofendido achou que o crime tivesse sido praticado apenas por um indivíduo. Depois da investigação se descobre que na verdade há mais pessoas envolvidas. Nesse caso, é necessário que seja feita uma outra representação para incluir as outras pessoas? Em outras palavras, qual é a eficácia da representação? Qual é o âmbito de incidência eficacial da representação? A representação possui eficácia objetiva e não subjetiva. Portanto, uma vez feita a representação, ela surtirá eficácia em todos os sujeitos do crime, sendo a REPRESENTAÇÃO SUFICIENTE POR SI SÓ. Aula dia 17/05/2017 - Titularidade do direito de representação: Regra: o titular do direito de representação é o ofendido (vítima), que deve ter mais de 18 anos e que não tenha nenhuma doença mental (hígido mentalmente), caso contrário, será o seu representante legal ou seu curador. Pessoa jurídica pode ser titular do direito de representação (art. 37 do CPP), nos casos, por exemplo, de crimes contra a honra (calúnia e difamação, que ofendem a honra objetiva, quando lhe é imputada falsamente a prática de crime ambiental, que é o único crime que PJ pode cometer), exceto crimes de injúria (que ofende honra subjetiva) Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. Esse dispositivo diz que as PJ através de seus representantes legais podem exercer ação penal, ou seja, se refere a priori as hipótese de crime de ação penal privada, mas igualmente não há qualquer discussão doutrinária de que assim como ela pode propor a queixa- crime nos crimes de acao penal privada, como o tratamento da queixa-crime com a representação é mais ou menos semelhante, entende-se que as PJ também podem exercer o direito de representação quando forem vítimas dos crimes de acao penal pública condicionada a representação. MAIOR DE 18 ANOS E POSSUIR CAPACIDADE (CHECKAR NO LIVRO) PESSOAS JURÍDICAS CRIMES CONTRA HONRA (EXCETO HONRA SUBJETIVA) - Prazo para o exercício do direito de representação: Art. 38 do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. O tratamento dado a queixa e a representação é igual Regra: 6 meses (prazo decadencial, ou seja, decairá o direito de representação após 6 meses) contados a partir da ciência de quem é o autor do crime e da ofensa Obs: a natureza jurídica da decadência é a causa extintiva da punibilidade (art. 107 do CP) Portanto, se o direito de representação não for exercido no prazo de 6 meses, a contar da ciência da autoria do crime, o sujeito perde o direito de representação e, consequentemente, o Estado também perde o direito de punir o agente que praticou o crime Imaginem que um sujeito tomou o conhecimento da autoria do crime e deixou passar 5 meses, não indo representar. Acabou morrendo. O que acontece? A punibilidade fica extinta? (art. 24, parág. 1º do CPP) Nesse caso, o direito de representação passa para o conjunge, ascendente, descendente ou irmão (CADI), que deve ser exercido dentro do tempo restante do direito de representação. Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o No casode morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Obs: existe uma discussão para saber se alguém mais além mais do cônjuge (casado) ou em união estável pode exercer o direito de representação. Mas não pode, pois se alargarmos esses conceitos, mais pessoas poderiam representar, então seria maléfico para o réu, ou seja, haveria a ampliação do poder punitivo estatal. Portanto, não é possível o alargamento do conceito de cônjuge, pois seria analogia in mallan partem (prejudicial ao réu), então se menos pessoas puderem representar, mais fácil vai ficar para extinguir a punibilidade do réu. Mas qual é o prazo que o CADI vai ter para o direito de representação em nome do falecido? Vai ter só um 1 mês para representar ou Obs: a natureza jurídica do prazo decadencial tem natureza penal, como qualquer prazo de causa extintiva da punibilidade. Assim sendo, o prazo decadencial não se interrompe, não se suspende e não se prorroga. O prazo, portanto, que o CADI terão é apenas e exclusivamente o prazo restante, pois o prazo de 6 meses é único: se faltar 1 dia, o CADI terá um dia para representar. - Retratação: é voltar atrás do que disse antes, “desdizer”. Nesse caso fala-se em direito de retratação do direito de representação. Ou seja, a pessoa representa e depois retira a representação. É possível? Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia Logo, a contrario sensu, é possível a retratação da representação até antes de oferecida a denúncia. Mas depois de oferecida a denúncia, não é possível. Retratação da retratação seria uma nova representação. É possível o ofendido se arrepender de ter se retratado da representação? Há divergências: o Para a minoria da doutrina, a primeira retratação significa renúncia aos direito de representação e gera extinção da punibilidade. Portanto para eles não é possível retratação da retratação, pois a primeira retratação já extinguiria a punibilidade com a denúncia. o Para a maior parte da doutrina entende que é possível a retratação da retratação, porém, desde que seja no prazo decadencial de 6 meses, pois a retratação da retratação se trata, obviamente, de uma nova representação, então vai se submeter as mesmas regras da representação, especialmente o prazo decadencial. - Renúncia a representação: Renunciar o exercício de um direito também faz parte desse direito, afinal de contas se um direito não pode ser renunciado, então ele é um dever. Portanto, a renúncia é o não exercício ao direito de representação, que pode ser feita de forma pessoal ou mediante procuração com poderes especiais. A renúncia ao direito de representação pode ser expressa ou tácita: o A expressa ocorre normalmente pelo decurso do prazo do lapso temporal sem representar, que vai levar a extinção da punibilidade do sujeito (decadência) o A doutrina e a jurisprudência também estabelecem que sempre que o titular do direito de representação praticar alguma conduta que seja incompatível com o desejo de representação, implicaria em renúncia tácita. Por exemplo: a vítima titular do direito de representação se casa com o autor do crime A renúncia é unilateral, não depende do aceite do autor. AULA DIA 18/052017 b) Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça: Esta requisição do Ministro da Justiça possui uma natureza jurídica semelhante a representação, ou seja, é uma condição objetiva de procedibilidade.Isso quer dizer que o Ministério Público só poderá propor a ação penal se houver a requisição do Ministro da Justiça. CUIDADO! Da mesma forma que a representação do ofendido não condiciona o MP, a representação do Ministro da Justiça também não, ou seja, é possível que haja requisição do Ministro, e o MP mesmo assim não proponha a ação penal, pois não se convenção de que houve uma conduta criminosa. - Não existe um regramento específico para a requisição do ministro da justiça: Isso faz com que a doutrina e jurisprudência acabem debatendo diversos aspectos da requisição, de modo que são pouquíssimos casos de crimes de ação penal pública condicionada a requisição do ministro da justiça. O exemplo mais citado é o caso dos crimes cometidos pelos chefes de Estado (Art. 145, parg. Único do CP que faz remissão ao art. 141 do CP) Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam- se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro. Nestas hipóteses o Presidente da República ou chefe do governo estrangeiro que foi vítima de crimes contra a honra, a acao penal dependerá necessariamente da requisição do ministro da justiça. Obs: uma diferença entre a representação e a requisição é que embora existam semelhanças, inclusive de natureza jurídica, uma será feita pelo próprio ofendido e a outra não é feita pelo ofendido, ou seja, não é feita pelo Presidente ou chefe de governo estrangeiro, mas sim pelo Ministro da Justiça, como representante máximo destes sujeitos. Obviamente que essas autoridades vão manifestar interesse pela abertura da ação penal, mas essa manifestação deve ser feita ao Ministro da Justiça, que irá formalizar essa requisição e, via de regra, manda para a polícia. - Forma da requisição: Existe forma específica para a requisição? Não existe regramento nenhum, mas via de regra tem forma de ato administrativo, pois é feito por um servidor público, mesmo da Administração Publica É feita em forma de petição escrita, onde existe a narrativa do fato e o pedido para a tomada de providencias. - Prazo para a requisição: Existe divergência doutrinaria acerca do prazo para o Ministro da Justiça fazer a requisição: Como não existe previsão legal, há quem entenda que o ministro da justiça não teria prazo para fazer requisição, mas o único limite que ele teria seria o prazo de prescrição do crime, pois enquanto o crime não prescrever, ele pode fazer a requisição. Outros, porém, que são a maioria (DOUTRINA MAJORITÁRIA) entendem que deve ser aplicado por analogia o regramento da representação, ou seja, 6 meses a partir do conhecimento da autoria do crime, pois não é possível uma criar uma causa extintiva de punibilidade por analogia. A pergunta é:Se nós aplicarmos por analogia o prazo decadencial de 6 meses para a requisição, é bom ou ruim para o réu? Ora, se extingue a punibilidade é melhor para o réu que seja em 6 meses do que o prazo prescricional. Entao, por mais que não esteja previsto não há nenhum obstáculo para que seja aplicado por analogia, afinal de cotas trata-se de uma analogia in bonna parte. - Retratação da requisição: não há previsão legal sobre isso, mas predomina o entendimento que sim, é possível a retratação da requisição, pelos seguintes motivos: o Primeiro pela aplicação analógica o Segundo, como a requisição é também um ato administrativo, é uma característica inerente a administração pública, que pode reconsiderar os seus atos, que nada mais é do que uma retratação no âmbito administrativo. Mas a retratação da requisição só é possível até o oferecimento da denúncia. OBS: É possível a retratação da retratação da requisição? Há quem diga que sim, mas é um ENTENDIMENTO MINORITÁRIO A doutrina majoritária entende que por ser um ato praticado exclusivamente pelo ministro da justiça, que é grande autoridade, o atodeve ser praticado cautelosamente, não sendo possível aplicar esse vai e volta, portanto, o ato da requisição deve ser pautado nos princípios da administração pública, principalmente o da impessoalidade. Se for possível a retratação da retratação, vai parecer que esse retorno é pessoal. Deve prevalecer a impessoalidade. Aula dia 24/05/2017 ACAO PENAL PRIVADA A titularidade dos crimes de ação penal privada é do ofendido ou seu representante legal. PRINCÍPIOS DA ACAO PENAL PRIVADA: a) Princípio da oportunidade IDIO INDIVISIBILIDADE A AÇÃO DEVE SER CONTRA TODOS, OU CONTRA NENHUM DISPONIBILIDADE TEM A POSSIBILIDADE DE PEREMPÇÃO, RENÚNCIA E PERDÃO. A PARTE PODE DISPOR DESSE DIREITO. INTRANSCEDENCIANÃO PODE ULTRAPASSAR DO RÉU OPORTUNIDADE A VÍTIMA TEM A POSSIBILIDADE DE ENTRAR COM A AÇÃO, MAS NÃO É OBRIGADA OBS: na ação penal pública há o princípio da obrigatoriedade. Aqui na ação penal privada é o contrário: há o princípio da oportunidade. O titular da ação penal privada (ofendido) não está obrigado a propor a ação. O Estado deixou a seu critério avaliar a conveniência e oportunidade para propor a ação penal. CUIDADO! Apesar de caber ao ofendido decidir se vai ou não propor a ação penal, ele não pode optar propor a ação penal apenas quanto a determinados investigados, pois ou ele propõe contra todos ou contra nenhum, segundo o princípio da indivisibilidade b) Princípio da indivisibilidade A ação penal privada é indivisível: ou o querelante propõe a ação penal contra todos ou contra nenhum. Se ele deixar algum de fora, será interpretado como renúncia tácita ao direito de queixa. c) Princípio da intranscedencia OBS: na ação penal pública foi falado sobre o princípio da intranscedencia. A ação penal não pode passar da pessoa do réu, contra quem recai os indícios de autoria do crime. d) Princípio da Disponibilidade A ação penal privada é disponível pelo querelante, tanto antes quanto depois, especialmente depois, pois depois que é proposta a ação penal o ofendido pode dela dispor através do perdão ou da perempção. A renúncia também é um exemplo: o sujeito pode renunciar ao exercício do direito de queixa. PRAZO PARA PROPOSITURA DA ACAO PENAL PRIVADA: obs: prazo decadencial (NÃO SUSPENDE NEM INTERROMPE) Art. 38 do CPP – Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Regra: O prazo para propor a queixa-crime (ação penal) é de 6 meses (prazo decadencial) a contar do conhecimento da autoria OBS: quando falamos do direito de representação, os 6 meses é para representar, mas a representação pode ser feita inclusive na fase preliminar de investigação. É possível que mesmo tendo havido representação, a ação penal seja proposta fora do prazo de 6 meses. Ex: foi representado no quinto mês, o delegado de polícia demorou mais 5 meses para instaurar o inquérito e o promotor demorou mais 5 meses para propor a ação penal. Então na ação penal pública condicionada a representação, o prazo de 6 meses é para ser feita a representação, e não para ser proposta a ação penal. NO CASO DA AÇÃO PENAL PRIVADA, 6 MESES É O PRAZO PARA O PRÓPRIO EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL. EXCEÇÕES ao prazo de 6 meses e ao parâmetro (conhecimento da autoria) 1ª exceção: 6 MESES A PARTIR DO TRANSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE ANULOU O CASAMENTO No caso da ação penal personalíssima (art. 236 do CP) o prazo para propor a acao penal privada é o mesmo (6 meses), mas há outro parâmetro, que não é a partir do conhecimento da autoria, mas é a partir do transito em julgado da sentença. Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 2ª exceção: PROPRIEDADE IMATERIAL- 30 DIAS Art. 529 do CPP – Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. Nos crimes contra a propriedade imaterial que sejam de ação penal privada o prazo para propor a ação é de 30 dias contados da homologação do laudo e não do conhecimento da autoria do crime. ESPÉCIES DE ACAO PENAL PRIVADA: PODE SER PERSONALISSIMA OU SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA a) Ação penal privada personalíssima A única hipótese que há de ação penal privada personalíssima é a do art. 236 do CP É dita personalíssima, pois somente o ofendido/enganado poderá propô-la. Por isso, não existe a possibilidade de subseção processual, isto é, em caso de morte ou de ausência declarada judicialmente, o CADI não vai entrar em cena nesta hipótese. SOMENTE O OFENDIDO PODE PROPOR, NÃO PODENDO SER REPRESENTADO PELO CADI Parágrafo único do art. 236 do CP - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. b) ação penal privada subsidiária da pública Art. 5º, LIX da CF/88: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. O CPP regulamenta a ação penal privada subsidiária da pública no art. 29 caput: Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá- la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. o A ação penal privada subsidiária da pública só é possível na hipótese de desídia do Ministério Público, ou seja, quando ele, tendo razoes para propor a ação penal, não o faz no prazo 5 dias se estiver preso ou 15 dias se estiver solto. O pedido de arquivamento pelo MP não enseja a ação penal privada subsidiária da pública, pois neste caso, ele está tomando uma atitude processual, o que não é o caso, pois aqui estamos nos referindo as hipóteses de desídia(DESCUIDO) do MP, ou seja, podendo o MP propor a ação penal pública, mas não o faz. A ação penal neste caso é originalmente pública, inclusive, na ação penal privada subsidiária da pública, não terá a incidência das causas extintivas de punibilidade (renúncia, perempção e perdão), pois ao contrário do que foi dito anteriormente, que essas causas servem para todas as outras ações penais privadas, na ação penal privada subsidiária da pública NÃO EXISTE A DISPONIBILIDADE, OU SEJA, DEPOIS DE PROPOSTA A AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA, O QUERELANTE NÃO TERÁ O PODER DE DISPOR DELA (PERDOAR, RENUNCIAR E NEM VAI HAVER PEREMPÇÃO). OBS: quando a legitimidade da ação penal volta a ser do MP depois do prazo de 6 meses, o único prazo que o MP estará submetido é o da prescrição do crime. PRINCIPAL CONSEQUÊNCIA DA INDIVISIBILIDADE DA ACAO PENAL PRIVADA: O ofendido é obrigado a propor a ação penal privada contra todos os investigados. Entretanto há divergências na doutrina e jurisprudência quanto a isso: Caso o querelante deixar algum fato ou investigado de fora, é possível o MP, como fiscal dessa indivisibilidade, aditar a queixa-crime para incluí-lo? Há divergências: 1º) Parte da doutrina entende que o MP pode aditar a queixa-crime tanto para incluir pessoa quanto para incluir fato. 2º) Outra corrente contrária, entende que o MP não pode incluir nem pessoanem fato, sob pena de burlar a regra da disponibilidade da ação pena privada, pois o Estado deixou a cargo do ofendido fazer isso. 3º) A corrente majoritária, inclusive na jurisprudência, entende que o MP só pode aditar a queixa-crime para incluir fato, mas não para incluir pessoa. Faz bastante sentido, pois se o querelante deixar de alguém de fora, isso vai significar renúncia, e uma vez a renúncia feita a um, a todos se estenderá. O procedimento correto é que o MP deve provocar o juiz, identificando o problema (que foi deixado alguém de fora), para que o juiz notifique o querelante a fim de que este adite a queixa-crime, incluindo as pessoas ou fatosrestantes, sob pena de renúncia tácita. SE ALGO ESTIVER DE FORA, O MP PROVOCAP JUIZ QUE IDENTIFICA E NOTIFICA O QUERELANTE PRA QUE SE ADITE. CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE NA ACAO PENAL PRIVADA: a) Renúncia (art. 49 e 50 do CPP): Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá o A renúncia (ABRIR MÃO) necessariamente é um ato anterior a propositura da ação penal. o A renúncia é um ato unilateral, ou seja, não depende do aceite da parte contrária para surtir efeito. Uma vez feita a renúncia a uma pessoa, a todas se estenderá. prazo que o MP tem para propor a acao penal (5 dias se o indivíduo estiver preso e 15 dias se estiver solto) O MP é o legitimado para propor a acao penal publica o MP nao propoe a acao penal. Durante 6 meses, quem tem legitimidade para propor a acao penal é o ofendido e o MP Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. o A renúncia pode ser expressa ou tácita. o Regra: renúncia expressa feita através de um documento que é assinado pelo ofendido. Pode ser feita também por um procurador com poderes especiais. o A renúncia tácita, pode ocorrer em diversas hipóteses, uma delas é quando o ofendido deixa passar o prazo decadencial de 6 meses sem propor a ação penal o Outra hipótese de renúncia tácita é quando o ofendido propõe a queixa-crime para uns e deixa outros de fora. o A renúncia tácita também ocorre quando o querelante pratica qualquer conduta que seja incompatível com o desejo de propor a ação penal privada (ex: se casa com o ofensor) Aula dia 25/05/2017 b) Perdão (arts. 51 a 59 do CPP) Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar: A primeira grande diferença entre a renúncia e o perdão é que este é sempre posterior a ação penal, ou seja, pressupõe que a ação penal tenha sido proposta. Ao contrário da renúncia, que é unilateral, o PERDÃO É BILATERAL, isto é, dependerá do aceite do querelado. Obviamente, para que o querelado aceite o perdão, ele deve tomar conhecimento através de notificação, tendo o prazo de 3 dias para se manifestar se aceita ou não. Caso ele não se manifeste, o seu silencio será entendido como aceite tácito. Portanto, a recusa do perdão deve ser sempre expressa. PERDÃO É BILATERAL. O SILÊNCIO PRESUME ACEITE. A RECUSA DO PERDÃO DEVE SER SEMPRE EXPRESSA. Mas como alguém tem o interesse de não aceitar o perdão? Pois o perdão do ofendido ao réu não impede a propositura de uma ação civil. O réu pode ter interesse de continuar sendo processado para que ao final seja considerado inocente, pois esta decisão penal faz coisa julgada no cível. Se ele é inocente na esfera penal, o que é muito mais difícil, no cível igualmente ele também seria considerado assim. Art. 52 – revogado Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do PERDÃO caberá ao curador que o juiz Ihe nomear: Se houver possibilidade de colisão dos interesses do representante legal e do querelante, também o representante ou o curador é que vai resolver o problema. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar- se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52: Tanto o perdão pode ser dado quanto o aceite pode ser feito por procurador. Obviamente é que a regra da impossibilidade de clausula geral se aplica igualmente ao caso da renúncia, portanto é necessário que haja uma clausula específica dando poderes ao procurador para que ele aceite o perdão. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais: É a necessidade de que no documento tanto do perdão quando do aceite seja expresso. O da recusa tem que ser expresso também, devendo ser incluído no processo Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50 Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. c) Perempção (hipóteses do art. 60 do CPP) Também pressupõe a ação penal já proposta. Ocorre no curso do processo OBS: todas as hipóteses de perempção configuram verdadeira pena processual para o querelante devido a algumas condutas dele: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: (incisos I ao IV) 1ª hipótese)I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; quando ele deixar de dar andamento ao processo por mais de 30 dias. Embora não esteja previsto de forma expressa que isso só ocorrerá quando não tiver justificativa, a doutrina e jurisprudência entendem que quando ele deixar de dar andamento, mas justificar, não ocorreria a perempção. QUANDO O NÃO ANDAMENTO FOR JUSTIFICADO NÃO OCORRERÁ PEREMPÇÃO 2ª hipótese) II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; Obs: lembrar que quando o querelante morre ou é declarada a sua ausência, o CADI entra em acao não só para promover a ação penal mas também para dar continuidade a ela. Esse prazo máximo de 60 dias. Se o CADI não derem continuidade ao processo penal de maneira injustificada, vai ocorrer a perempção. 3ª hipótese) III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; Quando querelante deixar de comparecer sem justificativa a algum ato processual cuja presença seja obrigatória, também ocorre a perempção. 4ª hipótese) continuação do inciso III: deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais Uma outra hipótese é quando o querelante deixar de formular o pedido de condenação. Isso é decorrência lógica do princípio da correlação entre acusação e sentença, pois esta imputação e o pedido de condenação acaba vinculando o juiz que terá que decidir os limites do que é feito. 5ª hipótese) IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Quando a vítima é pessoa jurídica e propõe a ação penal, mas a PJ acaba sendo extinta e não deixa qualquer representante legal. Quem vai dar continuidade a ação? Se não houverninguém, extingue-se também a punibilidade do réu. DENÚNCIA E QUEIXA – iniciais acusatórias o Denúncia é a inicial acusatória da ação penal publica o Queixa é a inicial acusatória da ação penal privada - Requisitos da denúncia e queixa (Art. 41 do CPP) Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas DENUNCIADEVE SER CLARA, PRECISA, COERENTE E LÓGICA 1º requisito) Descrição do fato típico e todas as suas circunstâncias: pois é a essência da denúncia e da queixa, e por isso deve ser clara, precisa, coerente e lógica. Somente assim a ampla defesa poderá ser exercitada na sua plenitude, visto que a ampla defesa pressupõe um conhecimento de todas as circunstancias para poder contraditar. Além disso essa imputação feita na inicial limita a cognição do juiz. Quando a inicial acusatória possuir grave deficiência narrativa do fato criminoso, ela será chamada, segundo a doutrina, de criptoimputação, ou seja, é a presença de defeito grave da narrativa do fato delituoso. DEFEITO GRAVE NA NARRATIVA DO FATO DELITUOSA CRIPTOUMPUTAÇÃO Além disso a denúncia ou a queixa deve conter todas as circunstancias que influenciam na pena do crime para maior (qualificadoras, causas de aumento e agravantes da pena). Já as causas de redução da pena (privilégios, causas de diminuição da pena e atenuantes) não precisam estar expressamente contidas na denúncia ou na queixa, pois podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz. A única causa de diminuição de pena que deve estar prevista de forma expressa é a tentativa de cometer o crime, pois a tentativa é uma norma de extensão que configura um verdadeiro tipo penal, de modo que ela contém elementos muito precisos. Além disso, existem outras categorias dogmáticas que muito se assemelham a tentativa e por isso devem estar expressas, como por exemplo, a desistência voluntária, arrependimento eficaz e crime impossível SE ASSEMELHAM A TENTATIVA. Caso se trate de uma conduta culposa, é necessária a descrição especifica da modalidade culpa (negligencia, imprudência ou imperícia) CONDUTA CULPOSA ESPECIFICADA. OBS – Concurso de pessoas: é necessário que se descreva de forma individualizada a conduta de cada um, pois não é permitida, como regra, as chamadas denúncias genéricas. A jurisprudência até tem admitido nos casos de crimes societários, mas como regra não é permitido. NÃO É PERMITIDA, COMO REGRA, DENUNCIAS GENÉRICAS, POR ISSO AS CONDUTAS DEVEM SER DESCRITAS DE MANEIRA INDIVIDUALIZADA Caso se trate de crime ambiental por responsabilidade penal da pessoa jurídica será sempre necessária a descrição da conduta tanto da pessoa jurídica quanto da pessoa física, pois no Brasil é adotado o sistema da dupla imputação ou “responsabilidade penal por ricochete “em termos de crimes ambientais por responsabilidade da pessoa jurídica. Dupla imputação ou responsabilidade penal por ricochete: significa que nunca será possível a imputação apenas e exclusivamente a pessoa jurídica, pois necessariamente deverá ser a pessoa jurídica e a pessoa física. A NARRATIVA DOS FATOS DEVE CONTER AS CIRCUNSTANCIAS QUE O INFLUENCIOU COM SUA RESPECTIVAS QUALIFICADORAS, CAUSA DE AUMENTO, TAMBÉM DEVERÁ PREVER, SE HOUVER A CULPA ESPECIFICANDO A MODALIDADE. OBS.: A REDUÇÃO NÃO PRECISA ESTAR EXPRESSA, SOMENTE QUANDO SE TRATAR DE TENTATIVA. 2º requisito)Qualificação do acusado ou sua identificação por outros meios. É evidente que ao imputar uma conduta, o ofendido tem que dizer a quem ela se imputa. Se o ofendido não souber o nome do acusado, é comum descrever características físicas, apelidos, etc. As vezes só se descobre o nome verdadeiro no curso do processo. 3º requisito) Classificação jurídica do fato. É necessário que haja a especificação da classificação jurídica do fato. Existe um debate na doutrina para saber se essa classificação dada pelo órgão de acusação vincula ou não o juiz. Ainda predomina que não vincula, ou seja, o juiz pode mudar a classificação jurídica do fato. Inclusive há uma previsão no art. 383 do CPP que é o caso da emendatio libele (emendar o libelo / fazer uma emenda na acusação). O juiz, diante do que está narrado na inicial, pode dar uma classificação jurídica diversa daquela que o órgão de acusação deu, que é justamente a emendatio libele. Há divergência de poder ou não por conta do parágrafo 1º do 383 Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1o Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 4º requisito) Rol de testemunhas NA INICIAL ACUSATÓRIA O momento oportuno para se mencionar o rol de testemunhas é exatamente na inicial acusatória e vai depender do rito processual do crime. Por exemplo, no rito ordinário o número máximo de testemunhas arroladas para cada parte em relação a cada fato, é de 8 testemunhas. Se o rito for sumário, o limite é de 5 testemunhas. Se for sumaríssimo, 3 testemunhas. ORDINÁRIO OITO SUMÁRIO5 TESTEMUNHAS SUMARÍSSIMO-> 3 TESTEMUNHAS As “testemunhas do juízo” O juiz pode ouvir mais vitimas, sem limite. 5º requisito) Pedido de condenação O acusador direciona a acusação pro juízo, se houver endereçamento equivocado é possível que o juizo encaminhe para o competente. 6º requisito) Posição funcional do denunciante Vai permitir com que o juiz avalie legitimidade da pessoa que está denunciando 7º requisito) Assinatura Quando se tratar de ação penal privada, a denúncia ou queixa deve ser assinada por um advogado a falta de assinatura não invalida a peça, se não houver dúvidas quanto à sua autenticidade. A imputação pode ser alternativa? Imputar quer dizer atribuir a alguém a pratica de algum crime Há um debate na doutrina sobre a possibilidade ou não de imputação alternativa. - Doutrinariamente existem duas hipóteses de imputação alternativa: o Imputação alternativa objetiva: consiste em imputar mais de um fato criminoso a um mesmo sujeito, sendo que a comprovação de um dos crimes, excluiria necessariamente outro. Exemplo: a investigação não foi capaz de verificar/comprovar se o crime praticado foi furto ou receptação, mas sabe-se que foi Joao o autor de um dos dois crimes. A vítima morreu e não se sabe se realmente foi ele que furtou, ou não há testemunhas para dizer se foi receptação. Por conta disso, é possível o MP denunciar o sujeito por um crime ou pelo outro, ou seja, é possível a imputação alternativa objetiva? o Imputação alternativa subjetiva: consiste em imputar o mesmo fato criminoso a mais de uma pessoa, alternativamente, sendo que a comprovação da responsabilidade de uma excluiria necessária a responsabilidade das outras. Isso é possível? Exemplo: dois irmão gêmeos. Uma moça foi estuprada, e quando ela está diante dos dois irmãos gêmeos, ela não sabe dizer qual deles praticou o crime. Nesse caso o MP vai poder denunciar os dois alternativamente? Predomina o entendimento de que é possível sim a imputação alternativa tanto objetiva(mais de um crime a um sujeito, sendo que a comprovação de um excluiria o outro) quanto subjetiva(imputar um crime a mais de uma pessoa, a comprovação excluiria a culpa da outra), pelos seguintes motivos: a) pois não há nenhum dispositivo legal que impeça isso. b) A imputação alternativa não impede a ampla defesa e contraditório, mas podem apenas torna-lo complexo A doutrina majoritária diz que o que é necessárioé que haja a descrição precisa dos dois fatos possíveis alternativamente ou da indicação das pessoas possíveis autoras do crime. Entretanto vale observar que obviamente a condenação alternativa não é possível, pois o juiz só poderá condenar aquele que realmente praticou o crime. Uma doutrina minoritária, a exemplo da prof Ada Pelegrine e Gustavo Badaró, não admite a imputação alternativa, pois isso impediria a ampla defesa e o contraditório. Para esses autores, o correto seria o arquivamento do inquérito policial até que fosse solucionada a dúvida. PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA: 5 dias se o indivíduo estiver preso e 15 dias se ele estiver solto Art. 46 do CPP: O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. Este é o prazo chamado de prazo ordinário. Porém existem prazos excepcionais previstos em leis extraordinárias. Ex: Lei de drogas 10 dias Crime eleitoral 10 dias Crime de abuso contra autoridade 48 horas Crime contra a economia popular2 dias REJEIÇÃO DA DENUNCIA OU QUEIXA É possível que o juiz rejeite a denúncia ou queixa. Hipóteses: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). I - for manifestamente inepta; A denúncia ou queixa será inepta quando tiver ausência dos requisitos da inicial acusatória (art. 41 do CPP) II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou quando estiver ausente algum pressuposto processual de existência ou validade (juiz competente e imparcial, capacidade postulatória, citação válida, idoneidade formal da peça acusatória, inexistência de litispendência e inexistência de coisa julgada) Ausência de condição para o exercício da ação penal, ou seja, se faltar qualquer condição da ação penal (genérica ou especifica), também será hipótese de rejeição da denúncia ou queixa. III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Vimos que a justa causa é para a doutrina uma condição da ação. Mas o legislador não considera a justa causa uma condição da ação OBS: Normalmente a justa causa é identificada pelo binômio “indícios de autoria e prova da materialidade” JUSTA CAUSA AUTORIA + MATERIALIDADE -A prova da materialidade é obtida/comprovada, geralmente, ATRAVÉS DE UM EXAME DE CORPO DE DELITO. Porém há algumas exceções, pois algumas leis admitem outra prova da materialidade, que não seja o exame de corpo de delito: o Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, crimes de menor potencial ofensivo, um boletim médico pode servir como prova da materialidade o Lei Maria da Penha, o laudo do prontuário médico também pode substituir o exame de corpo de delito o Lei de Drogas, tanto para a prisão em flagrante quanto para a denúncia, um laudo preliminar de constatação é suficiente para ser usado como prova da materialidade o Crime de abuso de autoridade, duas testemunhas podem provar a materialidade delitiva do crime JUIZADOS ESPECIAISLAUDO MÉDICO MARIA DA PENHA->PRONTUÁRIO LEI DE DROGASLAUDO PRELIMINAR ABUSO DE AUTORIDADEDUAS TESTEMUNHAS - Momento para a rejeição: O juiz pode rejeitar logo após o recebimento da denúncia ou da queixa. Existe um debate para saber se é possível a rejeição da denúncia ou queixa no curso do processo. o Uma corrente minoritária entende ser possível o A corrente majoritária entende que É NÃO É POSSÍVEL A REJEIÇÃO DA QUEIXAOU DENÚNCIA, pois se o juiz recebe a denúncia e no curso do processo se descobre alguma causa que geraria a rejeição da denúncia, isso é causa para a extinção do processo com julgamento de mérito. - Efeitos da decisão de rejeição da denúncia ou queixa o Faz coisa julgada apenas formal, pois o denunciante pode corrigir o erro e repropor a denúncia o Recorribilidade: o órgão acusador pode recorrer da decisão que rejeitou a denúncia ou a queixa, através do recurso em sentido estrito, como regra: Art. 581 do CPP. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; Exceções: - Nos casos de crime de menor potencial ofensivo, A REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA ENSEJA A APELAÇÃO E NÃO O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - NOS CRIMES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS, O RECURSO CABÍVEL É O AGRAVO REGIMENTAL. o A rejeição da denúncia ou da queixa pode ser total ou parcial. O juiz pode receber apenas em parte a denúncia ou a queixa, se ele faz isso, vai estar rejeitando apenas parcialmente Isso ocorre em duas hipóteses: 1º) quando a acusação imputa ao sujeito a prática de mais de uma infração penal, mas o juiz recebe apenas em relação a uma. 2º) quando a acusação imputa determinado crime ao sujeito, mas o juiz desclassifica o crime. O órgão de acusação narra o fato e diz que foi roubo e o juiz diz que na verdade se caracteriza como furto (emendatio libele, art. 383, parag. 1º do CPP). Os fatos são os mesmos, mas o juiz interpreta de maneira diferente. OBS: da rejeição parcial cabe recurso estrito RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA - Existe um debate na doutrina para saber se a decisão que recebe a denúncia ou queixa deve ou não ser fundamentada Predomina o entendimento de que A FUNDAMENTAÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA NÃO É NECESSÁRIA Porém a doutrina minoritária diz que toda decisão tem que ser fundamentada, com base no art. 93, IX da CF Mas não existe qualquer divergência doutrinária acerca da fundamentação de alguns ritos especiais que exigem uma defesa preliminar, e nesses casos o recebimento da denúncia ou queixa tem que ser fundamentado. As hipóteses são: LCJR o Lei de Drogas o Crimes funcionais afiançáveis o Juizados Especiais (rito sumaríssimo) o Rito especial dos crimes julgados originariamente pelos Tribunais - Efeitos da decisão que recebe a denúncia ou queixa: o Interrupção do prazo de prescrição o Instauração da relação processual A decisão de recebimento da denúncia ou queixa não é recorrível, como regra. Exceção: nos crimes de competência originária dos Tribunais cabe agravo. Aula dia 01/06/2017 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA JURISDIÇÃO: é o poder atribuído com exclusividade ao Poder Judiciário em razão da independência e imparcialidade dos seus membros para decidir um determinado caso penal segundo as regras constitucionais e legais. COMPETENCIA: é uma limitação a jurisdição, ou seja, é a parcela de jurisdição que cabe a cada órgão do Poder Judiciário. PRINCÍPIOS DAJURISDIÇÃO 6iju a) Princípio da unidade: a jurisdição é uma, unitária, ou seja, cada justiça, mesmo que especial, exerce a jurisdição com poder soberano e com competência capaz de resolver determinado caso. É una no sentido de poder soberano, como um dos poderes do Estado brasileiro e que a divisão de varas especializadas e vara, são critérios de facilitação de organização jurisdicional, mas que na verdade trata-se da mesmo jurisdição unitária b) Princípio do juiz natural c) Princípio da investidura: somente quem estiver legalmente investido como juiz de direito e se encontrar no exercício das respectivas funções, pode desempenhar a jurisdição. Isso quer dizer, que é evidente que para exercer a jurisdição, é preciso que o indivíduo esteja investido na função de juiz. d) Princípio da inércia: significa que a jurisdição ou o magistrado depende da iniciativa das partes, não podendo iniciar um processo ex officio. A maior parte da doutrina entende que esse princípio só cabe ao início do processo. Mas alguns entendem que ele pode dar seguimento ao processo, é o chamadoprincípio do impulso oficial (o juiz deve dar seguimento ao processo independentemente da vontade das partes) e) Princípio da indeclinabilidade: significa que nenhum magistrado pode declinar ou subtrair-se ao exercício da jurisdição. Decorre do princípio da inafastabilidade da jurisdição. Porém de forma excepcional é possível o juiz subtrair-se ao exercício da jurisdição, nos casos de suspeição e impedimento. f) Princípio da improrrogabilidade: salvo casos excepcionais previstos em lei, nenhum magistrado pode invadir a esfera de competência de outro, ou seja, como regra a jurisdição é improrrogável. g) Princípio da indelegabilidade: decorre do princípio do juiz natural. Significa que o juiz não pode, como regra, delegar sua jurisdição a um outro órgão. Exceção: nos casos do envio de cartas rogatórias, precatórias e cartas de ordem. Além disso há varias previsões na Lei 8.038 de 1990, Lei que trata do julgamento originariamente nos Tribunais de pessoas com foros especiais por prerrogativa de função, em que há previsão da delegação de atos processuais. Ex: o STF tem apenas 11 ministros, portanto, eles podem delegar alguns atos processuais para juízes locais. Além disso, foi criada recentemente em 2010 um dispositivo que concede aos ministros dois juízes federais para lhes auxiliarem, um da área criminal e um da área cível. h) Princípio da irrecusabilidade: a jurisdição é como regra irrecusável, ou seja, os jurisdicionados não podem recusar o seu juiz natural. Excepcionalmente será possível, nos casos de suspeição e impedimento. REGRAS DE DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA Servem para a identificação do juízo que será competente para julgar determinado caso Observações iniciais: A doutrina da prof Ada Pelegrini criou 3 critérios que segundo ela deveriam ser atendidos em uma determinada ordem, de modo que o segundo critério só poderia ser alcançado se o primeiro fosse superado. Para trabalhar estes critérios é importante que se saiba que temos 3 classificações de competência que estão associadas, segundo a maioria da doutrina, com o caráter absoluto ou relativo desta competência o Competência em razão da matéria, ou seja, a competência deveria ser determinada segundo a natureza do crime praticado, competência de caráter absoluto o Competência em razão da pessoa, do autor da infração, também de caráter absoluto o Competência em razão do lugar, de caráter relativo NATUREZA DO CRIME+INFRAÇÃO+LUGAR O esquema que a professora Ada Pelegrine sugeriu para que fosse identificado o critério ou competência pra julgamento de determinado crime, foi o seguinte: o Primeiro deveria ser avaliado se a matéria crime praticado é especial, ou seja, se faz parte da competência de alguma justiça especial. Caso fosse um crime comum, passar-se-ia ao segundo critério: o Verificação se o autor possui foro especial por prerrogativa de função. Se não possuísse: o Verificação do local onde o crime foi praticado para saber qual seria o juízo competente Entretanto, o prof Gustavo Badaró, discípulo da prof Ada, percebeu que existem dois juízos que não fazem parte de nenhuma das justiças e, portanto, o primeiro critério não poderia ser a competência em razão da matéria: STF e STJ. Esse percepção feita pelo prof Badaró é fundamental para solucionar esse problema, pois para ele, existem na verdade 4 critérios e não 3: o primeiro critério que deve ser verificado para a identificação da competênciaé saber se a pessoa, o autor do crime, seja qual for o crime, possui foro especial por prerrogativa de função no STJ ou no STF. Não vai interessar a matéria do crime praticado, basta saber se ela possui foro especial. Este é um critério misto, pois se o sujeito que praticou o crime possui foro especial por prerrogativa de função no STJ ou no STF, está resolvida a competência, pois não precisa-se mais saber qual é a competência em razão da matéria, de modo seja qual for o crime praticado pelas pessoas julgadas no STF ou STJ, serão esses os juízos naturais. Portanto, o primeiro critério que a prof Ada sugere não resolve o problema de saber de quem é a competência para julgar o crime. Se o autor do crime não possuir foro especial por prerrogativa de função no STJ ou no STF, aí sim deve-se avaliar o critério de competência em razão da matéria, seguindo os outros critérios POSSUI FORO ESPECIAL? NATUREZA DO CRIME+INFRAÇÃO+LUGAR
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