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Apostila Biodisponibilidade Macros e Micros

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SUMÁRIO 
 
1. Introdução 
2. Metabolismo de macronutrientes 
2.1. Carboidratos 
2.2. Proteínas 
2.3. Lipídeos 
3. Referências bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Esta apostila tem objetivo de complementar a vídeo aula sobre 
metabolismo de Macronutrientes e micronutrientes desta pós-graduação, 
onde estão descritas as principais informações dos referidos metabolismos. 
 Desejo a todos um aproveitamento da aula e da apostila. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. METABOLISMO DE MACRONUTRIENTES 
 
2.1. Carboidratos 
 
 Os carboidratos (CHO) ou hidratos de carbono são compostos por 
carbono (C), hidrogênio (H2) e oxigênio (O2), na proporção de C : O : H2. 
Dentre as funções dos carboidratos, destaca-se o fornecimento energético, 
estruturação e proteção da parede celular, participação nos tecidos 
conjuntivos, lubrificação de articulações esqueléticas e estruturação de 
nucleotídeos e ácidos nucléicos [1]. 
 Em virtude da facilidade de obtenção dos carboidratos pela dieta, 
sua ingestão poderá perfazer aproximadamente 50% ou mais do valor 
energético total (VET). Cada uma grama de CHO corresponde a 4 calorias. 
São considerados uma ótima fonte de energia e podem ser encontrados em 
uma ampla variedade de alimentos. [2]. 
 Quanto a classificação, os CHOs são categorizados em 
monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Na 
tabela 1 encontram-se as categorias dos CHOs e seus representantes. 
 
Tabela 1 – Categorias e representantes dos CHOs. 
Categorias Representantes 
 
Monossacarídeos Glicose 
Galactose 
Frutose 
Dissacarídeos Sacarose 
Lactose 
Maltose 
Oligossacarídeos Inulina 
Fruto-oligossacarídeos 
Galacto-oligossacarídeos 
Rafinose 
Polissacarídeos Amido 
Glicogênio 
Celulose 
 
 Os monossacarídeos podem apresentar entre 3 a 7 átomos de 
carbono, sendo eles trioses, tetroses, pentoses, hexoses ou heptoses. Destes, 
os monossacarídeos de maior destaque são as representantes das hexoses, 
tais como glicose, galactose e frutose. Essas moléculas encontram-se 
basicamente como componentes de dissacarídeos e polissacarídeos [1,2]. 
 A glicose é o maior e o principal monossacarídeo, sendo encontrado 
nos alimentos (em associação – por exemplo: dissacarídeos), produzido pelo 
corpo (processo digestório de CHO complexos) e sintetizada a partir de 
aminoácidos (AA), glicerol, piruvato ou lactato. Um fato importante é a 
necessidade específica e regular de glicose para as atividades 
desempenhadas pelo cérebro. Para tal, o organismo humano apresenta 
mecanismos fisiológicos que atuam na manutenção dos níveis adequados de 
suprimento de glicose, o que permite a manutenção deste fornecimento 
regular de glicose [2]. 
 A frutose ou levulose é o mais doce dos monossacarídeos, encontra-se 
nas frutas, mel e xarope de milho. Dentre suas fontes, o xarope de milho 
apresenta alto teor de frutose e é fabricado de forma enzimática alterando 
a glucose do amido de milho para frutose. Assim, a indústria alimentícia 
utilizado o xarope por ser mais doce e mais barato que outros açúcares [2]. 
 O elevado consumo de frutose tornou-se alvo de estudo de diversos 
pesquisadores, pois este consumo foi associado a obesidade, diabetes 
mellitus (DM), síndrome metabólica e resistência periférica a insulina (RPI) [3]. 
Também se sabe que este elevado consumo poderá contribuir para 
diminuição dos níveis de High Density Lipoproteins (HDL) colesterol, aumento 
do risco desenvolvimento de doenças coronarianas, hipertensão arterial 
sistêmica (HAS) e esteatose hepática não alcoólica [4]. 
 Em ensaio clínico randomizado realizado por Matikainen e 
colaboradores, foi testado o consumo de bebidas adoçadas com a hipótese 
de verificar se o alto consumo de frutose relaciona-se com desenvolvimento 
de RPI e com a diminuição da resposta de incretina. O consumo de frutose 
estabelecido foi de 75 gramas/dia durante 12 semanas, em 66 homens 
obesos, enquanto mantinham seu estilo de vida prévio. A intervenção de 
frutose não piorou as respostas de glicose e insulina durante o teste de 
tolerância oral à glicose, e as respostas de peptídeo glucagon (GLP-1) e 
peptídeo insulinotrópico (GIP) durante o mesmo teste permaneceram 
inalteradas. Logo, os autores concluíram que o consumo de 75 gramas/dia 
de frutose não alterou as respostas de glicose, insulina, GLP-1 ou GIP durante 
as respostas de teste de tolerância [5]. 
 Ainda sobre o metabolismo da frutose, é descrito na literatura científica 
um distúrbio denominado de intolerância hereditária à frutose, onde ocorre 
a ausência da enzima fosfofrutoaldolase, que atua na metabolização e em 
sua ausência a frutose 1-fosfato acumula-se no organismo, ocasionando 
menor formação glicogênio e ineficácia na conversão em glicose [1]. 
 A galactose e a frutose são metabolizadas no fígado através da 
atuação nas vias metabólicas para a glicose. Porém, a galactose é 
produzida a partir da lactose pela hidrólise na digestão. Outro distúrbio 
metabólico refere-se a galactose, intitulado de galactosemia é 
caracterizado pela incapacidade de metabolizar a galactose, gerando um 
acúmulo sérico deste carboidrato. Este distúrbio ocorre pela ausência da 
enzima galactose 1-fosfauridiltransferase, que é uma das enzimas necessárias 
para a metabolização da galactose [1,2]. 
 Os dissacarídeos são a combinação entre dois monossacarídeos com 
a reação de condensação existirá a liberação de uma molécula de água. 
Esta junção é entre o aldeído ou cetona e uma hidroxila. Na figura 1, 
encontram-se os três principais dissacarídeos e suas combinações estruturais 
[1]. 
 
Figura 1 – Componentes estruturais dos principais dissacarídeos. 
 
 
 A sacarose encontra-se naturalmente presente em diversos alimentos e 
na forma de aditivo nos alimentos ultraprocessados. Cabe destacar que a 
sacarose apresenta menor teor de doçura que o açúcar invertido (glicose + 
frutose), provavelmente por isso a indústria alimentícia opte pelo uso do 
açúcar invertido [2]. 
 A lactose é constituída pela união entre a galactose e a glicose, sendo 
produzida nas glândulas mamárias de todos os mamíferos. Para sua absorção 
intestinal, a lactose requer hidrólise através da enzima lactase [2]. No entanto, 
a expressão da lactase obtém seu pico ao nascimento do bebê, pois essa 
capacidade de digestão durante a amamentação torna-se essencial para 
a saúde da criança. Após os primeiros meses de vida, a atividade da lactase 
começa a diminuir e ocorre um declínio após o desmame [6]. 
 E a maltose é formada pela hidrólise do amido no processo digestório, 
sendo raramente encontrada de forma natural nos alimentos. Porém, a maltose 
comumente é consumida como aditivo em diversos alimentos industrializados 
[2]. 
Sacarose Glicose Frutose
Lactose Glicose Galactose
Maltose Glicose Glicose
 Os oligossacarídeos são os carboidratos resultantes da união entre 
duas a dez moléculas de monossacarídeos, ademais encontram-se 
naturalmente em muitos alimentos e em tecidos vegetais, além de serem 
sintetizados no metabolismo. Suas propriedades biológicas e físico-químicas 
relacionam-se as fibras dietéticas, que intensificam o crescimento da 
flora/microbiota intestinal, melhoram os sintomas de constipação e auxiliam na 
diminuição dos lipídios sanguíneos [1,2]. 
 As fontes de oligossacarídeos são inulina, fruto-oligossacarídeos (FOS), 
galacto-oligossacarídeos e rafinose. A inulina atua na redução dos níveis de 
lipídios séricos e é encontrada nos seguintes alimentos: alcachofra, chicória, 
cebola e aspargos [1]. Os FOS e os galacto-oligossacarídeos desempenham 
atividade prebiótica, isto é, são substratos que estimulam o crescimento e/ou 
ativam o metabolismo de bactérias benéficas no intestino [7]. 
 A união entre galactose, frutose e glicose origina a rafinose, sendo 
encontrada nos seguintes alimentos:feijão, repolho, brócolis e couve de 
Bruxelas [1]. 
 Por fim, os polissacarídeos são os carboidratos com mais de dez 
unidades de monossacarídeos, sendo considerados CHOs grandes. São 
insolúveis em água, logo não alteram o equilíbrio osmótico celular e podem 
apresentar estruturas de ramificação (ramificados). Esta categoria de CHOs 
desempenha duas funções biológicas importantes, a de reserva energética e 
de estruturação celular. Além disso, suas principais modalidades bioquímicas 
que desempenham a função de reserva energética são amido e glicogênio. 
Já a celulose atua na estruturação celular [1]. 
 O amido está presente na forma de grânulos nas plantas, nas 
comestíveis existe a produção de dois tipos de amido, sendo eles a 
amilopectina e a amilose. As fontes dietéticas de amido seriam a mandioca, 
batata doce, batata, cará, frutos e sementes [1]. Amilose poderá conter entre 
15 a 20% de moléculas de amido em sua composição, apresenta estrutura 
enrolada não ramificada (linear) e uma parte solúvel do amido [2]. 
 A amilopectina apresenta entre 80 a 85% de moléculas de amido, com 
cadeia altamente ramificada, de alto peso molecular e abundante em 
diversos alimentos, tais como tubérculos amiláceos e grãos. Os amidos 
advindos do arroz, batata, milho e tapioca são polímeros de glicose e suas 
propriedades organolépticas (cor, sabor, textura) são definidas pelas 
combinações de amilose e amilopectina, além do grau absortivo ou de 
atuação enzimática para tal processo [2]. 
 O glicogênio é o polissacarídeo de reserva energética animal, sua 
utilização é direcionada à manutenção das concentrações séricas de 
glicose entre as refeições. Esta reserva tem disponibilidade rápida e 
encontra-se nas células do fígado e dos músculos. No entanto, o 
armazenamento de glicogênio hepático é responsável pelo auxílio no 
controle hormonal da glicemia [2]. 
 Já os polissacarídeos relacionados a estruturação celular, também 
conhecidos por fibras alimentares (FA), desempenham diversas funções 
orgânicas. A celulose é um polímero de cadeia longa composto por somente 
uma glicose, encontrada nas paredes celulares das plantas em combinação 
com a lignina, hemicelulose e pectina. A celulose é considerada o 
componente de mais abundante. A partir desta combinação são formadas 
as fibras alimentares ou dietéticas, que são indigeríveis pelo ser humano [1,2]. 
Conforme a Tabela 2, encontram-se as funções de cada componente celular 
das fibras alimentares. 
Tabela 2 – Funções dos componentes celulares das fibras alimentares. 
Componentes celulares Funções 
Celulose Sustentação das paredes celulares 
Lignina Rigidez, impermeabilidade e 
resistência aos ataques 
microbiológicos e mecânicos 
Hemicelulose Elasticidade 
Pectina Retenção hídrica e gelatinização 
Goma Formação de gel, diminuição do 
esvaziamento gástrico, digestão 
mais lenta e aumento do tempo de 
trânsito intestinal 
 
 
 As FAs são caracterizadas por componentes vegetais intactos e 
indigeríveis ao trato gastrointestinal humano. Dentre as fibras, destaca-se a 
categoria das fibras funcionais que são os CHO não digeríveis extraídos ou 
produzidos a partir de vegetais. Seus representantes são quitina, frutanos, 
betaglucanas, polidextrose, polióis e psyllium [1,2]. 
 A quitina atua na redução da concentração de colesterol sérico, 
contém glicopiranose e encontra-se em suplementos de caranguejo ou em 
cascas de lagosta. Assim como a betaglucana que também contém 
glicopiranose e apresenta ação semelhante a quitina. Suas fontes são a 
aveia e o farelo de cevada [2]. 
 Os frutanos são advindos de polímeros de frutose, frequentemente 
ligados a uma molécula de glicose. São subdivididos em 
frutooligossacarídeos (FOS), inulina, frutanos tipo inulina e oligofrutose [2]. 
Uma importante função deste grupo de fibras refere-se à ação prebiótica 
que auxilia na estimulação do crescimento e/ou atividade de bactérias 
probióticas presentes no cólon, tornando-se benéfica para o hospedeiro [8]. 
 Deste modo, os prebióticos atuam em conjunto com os probióticos 
objetivando a estimulação do crescimento de bactérias intestinais. 
Essencialmente os prebióticos são os substratos energéticos para este 
crescimento equilibrado, por isso diversos alimentos utilizam a incorporação 
de frutanos para obtenção deste potencial orgânico. Os componentes 
prebióticos mais utilizados são inulina, frutanos tipo inulina e FOS. Porém, estes 
componentes podem ser encontrados em diversos alimentos, de forma natural 
e íntegra, tais como no trigo, cevada, centeio, cebola, alho, aspargo, 
banana, chicória, tomate e girassol [8]. E também podem ser obtidos em 
suplementos nutricionais industriais ou modulados em farmácias de 
manipulação, além de fórmulas de nutrição enteral [9]. 
 A polidextrose e outros polióis são polímeros de álcoois açúcares, 
formulados industrialmente e comumente utilizados como substitutos do 
açúcar nos alimentos. Também apresentam o caráter de indigeríveis pelo 
trato intestinal e auxiliam no aumento do volume fecal, através do potencial 
de fermentação no intestino delgado [2]. Na Tabela 3 encontram-se descritos 
os principais alimentos fontes de fibras. 
 
Tabela 3 – Fontes alimentares das fibras. 
Fibras Fontes alimentares 
Celulose Trigo integral 
Farelo de trigo 
Cenoura 
Vegetais 
Hemicelulose Farelo 
Grãos integrais 
Lignina Frutas 
Sementes 
Vegetais maduros 
Goma Aveia 
Legumes 
Goma guar 
Cevada 
Pectina Maçã 
Morango 
Frutas cítricas 
Cenoura 
Quitina Suplemento de caranguejo 
Casca de lagosta 
Frutano e inulina Chicória 
Cebola 
Betaglucana Aveia 
Farelo de cevada 
Polissacarídeos de algas Isolado de algas 
Algas marinhas 
Psyllium Sementes de psyllium 
 
 Por fim, foram apresentadas as diversas funções das fibras alimentares 
no organismo humano. Essas funções subdividem-se conforme a solubilidade 
das fibras, por exemplo as fibras insolúveis auxiliam no aumento da 
capacidade de retenção de água e aumento do volume do bolo fecal, 
ocasionando em aumento do número de evacuações diárias e alteração do 
trânsito intestinal. Já a desaceleração do tempo de trânsito intestinal, ligação 
a outros nutrientes (colesterol e minerais) e diminuição da absorção são 
características funcionais das fibras solúveis [2, 8, 9]. 
 
 
2.2. Proteínas 
 
 As proteínas são macromoléculas presentes em todas as células dos 
organismos vivos e diferem-se dos carboidratos e lipídios por conterem 
nitrogênio em sua composição. Ainda, as concentrações de proteínas no 
fígado e no músculo correspondem a 20% do peso úmido corporal [10]. 
 As proteínas são compostas pelos seguintes grupos: amina, 
hidrocarboneto, cadeia lateral ou R e carboxila gerando um AA. Assim, a 
combinação, posição e ligações entre os elementos dos AA dão origem a 
proteínas diferentes. A estrutura das proteínas é um componente importante 
para sua função [1]. 
 Quanto a origem das proteínas, podem ser adquiridas por via 
exógena ou via endógena. Sendo a via exógena através da ingestão 
alimentar, e endógena é advinda da degradação das proteínas celulares 
do organismo [10]. 
 Em relação a classificação proteica, destacam-se os AA essenciais e 
não essenciais conforme a Tabela 4. A síntese proteica necessita da presença 
de todos os AA necessários durante o processo, além disso muitos AA podem 
ser sintetizados a partir dos esqueletos de carbonos provenientes de vias 
metabólicas, através do processo denominado transaminação [2]. 
 Neste sentido, a transaminação desempenha um importante papel 
metabólico, pois colabora com a produção AA não essenciais a partir de 
intermediários metabólicos [2,10]. 
 
Tabela 4 – Classificação estrutural dos aminoácidos. 
Essenciais Não E 
ssenciais 
Fenilalanina Glicina 
Triptofano Alanina 
Valina Prolina 
Leucina Tirosina 
Isoleucina Serina 
Metionina Cisteína 
Treonina Ácido aspártico 
Lisina GlutamatoHistidina Asparagina 
- Glutamina 
- Arginina 
 
 As funções primárias das proteínas no organismo são classificadas em: 
proteínas enzimáticas, transportadoras, contráteis, estruturais, defesa, 
reguladoras e nutritivas/reserva [10]. Os respectivos exemplos encontram-se 
na Figura 2. 
 
 
 
 
Figura 2 – Classificação das proteínas de acordo com funções orgânicas. 
 
Nutritivas/Reserva
Gliadina Ovoalbumina Caseína
Reguladoras
Insulina Hormônio do crescimento Corticotrofina
Defesa
Anticorpos Toxina botulínica Toxina Diftérica
Estruturais
Queratina Colágeno Elastina Proteoglicanas
Contráteis
Actina Miosina
Transportadoras
Hemoglobina Albumina Lipoproteínas
Enzimáticas
Ribonucleases Tripsina Lipase Amilase
 
 As principais funções das proteínas reconhecidas cientificamente são: 
crescimento e reparação tecidual, transporte e armazenamento de 
substâncias, catalizadoras de reações, regulação metabólica e proteção, 
contração muscular, precursor de diversos componentes biológicos 
(catecolaminas, creatina, carnitina) e produção de energia [2]. 
 Em relação as necessidades proteicas, sabe-se da importância da 
quantidade, tipo e distribuição diária da carga proteica. As evidências 
científicas sugerem que a ingestão proteica de alta qualidade, isto é, de 1,2 
a 1,6 g/kg/dia é um alvo ideal de consumo para adultos saudáveis. Conforme 
a resistência anabólica, estilo de vida sedentário e as patologias 
desenvolvidas ao envelhecer, os idosos necessitariam de ≥ 1,2 (com variação 
entre 1,0 – 1,3) g/kg/dia para auxiliar na prevenção de sarcopenia e 
desnutrição [11]. 
 Quanto a qualidade das proteínas, as proteínas de alto valor 
biológico são provenientes de fontes animais, tais como leite, ovos, carnes, 
aves e peixes; fornecem uma boa concentração de AA essenciais, em 
comparação as proteínas vegetais. Os alimentos proteicos de origem vegetal 
fornecem alguns AA essenciais, por isso são considerados fontes proteicas de 
baixo valor biológico e/ou incompletas [10]. 
 A inclusão de uma fonte proteica no café da manhã tornou-se uma 
abordagem nutricional simples e eficaz para aumentar o consumo total nos 
idosos e auxiliar na saciedade de adultos. Assim como, a inclusão de 30 g 
de proteínas em cada refeição mostrou-se auxiliar no controle do apetite, 
saciedade e controle/redução do peso corporal [11]. 
 Cabe destacar que ingestão proteica deverá ser restrita em pacientes 
com doença renal crônica (DRC), de acordo com as recomendações do 
KDOQI, variando entre 0,3 a 0,8 g/kg/dia de proteína total conforme o 
estágio da DRC. Neste paciente torna-se de extrema importância a 
avaliação da taxa de filtração glomerular, parâmetros urinários de 24 horas, 
proteínas totais séricas, ureia sérica, creatinina sérica e demais parâmetros 
para adequada avaliação clínica do indivíduo [12]. 
 
 
2.3. Lipídios 
 
 Os lipídios são definidos pelo conjunto de substancias químicas que 
têm solubilidade em solventes orgânicos e baixa solubilidade em água. 
Encontram-se distribuídos em todos os tecidos, principalmente nas membranas 
células e nas células de gorduras (adipócitos). Os lipídios ao sofrerem 
hidrólise fornecem ácidos graxos (AG) e outros compostos [2]. 
 De acordo com a I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde 
Cardiovascular, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, as interações 
metabólicas relacionadas aos lipídios e suas recomendações foram 
norteadas para a aplicação na população brasileira [13]. Na tabela 5 estão 
apresentadas as funções da VLDL, LDL e HDL. 
 
Tabela 5 – As funções e possíveis relações com a saúde das moléculas de 
VLDL, LDL e HDL colesterol. 
Tipo Função Relação com estado 
de saúde 
VLDL Transportar os 
triglicerídeos para o 
tecido adiposo para 
serem armazenados. 
Encontram-se 
aumentados em 
quadros de 
hipertrigliceridemia. 
LDL LDL é derivada da 
lipólise da VLDL. 
Acúmulo de LDL resulta 
em hipercolesterolemia, 
maior preditor de risco 
para aterosclerose e 
doença cardíaca 
coronariana. 
HDL Transporta o colesterol 
dos tecidos periféricos 
para o fígado, leva 
colesterol para 
glândulas produtoras 
de hormônios 
esteroides. 
Níveis diminuídos de HDL 
são fatores de risco 
para desenvolvimento 
de aterosclerose. 
 
 As recomendações do consumo de ácidos graxos saturados (AGS) são 
de até 7% do VET, e são indicadas tanto pela ação dos AGS no aumento 
de Low Density Lipoproteins (LDL) colesterol, quanto no aumento do risco de 
doença cardiovascular (DCV), evidenciado pelos diversos estudos 
epidemiológicos apresentados na referida diretriz. Entre os vários 
componentes dietéticos, são os AG trans que mais aumentam LDL, seguido 
dos AG saturados, que também aumentam HDL e não alteram a relação 
colesterol total (CT)/HDL, se comparados ao consumo de CHO [2,13]. 
 O consumo de 1% do VET de AGS esta ́ associado com aumento de 
1,3 a 1,7 mg/dL no LDL e 0,4 a 0,5 mg/dL de HDL. A substituição por ácidos 
graxos poli-insaturados (AGP) e ́ considerada a melhor escolha, pois pode 
ocasionar diminuição do LDL, aumento da razão HDL/LDL, diminuição da 
razão CT/HDL, redução de risco de DCV [13-15]. 
 A referida diretriz saliente que não é recomendado o consumo de coco 
e óleo de coco para tratamento de hipercolesterolemia, sendo necessários 
estudos adicionais para orientar seu uso nas demais alterações metabólicas. 
Quanto ao consumo de óleo de palma ou de alimentos contendo grande 
quantidade deste óleo, não e ́ recomendado para indivíduos com dislipidemia 
ou na prevenção da dislipidemia e das doenças cardiovasculares. Estudos 
em humanos e animais, que comparam o efeito metabólico de diferentes 
dietas, entre elas dieta com alto teor de óleo de palma, observaram aumento 
significativo de LDL e do colesterol total [13]. 
 Embora seja conhecido que o consumo de gorduras saturadas 
aumenta os níveis de CT, o consumo regular de manteiga de cacau e 
chocolate rico em cacau não se relaciona a esse aumento. As quantidades 
de ácido graxo esteárico são responsáveis pelo efeito neutro sobre o 
metabolismo do colesterol. Deve-se ter cuidado, no entanto, com chocolate 
confeccionado com leite, pois poderá conter grande quantidade de ácidos 
graxos mirístico e láurico, conhecidamente hipercolesterolêmicos [13]. 
 Quando comparada a dieta hipolipídica ou a dietas pobres em 
gorduras, mas ricas em CHO, a dieta rica em ácidos graxos monoinsaturados 
(MUFA) proporciona efeitos mais favoráveis sobre os níveis de triglicérides e 
HDL, para o mesmo grau de redução da colesterolemia. Sabe-se de uma 
relação entre tipo de gordura consumida e características qualitativas do 
LDL. Ademais, as dietas contendo MUFA em substituição ao AGP tornam a LDL 
menos suscetível a ̀ oxidação [13]. 
 Já quanto aos efeitos no perfil glicídico, estudos mecanísticos em 
humanos demonstraram que intervenções de curto prazo, com substituição de 
PUFA por AGP, ou o simples aumento do consumo de AGP, poderá acarretar 
em melhoras na resistência a insulina, resposta da célula beta na produção 
de insulina, aumento da resposta de produção de incretinas (aumento de 
GLP-1) e redução do clearance de insulina [13]. 
 E sobre a pressão arterial (PA), estudos mostraram que modificações 
nas proporções das gorduras, com redução de AGS e aumento de MUFA, 
podem colaborar para uma redução da pressão arterial. No entanto, esse 
efeito benéfico poderá ser anulado, se a gordura total consumida for 
excessiva [13]. 
 A disfunção do endotélio esta ́ intimamente associada a ̀ inflamação da 
parede vascular. Assim como ocorre para os efeitos da suplementação com 
AG ômega-3 marinho sobre a resposta inflamatória, os efeitos sobre a função 
endotelial in vivo, em humanos, são controversos. Uma análise recente de 33 
ensaios de intervenção sugere que os AG ômega-3 de origem marinha podem 
melhorar a função endotelial em sujeitos dislipidêmicos com sobrepeso e em 
diabéticos,embora os resultados sejam conflitantes em pacientes com DCV e 
inconsistentes em indivíduos saudáveis [13,14]. 
 Os possíveis mecanismos de ação do o ̂mega-3 seriam os seus efeitos 
hipotrigliceridêmicos (4 g/dia de o ̂mega-3 - óleo de peixe - provocam uma 
redução de 25 a 30% na concentração de triglicerídeos séricos e aumento 
de 1 a 3% no HDL), além de efeitos benéficos sobre a PA (≥ 3 g/dia), efeito 
antitrombótico (diminuição das plaquetas de agregação e melhora função 
endotelial, pela redução da expressão de moléculas de adesão) e efeito 
estabilizador do miocárdio, reduzindo a mortalidade e eventos arrítmicos pós 
infarto [16]. 
 Na meta-análise de Mozaffarian & Richa, o consumo de peixe ou de 
óleo de peixe, em uma ingestão modesta de 250- 500mg/dia de ácido 
eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), em quantidade 
encontrada em 25g de salmão ou 50g de atum, foi capaz de reduzir em 25% 
ou mais o risco relativo de mortalidade por DCV [17]. 
 Em sua revisão, McKenney & Sica constataram que a magnitude da 
redução de triglicerídeos (TG) e ́ dependente do nível basal deste lipídio no 
plasma. Assim, o tratamento com EPA e DHA promoveu redução de 27% em 
pacientes que apresentavam TG inicial por volta de 250mg/dL e redução de 
45% naqueles com níveis basais de 900mg/dL [18]. 
 Os indivíduos hipertrigliceridêmicos devem consumir de 2g a 4g por 
dia de EPA e DHA (AG dos quais o o ̂mega-3 é precursor). Quanto aos AG 
ômega-6, principais ácidos graxos encontrados nos óleos de soja, canola, 
milho, girassol, existem evidências que, embora não conclusivas, permitem 
sugerir a substituição de AGS e trans por AGP com o objetivo de diminuir o 
risco de DM tipo 2 [13]. 
 Além disso, ha ́ evidências de um maior efeito protetor dos AG ômega-
6 em relação aos ômega-3 sobre o risco de DM. Em teoria, o aumento da 
ingestão de ômega-6 poderia elevar a geração de mediadores inflamatórios 
implicados com diversas processos patológicos, incluindo aterosclerose e seus 
fatores de risco tradicionais, como HAS, DM e obesidade. No entanto, a real 
relevância clínica deste possível efeito ainda não esta ́ bem determinada. A 
relação ômega-6/ômega-3, originalmente em torno de 1:1 a 2:1, encontra-
se entre 15:1 a 40:1 na dieta ocidental [13]. 
 Quanto o consumo de AG trans está relacionado com alteração no 
perfil lipídico (aumento de colesterol total e LDL, diminuição de TG e aumento 
de partículas de LDL e diminuição de HDL), aumento da sensibilidade 
insulínica, especialmente em indivíduos com predisposição a resistência 
insulínica, aumento da inflamação, e assim, aumento de risco para DCV. O 
consumo de AG trans proveniente de produtos industrializados deverá ser o 
mínimo possível, não ultrapassando 1% do VET [13]. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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