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Doença Inflamatória Pélvica

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Problema 2 – Doença Inflamatória Pélvica 
1- Definir DIP, epidemiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento. 
Definição e Causas 
A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma condição que descreve a inflamação do trato genital 
superior feminino e suas estruturas adjacentes (endométrio, tubas uterinas, anexos uterinos). 
Uma cervite isolada não faz parte do diagnóstico de DIP. 
 
É causada pela infecção polimicrobiana (principalmente Chlamydia trachomatis e Neisseria 
gonorrhoeae). Dessa forma, a virulência dos germes e a resposta imune irão definir a 
progressão, podendo causar: endometrite, salpingite, pelviperitonite, ooforite, peri-hepatite 
(síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas. 
Os patógenos são sexualmente transmissíveis (clamídia), gonococo, micoplasmas, casualmente 
tricomonas e vírus) ou endógenos. 
Epidemiologia 
 A prevalência de DIP está entre 2 e 12%; 
 É a doença infecciosa mais comum em mulheres nos países desenvolvidos e a 5ª causa 
de hospitalização entre as mulheres. 
 Dados em mulheres sexualmente ativas e que se consultam com médico generalista 
demonstram uma incidência de 1:45 consultas. 
 A maior prevalência é em mulheres sexualmente ativas entre 15-24 anos de idade. 
 A morbidade é considerável porque, durante o tratamento, o bem-estar e capacidade 
para trabalho estão prejudicados, a cura leva cerca de 4 a 6 semanas (sendo maior em 
casos cirúrgicos). 
 A presença de um episódio pode aumentar a prevalência de gravidez ectópica em torno 
de 15%, dor pélvica crônica em 18% e infertilidade por obstrução tubária em 50%. 
Fatores de Risco 
Estão inclusos aqueles para ISTs e os relacionados com procedimentos ou condições que 
envolvam a quebra da barreira cervical (ex.: instrumentação cirúrgica recente do colo uterino). 
Além disso, há maior risco de DIP nas 3 primeiras semanas após a colocação do DIU (dispositivo 
intrauterino) – muito devido a inoculação de patógenos contaminantes ou pré-existentes no 
canal cervical. 
O hábito tabagista também aumenta o risco devido a maior susceptibilidade à vaginose 
bacteriana pela supressão de lactobacilos. 
A utilização de duchas vaginais não demonstrou ser um fator de isco para DIP. 
Quadro clínico 
Muitos casos são assintomáticos ou não há percepção dos sintomas pelo paciente e profissionais 
da saúde, os quais não identificam sintomas mais leves ou inespecíficos como manifestações 
subclínicas da DIP. 
 
DIP Assintomática 
 
Calcula-se que aproximadamente 60% das DIPs são silenciosas, e isso é um problema 
diagnóstico. As mulheres podem apresentar sintomas vagos que podem não estar relacionados 
com DIP, são eles: dispareunia, sangramento irregular, disúria ou sintomas gastrintestinais. 
Como exemplo dos causadores da DIP assintomática temos a clamídia, que leva ao dano tubário 
e à infertilidade. Sendo assim, deve se tratar a DIP mesmo com baixa suspeita clínica. 
 
DIP Sintomática 
 
Geralmente ocorrem em mulheres sexualmente ativas, apresentam dor pélvica recente 
associada ou não à dispareunia, ao corrimento vaginal e ao sangramento pós-coital ou 
intermenstrual. 
 
Em casos mais graves podem ocorrer febre, mal-estar, náuseas, vômitos, dor no hipocôndrio 
superior direito (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, que ocorre em 5% dos casos). 
 
Diagnóstico 
Ministério da Saúde 
 
O diagnóstico de DIP é baseado em critérios maiores, menores e elaborados. Para a confirmação 
clínica de DIP, é necessária a presença de: 3 critérios maiores + 1 critério menor ou 1 critério 
elaborado. 
 
 Critérios Maiores: dor no hipogástrio; dor à palpação dos anexos; dor à mobilização de 
colo uterino. 
 Critérios Menores: temperatura axilar > 37,5°C ou oral > 38,3°C; conteúdo vaginal ou 
secreção endocervical anormal; massa pélvica; mais de cinco leucócitos por campo de 
imersão em material de endocérvice; leucocitose em sangue periférico; proteína C 
reativa ou VHS elevada; comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, 
clamídia ou micoplasmas. 
 Critérios Elaborados: evidência histopatológica de endometrite; presença de abscesso 
tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem; laparoscopia com 
evidência de DIP. 
 
CDC – EUA 
 
O diagnóstico de DIP será confirmado nas pacientes com dor pélvica e se nenhuma outra causa 
para a dor tenha sido encontrada. Deve ter pelo menos um desses critérios mínimos presentes 
no exame físico: 
 
Critérios Mínimos 
 
 Dor à mobilização cervical ou 
 Dor à palpação uterina ou 
 Dor à palpação anexial 
 
A presença de todos os três critérios mínimos para se iniciar o tratamento pode resultar em 
baixa sensibilidade para o diagnóstico da DIP. Alguns critérios adicionais podem ser 
pesquisados para aumentar a especificidade do diagnóstico. 
 
 
 
 
Critérios Adicionais 
 
 Presença de clamídia ou gonococo cervical. 
 Corrimento mucopurulento cervical ou colo friável. 
 Febre (temperatura oral > 38,3°C). 
 PCR aumentado. 
 VHS aumentado. 
 Aumento de leucócitos em secreção vaginal. 
 
 Há também os critérios mais específicos para o diagnóstico de DIP. 
 
Critérios Específicos 
 
 Biópsia endometrial com evidência histológica de endometrite. 
 Laparoscopia: achados consistentes com DIP, como hiperemia e edema de tubas, 
fímbrias alteradas e aderências pélvicas 
 Imagem (USGTV/TC/RM): espessamento das tubas, líquido nas tubas, abscesso tubo-
ovariano ou doppler sugerindo infecção pélvica (hiperemia de tubas). 
 
Estando ausente outro diagnóstico diferencial, o diagnóstico de DIP deve ser considerado em 
mulheres com dor pélvica recente (< 30 dias) associando-se a um ou mais dos seguintes critérios: 
dor à mobilização do colo uterino; dor uterina; e dor anexial. 
 
A DIP pode ser classicamente diagnosticada por dor abdominal importante, com retração da 
perna, ou o “sinal de Chandelier”, dor intensa causada pelo toque bimanual – é raro e não deve 
ser o parâmetro utilizado para fazer diagnóstico. 
 
Também é possível a presença de achados clínicos e laboratoriais, apesar de aumentarem a 
probabilidade de DIP não são necessários para confirmação diagnóstica, são eles: febre > 38, 
3°C, corrimento vaginal ou cervical mucopurulento, presença de vários leucócitos no exame 
direto a fresco da secreção vaginal, aumento da velocidade de sedimentação globular (VSG) ou 
da proteína C-reativa, ou exame positivo para gonococo ou clamídia por exame direto. 
 
Pode-se complementar o diagnóstico por intermédio de USG pélvica transabdominal e 
transvaginal, e tomografia computadorizada ou ressonância magnética. A laparoscopia já foi o 
padrão-ouro no diagnóstico de DIP, porém, como a infecção ocorre de dentro para fora da 
parede tubária, não são identificadas infecções precoces. 
Tratamento 
A antibioticoterapia deve ser iniciada o mais rápido possível, já que a prevenção de sequelas 
depende da administração precoce dos ATB apropriados. 
O tratamento deve incluir regime de ATB de amplo espectro (lembrar da flora polimicrobiana) 
e deve obrigatoriamente ser efetivo contra o gonococo e a clamídia. A necessidade de erradicar 
os anaeróbios ainda é discutível na literatura. 
 
 
Princípios Gerais 
 Repouso e analgesia adequada; 
 Retirada do DIU – a cura é acelerada (não é obrigatória a sua retirada, sendo mantido 
em casos de DIP leve e retirado na presença de ATO – abscesso tubo-ovariano ou 
quando necessita-se de internação ou não há melhora dentro de 72h); 
 Administrar antibióticos que agem sobre gonococo, clamídia, micoplasmas, germes 
aeróbios (GRAM+ e GRAM-), anaeróbios e facultativos; 
 Duração mínima de 14 dias; 
 Na presença de abscesso tubo-ovarino deve ser realizada a drenagem se necessário 
(caso não haja melhora clínica com antimicrobianos em até 72h); 
 Acompanhamento clínico e bacteriológico 4 a 6 semanas depois do fim do tratamento. 
É importante saber avaliar se a paciente deve ser tratada em regime ambulatorial ou se deve 
ser internada. O tratamentoambulatorial aplica-se a mulheres que apresentam quadro clínico 
leve e exame abdominal e ginecológico sem sinais de pelviperitonite. 
A necessidade de hospitalização deve ser baseada em alguns critérios, como os da Ministério da 
Saúde: 
 Abscesso tubo-ovariano. 
 Gestação. 
 Estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre. 
 Paciente que não conseguiu tolerar medicação por via oral em casa. 
 Ausência de resposta clínica após 72 horas do início do tratamento com ATB oral. 
 Dificuldade em exclusão de emergência cirúrgica (apendicite, gravidez ectópica). 
 
 
 
2- Discutir sobre a investigação diagnóstica de infertilidade no casal 
Definição 
Fertilidade: como a aptidão para a reprodução, conceito que só existe quando aplicado para um 
casal. 
Infertilidade: é considerada um problema de saúde pela OMS, sendo definida como ausência de 
gestação após 12 meses de tentativas. 
As tentativas são caracterizadas por vida sexual ativa (relações de 2 a 4x por semana) sem 
utilização de qualquer método contraceptivo. 
Pode-se classificar a infertilidade em: 
 Primária (sem gravidez anterior) e 
 Secundária (houve pelo menos uma gravidez anterior). 
Epidemiologia 
 Cerca de 7 a 15% dos casais em idade reprodutiva podem apresentar infertilidade. 
 Um estudo realizado pela OMS relatou infertilidade por fator feminino em 37% dos 
casos, por fator masculino em 8% dos casos e infertilidade por ambos em 35% dos casos, 
o restante foi classificado como infertilidade inexplicável ou engravidaram durante o 
estudo. 
Causas 
A infertilidade pode ocorrer por causas femininas, masculinas, ambas ou inexplicável. 
 
Causas Femininas 
 
 Fatores ovarianos: SOP; tireoidopatias; hiper-prolactinemia; baixa reserva funcional 
ovariana; 
 Fatores tubo peritoneais – patologias modificadores da tuba uterina: DIP; 
endometriose; cirurgias prévias; tuberculose; 
 Fatores uterinos: Síndrome de Asherman (presença de cicatrizes no endométrio); 
miomas uterinos; pólipo endometrial; anomalias congênitas. 
 
Causas Masculinas 
Distúrbios endócrinos e sistêmicos; defeitos testiculares primários na espermatogênese; 
distúrbios de transporte do espermatozoide; infertilidade masculina idiopática. 
Investigação 
Começa-se a investigação após 12 meses de tentativa sem sucesso. Porém, pode ser iniciada 
mais cedo, em mulheres com 35 anos ou mais, mulheres com ciclos menstruais irregulares ou 
fatores de risco conhecidos para infertilidade (histórico de DIP ou malformações do trato 
reprodutivo). 
 
 A investigação da infertilidade é sempre conjugal, mesmo que o homem já tenha filhos 
de outras relações, tanto ele como a mulher devem sempre ser investigados. 
 
O processo de investigação envolve a anamnese, o exame físico e alguns exames 
complementares específicos. 
Mulheres 
 
Anamnese: os pontos mais importantes a serem abordados são: 
 
 Duração da infertilidade, tratamentos anteriores e seus resultados; 
 História menstrual, envolvendo a duração e características do ciclo, de forma a avaliar 
o status ovulatório; patologias prévias; 
 História cirúrgica e ginecológica, buscando condições procedimentos ou uso de 
medicamentos associados à infertilidade (interrogar sintomas que possam direcionar a 
investigação para alguma causa de DIP entre outros); 
 História obstétrica; 
 História sexual, inclusive disfunções sexuais e a frequência de coito; 
 História familiar para infertilidade, defeitos congênitos e mutações genéticas; 
 Hábitos de vida e história social, incluindo ocupação, nível de estresse, dieta, atividade 
física, abuso de substâncias ou qualquer outro fator que possa alterar a fertilidade. 
 
Exames complementares: existe uma maior variedade de exames em relação aos disponíveis 
para os homens. Podem ser realizados ultrassonografia transvaginal (avaliação anatômica 
uterina), Histerossalpingografia (avaliação da permeabilidade tubária), avaliação da presença de 
ciclos ovulatórios ou exames mais específicos para verificá-los, caso não seja possível inferir pela 
história. Além disso, deve-se solicitar os exames básicos pré-concepcionais (tipagem sanguínea, 
sorologias – HBV, HCV, HIV, Sífilis, Toxoplasmose e Rubéola – e TSH). 
 
Homens 
 
Anamnese: deve ser direcionada para 
 
 Desenvolvimento sexual e puberal, incluindo a presença de pelos no corpo e a descida 
testicular; 
 Histórico Médico, avaliando a ocorrência de doença sistêmica grave crônica, história de 
traumatismo pélvico, infecções do trato gênito-urinário e IST’s, varicocele, entre outras 
patologias; 
 História Cirúrgica, principalmente de cirurgias envolvendo as áreas inguinal e escrotal, 
como a vasectomia ou orquiectomia; 
 História de vida e social, abordando o abuso de substâncias, exposições ocupacionais 
ou mesmo radioterapia ou quimioterapia prévia; 
 História Sexual, questionando sobre libido, frequência de relações, além do histórico de 
fertilidade anterior. 
 
Exames complementares: o principal exame complementar para o homem é o espermograma, 
além dos exames pré-concepcionais quando pertinentes, como por exemplo sorologias para 
hepatites. 
3- Identificar e diferenciar as patologias ginecológicas mais prevalentes (vulvovaginites, 
vaginoses, cervicites, uretrites e úlceras genitais). 
 
Vagina Normal 
A flora vaginal é principalmente aeróbica, com uma média de seis diferentes tipos de bactérias, 
os mais comum são os lactobacilos produtores de peroxido de hidrogênio. Seu pH normal é 
entre 3,5 e 4,5 mantido pela produção de ácido láctico. 
Secreções vaginais normais tem consistência flocular e cor branca, localizada geralmente na 
porção inferior da vagina (fórnix posterior). 
Vulvovaginite 
É toda manifestação inflamatória e/ou infecciosa do trato genital feminino inferior (vulva, 
vagina e epitélio escamoso do colo uterino (ectocérvice). Sua manifestação ocorre por 
corrimento vaginal patológico, associado a um ou mais dos seguintes sintomas inespecíficos: 
 
 Prurido vulvovaginal; 
 Dor ou ardor ao urinar; 
 Sensação de desconforto pélvico. 
 
Porém, muitas infecções genitais podem ser totalmente assintomáticas. Dentre os fatores 
etiológicos temos: 
 
Agentes Infecciosos Endógenos: vaginose bacteriana e candidíase; 
Agentes Sexualmente Transmitidos: tricomoníase; 
Fatores Físicos: traumas; 
Fatores Químicos: uso de lubrificantes e de absorventes internos e externos; 
Hormonais: hiper e hipoestrogenismo; 
Anatômicos e Orgânicos: imunodepressão secundária à doença sistêmica, ou outras 
imunodepressões; 
Prática de coito vaginal imediatamente após o coito anal (modificam a flora vaginal). 
 
 
Vaginoses 
A vaginose bacteriana é a desordem mais frequente do trato genital inferior, entre mulheres 
em idade reprodutiva (grávidas e não grávida). É caracterizada pela substituição da flora 
microbiana dominada por Lactobacillus por bactérias anaeróbias e facultativas. 
 
Embora existam variações entre mulheres, as espécies mais frequentemente encontradas são 
Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium, 
Dialister, Clostridium e Mycoplasmas. 
 
As bactérias associadas à vaginose bacteriana alteram a resposta imune local, o que torna o 
meio vaginal imunossuprimido (maior susceptibilidade a outros agentes infecciosos, como HPV 
e HIV). 
 
 Quadro clínico: são observadas queixas de corrimento perolado, com odor fétido, 
principalmente após o coito e pós menstrual. 
 
 
Cervicites 
Refere-se à inflamação do colo uterino, a qual afeta principalmente as células epiteliais 
colunares das glândulas endocervicais, embora também possa afetar o epitélio escamoso do 
ectocérvix. 
 
Pode ser devido a uma etiologia infecciosa ou não infecciosa e pode ser aguda (normalmente 
decorre de uma infecção – clamídia, gonorreia) ou crônica (geralmente tem uma fonte não 
infecciosa). 
 
As mulheres com cervite podem ser assintomáticas ou sintomáticas. Em relação aos sintomas, 
muitas vezes inespecíficos, temos: 
 
Leucorreia purulenta ou mucopurulenta (amarelada) ou sangramento intermenstrual 
(metrorragia) ou pós-coito, 
 Disúria, Polaciúria, 
 Dispareunia; 
 Irritação vulvovaginal. 
 
Dentre os fatores etiológicos temos: 
 
Infecções: os microrganismos mais comuns são: Chlamydia trachomatis (mais frequente) e 
Neisseria gonorrhoeae. Os menos prevalentes são: herpes simples vírus, Trichomonas vaginalis, 
Mycoplasma genitalium e outros. 
 
Fatores físicos: trauma por instrumentos cirúrgicos ou outros objetos (ex.: tampão, 
preservativo). 
 
Fatores químicos: exposição ao látex, duchas vaginais, espermicidas, cremes ou contraceptivos. 
 
Outras causas: radioterapia local e doenças inflamatórias sistêmicas (síndrome de Behçet). 
 
Uretrites 
São processos inflamatórios da uretra, de natureza bacterina, fúngica, viral ou traumática. 
Podem ser divididas em: 
 
Uretrites Gonocócicas 
 
É um processo infeccioso e inflamatório da uretra causada pelo “gonococo” Neisseria 
gonorrhoeae (diplococo Gram- intracelular). É essencialmente transmitida pelo contato sexual, 
sendo um dos tipos mais frequentes de uretrites masculina. Sua incidência é maior em jovens 
entre 15 e 30 anos, sexualmente ativos e sem parceria fixa. 
 
 
 
Dentre os seus sintomas temos: 
 
 Sensação de prurido (sintoma mais precoce) na navicular que se estende, 
gradativamente, para toda a uretra; 
 Ardência miccional (após 1 a 3 dias); 
 Corrimento (inicialmente mucoide, depois mais abundante e purulento). 
 
Raramente ocorre hematúria no final da micção. Alguns pacientes podem apresentar febre e 
outras manifestações de infecção aguda. Cerca de 70% dos casos femininos são assintomáticos, 
porém a transmissão aos parceiros é mantida. 
 
Uretrites não Gonocócicas 
 
São as uretrites sintomáticas, cujas bacterioscopias pelo Gram e/ou cultura são negativas para 
o gonococo. 
 
Os agentes causadores podem ser vários, mas os principais são: Chlamydia trachomatis, 
Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis, Candida albicans, 
Staphylococcus sp e Herpes simplex vírus. 
 
Seus sintomas irão depender do agente causador: 
 
Ex.: a uretrite por Chlamydia trachomatis causa: corrimentos mucoides, discretos e ralos, 
podendo estar associado à estranguria (eliminação lenta e dolorosa da urina em consequência 
de espasmo uretral ou vesical). Cerca de 40% das mulheres não tratadas podem evoluir para 
DIP. 
 
Úlceras genitais 
Trata-se de síndrome clínica produzida por agentes infecciosos sexualmente transmissíveis e 
que se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por vesículas, que 
podem ser acompanhadas de dor, ardor, prurido, material mucopurulento ou sangramento. 
 
O aparecimento da úlcera genital não é exclusividade das IST e pode estar associadas com 
infecções inespecíficas por fungos, vírus ou bactérias (ex.: dermatoses bolhosas, como o pênfigo, 
o eritema multiforme e a dermatite de contato; aftas; lesões traumáticas; erupção fixa por 
drogas e até mesmo lesões malignas). 
 
Os principais causadores das úlceras genitais são: 
 
Sífilis 
 
Causada pela bactéria espiroqueta Treponema pallidum. A principal via de transmissão é por 
contato sexual. 
 
Quadro Clínico: após o contágio por via sexual ocorre um período de incubação de cerca de 3 
semanas, com o posterior surgimento da lesão primária, o cancro duro. 
 
 É uma lesão ulcerada indolor, geralmente única, de bordas endurecidas, fundo liso, 
com saída de pequena quantidade de secreção serosa. A lesão é altamente infectante, 
rica em espiroquetas. O cancro duro costuma ter cicatrização espontânea em 6 a 8 
semanas do seu aparecimento. 
Sífilis Recente 
Cancro duro ou cancro de inoculação: lesão única (podendo ser múltipla em raros casos), com 
bordas endurecidas pelo processo inflamatório linfoplasmocitario. O cancro duro, se não for 
tratado, pode persistir por 30 a 90 dias, involuindo espontaneamente. Na mulher muito 
raramente se observa lesão em vulva. Tempo: 21 a 30 dias: 
Adenopatia Satélite: é bilateral (inguinal), indolor e não inflamatória. O cancro duro e a adenite 
satélite são conhecidos como sífilis primária. Tempo: 30 dias: 
Sorologia Positiva: Tempo: 30 a 40 dias: 
Lesões Exantemáticas: maculares e populosas, na pele e/ou mucosas genitais ou bucais. O 
treponema entra na circulação e multiplica-se, fazendo aparecer a fase exantemática (roséola) 
dispersa pelo corpo. Procedendo as roséolas, aparecem as máculas e pápulas, assumindo vários 
aspectos clínicos (sifílides). Esta fase também é chamada de sífilis secundária. Todas estas 
erupções evoluem espontaneamente sem deixar sequelas mesmo na ausência de tratamento. 
Como as lesões são variadas, vale considerar que qualquer lesão genital tem chance de ser sífilis 
e que pensar sifiliticamente ainda é correto. Tempo: 50 a 180 dias: 
Sífilis Latente 
Ocorre entre 1 a 2 anos após o contágio. É conhecida como fase de “silêncio clínico” permitindo 
o diagnóstico apenas através dos exames sorológicos. Divide-se em latente precoce (até um ano) 
e latente tardia. 
Sífilis Tardia 
Pode ter início já no final da fase latente ou estender-se por vários anos. Suas manifestações 
clínicas são divididas em: 
Herpes Genital 
 
Causada pelo herpes simplex vírus (HSV), tipos 1 e 2. Embora ambos os tipos possam provocar 
lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas 
lesões periorais. 
 
Quadro clínico: após a infecção o organismo pode ficar por longos períodos sem desenvolver 
sintomatologias. No homem pode ocorrer o surgimento de pródromos, como aumento da 
sensibilidade, ardência ou prurido local, antecedendo o aparecimento das lesões. 
 
 As lesões iniciam como pápulas eritematosas, evoluindo para vesículas agrupadas, que 
se rompem, originando as ulcerações. 
 
Cancro Mole 
 
Causada pela bactéria Gram- Haemophilus ducreyi. A transmissão é exclusiva pela via sexual. 
 
Quadro Clínico: há um período de incubação de 3 a 5 dias, em alguns casos pode se estender 
por até 2 semanas. É caracterizada por lesões ulcerosas únicas ou múltiplas (devido à 
autoinculação), geralmente dolorosas, de bordas irregulares, fundo necrótico, com saída de um 
exsudato amarelado de odor fétido. 
Linfogranuloma Venéreo 
 
Causada pela bactéria Gram- Chlamydia trachomattis, sorotipos L1, L2 e L3. É transmitida 
exclusivamente por via sexual. 
 
Quadro Clínico: período de incubação de 3 a 10 dias. Geralmente, a doença apresenta 3 fases: 
 
 Lesão de Inoculação: formulação inicial de uma pápula, que evolui para pústula ou 
exulceração indolor. 
 Acometimento Linfático Regional: após 1 a 6 semanas da inoculação ocorre a 
linfadenopatia inguinal, que constitui o principal motivo da procura pelo atendimento 
médico. O acometimento linfonodal é unilateral na maioria dos casos e costuma evoluir 
com fistulização e drenagem de secreção purulenta por múltiplos orifícios (fístula em 
regador). Pode vir acompanhado de sintomas sistêmicos como febre, artralgia, mal-
estar geral, anorexia e sudorese noturna. 
 Sequelas: a obstrução linfática crônica pode levar ao linfedema genital, as lesões 
proctológicas podem acarretar fístulas e estenose de reto, dentre outros. 
 
Donovanose 
 
Doença crônica progressiva, pouco frequente, que acomete de maneira preferencial pele e 
mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais. O agente etiológico é o 
Calymmatobacterium granulomatis (Donovania granulomatis). Frequentemente está associada 
a transmissão sexual. 
 
Quadro Clínico: a incubação pode variar de 2 semanas até 6 meses. De início há uma lesão 
ulcerada, bem delimitada, de bordas planas ou hipertróficas, com fundo granuloso, de aspecto 
vermelho vivo e que sangra facilmente. As lesões são geralmente múltiplas, sendo comum a 
disposição em “espelho”. A ulceração pode evoluir, de forma lenta e progressiva, para a forma 
vegetante ou úlcero-vegetante. Uma característica da donovanose é a presença da úlcera 
genital, com ausência de linfadenopatiaregional.

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