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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL INFLUÊNCIA DO TIPO DE CHAPISCO NA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSAS MARCELO PEREIRA DE SOUZA MELO PEDRO HENRIQUE PEREIRA GOIÂNIA DEZEMBRO/2019 MARCELO PEREIRA DE SOUZA MELO PEDRO HENRIQUE PEREIRA INFLUÊNCIA DO TIPO DE CHAPISCO NA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSAS Monografia parcial apresentada na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás. Orientadora: Andrielli Morais de Oliveira GOIÂNIA DEZEMBRO/2019 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa _________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Lista de Figuras LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Ilustração básica da constituição do revestimento...................................................... 11 Figura 2 - Chapisco convencional (a), chapisco desempenado (b) e chapisco rolado (c)............................................................................................................................................... 14 Figura 3 - Ilustração das camadas de revestimento de argamassa............................................... 15 Figura 4 - Ilustração do revestimento em camada única.............................................................. 16 Figura 5 - Distribuição dos corpos de prova ............................................................................... 21 Figura 6 - Aderência padrão entre substrato e revestimento (ABCP, 2002) ............................... 24 Figura 7 - Distribuição t de Student............................................................................................ 27 Figura 8 - Descolamento de reboco em substrato de concreto e alvenaria de bloco cerâmico…. 29 Figura 9 - Descolamento de reboco em substrato de concreto e alvenaria de bloco de concreto...................................................................................................................................... 30 Figura 10 - Chapisco desempenado............................................................................................ 31 Figura 11 – Chapisco rolado....................................................................................................... 31 Figura 12 – Silo para armazenamento......................................................................................... 32 Figura 13 – Máquina reguladora................................................................................................. 33 Figura 14 – Parede revestida após o desplacamento................................................................... 34 Figura 15 – Adesão inadequada entre revestimento e substrato por falta de limpeza no substrato..................................................................................................................................... 35 Figura 16 – Substrato com material pulverulento e sem limpeza................................................ 36 Figura 17 – Média de resistência de aderência do chapisco........................................................ 38 Figura 18 – Carga de ruptura do chapisco desempenado............................................................ 39 Figura 19 – Carga de ruptura do chapisco rolado........................................................................ 39 Figura 20 – Média da resistência de aderência do reboco............................................................ 40 Figura 21 – Local de ruptura das amostras em reboco para chapisco rolado............................... 40 Figura 22 – Local de ruptura das amostras em reboco para chapisco desempando..................... 41 Figura 23 – Cronograma de atividades do TCC 1 e TCC 2.......................................................... 47 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Lista de Tabelas LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Espessuras admissíveis de revestimento em milímetros............................................ 11 Tabela 2 - Classificação dos revestimentos................................................................................ 13 Tabela 3 - Composição dos cimentos Portland........................................................................... 17 Tabela 4 - Limites granulométricos de agregado miúdo............................................................. 18 Tabela 5 - Limites de resistência de aderência............................................................................ 22 Tabela 6 - Resistência de Aderência à Tração Para Reboco Com Chapisco Rolado.................. 43 Tabela 7 - Resistência de Aderência à Tração Para Reboco Com Chapisco Desempenado....... 45 Tabela 8 - Resistência de Aderência à Tração Para Chapisco Rolado......................................... 46 Tabela 9 - Resistência de Aderência à Tração Para Chapisco Desempenado............................. 46 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Lista de Abreviaturas LISTA DE ABREVIATURAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas SVVIE - Sistemas de Vedação Vertical Internos e Externo Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Sumário Sumário CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 8 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8 1.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA ........................................................... 8 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 11 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 11 2.1 SISTEMAS DE REVESTIMENTO VERTICAL .......................................................... 11 2.1.1 SUBSTRATO ................................................................................................................. 12 2.1.2 ARGAMASSA ............................................................................................................... 12 2.1.2.1 CHAPISCO ................................................................................................................. 13 2.1.2.2 EMBOÇO .................................................................................................................... 15 2.1.2.3 REBOCO .....................................................................................................................15 2.1.2.4 CAMADA ÚNICA ...................................................................................................... 16 2.1.3 CONSTITUIÇÃO DA ARGAMASSA ........................................................................ 16 2.1.3.1 CIMENTO PORTLAND ........................................................................................... 17 2.1.3.2 CAL .............................................................................................................................. 17 2.1.3.3 AREIA ......................................................................................................................... 18 2.1.3.5 ADITIVOS .................................................................................................................. 18 2.1.3.6 ÁGUA .......................................................................................................................... 19 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa _________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Sumário 2.2 IMPORTÂNCIA DOS ENSAIOS NA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE REVESTIMENTO ................................................................................................................. 19 2.3 MÉTODOS DE ENSAIOS DE DETERMINAÇÃO DA ADERÊNCIA ..................... 20 2.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO SISTEMA DE REVESTIMENTO .................... 22 2.4.1 INFLUÊNCIA DO SUBSTRATO ................................................................................ 23 2.4.2 INFLUÊNCIA DA ARGAMASSA .............................................................................. 24 2.4.3 INFLUÊNCIA DO TIPO DE CHAPISCO ................................................................. 25 2.4.4 INFLUÊNCIA DA CURA E FATORES EXTERNOS .............................................. 26 2.4.5 INFLUÊNCIA DAS TÉCNICAS DE APLICAÇÃO E EXECUÇÃO ...................... 26 2.5 CONCEITOS ESTATÍSTICOS ...................................................................................... 26 3.2.2 TIPOS DE CHAPISCO ................................................................................................ 30 3.2.4 TIPO DE ACABAMENTO .......................................................................................... 34 3.2.5 CURA .............................................................................................................................. 34 3.2.6 LIMPEZA DO SUBSTRATO ...................................................................................... 35 3.2.7 DESMOLDANTE .......................................................................................................... 36 3.3 MÉTODO DOS ENSAIOS REALIZADOS ................................................................... 36 CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 38 RESULTADOS ESPERADOS .............................................................................................. 38 4.1 VIABILIDADE DA PESQUISA ..................................................................................... 38 4.2 SOLUÇÕES PREVISTAS/PROPOSTAS ...................................................................... 42 4.3 PREVENÇÃO ................................................................................................................... 42 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES .................................................................................. 47 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Sumário REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 48 M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Introdução CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA A avaliação dos sistemas de vedação vertical internos e externos (SVVIE) é extremamente importante nas edificações habitacionais e nos seus elementos. Para a garantia dos requisitos básicos de atendimento ao usuário, a NBR 15575-4 (ABNT, 2013) determina alguns níveis iniciais de uso e operação, como a garantia da estanqueidade, umidade nas vedações verticais externa e interna decorrente da ocupação do imóvel, desempenho térmico, aberturas para ventilação, desempenho acústico, níveis de ruído admitidos na habitação, desempenho luminotécnico, durabilidade e manutenibilidade, saúde, conforto antropodinâmico e adequação ambiental. No que tange a garantia de habitabilidade e conforto no uso da edificação, entram em cena os sistemas de revestimento vertical, seus elementos e suas patologias. Segundo a NBR 13749 (ABNT, 2013), os revestimentos de parede e teto podem ser constituídos por chapisco e emboço, como revestimento de camada única, ou por chapisco, emboço e reboco. Silva (2006) compreende que o chapisco não seja uma camada de revestimento, e sim um procedimento de preparação da base, de espessura irregular, sendo necessário ou não, conforme a natureza da base. Silva (2006) também complementa que o chapisco tem por objetivo melhorar as condições de aderência da primeira camada do revestimento ao substrato, em situações críticas basicamente vinculadas a dois fatores: Limitações na capacidade de aderência da base: quando a superfície é muito lisa ou com porosidade inadequada, por exemplo concreto ou substrato com capacidade de sucção incompatíveis com a aderência do revestimento; Revestimento sujeito a ações de maior intensidade: os revestimentos externos em geral e revestimento de teto. O emboço é definido, segundo a NBR 13529 (ABNT, 2013), como a camada de regularização da superfície da alvenaria ou do chapisco, resultando em uma camada mais homogênea capaz de receber outra camada (reboco, cerâmica ou outro revestimento) ou se constituir como acabamento final. É também chamado de massa grossa, sendo sua espessura média variando entre 15 mm e 25 mm. O reboco é definido, segundo a NBR 13529 (ABNT, 2013), como a camada de revestimento aplicada sobre o emboço, constituindo uma superfície que permita o recebimento de outra camada ou constitua o acabamento final. Segundo Silva (2006), é também chamado de massa fina e normalmente confere a textura superficial aos revestimentos de múltiplas camadas. Sua espessura máxima deve ser de 5,0 mm e não deve apresentar fissuras ou imperfeições. Já a monocamada, segundo Costa (2014), é composta de um único tipo de argamassa em que é aplicado ao substrato, chamada “emboço paulista”. É considerada a camada final, podendo ser 9 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Introdução aplicada uma camada decorativa, como a pintura. Em obras, é chamado de “massa única” ou “reboco paulista” e é o método mais empregado nas construções, pois sua aplicação é rápida e fácil. Segundo a Comunidade da Construção (2005), o revestimento de argamassa tem como função a proteção de uma superfície porosacom uma ou mais camadas superpostas, com espessura normalmente uniforme, resultando em uma superfície apta a receber de maneira adequada uma decoração final. Sua finalidade principal é proteger a base e a estrutura de ações que possam danificar a mesma, garantindo desempenho acústico, térmico e arquitetônico, possibilitando um posterior acabamento final, e devem atender aos requisitos básicos, conforme explicado na NBR 13749 (ABNT, 2013): • ser compatível com o acabamento decorativo (pintura, papel de parede, revestimento cerâmico...); • ter resistência mecânica decrescente ou uniforme, a partir da primeira camada em contato com a base, sem comprometer a sua durabilidade ou acabamento final; • ser constituído por uma ou mais camadas superpostas de argamassas contínuas e uniformes; • ter propriedade hidrofugante, em caso de revestimento externo de argamassa aparente, sem pintura e base porosa. No caso de não se empregar argamassa hidrofugante, deve ser executada pintura específica para esse fim; • ter propriedade impermeabilizante, em caso de revestimento externo de superfícies em contato com o solo; • resistir a ação de variações normais de temperatura e umidade do meio, quando externos. 1.2 OBJETIVOS Com a crescente evolução das técnicas da construção civil, busca-se cada vez mais por materiais e métodos executivos que apresentem melhor desempenho, garantindo qualidade no acabamento final da obra e agilidade na execução do serviço. Sendo o Brasil um país conservador, o receio de uma repulsa e uma eventual reação do mercado quanto aos procedimentos alternativos de execução dos sistemas de vedação, cada vez mais necessita-se de produtos e técnicas que aprimorem o método tradicional da construção civil brasileira, garantindo os requisitos mínimos especificados na NBR 15575-4. Porém, com os lançamentos em série de empreendimentos habitacionais, muitas vezes alguns procedimentos de execução se tornam falhos, resultando em problemas no revestimento final, gerando custos e desgastes para os responsáveis ainda na execução e ameaças para o usuário no pós obra. O trabalho em questão tem como objetivo principal investigar as causas das patologias ocasionadas em uma obra de edifícios residenciais de múltiplos pavimentos em Goiânia-GO, avaliando a interveniência do tipo de chapisco na qualidade da resistência de aderência de revestimentos de argamassa. Através dos relatórios obtidos nos ensaios de resistência de aderência à tração de revestimentos de paredes de argamassas, determinado pela NBR 13528- 3 (ABNT, 2019), busca-se verificar as variáveis que influenciaram os desplacamentos de 10 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Introdução revestimentos de argamassa, como a cura, tipo de chapisco, tipo de revestimento, tipo de aplicação, local de aplicação, desmoldante e fatores climáticos. M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 SISTEMAS DE REVESTIMENTO VERTICAL O sistema de revestimento tem como seus principais elementos constituintes o revestimento externo, revestimento interno e o substrato, podendo ser ele de alvenaria ou de uma estrutura de concreto. Já o subsistema de revestimento, compõe-se de uma camada de ancoragem, que depende das propriedades da argamassa, podendo ser executada em uma ou mais camadas (JÚNIOR, 2004; SALVI, 2017) Entende-se então que no conjunto revestimento em contato com a base, a argamassa torna-se um elemento integrante e essencial para a eficiência do sistema contendo uma espessura normalmente uniforme e apta para receber acabamentos. Figura 1 - Ilustração básica da constituição do revestimento Adaptado de SALVI (2017) Nesse sentido, as espessuras admitidas para execução desses revestimentos interno e externo de paredes e tetos, segundo a NBR 13749 (ABNT, 1996), é dada dentro dos seguintes limites: Tabela 1 – Espessuras admissíveis de revestimento em milímetros Revestimento Espessura (mm) Parede interna 5 ≤ e ≤ 20 Parede externa 20 ≤ e ≤ 30 Tetos interno e externo e ≤ 20 12 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica Em vista disso, para elaboração de um projeto, de acordo com NBR 7200 (ABNT, 1998), na execução do sistema de revestimento de argamassa, devem constar pelo menos: Tipo de argamassa e respectivos parâmetros para definição do traço; Número de camadas; Espessura de cada camada; Acabamento superficial; Tipo de revestimento decorativo. 2.1.1 SUBSTRATO Um elemento fundamental é o substrato ou também designado como base, na qual consiste em uma camada responsável por receber argamassa. Pode ser classificado conforme suas funções seja ela estrutural ou de vedação, assim como, através dos materiais empregados, pela sua capilaridade de absorção ou sucção de água ou ainda, classificado pela porosidade e textura superficial de contato que pode ser lisa ou rugosa (JUNIOR, 2004). Através da NBR 7200 (ABNT, 1998) é possível determinar a exigências básicas que as bases de revestimento devem atender, como prumo e nivelamento, explicitados nas normas de alvenaria e estruturas de concreto. A norma prevê ainda que a base de revestimento que tenha alta absorção deva ser pré molhada, exceto para paredes de bloco de concreto. Recomenda também a limpeza da base, retirando todo material pulverulento, como resquícios de concretagem, pó, graxa, eflorescência, materiais soltos e qualquer material que possa interferir na aderência. Ioppi (1995) complementa ressaltando que nos substratos onde a adesão inicial não é satisfatória, o desempenho do revestimento fica prejudicado, pois a dificuldade de aplicação culmina na extensão da aderência que resulta no enfraquecimento da sua resistência mecânica e na durabilidade inadequada do revestimento. 2.1.2 ARGAMASSA Segundo a Comunidade da Construção (2005), o revestimento de argamassa é definido como a proteção de uma superfície porosa com uma ou mais camadas superpostas, com espessura normalmente uniforme, resultando em uma superfície apta a receber de maneira adequada uma decoração final. As principais funções de um revestimento de argamassa são: Proteger a base, usualmente de alvenaria e a estrutura de ação direta dos agentes passivos, contribuindo para o isolamento termo acústico e a estanqueidade a águas e aos gases; Permitir que o acabamento final resulte numa base regular, adequada ao recebimento de outros revestimentos, de acordo com o projeto arquitetônico por meio da regularização dos elementos de vedação. Para se ter uma ideia numérica da importância do revestimento como elemento isolante, um revestimento de argamassa com espessura entre 30 e 40% da espessura da parede, pode ser 13 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica responsável por 50% do isolamento acústico, 30% do isolantetérmico e contribui 100% pela estanqueidade de uma vedação de alvenaria comum (SZLAK et al., 2015). Segundo a NBR 13749 (ABNT, 1996), os revestimentos de paredes podem ser constituídos por chapisco mais emboço, como revestimento de camada única, ou por chapisco, emboço e reboco. (SALVI, 2017). Quando se trata de revestimento em duas camadas, o emboço se estabelece como camada reguladora e o reboco como acabamento. Já no revestimento de camada única, o emboço cumpre as duas funções, ou seja, regularização e acabamento. Tabela 2 – Classificação dos revestimentos Tipo Critério de classificação Revestimento de Camada única Revestimento de duas camadas Número de camadas aplicadas Revestimento com contato com o solo Revestimento externo Revestimento interno Ambiente de exposição Revestimento comum Revestimento de permeabilidade reduzida Revestimento hidrófugo Comportamento à umidade Fonte: adaptado de NBR 13530 (ABNT, 1995) Dito isso, as seções subsequentes, apresentam as definições das variações de camadas, comentando os quatro elementos constituintes, de forma a proporcionar uma melhor compreensão acerca da composição de um revestimento em argamassa. 2.1.2.1 CHAPISCO Em função da grande variedade de propriedades entre diferentes bases, é comum o uso de chapisco com o objetivo de regularizar sua capacidade de aderência, em especial quando possui superfície muito lisa e/ou com porosidade e capacidade de sucção inadequadas, bem como em revestimentos sujeitos a solicitações mais severas, como revestimentos externos e de tetos (KAZMIERCZAK, 2007) Considerado como o primeiro processo de preparação da base, o chapisco é um componente sem espessura definida. Esse elemento é apropriado para auxiliar na aderência da argamassa ao substrato, principalmente em alguns elementos de base que não favorecem um bom contato, seja devido à baixa rugosidade superficial ou devido absorção capilar. Nesse sentido, aplica-se o chapisco a fim de obter uma maior superfície de contato (SILVA, 2006). Após vinte e quatro horas da aplicação do chapisco, pode-se executar a camada seguinte, o emboço (MILITO, 2001). 14 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica Destacam-se três tipos comuns de chapisco: O tradicional que consiste em uma argamassa mais fluida, cujo lançamento dá-se utilizando uma colher de pedreiro com textura final de uma película rugosa, aderente e resistente. Ainda em relação ao chapisco tradicional é comum à adição de aditivos para contribuir na aderência e o mesmo pode ser aplicado por projeção sobre toda a fachada, inclusive sobre a estrutura (LEAL, 2003). Ainda segundo Leal (2003), o chapisco industrializado é usualmente aplicado sobre a estrutura de concreto e utiliza uma desempenadeira dentada para execução. Como o próprio nome remete, esse chapisco é realizado com uma argamassa industrializada pronta, necessitando apenas da adição de água. Por fim, o chapisco rolado, elemento aplicado sobre a alvenaria ou na estrutura usando um rolo de textura acrílica. Seu uso mais comum é em revestimento interno (LEAL, 2003). Na Figura 2 é possível observar os diferentes tipos de chapisco, conforme os aspectos detalhados anteriormente, diferenciando cada preparação (SALVI, 2017). Figura 2 - Chapisco convencional (a), chapisco desempenado (b) e chapisco rolado (c) Fonte: Comunidade da Construção (2015) 15 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica 2.1.2.2 EMBOÇO Conforme a NBR 13529 (ABNT, 1995), o emboço é definido como a camada de revestimento responsável por cobrir e regularizar a superfície da base ou do chapisco, proporcionando uma superfície que possa receber outra camada, como reboco, revestimento decorativo ou ainda, podendo ser o próprio acabamento final. Junior (2004) destaca nesse último caso, se o próprio emboço se tornar o acabamento final, o revestimento é chamado de camada única. Quanto ao processo de aplicação, deve-se iniciar o revestimento de cima para baixo e com a superfície previamente molhada, nesse ponto deve-se ter cuidado quanto à quantidade de água, uma vez que, uma umidade excessiva fará a massa escorrer pela parede. Por outro lado, se a base estiver completamente seca, absorverá a água da argamassa fazendo com que está não fique fixa e desprenda. Outro fator de relevância refere-se à espessura do emboço, na qual admite-se em média um valor de 1,5 cm. (MILITO, 2001; SALVI, 2017). 2.1.2.3 REBOCO O reboco é designado, ainda referenciando a NBR 13529 (ABNT, 1995), como a camada final do revestimento constituído de múltiplas camadas, servindo assim, como acabamento. Também é utilizada para dar cobrimento ao emboço e permite o recebimento do revestimento decorativo. Devido a isso, essa camada não pode apresentar fissuras, principalmente se este estiver situado na parte externa da edificação, logo, a argamassa utilizada deve apresentar alta capacidade de absorver deformações. Além disso, conforme Milito (2001) o reboco deve conter uma espessura aproximadamente de 2 a 5 milímetros e sua aplicação deve ser efetuada no sentido contrário do emboço, ou seja, deve-se realizá-lo de baixo para cima e o desempenamento feito com a superfície ligeiramente umedecida através de aspersão de água com brocha e com movimentos circulares. A Figura 3 apresenta uma ilustração do revestimento completo com chapisco, emboço e reboco (SALVI, 2017). Figura 3 - Ilustração das camadas de revestimento de argamassa Fonte: Adaptado Costa (2014) 16 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica 2.1.2.4 CAMADA ÚNICA Esse revestimento é composto de um único tipo de argamassa em que é aplicado ao substrato. Sobre ele é aplicado uma camada decorativa, como, a pintura. Popularmente esse revestimento recebe o nome de “massa única” ou “reboco paulista”, sendo atualmente a alternativa mais empregada nas construções (COSTA, 2014). Figura 4 - Ilustração do revestimento em camada única Fonte: Adaptado COSTA (2014) Na seção 2.3.1 estão abordados e detalhados os materiais utilizados na mistura da argamassa, na qual são responsáveis por sua produção e caracterização. Para cada elemento há considerações e finalidades no desempenho. Torna-se fundamental conhecer cada função, uma vez que essas matérias-primas são responsáveis pelo comportamento do elemento final. (SALVI, 2017). 2.1.3 CONSTITUIÇÃO DA ARGAMASSA A constituição básica das argamassas de revestimento é dada por areia, água e aglomerantes, tais como cimento e/ou cal. Ainda em sua composição, pode constituir aditivos, em que normalmente são inseridos com o intuito de melhorar características e propriedades específicas (JUNIOR, 2004). No caso da argamassa industrializada esses materiais já são dosados e selecionados na fábrica (SILVA, 2006). 17 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa__________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica 2.1.3.1 CIMENTO PORTLAND O cimento Portland possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reação de seus constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante hidráulico. A contribuição do cimento das propriedades das argamassas está voltada sobretudo para aa resistência mecânica. Além disso, o fato de ser composto por finas partículas contribui para a retenção da água de mistura e para a plasticidade. Se, por um lado, quanto maior é a retração, por outro, maior também será a aderência a base (SZLAK et al., 2015). Segundo Silva (2006) o tipo de cimento, conforme Tabela 3, e suas características físicas influenciam na qualidade e desempenho dos revestimentos, principalmente no que está relacionado ao módulo de finura, tempo de pega e resistência mecânica. Tabela 3 - Composição dos cimentos Portland Tipo de cimento Classe de Resistência (Mpa) Composição (% em massa) Clínquer + Sulfatos Escória Pozolana Material Carbonático CPI (NBR 5732/91) 25-32-40 100 - - 0 CPI-S (NBR 5732/91) 25-32-40 99 - 95 - - 1 - 5 CPII E (NBR 11578/91) 23-32-40 94 - 56 6 - 34 0 - 10 CPII-Z (NBR 11578/91) 25-32-40 94 - 76 6 - 14 0 - 10 CPII-F (NBR 11578/91) 25-32-40 94 - 90 6 - 10 CPIII (NBR 5735/91) 25-32-40 65 - 25 35 - 70 0 - 5 CPIV (NBR 5238/91) 25-32 85 - 45 15 - 50 0 - 5 CPV-ARI (NBR 5733/91) - 100 - 95 0 - 5 Fonte: Adaptado de Muniz (2008) Ainda segundo Silva (2006), a finura é um dos parâmetros mais significativos na resistência uma vez que o aumento da finura dos cimentos resulta em um aumento da atividade superficial das partículas de hidratação. Enquanto isso, a pega do cimento está diretamente relacionada ao desenvolvimento das reações de hidratação após a interação com a água, caracterizada pelo enrijecimento da pasta até o completo endurecimento do cimento. Já a resistência mecânica, sabemos que o uso de cimento com elevadas dosagens provoca altas resistências mecânicas e consequentemente aumento no módulo de elasticidade, podendo ser prejudicial, uma vez que não se torna compatível com as deformações da cerâmica e da base (SALVI, 2017). 2.1.3.2 CAL Quanto à cal, a NBR 6453 (ABNT, 2003), define como um material obtido pela calcinação de carbonatos de cálcio e/ou magnésio, em que sua constituição se dá essencialmente de uma mistura de óxido de cálcio e óxido de magnésio. Segundo JUNIOR (2004), a cal é um 18 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica aglomerante que desenvolve seu endurecimento transformando a cal em carbonato de cálcio, por fixação do gás carbônico existente no ar. Podemos ainda ter dois tipos distintos: a cal hidrata e a cal virgem. Segundo Bauer (2000) cal hidratada possui algumas vantagens de manuseio, transporte e armazenamento se comparada a cal virgem. É um material seco e pulverulento, e por isso, oferece maior facilidade na elaboração das argamassas que a cal virgem. Uma argamassa em que há somente a presença de cal, está desempenha o papel de aglomerante, assim contribuindo para trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações, porém reduz as propriedades de resistência mecânica e de aderência (SILVA, 2014; SALVI, 2017). 2.1.3.3 AREIA Segundo a NBR 9935 (ABNT, 2011) areia é um agregado miúdo com origem em processos naturais, chamada de areia natural ou de origem artificiais, conhecida como areia artificial, proveniente de processo industrial. Ambas são oriundas da desintegração de rochas. 32 A NBR 7211 (ABNT, 2009) ainda reforça que agregado miúdo é o agregado, na qual, os grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na de 150 μm, conforme pode ser verificado no Tabela 4 (SALVI, 2017). Tabela 4 - Limites granulométricos de agregado miúdo Peneira ABNT Porcentagem, em peso, retida acumulada na peneira ABNT Zona 1 (Muito fina) Zona 2 (Fina) Zona 3 (Média) Zona 4 (Grossa) 9,5 mm 0 0 0 0 6,3 mm 0 a 3 0 a 7 0 a 7 0 a 7 4,8 mm 0 a 5 0 a 10 0 a 11 0 a 12 2,4 mm 0 a 5 0 a 15 0 a 25 5 a 40 1,2 mm 0 a 10 0 a 25 10 a 45 30 a 70 0,6 mm 0 a 20 21 a 40 41 a 65 66 a 85 0,3 mm 50 a 85 60 a 88 70 a 92 80 a 95 0,15 mm 85 a 110 90 a 100 90 a 100 90 a 100 Fonte: Modificado de Oliveira (2007) 2.1.3.5 ADITIVOS Esse material é empregado em argamassas com o intuito de modificar certas características tanto no estado fresco, como endurecido (MUNIZ, 2008). Santos (2008), designa ainda, aditivo como um produto químico que é adicionado ao traço da argamassa a fim de melhorar suas características quanto a plasticidade, tempo de uso, resistência mecânica, impermeabilidade, aparência e durabilidade. 19 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica Ainda segundo Santos (2008) os principais aditivos utilizados na argamassa são os seguintes (SALVI, 2017): a) Incorporadores de ar: embora melhorem a plasticidade, adesão inicial e aumentam a retenção de água, esse tipo de aditivo também reduz as resistências à compressão, flexão e aderência; b) Plastificantes: são responsáveis, principalmente, por melhorar a trabalhabilidade das argamassas; c) Retentores de água: diminuem a absorção de água pelo substrato, evaporação e exsudação de água da argamassa fresca; d) Retardadores de pega: como o próprio nome remete, retardam o início da hidratação do cimento; e) Adesivos: proporcionam aderência química com o substrato; f) Hidrofugantes: reduzem a absorção de água da argamassa, sem impedir a troca de gazes com o meio; g) Impermeabilizantes: reduzem a permeabilidade, porém não garantem a impermeabilização total devido suas falhas quando ocorrem novas fissuras no revestimento. 2.1.3.6 ÁGUA Outro elemento de composição da argamassa é a água. Esse é o elemento responsável para que a mistura se torne trabalhável, facilitando no transporte, lançamento e adensamento. Além disso, é através dela que ocorrem as reações com o cimento, e se em excesso ela mantém-se na argamassa até evaporar, deixando pequenas bolhas. Logo, quanto maior for à quantidade de H2O existente, maior será o número de vazios, e assim tende-se a ser uma mistura menos resistente (AMORIM, 2010). Ruduit (2009) destaca, dentre as importâncias da água no processo, a relação com o substrato, ou seja, em substratos de alta absorção haverá insuficiência de água, o que por sua vez não resulta na completa hidratação do cimento e consequentemente torna a área de contato entre as faces como uma zona frágil. Por outro lado, um substrato com baixa absorção, resulta em um acúmulo de água na interface, tornando-se uma zona porosa e, portanto, mais frágil (SALVI, 2017). 2.2 IMPORTÂNCIA DOS ENSAIOS NA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE REVESTIMENTO A resistência de aderência é uma das principais propriedades dos revestimentos de argamassa e é bastante estudada pelo meio científico. Essa propriedade tem uma gama de intervenientes que são normalmente tratados de maneira isolada nos trabalhos científicos (VAZ & CARASEK, 2019). Dentre as principais propriedades exigidas a uma argamassa de revestimento noestado endurecido destaca-se a aderência ao substrato. Apesar de sua importância, a incidência de 20 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica problemas relacionados com a perda ou a falta de aderência de argamassas tem se acentuado, tornando-se hoje uma grande preocupação para as empresas construtoras e aumentando o passivo ambiental da construção civil, em função da diminuição da vida útil dos revestimentos (KAZMIERCZAK, 2007). Tendo em vista casos recentes em cenário nacional, como o ocorrido em março de 2019 no Rio de Janeiro, em que uma jovem foi atingida por parte de varanda de prédio do Leblon, na Zona Sul, diversas empresas voltaram suas preocupações acerca do assunto. Uma recente pesquisa encomendada pelo SindusCon-SP, divulgada na Revista Mapa da obra, da Votorantim Cimentos, traz à tona o desplacamento de cerâmica e a preocupação das construtoras. Segundo a pesquisa, em um estudo amostral com 87 construtoras em todo o Brasil, 20,7 % delas lidam ou já lidaram com esse tipo de problema em suas obras. Além disso, outros resultados foram obtidos através da pesquisa, dentre eles os citados abaixo: A tipologia de estrutura foi identificada entre alvenaria estrutural e concreto armado convencional; 46,8% do tipo de base utilizada para a aplicação da cerâmica foi direto no bloco, outros 44,2% em revestimento de argamassa; Em 100% dos casos pesquisados o processo de fabricação da cerâmica é por via seca; Houve uma grande variedade de modelos e dimensões da cerâmica; As argamassas AC II e AC I são utilizadas em proporções similares, sendo ambas em 49,3% das obras; Houveram desplacamento em 509.296,03 m² de revestimento interno das paredes; Em geral, o desplacamento ocorre até o segundo ano após a aplicação da cerâmica (81,4%). 2.3 MÉTODOS DE ENSAIOS DE DETERMINAÇÃO DA ADERÊNCIA Para a determinação da resistência de aderência à tração superficial do revestimento, são determinados alguns métodos para avaliar a relação revestimento-substrato. A NBR 13528-3 (ABNT, 2019), que substitui a NBR 13528 (ABNT, 2010), especifica o método para determinação da aderência superficial através do ensaio de resistência de aderência à tração de revestimentos de argamassa aplicados sobre substratos inorgânicos não metálicos. “Segundo o método de ensaio da ABNT, o corpo-de-prova é obtido cortando-se o revestimento perpendicularmente ao seu plano, que pode ser feito de forma circular com serra copo diamantada com diâmetro de 50 mm. Sobre o mesmo é colada, com cola à base de epóxi, uma pastilha metálica, na qual é afixado um equipamento de tração. Através deste equipamento aplica-se a carga de tração até produzir a ruptura” (BARRETO & BRANDÃO, 2014). A norma prevê que, para argamassas mistas ou de cimento e areia, o ensaio deve ser realizado com idade de 28 dias e, para argamassas de cal e areia, o ensaio deve ser realizado com idade de 56 dias. Porém, caso seja necessário o ensaio em outra idade, a mesma deve ser especificada em relatório. 21 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica A distribuição dos corpos de prova deve ser de forma aleatória, conforme Figura 5, espaçados no mínimo 50 mm entre eles e a região ensaiada deve estar seca, com superfície do revestimento íntegra, sem fissuras, limpa e isenta de material pulverulento. Figura 5 - Distribuição dos corpos de prova Fonte: autoria própria (estudo de caso) 22 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica A NBR 13749 (ABNT, 2013) prevê os limites de resistência de aderência à tração para emboço, dada através da tabela a seguir: Tabela 5 - Limites de resistência de aderência Limites de resistência de aderência à tração (Ra) para emboço e camada única Local Acabamento Ra (MPa) Parede Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20 Cerâmica ou laminado ≥ 0,30 Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30 Cerâmica ≥ 0,30 Teto ≥ 0,20 Fonte: NBR 13749 2.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO SISTEMA DE REVESTIMENTO “As anomalias por perda de aderência em rebocos correspondem ao estado último da vida útil das argamassas e traduzem-se pelo destacamento de material ou pela perda de coesão da argamassa. Quando ocorre, a perda de aderência origina uma profunda degradação da qualidade visual da superfície e constitui um fator de risco para os utentes e para o paramento que, nas zonas afetadas, passa a ficar sob a ação direta dos agentes atmosféricos”. (BRITO et al., 2007; GASPAR et al., 2007; GALLETOO & ANDRELLO, 2013). Segundo Costa (2013) apud Chanalisa (2017), em geral as patologias dividem-se em quatro grupos: as congênitas que se originam ainda na fase de projeto; as construtivas, relacionadas a execução da obra; as adquiridas, que ocorrem durante a vida útil da estrutura, destaque especial para o desplacamento, fissuras e esfarelamento do revestimento e por fim, as acidentais que se designam como um fenômeno atípico. Dentre as patologias adquiridas, podemos citar a perda de aderência, desplacamento, fendilhação/fissuração e condições térmicas, que são fenômenos que estão interligados através do grau de evolução das mesmas. A fissuração/fendilhação é o primeiro sintoma apresentado no revestimento devido à perda de aderência, podendo ocasionar o desplacamento, sendo potencializada ou não por condições térmicas, como excesso de calor e perda de água de amassamento. Ainda que os fatores que influenciam a ocorrência das patologias nos revestimentos de argamassa não trabalhem de forma isolada, é importante verificar a influência dos mesmos de forma individual. Visando melhorar o desempenho das edificações e determinar os fatores que influenciam às ocorrências das patologias, são analisados os componentes dos sistemas de revestimentos e suas interveniências de forma isolada. 23 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica 2.4.1 INFLUÊNCIA DO SUBSTRATO Um dos principais fatores que influenciam a aderência do revestimento de argamassa é o tipo do substrato em que está sendo aplicado. Recentemente, vários transtornos têm sido ocasionados quando o assunto é o deslocamento dos revestimentos de argamassa em estruturas de concreto, gerando bastante preocupação para as empresas do ramo da construção civil e ganhando destaque e atenção no meio técnico. A aderência entre a argamassa e o substrato acontece em duas etapas: em um estado inicial com a argamassa ainda fresca, conhecida como adesão inicial, e no estado endurecido, a aderência propriamente dita. A adesão inicial está diretamente ligada com as características reológicas da pasta (VALDEHITA ROSELLO, 1976 apud CARASEK, 1996). Já a aderência no estado endurecido daargamassa ao substrato é um processo essencialmente mecânico, devido principalmente à penetração da própria argamassa nos poros ou entre as rugosidades da base de aplicação. Quando a argamassa entra em contato com o substrato, parte da água de amassamento, que contém os componentes do aglomerante em estado coloidal, penetra nesses poros e rugosidades formando, no interior destes, géis de silicato do cimento e hidróxidos provenientes da cal. Após a cura do revestimento esses precipitados ficam ancorados à base, aumentando a aderência do conjunto argamassa/substrato. (VALDEHITA ROSELLO, 1976 apud CARASEK, 1996). “As novas práticas da construção, como o uso de fôrmas mais lisas, desmoldante e a busca por concretos menos permeáveis e com resistências elevadas também geram condições propícias para falhas de aderência e tendem ser cada vez mais comuns nos canteiros de obra. ” (RUDUIT, 2009, p. 20). Com base nisso, a aderência da argamassa no estado endurecido é prejudicada devido as condições de aplicação determinadas no estado fresco (RUDUIT, 2009). Em um estudo de caso realizado em nove edifícios em Brasília-DF, com o objetivo de diagnosticar as manifestações patológicas relacionadas ao deslocamento de revestimentos de argamassa, Carasek et al. (2005) concluí que, dentre os fatores que influenciam na má aderência, é importante citar a falta de limpeza do substrato e o tipo de desmoldante aplicado durante a concretagem. Além disso, Carasek cita que, nas obras analisadas, foram utilizados desmoldante à base de óleo, ideal para concreto aparente, sendo não indicado para superfícies que receberão um revestimento posterior. Outra prática realizada nas obras analisadas é a utilização do desmoldante com diluição abaixo da especificada pelo fabricante. Isso ocorre visando aumentar a vida útil das formas de madeira, possibilitando um reaproveitamento das mesmas, gerando uma redução de custo no final da obra (CARASEK & CASCUDO, 2007). Para que haja uma superfície ideal para o recebimento do revestimento de argamassa, deve ser realizada uma limpeza do substrato, retirando partículas pulverulentas, resquícios do desmoldante dentre outras partículas deletérias à aderência, resultando em uma superfície saturada seca. 24 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica Figura 6 – Aderência padrão entre substrato e revestimento (ABCP, 2002) Fonte: Comunidade da Construção (2015) 2.4.2 INFLUÊNCIA DA ARGAMASSA O revestimento em argamassas tem sua execução ao revestir modelada em duas formas distintas como fabricação: usinada ou industrializada. Na argamassa usinada, são utilizados os elementos de mistura como cimento, areia, cal e água podendo adicionar ou não adições e/ou aditivos, respeitando a proporção relativa de cada constituinte. É necessário o controle de uniformidade do produto, seja através do controle dos materiais constituintes, seja pelo controle da própria argamassa. A armazenagem dos materiais deve ser feita de maneira adequada. Há a necessidade de se prever áreas de estocagem para as matérias-primas, tais como agregados, cimento e cal. O cimento e as cales devem ser sempre armazenados protegidos de intempéries e em local de fácil acesso. Os agregados devem ser estocados em baias cujos pisos devem se preferencialmente cimentados e separadas em função de cada tipo de material. Essas argamassas compõem-se de agregados com granulometria controlada, cimento Portland e aditivos especiais que otimizam as propriedades das mesmas, tanto no estado fresco quanto no endurecido. As argamassas ensacadas são fabricadas em complexos industriais, onde os agregados miúdos, os aglomerantes e os aditivos em pó, são misturados a seco e ensacados. A embalagem pode ser plástica ou de papel Kraft, semelhante aos sacos de cal e cimento. No momento da utilização, o preparo da argamassa é feito apenas pela mistura com adição de água (SZLAK et al., 2015). Sendo ele usinado ou industrializado, o controle de sua fabricação é de suma importância para definição dos parâmetros de qualidade nos revestimentos em argamassa, e consequentemente, a diminuição da probabilidade das patologias evidentes. De acordo com Carasek (1996), o melhor parâmetro para explicar a influência das argamassas no estudo da resistência de aderência é o teor de cimento. A autora estudou a relação entre o teor de cimento das argamassas e essa propriedade, e observou que com o aumento da proporção 25 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica de cimento em relação aos demais componentes da argamassa seca (cal e agregados), há um considerável crescimento dos resultados da resistência de aderência. É importante ressaltar que elevados teores de cimento e, consequentemente, elevados valores de resistência de aderência não são interessantes, uma vez que revestimentos muito rígidos apresentam maiores chances de fissurar e descolar quando aplicados em fachadas de edifícios multipavimentos com elevadas movimentações (CARASEK, 2011). Também é importante destacar a influência da presença de cal nas argamassas. Segundo Polito (2013), a argamassa ideal deve reunir as qualidades do cimento e da cal. Desta forma, a dosagem é fundamental para se atingir as propriedades ideais, tanto no estado fresco, quanto no endurecido. Segundo Gallegos (1995), argamassas de cimento sem a presença de cal apresentam baixa trabalhabilidade e geram contato tentacular, forte, porém incompleto, na interface com o substrato, sofrendo retração à medida em que o processo de hidratação avança. Pode-se afirmar que a adição de cal nas argamassas, até um teor ideal, gera uma diminuição nos resultados de resistência de aderência, mas melhora o preenchimento de toda superfície do substrato, ou seja, a extensão de aderência. Diversos autores constataram os benefícios da introdução de cal nas argamassas, entretanto, ela desenvolve resistência muito lentamente, através da carbonatação pelo CO2 e atinge resistências finais cerca de 30 a 40 vezes menores do que a do cimento (POLITO, 2013). Segundo Carasek (1996), as argamassas ricas em cal são mais plásticas e têm maior capacidade de molhar a superfície e preencher as cavidades do substrato, proporcionando, desta forma, maior extensão de aderência, e microestrutura de interface com o substrato mais densa e contínua. A autora observou um aumento da resistência de aderência com a introdução de 6% de cal em relação à massa dos constituintes secos, devido à melhoria da extensão de aderência. A partir deste valor, observou uma queda da aderência. 2.4.3 INFLUÊNCIA DO TIPO DE CHAPISCO Devido às dificuldades de aderência do revestimento de argamassa ao substrato, principalmente no concreto de alto desempenho, é necessária a aplicação do chapisco, criando uma superfície com elevada rugosidade superficial. Segundo Gasperin (2011), o chapisco assume função de regularizar a absorção de água presente na argamassa de revestimento, uniformizando-a e criando uma “ponte de aderência” entre o substrato e a camada de revestimento. O método de aplicação do chapisco é uma variável para as patologias dos revestimentos de argamassa, sendo o chapisco convencional, chapisco desempenado e chapisco rolado analisados em questão. Segundo Goméz (2007), o chapisco tradicional melhora a aderência emgrande parte de substrato, tais como concreto, alvenaria de bloco cerâmico e de concreto e é altamente recomendado. Quanto ao chapisco desempenado, seu desempenho é melhor em substratos de concreto que o chapisco desempenado. Além disso, é importante salientar que, mesmo que não seja uma técnica comum, a cura do chapisco ameniza a sua perda excessiva de água para o substrato e para o ambiente, podendo assim prejudicar a hidratação do cimento, aumentando a porosidade e micro fissuração por retração. 26 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica 2.4.4 INFLUÊNCIA DA CURA E FATORES EXTERNOS Segundo Ruduit (2009), a realização da cura do chapisco ameniza a perda excessiva de água para o substrato e para o ambiente, contribuindo para a hidratação do cimento, diminuindo a porosidade e microfissuração por retração. Porém, com a intensa velocidade das construções, essa prática acaba não sendo comum nas construções em todo o Brasil, mesmo sendo um processo normatizado. Segundo Détriche e Masso (1986) apud Moura (2007), a cura é responsável pelo equilíbrio higrotérmico entre ambiente e argamassa, pois quanto maior a temperatura e menor a umidade do ambiente, menor será a retenção de água. Por isso, a cura é extremamente importante para garantia da aderência do chapisco ao substrato (RUDUIT, 2009). 2.4.5 INFLUÊNCIA DAS TÉCNICAS DE APLICAÇÃO E EXECUÇÃO Além dos materiais e métodos que geram uma gama imensa de combinação de variáveis, o método de aplicação pode ser considerado um fator crucial na qualidade final dos revestimentos de argamassa em seu estado seco. Muitas vezes o método de aplicação não é o método normativo, gerando superfícies com grande potencial para ocorrência de patologias. 2.5 CONCEITOS ESTATÍSTICOS Com o objetivo de conferir confiabilidade e correta interpretação dos resultados obtidos, é necessário o tratamento dos dados, excluindo valores que se diferenciam de forma significativa do valor médio, para que se encontre resultados coerentes e mais próximos da realidade. Segundo Bittencourt (2006), a distribuição normal, também conhecida como curva de Gauss- Moivre-Laplace, é extremamente importante nos estudos probabilísticos pois descreve bem os erros amostrais obtidos em medidas físicas e é a base para principal área da Estatística: A inferência. Segundo a definição de distribuição normal por Brasnki, a média, a moda e a mediana possuem valores iguais, a curva normal tem formato de sino, é simétrica em torno da média e possui área unitária. Porém, pode apresentar média e desvio padrão quaisquer. O modelo de distribuição normal é apresentado abaixo. 27 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Revisão Bibliográfica Figura 7 – Distribuição t de Student Fonte: Portal Action O desvio padrão é outro parâmetro extremamente importante para o estudo, pois é uma medida de dispersão que indica a uniformidade dos dados. É definido pelo símbolo σ e calculado através da equação 1: σ= ∑ ( )² (1) em que ƞ é o tamanho do espaço amostral, xi é o valor na posição i do conjunto dos dados e MA a média aritmética dos dados. Nos requisitos determinados pela NBR 13749, os revestimentos internos devem apresentar resistência de aderência à tração igual ou superior a 0,20 MPa. Portanto, aceita-se que a região está aprovada se 8 dos 12 corpos de prova atingirem a resistência mínima. Segundo Ferreira (2009) apud Malagoni (2013), o nível de confiança é escolhido para se garantir uma alta probabilidade de cobertura para o verdadeiro valor do parâmetro analisado. Esses valores são, em geral, iguais a 90%, 95% e 99%. Sabe-se que o aumento do nível de confiança, fixado o tamanho da amostra (ƞ). M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos CAPÍTULO 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 DEFINIÇÃO DO ESTUDO DE CASO Devido aos recorrentes problemas ocorridos no sistema de revestimento de argamassa em uma obra de edifício residencial de múltiplos pavimentos na cidade de Goiânia-Go, o presente trabalho visa analisar os possíveis agentes que contribuíram, aceleraram e potencializaram a ocorrência desses eventos. Primeiramente, alguns fatores são considerados como variáveis, sendo eles o local de aplicação, tipo de chapisco, tipo de reboco, tipo de acabamento, cura, limpeza do substrato e desmoldante. Além disso, busca-se analisar os resultados encontrados através dos ensaios de resistência à tração de revestimentos de argamassa, que foram realizados em diversas situações, sendo possível a comparação de resultados com base nas variáveis do problema. A área residencial do empreendimento é dividida em três torres (A, B e C), cada torre com 19 andares, 08 apartamentos por andar, com apartamentos de 55 m² (2 quartos) e 68 m² (3 quartos). 3.2 VARIÁVEIS DO ESTUDO DE CASO “A aderência é significativamente influenciada pelas condições da base, como a porosidade e absorção de água, resistência mecânica, textura superficial e pelas próprias condições de execução do assentamento de componentes da base. A capacidade de aderência da interface base-argamassa depende, ainda, da capacidade de retenção de água, da consistência e do teor de ar incorporado da argamassa. ” (BARRETO & BRANDÃO, 2014). Sendo assim, é analisada a influência dos mesmos na obra em questão com base nos fatores atuantes. 3.2.1 LOCAL DE APLICAÇÃO Segundo a NBR 13749 (ABNT, 2013), o local de aplicação é fator determinante da espessura do revestimento de argamassa, sendo que, em paredes internas, deve estar 0,5 cm e 2,0 cm e, em paredes externas, entre 2,0 cm e 3,0 cm. Além do local onde está sendo aplicado, é importante a verificação do tipo do substrato, relevante no seu desempenho. Na obra em questão, os problemas foram identificados em ambiente interno, sendo em substrato de concreto, alvenaria de bloco cerâmico e alvenaria de bloco de concreto, como demostrado nas figuras a seguir. 29 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Figura 8 – Descolamento de reboco em substrato de concreto e alvenaria de bloco cerâmico Fonte: autoria própria (estudo de caso) 30 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Figura 9 – Descolamento de reboco em substrato de concreto e alvenaria de bloco de concreto Fonte: autoria própria (estudo de caso) 3.2.2 TIPOS DE CHAPISCO Inicialmente, foi utilizado o chapisco rolado, aplicado com o rolo específico, conforme especificado na NBR 7200 (ABNT, 2013). Após os eventos de desplacamento,visando aumentar a resistência de aderência, foi aplicado o chapisco desempenado (também chamado de adesivo ou colante), em que se utilizou uma desempenadeira dentada, semelhante à aplicável em revestimentos cerâmicos. Segundo Oliveira et al (2009) apud Ruduit, as argamassas de chapisco desempenado apresentam melhor desempenho de aderência comparada aos outros tipos. Para a realização dos ensaios, foram testados pontos em que houve e não houve a cura do chapisco e pontos em que houve e não a limpeza do substrato para aplicação do mesmo. 31 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Figura 10 – Chapisco desempenado Fonte: autoria própria (estudo de caso) Figura 11 – Chapisco rolado Fonte: autoria própria (estudo de caso) 32 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos 3.2.3 REBOCO Independente do tipo de chapisco utilizado, o reboco permaneceu sendo executado da mesma maneira. Utilizou-se o sistema mecanizado, denominado sistema Matrix ®, onde a ‘’farofa’’ o qual está misturado cimento e areia é armazenado dentro de um silo com capacidade para 30 toneladas. A partir da armazenagem, ele é lançado através da tubulação até uma máquina, onde será regulado a quantidade de água que será adicionado ao cimento e areia no traço de 1:4 (uma parte de cimento para 4 partes de areia). Figura 12 – Silo para armazenamento Fonte: autoria própria (estudo de caso) 33 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Figura 13 – Máquina reguladora Fonte: autoria própria (estudo de caso) Depois de projetado o reboco com o chapisco rolado em primeira circunstância, evidenciou-se a patologia já citada anteriormente. Após constatado o desplacamento, os lugares onde ficaram sem revestimento, foi aplicado o novo tipo de chapisco, o desempenado. A Figura 14 mostra a parede revestida após a patologia evidenciada já com o novo tipo de chapisco onde fica perceptível o problema anterior. 34 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Figura 14 – Parede revestida após o desplacamento Fonte: autoria própria (estudo de caso) 3.2.4 TIPO DE ACABAMENTO Visando a garantia dos requisitos básicos de atendimento ao usuário, conforme especificado na NBR 15575-4 (ABNT, 2013), os acabamentos são necessários para assegurar segurança à edificação, estanqueidade, conforto térmico e acústico, desempenho lumínico, durabilidade e manutenibilidade. O empreendimento em questão é composto por acabamento por pintura e revestimento de cerâmica, sendo que as fachadas externas são compostas por pintura e, em locais específicos da parte interna, como área de serviço, cozinha e banheiros é revestida por cerâmica. Foram encontradas irregularidades no sistema de revestimento na parte interna dos apartamentos. Além disso, os ensaios foram realizados em locais que receberiam argamassa para pintura e em locais que receberiam argamassa de assentamento de revestimentos cerâmicos. 3.2.5 CURA “A cura úmida do revestimento influencia na resistência de aderência dos revestimentos, mas possui dependência com o tipo de preparo do substrato. Tal influência pode estar associada com a diminuição dos efeitos da retração da argamassa de revestimento nas primeiras idades, bem como da melhoria das condições de hidratação do cimento” (SCARTEZINI & CARASEK, 2003). 35 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Conforme especificação da NBR 7200 (ABNT, 1998), deve ser realizada a cura do chapisco por 3 dias, para que sejam atingidos o endurecimento e a resistência. Em alguns pontos, foi realizada a cura e, em outros, não. Com isso, através dos relatórios, é possível verificar qual a influência da cura do chapisco no produto final do revestimento de argamassa. 3.2.6 LIMPEZA DO SUBSTRATO Para garantir a aderência tanto no estado fresco quanto no estado seco, é necessário que a superfície que receberá a camada de chapisco esteja livre de qualquer substância deletéria e que prejudique sua adesão ao substrato. Normalmente, essas partículas são provenientes da desforma dos elementos de concreto estrutural, como pilares e vigas, restos do desmoldante e outras partículas decorrentes de material pulverulento gerado na obra. Na Figura 14, é possível verificar que a superfície de concreto estrutural não está limpa, podendo prejudicar a posterior aderência do chapisco. Figura 15 – Adesão inadequada entre revestimento e substrato por falta de limpeza no substrato Fonte: ABCP,2002 36 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos Figura 16 – Substrato com material pulverulento e sem limpeza Fonte: autoria própria (estudo de caso) Foram realizados os ensaios de resistência de aderência em locais no qual foi feita a limpeza e o lixamento do substrato e em locais que não foi realizado esse procedimento. 3.2.7 DESMOLDANTE Uma das maiores dificuldades de aderência ocorre no substrato de concreto estrutural, haja vista ser uma peça com baixa porosidade e aderência limitada. Após a realização da concretagem, uma película é criada entre a forma e o substrato, criada através do material utilizado para auxiliar na desforma do mesmo. A não limpeza do substrato faz com que a aderência do chapisco seja realizada com a película, que se adere de forma superficial ao concreto. Com isso, essa adesão superficial é facilmente desfeita após o chapiscamento, ocasionando em problemas na argamassa em seu estado seco. 3.3 MÉTODO DOS ENSAIOS REALIZADOS Para realização dos ensaios de resistência de aderência, foi utilizado como base a NBR 13528- 3 (ABNT, 2019). Foram extraídos 90 corpos de prova, sendo eles em revestimento de argamassa e em chapisco. Nas camadas de chapisco, foi realizado o ensaio em chapisco rolado, 37 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Materiais e Métodos convencional e colante, sendo a limpeza e a cura uma variável entre os corposde prova. Além disso, houve a variação do tipo do substrato, sendo ele de concreto estrutural, bloco de concreto e bloco cerâmico. Os ensaios foram realizados e os relatórios gerados por uma empresa terceirizada. A idade do revestimento foi padronizada em 14 dias para todos corpos de prova. Foi observado também a forma de ruptura considerando as porcentagens correspondentes a cada corpo de prova, ou seja, em qual local a ruptura estava ocorrendo, sendo elas no substrato, na interface substrato/chapisco, no chapisco, na interface chapisco/argamassa, na argamassa, na interface argamassa/cola ou na interface substrato/argamassa. 38 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Resultados esperados CAPÍTULO 4 RESULTADOS ESPERADOS 4.1 VIABILIDADE DA PESQUISA De acordo com o ensaio de determinação de resistência de aderência à tração de revestimento de paredes de argamassas inorgânicas, com base na NBR 13528-3 (ABNT,2019), foram obtidos os seguintes resultados para o reboco com chapisco rolado e o reboco com chapisco desempenado (em anexo). Anteriormente a esses resultados, observou-se uma falta de fixação entre substrato e o chapisco rolado utilizado. Assim, esse chapisco foi substituído por um novo chapisco, o desempenado. Então, foi ensaiado os dois tipos de chapisco através de um teste de arrancamento não normatizado onde obtivemos a média de cada resultado no gráfico abaixo: Figura 17 – Média de resistência de aderência do chapisco Após a obtenção dos resultados, fez também um ensaio não normativo comparando os chapiscos, porém utilizando a limpeza e a cura como fatores que pudesse influenciar no resultado da resistência de aderência. O parâmetro utilizado foi a carga de ruptura do chapisco, uma vez que quanto maior a dificuldade, melhor seria a resistência de aderência do mesmo. Tal comparação é mostrada nos gráficos abaixo: 0,01 0,11 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 TIPOS DE CHAPISCO R E S IS T Ê N C IA D E A D E R Ê N C IA ( M pa ) MÉDIA DE RESISTENCIA DE ADERENCIA DO CHAPISCO CHAPISCO ROLADO CHAPISO DESEMPENADO 39 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Resultados esperados Figura 18 – Carga de ruptura do chapisco desempenado Figura 19 – Carga de ruptura do chapisco rolado 13 25,3 0 5 10 15 20 25 30 Lixado e lavado Lavado e curado C A R G A D E R U PT U R A ( K G F) Carga de ruptura do chapisco desempenado Chapisco Desempenado 2,8 15,2 0 5 10 15 20 25 30 Lixado e lavado Lavado e curado C A R G A D E R U PT U R A ( K G F) Carga de ruptura do chapisco rolado Chapisco Rolado 40 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Resultados esperados Terminado os ensaios não normativos e já feita a aplicação do chapisco desempenado, obteve- se os resultados dos ensaios de resistência de aderência dos rebocos tanto com chapisco antigo (rolado), como do que seria utilizado adiante (desempenado). Na figura a seguir, mostra a comparação dos resultados dos rebocos: Figura 20 – Média da resistência de aderência do reboco Também obtivemos um comparativo entre o local de ruptura das amostras de reboco para os dois tipos de chapiscos utilizados, como mostra a figura abaixo: 0,23 0,33 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 R E S IS T Ê N C IA D E A D E R Ê N C IA ( M pa ) MÉDIA DA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA DO REBOCO CHAPISCO DESEMPENADO CHAPISCO ROLADO 41 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Resultados esperados Figura 21 – Local de ruptura das amostras em reboco para chapisco rolado Figura 22 – Local de ruptura das amostras em reboco para chapisco desempenado Local de Ruptura das Amostras em Reboco com Chapisco Rolado Arg/Chap - 15% Argamassa - 65% Subst/Arg - 17% Subst/Chap - 1% Substrato - 1% Local de Ruptura das Amostras em Reboco com Chapisco Desempenado Argamassa - 50% Chap/Arg - 50% 42 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________ M. P. S. MELO; P. H. PEREIRA Resultados esperados 4.2 SOLUÇÕES PREVISTAS/PROPOSTAS Em virtude dos fatos mencionados, vimos que uma série de fatores são determinantes para executar-se um revestimento com desempenho satisfatório. Em razão disso, vimos também as influências do substrato, argamassa, operador, local de aplicação são parâmetros em que servem como modelo para tal execução. Uma limpeza bem adequada do substrato, retirando todos os resquícios presentes da forma é uma solução bastante adequada quanto a influência do substrato. Já em relação a argamassa, a utilização de produtos de boa qualidade, além do uso do traço adequada, evidencia um revestimento com alto desempenho. A fiscalização junto ao operador também é de extrema importância uma vez que é ele quem faz também a cura do reboco, assim mantendo a hidratação correta do revestimento. Quanto a utilização, seja o tipo que for, usual, rolado ou desempenado, segue os mesmos cuidados em relação ao reboco, com a utilização de materiais de qualidade e quanto a fiscalização sobre a aplicação. 4.3 PREVENÇÃO Para obtermos desempenho cada vez mais satisfatórios, buscando otimizar os revestimentos das argamassas e ter boas resistências de aderência a tração, devemos preocupar com uma série de fatores. Em relação a argamassa, esta deve ser facilmente trabalhável, de consistência e plasticidade adequadas a fim de proporcionar qualidade e economia na aplicação, possuir boa retenção de água para combater sede de bases muito absorventes e garantir a hidratação dos aglomerantes prevenindo futuras trincas, rápido endurecimento suficiente para evitar atraso na produção, adesão inicial satisfatória que facilite sua aplicação e proporcione máxima extensão de aderência e ter boa durabilidade. Já em relação ao substrato, é necessário boa limpeza em sua superfície pois entre os poros pode ter a presença de fungos, grãos de areia, poeira, concentrações de sais, material pulverulento, resquícios do desmoldante e da forma que prejudica a aderência do chapisco e futuramente da argamassa em questão. Quanto a execução, deve estar atento na fiscalização quanto a limpeza, deixando a superfície menos porosa possível. Quanto ao sarrafeamento e desempeno da superfície pois contribuirá para um melhor acabamento posterior, quanto a cura desse revestimento pois é de suma importância a hidratação da argamassa. 43 Influência do tipo de chapisco na resistência de aderência em revestimentos de argamassa __________________________________________________________________________________________
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