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CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS Dara Santos Alves / Maria Eduarda Rocha ENFERMIDADES DA PELE EM GRANDES ANIMAIS CONTEÚDO: · Dermatofilose · Dermatofitose · Dermatite alérgica a picada de insetos · Pitiose · Habronemose · Neoplasias · Placa aural DERMATOFILOSE: · Enfermidade bacteriana comum · Acomete bovinos, equinos, caprinos, ovinos e suínos · Agente etiológico: Dermathophilus congolensis G+ · Potencial zoonótico · PATOGENIA: · TRANSMISSÃO: · Contato direto · Fômites (sela, escova) · Moscas e carrapatos · CONDIÇÕES FAVORÁVEIS A INFECÇÃO: · Fonte de infecção (ex.: animais cronicamente infectados) · Pele úmida (áreas alagadiças, ou lama, período de chuva constante, pele constantemente suada) · Baixa imunidade · Lesão cutânea anterior · SINAIS CLÍNICOS: · Lesões alopécicas e crostosas · Localizadas ou generalizadas · Sem prurido · Dolorida · Perda de pelos em tufos (escova) com exsudato embaixo do pelo · Letargia, perda de peso, febre e aumento de linfonodos (grave) · Animal com um grau de fotossensibilização que lesiona o local com baixa pigmentação e a bactéria oportunista contamina o local. Por ser uma bactéria oportunista, pode causar a infecção secundária · Em ovinos, a doença é chamada de “emplastamento da lã”, pois os pelos ficam grudados devido a secreção causada pela lesão · DIAGNÓSTICO: · Sinais clínicos característicos · Visualização do agente · Cultivo · Biópsia – para identificar a causa primária, em casos de infecção secundária pela bactéria · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: · Dermatofitose (principal diferencial) · Sarna · Sarcoidose – rara · Ectima contagioso (pequenos ruminantes) · TRATAMENTO: · Resolução espontânea · Deixar a pele e pelos secos · Exposição ao sol · Animais imunocomprometidos podem ficar com a infecção bastante tempo · Remoção dos pelos da região afetada (se possível, pois é doloroso, é importante para iniciar o tratamento tópico, pois as crostas tem muitas bactérias) · Uso tópico 4% PVPI lava, deixa agir e depois enxagua e deixa secar no sol · Antibiótico sistêmico estreptomicina 25mg/kg duas aplicações, 1x ao dia · Penicilina tem boa ação na pele – em uma semana se vê uma melhora considerável DERMATOFITOSE: · Causada por fungos · Infecção superficial de tecidos queratinizados por fungos do gênero Dermatófitos. · Também chamada de “TINHA” · Distribuição mundial: preferência por climas quentes e úmidos · Animais jovens são mais acometidos · ETIOLOGIA: · EPIDEMIOLOGIA: · Animais portadores são fontes de infecção · Contato direto · Fômites · Animais estabulados são mais susceptíveis · Bovinos de 10 a 100% do rebanho · Maior morbidade · SINAIS CLÍNICOS: · Áreas cutâneas alopécicas circunscritas · Crostas espessas fragmentáveis e acinzentadas (bovinos) · Áreas sem pelos e brilhantes (equinos) · Lesões comuns em pescoço, face e peito (mais comum o contato) · Os animais tem prurido, mas não é intenso · Acomete animais que são imunocompetentes · DIAGNÓSTICO: · Sinais clínicos · Raspado de pele (esporo e micélios – diferenciar fungos patogênicos e fungos próprios da pele) · Cultura (identificação do fungo) · Biópsia (diferenciar de outras enfermidades) · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: · Dermatofilose · Sarcoidose · Dermatite nutricional (deficiência de zinco) acomete uma grande porção do rebanho · TRATAMENTO: · A doença é autolimitante e as lesões podem resolver de 1 a 3 meses em muitos casos · O tratamento tem como objetivo: · Reduzir a gravidade da lesão · Prevenir transmissão para outros animais · Reduzir a contaminação ambiental · Isolar os animais doentes · Limpeza em volta das lesões · Cuidado com a contaminação do ambiente · Zoonose! · Fungicida tópico · Uso diário de 7 a 10 dias, e em seguida a cada dois dias até a remissão das lesões clínicas · Calda sulfocálcica 3 a 5% (enxofre e cal virgem) · Clorexidine (0,5 a 2%) · Iodopovidine 10% · Hipoclorito de sódio · Xampú Cetoconazol (2%) · Fungicida sistêmico · Antifúngicos sistêmicos tem muitos efeitos colaterais · Griseofulvina (10 mg/kg diariamente por 10 a 30 dias) · Não utilizar em fêmeas prenhes (teratogenia) · Iodeto de sódio 1g/para cada 14 kg de peso (máximo 20g/animal) · Muitos efeitos colaterais · Fluconazol 10 mg/kg VO SID (15 a 60 dias) · Só usa tratamento sistêmico em grandes necessidades · Tratamento ambiental · Calda sulfocálcica, povidine, hipoclorito de sódio, sulfato de cobre · VACINAÇÃO: · Não é comercializada no Brasil · Vacinação contra T. equinum · Inativada a base de cultivo de T. equinum · Pode reduzir a incidência de novos casos DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE INSETO: · Enfermidade crônica recorrente, de caráter sazonal, caracterizada por dermatite superficial localizada comumente na crina, cauda e cernelha · Também conhecida como “sweet itch”, eczema de verão, hipersensibilidade a culicóides · Principal doença alérgica em equinos · Reação de hipersensibilidade, mediada por IgE, a diversos substratos da saliva de insetos do gênero Culicoides e Simulium · Causa mais comum de prurido em equinos · Outros insetos como Haematobia irritans e Stomoxys calcitrans também foram envolvidos na etiologia desta enfermidade em equinos · A doença possui distribuição mundial · Relacionada aos meses mais quentes do ano (maior presença de insetos) · Não há predileção por sexo, coloração da pelagem ou idade · Geralmente a manifestação dos primeiros sinais clínicos ocorrem por volta dos 5 anos de idade · SINAIS CLÍNICOS: · Urticária · Prurido intenso · Perda de pelos · Escoriações em consequência do prurido, que resultam em ferimentos e infecção secundária · Erosões e formação de crostas na pele com alopecia, nas diversas regiões do corpo afetada · Caráter sazonal e geralmente pioram com o passar do tempo · Gravidade depende do grau de exposição a insetos · DIAGNÓSTICO: · História clínica e padrão das lesões (prurido) · Achados histológicos · Teste intradérmico com vários insetos incluindo Culicoides · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: · Atopia · Infecção bacteriana secundária (não causa prurido) · TRATAMENTO: · Medicamentos e manejo · Evitar exposição do animal ao inseto · Minimizar os efeitos da hipersensibilidade · Em crise podemos aplicar corticoide dexametasona dose 0,1mg/kg por 5 dias e depois reduz a metade a cada 5 dias · O corticoide pode causar laminite em uso prolongado PITIOSE: · Infecção fúngica com muito prurido · Comum em regiões alagadiças imprescindível saber o local onde o animal fica · No Pantanal tem muitos casos · Doença micótica denominada como “ficomicose” · Contagiosa · Pythium insidiosum · Ocorre em diferentes faixas etárias · Sem predileção de sexo ou raça · Ambiente ótimo para predileção de fungos · Quente · Úmido · Matéria orgânica · As lesões localizam-se predominantemente em membros, região ventral do abdômen, tórax, pescoço e cabeça · TRANSMISSÃO: · Contato direto · O prurido pode provocar a disseminação das lesões para outras partes do corpo do animal · Fômites · A evolução é rápida · LESÕES E SINAIS CLÍNICOS: · Massa de tecido de granulação ulcerada, irregular, com exsudato sero-sanguinolento à mucopurulento · A ferida apresenta focos necróticos (cinza à amarelados) denominados “kunkers” · Odor fétido e prurido intenso · Linfadenopatia frequente · Disseminação para outros órgãos (TGI e pulmões) · DIAGNÓSTICO: · Histórico clínico · Lesões típicas · Citologia (para diferenciar os diagnósticos) · Histologia · Imuno-histoquímica · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: · Habronemose · Não é tão exsudativa, mas pode exsudar · Pode ter prurido e “kunkers” · Carcinoma de células escamosas · Granuloma eosinofílico (após picada de abelha, por exemplo) · PROGNÓSTICO: · Alto índice de descarte de animais e indicação de eutanásia · TRATAMENTO: · O sucesso do tratamento é variável e depende do tamanho e duração da lesão, da idade e estado nutricional do animal · Iodeto de potássio (quando há acometimento em face, pescoço e barriga) · Perfusãoregional com Anfotericina B (quando há acometimento em membros) · Vacinas: · A vacina só é realizada como tratamento · Vacinas com extratos de cultura de P. insidiosum · Excisão completa dos tecidos lesados + vacina: apresenta sucesso em 50% dos casos · Na experiência clínica a recuperação com vacina parece ser mais lenta · No Brasil: · O tratamento da pitiose equina com imunobiológico (PitiumVac), produzido a partir de culturas do Pythium insidiosum, demonstrou índice de cura que variou de 50 a 83,3% entre os grupos tratados · Lesão por pitiose: HABRONEMOSE: · “Ferida de verão” e “esponja” · Muitas características semelhantes a pitiose (a única maneira de realmente diferenciar as duas é o exame histopatológico) · AGENTES ETIOLÓGICOS: · A habronemose não é causada por mosca! · A mosca é apenas o vetor, que carreia o parasita causador · CICLO BIOLÓGICO: · Entender o ciclo biológico é fundamental para estabelecer a abordagem e tratamento · No ciclo biológico, a mosca ingere o parasita e depois pousa em alguma área com lesão de pele ou conjuntiva (locais de predileção), deposita suas larvas e causa as lesões · Parasitas gástricos (forma adulta) · Ovos (Habronema spp.) ou larva (D. megastoma) nas fezes dos equinos são ingeridos por larvas de moscas (Musca domestica) · Os vermes se desenvolvem dentro das moscas · As moscas eliminam a L3 (larva infectante) · Ingeridas pelos animais (ciclo completo / gastrite) · Na pele ou mucosas (ciclo incompleto / lesões cutâneas) · Os parasitas adultos ficam no estômago do cavalo e eliminam ovos. Nas fezes equinas, os ovos saem e são ingeridos pelas moscas. A mosca elimina a larva infectante (L3). A L3 pode ser ingerida pelos animais (ciclo completo / gastrite) ou pode se depositar na pele ou mucosas (ciclo incompleto / lesão cutânea), causando a inflamação e lesões · Distribuição mundial · Maior ocorrência na primavera e verão · Períodos de maior atividade das moscas · Pode regredir no inverno · Alguns animais podem apresentar a lesão durante o ano todo · Localização principalmente em membros, banda coronária, região periocular, narina, lábios e pênis · Larvas infectantes (L3) sobre a pele e mucosa · Induz inflamação local · Habronemose cutânea ou muco-cutânea · Lesão granulomatosa, proliferativa e exuberante (única ou múltipla) · Lesão exsudativa · Prurido intenso · Presença de grânulos caseosos calcificados · Lesão semelhante à pitiose · Lesão não tão comum em região maxilar · Lesão muito comum de habronemose · Lesão em região de conjuntiva · DIAGNÓSTICO: · Clínico – histórico · Exame histológico · PCR · Exame coprológico (Método de Faust – centrífugo-flutuação) · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Larvas de Habronema em pulmão · Pitiose · Única forma de fazer diferencial entre as duas é o EXAME HISTOPATOLÓGICO! · Sarcoide · Carcinoma de células escamosas · Tecido de granulação exuberante · Linfoma · TRATAMENTO: · Eliminação dos vermes adultos (estômago) · Ivermectina ou Moxidectina · Ferida · Excisão cirúrgica · Limpeza · Pomadas cicatrizantes · Repelentes · Corticoides · Antimicrobianos tópicos ou sistêmicos · Pomada · Ivermectina 4ml · Triclorfon 5g · DMSO 50 ml · Pomada base 250g · Aplicar sobre a lesão 2x ao dia · PREVENÇÃO: · Vermifugação periódica · Moxidectin · Ivermectina · Exames coprológicos periódicos · Método de Faust – (centrífugo-flutuação) · Rotação das pastagens · Redução das moscas · Baias e camas limpas · Ambiente limpo (remoção das fezes) · Para diminuir moscas é necessário diminuir a quantidade de matéria orgânica, então deve tornar o ambiente o mais higiênico possível! · A habronemose não é zoonose! A pitiose não é considerada zoonose, mas já existem casos descritos em humanos NEOPLASIAS: · Algumas neoplasias são muito comuns (ex: melanoma) · As principais neoplasias em equinos são sarcóides, melanomas, papilomas e carcinoma de células escamosas · SARCÓIDE EQUINO: · Tumor cutâneo mais comum em equídeos · Neoplasia fibroblástica agressiva e localmente invasiva · Papilomavírus bovino 1 e 2 (BPV-1 e BPV-2) · Multiplicação viral ainda não foi identificada · Tendem a ocorrer em áreas que sofreram trauma prévio ou irritação por picada de insetos · Discute-se a hipótese de que moscas participam da transmissão da enfermidade · Sem predileção · Idade · Raça · Sexo · Coloração da pelagem · O número de lesões é bastante variável · Tem cavalos que apresentam só uma lesão, e outros apresentam várias · Multiplicação das lesões é bastante comum, e pode ocorrer de forma rápida · O aparecimento e multiplicação das lesões não é “de uma hora pra outra”, mas é rápido · Algumas lesões podem permanecer estáticas por anos, mas podem se expandir de forma súbita e “sem motivo aparente” · CLASSIFICAÇÃO: · A classificação é muito importante para definir o tratamento e o prognóstico · Lesões podem ser únicas · Um animal pode possuir mais de um tipo de sarcóide · As lesões devem ser classificadas individualmente · Pode haver um tipo predominante de sarcóide · Um tipo de sarcóide pode evoluir para outro após trauma ou biópsia · Alguns indivíduos apresentam regressão espontânea e completa das lesões · Em alguns casos as lesões desaparecem após trauma acidental ou intencional (biópsia) · Sarcóide oculto · Áreas alopécicas – pele mais fina – tendem a ser circulares · Geralmente é diagnosticado quando vai atender o cavalo por outro problema, ou quando ele apresenta um sarcóide de outro tipo · Tipo de sarcóide mais discreto · Geralmente contém pequenos nódulos ou algumas áreas levemente espessadas · Em torno da boca e olhos, pescoço, região medial de membros torácicos e coxas · Crescimento lento – pode evoluir para as formas verrucosa ou fibroblástica em caso de injúria · Evolução de um sarcóide oculto na região ocular (grandes chances de perda de globo ocular) · Sarcóide verrucoso · Lesões alopécicas – descamação · Áreas extensas podem ser acometidas · Geralmente são cercadas por pele espessada ou modificada, com pelos mais finos que o normal · Sarcóide verrucoso em pálpebra superior · Tratamento extremamente complicado pois não pode fazer remoção cirúrgica e os medicamentos usados podem causar cegueira · O crescimento geralmente é lento · Não ocorrem dor, prurido e infecção bacteriana · Geralmente ocorre na face (principalmente pálpebras e região periorbital), tronco, axilas, virilha e prepúcio · Raramente acomete os membros · Podem ser sésseis ou pedunculados · Lesões isoladas são menos comuns do que lesões que coalescem · Algumas áreas podem se tornar ulceradas ou crostosas · Sarcóide nodular · Nódulos subcutâneos bem definidos e firmes · Afeta principalmente as pálpebras, virilha e prepúcio · Tamanho, complexidade e localização variados · Duas categorias: sem e com o envolvimento da pele sobre os nódulos · Sarcóide nodular ulcerado: · Sarcóide fibroblástico · Aparência exofítica fibrovascular (lembra tecido de granulação) · Infecções bacterianas secundárias são comuns (exsudato seroso e hemorragias decorrentes de pequenos traumatismos) · Axilas, virilha, região periocular e áreas previamente feridas · Sarcóide maligno · Geralmente há histórico de repetidas interferências cirúrgicas e administração de medicamentos inapropriados a outros tipos de sarcóide · Lesões localmente invasivas (características nodulares e fibroblásticas) · Comum na região de mandíbula e cotovelo · A maioria dessas lesões se concentra localmente, mas é possível que ocorra invasão de vasos linfáticos · Formações de cordões de tumores ao longo do trajeto dos vasos linfáticos · Sarcóide misto · Sarcóide dificilmente mata, mas atrapalha a qualidade de vida do animal · Afeta o desempenho do animal · Diminui o valor comercial · TRATAMENTO: · Fatores que afetam a escolha da forma de tratamento · Não há tratamento universal (variação individual) · Localização do sarcóide · Tipo de sarcóide· Excisão cirúrgica · Frequentemente empregada · Alta taxa de recorrência · Maior que 70% (6 meses), exceto naquelas bem definidas e restritas · Geralmente as lesões se tornam mais agressivas e numerosas nesses casos · Sempre que fizer excisão cirúrgica, deve-se associar com outro tratamento, e as opções são: · Eletrocauterização: · Bom efeito nas margens da lesão · Mínimo sangramento · Sua eficiência depende da extensão e da localização do tumor · Crioterapia/criocirurgia: · Crioterapia com nitrogênio líquido para reduzir o tecido afetado (congela a região com o nitrogênio, de forma que essa região vai necrosando e cai) · BCG (imunomodulação): · BCG = bacillus Calmette-Guérin · Repetidas injeções intralesionais de material proteico reconstituído ou da bactéria viva liofilizada · Prognóstico reservado a bom: lesões nodulares e algumas lesões fibroblásticas, especialmente nas pálpebras e em torno delas · É mais indicado para sarcóides nodulares · O prognóstico pode ser pior quando a técnica é aplicada a outras áreas · Lesões fibroblásticas localizadas em membros podem ser agravadas · Não indicado para sarcóides verrucosos, ocultos e mistos, pois sua distribuição difusa dificulta a aplicação · Há risco de choque anafilático · Imiquimod: · Usado para tratar papilomas genitais em humanos · Modificador de resposta imune com propriedades anti-virais e anti-tumorais · 80% das lesões apresentaram 60 a 75% de melhora (2006) · Sequelas do tratamento: · Alopecia parcial (7/9) · Despigmentação (6/9) · Cicatriz (3/9) · Hiperpigmentação (3/9) · Leucotriquia (1/9) · Eficácia e viabilidade do tratamento: · 1 caixa tem 12 sachês (0,25 g) · 1 sachê por aplicação (tumor de 80 cm²) · 1 caixa por mês (R$100,00/mês) · 16 semanas: 4 x R$100,00 = R$400,00 · Cisplatina: · > 93% das lesões menores que 5 cm de diâmetro se resolvem com este método · Lesões maiores podem exigir desbridamento cirúrgico prévio · Esse método é mais adequado para pequenas lesões fibroblásticas e nodulares · São necessárias repetidas injeções intralesionais · Tem amplo espectro de ação contra células tumorais epiteliais e fibroblásticas · Recomenda-se a aplicação de 1 mg de cisplatina por cm³ de tumor · Alto custo · PROGNÓSTICO: · O prognóstico é reservado em todos os casos · Nenhum caso pode ser considerado completamente curado mesmo que haja aparente sucesso no pós-tratamento · Novas lesões e recorrência em áreas previamente afetadas devem ser esperadas ao longo da vida do animal · CONSIDERAÇÕES: · Tem que saber classificar o sarcóide, pois essa classificação determinará o tratamento · Dificilmente terá metástase (pode até ir para locais próximos, porém não vai para órgãos) · Pode acontecer de ter remissão espontânea (raro), mas geralmente evolui para quadros piores · O tratamento é caro · O animal pode ter recidiva após um tempo · Não é um tumor muito invasivo · MELANOMAS: · Neoplasia maligna dos melanócitos · Representou cerca de 14% dos casos de neoplasias cutâneas em equinos · Esta ocorrência pode ser subestimada · Causa desconhecida · Distúrbio no metabolismo dos melanócitos, gerando novos melanoblastos e uma superprodução de melanina · Aspecto mais comum do melanoma (nódulos pequenos): · Equinos adultos (> 6 anos) · Sem predileção de sexo · Pelagem tordilha e variações · Melanomas congênitos são raros · Localização · Base da cauda e região perianal (comum) · Orelha, lábios e periorbital (menos comum) · Lesões firmes, hiperpigmentadas e nodulares · Podem ser pedunculados ou verrucosos · Lesões únicas são incomuns · Ulceração e alopecia podem ser observadas · Padrão de crescimento · Lento (anos) sem metástase · Lento no início (anos), seguido por crescimento rápido e metástase · Rápido e alto grau de malignidade desde o início · Metástase · Sinais neurológicos · 70% dos animais têm achados de metástase na necropsia (pulmões, fígado, canal vertebral), sem ter demonstrado sinais clínicos · DIAGNÓSTICO: · Clínico · Citológico · Melanócitos pleomórficos e atípicos · Histopatológico · Variedade de padrão celular (melanócitos em forma de ninhos, folha ou cordão) · TRATAMENTO: · Excisão cirúrgica completa · Criocirurgia · Excisão + crioterapia · Cimetidina · 2,5 mg/kg TID ou 5 mg/kg BID, por 3 meses · Efeito imunomodulador · Relatos de completa remissão, interrupção do crescimento e redução do tamanho · Cisplatina intratumoral (3 cm de diâmetro) · CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS: · Neoplasia dos queratinócitos · Segunda neoplasia cutânea mais comum em cavalos · Comum em bovinos · Frequente na região periocular e genitália externa · Raças predispostas · Cavalos: Paint Horse e Appaloosa · Bovinos: Simental e Holandês · Pode ocorrer em outras raças · Animais adultos · Equinos: 12 a 19 anos · FATORES DE RISCO: · Ausência de pigmentação na região afetada · Incidência solar · Lesões papilomatosas (no pênis é considerada ser uma lesão pré-maligna) · Traumas repetidos · Parafimose persistente · Higiene do prepúcio: · Animais castrados acumulam mais esmegma · Pode estimular o desenvolvimento de carcinoma por irritação crônica e balanite · Em ratos: o esmegma é um potencial carcinogênico · Em humanos: o CCE tem sido associado a falta de higiene genitália e balanite · LESÕES PRÉ-CANCEROSAS: · Pequenas placas ou ulcerações superficiais que não cicatrizam · LESÕES TÍPICAS: · Lesões ulceradas, únicas (frequentemente) ou múltiplas · Massas em forma de couve-flor com áreas de ulceração, necrose e hemorragia · LESÕES: · Genitália externa · Localmente invasivas · Baixo grau de malignidade · Tende a permanecer localizada · Infiltração nos corpus cavernosum do pênis · Disseminação via hematógena ou para os linfonodos inguinais · Pode ocorrer metástase · Macroscopicamente não é possível diferenciar o CCE de outras lesões semelhantes · DIAGNÓSTICO: · Exame histopatológico da massa · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: · Habronema · Pitiose · Sarcóide · Carcinoma de células escamosas e sarcóide não causam prurido · TRATAMENTO: · Excisão cirúrgica · Lesão pequena e única · Associado a criocirurgia · A excisão cirúrgica é sempre recomendada, e em associação com outras terapias (criocirurgia) · A remoção incompleta pode recidivar a lesão com aumento da agressividade (CUIDADO!) · Lesões grandes: excisão completa da área lesionada · Penectomia, postectomia e/ou ressecção em bloco (pênis e prepúcio) · Crioterapia · Maior eficácia em animais com pequenas lesões e sem metástases · Cimetidina · Remissão completa ou mais comum uma redução de cerca de 50% do tamanho e número das lesões · Cisplatina intratumoral · Efetiva para lesões pequenas · A Cisplatina é um quimioterápico que pode ser utilizado com bastante sucesso, mas depende do tamanho da lesão · PAPILOMAS: · Papilomavírus · “Verruga” ou “figueira” · A papilomatose é bastante comum em bovinos · Acomete várias espécies de mamíferos · Bovinos e equinos · Família Papillomaviridae · Vírus pequenos · Não envelopados · Resistente às condições do meio ambiente · Doença infecto-contagiosa · Altamente espécie/tecido-específicos · O aspecto do papiloma do úbere da vaca é diferente do papiloma da face · Propriedade oncogênica: produção de lesões tumorais benignas e malignas nos epitélios cutâneo e mucoso · 13 tipos de vírus descritos para bovinos: · Equinos: · No geral, requer alguma lesão prévia na pele · Trauma, ectoparasitas ou até mesmo luz UV · Também podem se infectar, direta ou indiretamente · Cabrestos contaminados podem disseminar para a região do focinho e posteriormente, para os membros pélvicos · Lesões eventualmente aparecem na região do períneo e prepúcio · Geralmente ocorre aumento das lesões em quantidade e não em tamanho · Eventualmente diversas lesões de uma mesma área coalescem formando uma lesão maior que pode sangrar facilmente · Lesões regridem espontaneamente (bovinos até 12 meses – equinos 2 meses) · Pode ocorrer remissão espontânea sem nenhum tratamento· DIAGNÓSTICO: · Características das lesões · Histórico: animais jovens e ocorrência prévia em outros animais da mesma faixa etária · Aspecto contagioso · Biópsia e exame histopatológico · TRATAMENTO: · Vacinas autógenas (2 a 4 aplicações) · Auto hemoterapia · Retirada cirúrgica · Medicamentos tópicos (formalina, nitrato de prata) · Clorobutanol · PLACA AURAL: · Variante da papilomatose cutânea · Acomete principalmente a superfície interna dos pavilhões auriculares · Ocorre apenas no pavilhão auricular ou no prepúcio (raro) · Afeta pelo menos 22% dos equinos · Não apresentam prurido e dor · Não tem odor, não coça e não dói, mas há descamação da lesão · Inicialmente as lesões são: · Pequenas · Elevadas · Bem demarcadas · Despigmentadas · Rosadas, acinzentadas ou esbranquiçadas · Superfície plana · Base eritematosa e brilhante · Não é auto-limitante · As lesões tendem a coalescer e ocupar quase toda a superfície interna das orelhas · Podem ser uni ou bilaterais · Crostas podem ser facilmente removidas da superfície das lesões · Animais de todas as idades (raro nos equinos com menos de 1 ano) · Simulídeos · Vetores mecânicos para o vírus · Lesões cutâneas pela picada · Também pode ocorrer na região ventral do abdômen, medial das coxas e períneo/prepúcio · Ocorrência de placa aural em equinos da raça Mangalarga (ML) e Quarto de Milha (QM): · Maior incidência em cavalos da raça Mangalarga · TRATAMENTO: · As lesões dificilmente regridem espontaneamente · Os tratamentos geralmente podem causar maiores problemas · Antigamente utilizavam iodo, mas só piorava o quadro (queimava a orelha e não resolvia) · Vacinas autógenas · As vacinas autógenas não são utilizadas no Brasil · Imiquimod 5% · O tratamento mais recomendado e eficaz é o Imiquimod · Eficácia do Imiquimod: · Modulador de resposta imune com potente ação anti-viral e anti-tumoral · 16 animais foram submetidos ao tratamento · Aplicação tópica 3 vezes por semana em dias alternados · Tratamento variou de 1,5 a 8 meses (média de 3,5) · Remissão total das lesões em todos os animais imediatamente após o final do tratamento · 88% dos animais apresentaram resolução completa do quadro a longo prazo · Efeitos colaterais (todos os animais): · Eritema, edema, ulceração, exsudação, formação de crostas, alopecia, descamação e despigmentação · Ao tratar, a orelha fica bastante sensível e apresenta descamação (alguns animais tem até que sedar para tratar), mas depois dessa fase melhora (começa epitelizar novamente em 1 semana a 10 dias), recuperando completamente · Todos os proprietários relataram que a sensibilidade auricular diminuiu após o tratamento · Quanto antes iniciar o tratamento, melhor será o resultado!
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