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Referências: 1. Goodman e Gilman 12° ed. capítulo 57 2. bestpractice.bmj.com ANTIFÚNGICOS Prof. Marcelo Sato Ao longo dos últimos anos, a ocorrência de infecções fúngicas humanas vem apresentando um aumento expressivo, sendo as dermatomicoses* as principais infecções responsáveis por esse aumento. *micoses causadas por dermatófitos FATORES PROVAVELMENTE RESPONSÁVEIS: 1. Melhor diagnóstico laboratorial e clínico. 2. O aumento da sobrevida de pacientes com doenças imunossupressoras. 3. Emprego de medicamentos imunossupressores, utilizados às vezes de forma abusiva, permitindo a instalação de microorganismos convencionalmente saprófitos. 4. Uso generalizado de antibióticos de amplo espectro. Sidrim et al., 1999 PRINCIPAIS AGENTES 1. FUNGOS PATÓGENOS : • Epidermophyton • Microsporum • Trichophyton • Malassezia • Paracoccidioides • Histoplasma 2. FUNGOS PATÓGENOS OPORTUNISTAS: • Candida albicans • Cryptococcus neoformans • Aspergillus sp. Dermatófitos FATORES QUE FAVORECEM O APARECIMENTO DE DOENÇA FÚNGICA OPORTUNISTA IMPORTANTE Antes do tratamento de qualquer infecção que se julgue ser de origem fúngica, deve-se identificar o agente etiológico, porque os antifúngicos são geralmente inativos contra bactérias e muitos têm espectro de ação estreito. COMO COLETAR AMOSTRAS PARA ANÁLISE MICOLÓGICA? 1. Escovação do couro cabeludo 2. Raspagem 3. Cortes das unhas O QUE PEDIR? 1. Micológico direto 2. Cultura 3. Antibiograma para fungos (antifungigrama) Pré-analítico: não utilizar antifúngico tópico ou sistêmico nos 3 dias que antecedem o exame. MICOSES SUPERFICIAIS http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e7/Ascomycetes.jpg DERMATOFITOSE OU TINEA Tinea capitis Tinea barbae Tinea corporis Tinea cruris Tinea mannum Tinea pedis Tinea unguium Tinea versicolor* ➢Tinha da cabeça ➢Tinha da barba ➢Tinha do corpo ➢Tinha crural ➢Tinha da mão ➢Tinha do pé ➢Tinha da unha (onicomicose) ➢- *Malassezia spp. TINHA DO COURO CABELUDO TINHA DO COURO CABELUDO TINHA DO COURO CABELUDO KERION CELSI TINHA DA ORELHA TRATAMENTO 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral* ✓ Crianças < 20 kg = 62,5 mg/dia 20-40 Kg = 125 mg/dia > 40 Kg = 250 mg/dia ✓ Adultos 250 mg/dia * comprimidos de 125 e 250 mg 4 semanas TRATAMENTO 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral* ✓ Crianças < 20 kg = 62,5 mg/dia 20-40 Kg = 125 mg/dia > 40 Kg = 250 mg/dia ✓ Adultos 250 mg/dia * comprimidos de 125 e 250 mg 4 semanas TINHA DA BARBA TINHA DAS MÃOS TRATAMENTO 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral ✓ Adultos 250 mg/dia 2. Itraconazol (Sporanox®) por via oral* ✓ Adultos 200 mg/dia * comprimidos de 100 mg 4 semanas 2 semanas TINHA DO CORPO TINHA DO CORPO TINHA NEGRA E TINHA CRURAL TINHA CRURAL TINHA DO PÉ TINHA DO PÉ TINHA DO PÉ TRATAMENTO A. Se a lesão for localizada 1. Terbinafina 1% por até 6 semanas B. Se a lesão for extensa 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral 2. Itraconazol (Sporanox®) por via oral 100 mg/VO por 15 dias ou 200mg/VO por 7 dias. * creme 10 mg/g TRATAMENTO A. Se a lesão for localizada 1. Terbinafina 1% por até 6 semanas B. Se a lesão for extensa 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral 2. Itraconazol (Sporanox®) por via oral 100 mg/VO por 15 dias ou 200mg/VO por 7 dias. * creme 10 mg/g TRATAMENTO * creme 10 mg/g TINHA DA UNHA (ONICOMICOSE) ONICOMICOSE ONICOMICOSE TRATAMENTO 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral ✓ Adultos 250 mg/dia 2. Itraconazol (Sporanox®) por via oral ✓ Adultos 200 mg/dia 200 mg/2x/dia por 7 dias/mês * para micose das unhas das mãos o tratamento deve ser de apenas 6 semanas! Se a onicomicose não responder a tratamento antifúngico prolongado, considerar diagnósticos alternativos para a alteração da placa ungueal, incluindo trauma, psoríase e líquen plano. 3 a 6 meses* 3 meses* TRATAMENTO 1. Terbinafina (Lamisil®) por via oral ✓ Adultos 250 mg/dia 2. Itraconazol (Sporanox®) por via oral ✓ Adultos 200 mg/dia 200 mg/2x/dia por 7 dias/mês * para micose das unhas das mãos o tratamento deve ser de apenas 6 semanas! Se a onicomicose não responder a tratamento antifúngico prolongado, considerar diagnósticos alternativos para a alteração da placa ungueal, incluindo trauma, psoríase e líquen plano. 3 a 6 meses* 3 meses* TINEA VERSICOLOR (Malassezia spp.) TRATAMENTO 1. Itraconazol (Sporanox®) por via oral ✓ Adultos 200 mg/dia por 1 semana 2. Cetoconazol (Cetonax®) por via oral* ✓ Adultos 200 mg/dia por 4 semanas * comprimidos de 200 mg MOTIVOS PARA O FRACASSO DO TRATAMENTO 1. Baixa adesão ao tratamento: 2. Dermatófito resistente a medicamento(s): considerar a troca de fármaco se houver suspeita de resistência, embora seja de ocorrência muito rara. 3. Reinfecção por contatos próximos: deve ser sempre considerada em casos persistentes ou recorrentes, e os contatos devem ser examinados. 4. Diagnósticos alternativos: a tinea pode mimetizar uma variedade de outras condições. 5. Causas raras de infecção nos pés: viajar ou morar no exterior pode levar à contaminação por espécies fúngicas mais exóticas e resistentes ao tratamento. DICAS 1. Pacientes com tinea cruris devem ser examinados em busca de tinea pedis*. 2. Pacientes com celulite recorrente na perna podem ter tinea pedis como porta de entrada para bactérias. 3. Tinea capitis e onicomicose raramente respondem a tratamento tópico. 4. Parentes de uma criança com tinea capitis devem ser examinados em busca de infecção simultânea. 5. Crianças com tinea capitis geralmente apresentam linfadenopatia occipital associada. *A tinea pedis e a tinea cruris costumam apresentar recorrência após tratamento bem- sucedido em pessoas suscetíveis, que devem ser aconselhadas a manter seco o local afetado para evitar reincidência. CANDIDÍASE Candida albicans (70%) Candida tropicalis (6,9%) Candida glabrata (6,6%) Candida parapsilosis (1,9%) Candida Krusei (1,7%) CANDIDÍASE http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Oral_thrush_Aphthae_Candida_albicans._PHIL_1217_lores.jpg TRATAMENTO CANDIDÍASE VAGINAL Candidíase oral ✓Fluconazol 100 mg/VO/dia por 7-10 dias* Candidíase vulvovaginal ✓Fluconazol 150 mg/VO em dose única ✓Recorrência: Fluconazol 150 mg/VO/1x/semana *nos casos refratários usa-se itraconazol 200 mg/dia! TRATAMENTO CANDIDÍASE VAGINAL Candidíase oral ✓Fluconazol 100 mg/VO/dia por 7-10 dias* Candidíase vulvovaginal ✓Fluconazol 150 mg/VO em dose única ✓Recorrência: Fluconazol 150 mg/VO/1x/semana *nos casos refratários usa-se itraconazol 200 mg/dia! TRATAMENTO CANDIDÍASE VAGINAL Candidíase oral ✓Fluconazol 100 mg/VO/dia por 7-10 dias* Candidíase vulvovaginal ✓Fluconazol 150 mg/VO em dose única ✓Recorrência: Fluconazol 150 mg/VO/1x/semana *nos casos refratários usa-se itraconazol 200 mg/dia! RESUMINDO... 1. Terbinafina (tópico e sistêmico) 2. Itraconazol (sistêmico) 3. Fluconazol (sistêmico) LINHA DO TEMPO ALILAMINAS Terbinafina e Naftifina Mecanismo de ação: inibe a esqualeno epoxidase, enzima chave na biossíntese do ergosterol fúngico. São fungicidas para dermatófitos, mas fungistáticos para cândida. ✓Bem absorvida ✓99% ligada a proteína plasmática ✓Contraindicado em hepatopatas ✓Categoria B (gestação) AZÓIS 1. Clotrimazol 2. Cetoconazol 3. Fenticonazol 4. Miconazol* 5. Econazol 6. Butoconazol 7. Oxiconazol 8. Sertaconazol 9. Sulconazol 1. Fluconazol 2. Itraconazol 3. Voriconazol 4. Terconazol 5. Posaconazol * miconazol tópico é considerado seguro durante a gestação! DERIVADOS IMIDAZÓLICOS DERIVADOS TRIAZÓLICOS obs: são metabolizados mais lentamente e exercem menos efeitos sobre a síntese de esteróis humanos. AZÓIS Mecanismo de ação: Agem inibindo a enzima fúngica 3A do citocromo p450 (lanosterol 14 α-desmetilase), responsável pela conversãodo lanosterol em ergosterol. Altera a fluidez da membrana e consequentemente a replicação celular. IMPORTANTE “O cetoconazol sistêmico tem sido substituído pelo itraconazol e fluconazol por serem mais eficazes e menos tóxicos.” Cetoconazol pode ser utilizado para inibir a produção excessiva de glicocorticóides em pacientes com síndrome de Cushing. Fuchs FD; Wannmacher L. Farmacologia Clínica – Fundamentos da Terapêutica Racional ITRACONAZOL Produz uma ação inotrópica negativa reduzindo o débito cardíaca. Portanto está contraindicado em pacientes infartados e com disfunção ventricular esquerda. Gestantes (categoria C). Está contraindicado em lactantes. Itraconazol e Fluconazol são teratogênicos ITRACONAZOL “O itraconazol apresenta maior espectro de ação que o cetoconazol e fluconazol, incluindo Aspergillus e Sporothrix. É fármaco de escolha para blastomicose norte- americana e paracoccidioidomicose (200 mg/dia por 6 a 9 meses - formas leves, e 12 a 18 meses - formas moderadas)”. ITRACONAZOL A meia-vida do itraconazol no estado de equilíbrio dinâmico é de cerca de 30 a 40 horas, e os níveis são alcançados apenas em 4 dias. Portanto recomenda-se a administração de doses de ataque no tratamento de micoses profundas*. * Dose de ataque: 200 mg 3x/dia por 3 dias. Dose de manutenção: 100 mg 2x/dia com alimento. ANTIFÚNGICOS PARA MICOSES SISTÊMICAS http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e7/Ascomycetes.jpg ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS 1. Azóis 2. Antibióticos 3. Derivados Pirimidínicos 4. Equinocandinas 5. Halogenóforos ANTIBIÓTICOS 1. Anfotericina B 2. Nistatina 3. Griseofulvina MACROLÍDEO HAPTAÊNICO ANFOTERICINA B Age ligando-se ao ergosterol na membrana celular fúngica, interferindo na permeabilidade e no transporte transmembrânico, formando grandes poros na membrana. O centro hidrofílico da molécula cria um canal iônico transmembrana, causando um distúrbio iônico (principalmente por perda de potássio) na célula fúngica. IMPORTANTE A associação de antifúngicos azólicos e anfotericina B pode ser antagônica, já que os primeiros inibem a síntese do ergosterol, sítio de ligação da anfotericina. ANFOTERICINA B Apresenta amplo espectro de ação. Insignificante absorção gastrintestinal ✓utilizada por via parenteral (IV/INTRATECAL) Liga-se fortemente às proteínas e penetra pouco nos tecidos (exceto nos processos onde haja inflamação) ✓Excreção renal ✓Gestação (categoria B) ✓Risco ainda não estabelecido na lactação ANFOTERICINA B Excreção renal ✓ 80% dos pacientes apresentam alguma perda da função renal* que pode ou não ser reversível. • 25% dos pacientes fazem hipocalemia. • Hipomagnesemia. • Anemia e trombocitopenia. • IV: calafrios, febre, tinnitus, cefaléia, vômitos (1/5) e flebite. As preparações lipossomo-encapsuladas ou com complexos lipídicos não possuem eficácia maior que o fármaco sozinho, porém causam menos reações adversas. *A anfotericina promove a constrição das arteríolas aferentes renais além de ser tóxica às células da membrana do tubulo contornado distal! ANFOTERICINA B 1. Anfotericina B desoxicolato (ABDOC, Fungizon®). 2. Anfotericina B complexo lipídico (ABCL, Abelcet®). 3. Anfotericina B dispersão coloidal (ABDC, Amphocil®). 4. Anfotericina B lipossômica (AB-Lipossoma, Ambisome®). Fungizon® Abelcet® Amphocil® Ambisome® NISTATINA Mesmo mecanismo de ação da anfotericina. Insignificante a absorção pelas mucosas ou pele. Usada basicamente para tratamento de candidíase de pele e mucosas. Efeitos adversos quando uso oral: náusea, vômitos e diarreia. NISTATINA Prematuros e Crianças de Baixo Peso - 1mL*/4x/dia. Lactentes - 1 ou 2 mL/4x/dia. Crianças e Adultos - a dose varia de 1 a 6 mL/4x/dia. ✓ A suspensão deve ser bochechada e mantida por algum tempo na cavidade oral antes de ser engolida. ✓ Nos lactentes e crianças menores deve-se colocar a metade da dose utilizada em cada lado da boca. ✓ Para prevenir recidivas, a terapia deve ser mantida no mínimo por 48 horas após o desaparecimento dos sintomas e da negativação das culturas. ✓ Se os sinais e sintomas piorarem ou persistirem (após o 14º dia do início do tratamento) o paciente deverá ser reavaliado e o médico escolher uma terapia alternativa. *1mL = 100.000 UI DERIVADOS PIRIMIDÍNICOS Flucitosina ✓É desaminada em 5-fluorouracil (5-FC)* nas células fúngicas, porém não nas humanas. Este, inibe a timidilato sintetase e, portanto, a síntese de DNA. ✓Geralmente associada a anfotericina para tratamento sistêmico devido à resistência quando usada isoladamente. *Efurix® 5% MECANISMO DE AÇÃO DA FLUCITOSINA EQUINOCANDINAS Caspofungina, micafungina e anidulafungina Agem inibindo a 1,3-β-D-glicano sintase, necessário para manter a estrutura da parede celular fúngica. Administração IV 1x/dia Tratamento de Candidíase e Aspergilose* * refratárias a anfotericina! CASPOFUNGINA RESUMINDO...
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