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S2P1 Síndromes ansiosas → As síndromes ansiosas “puras” são ordenadas inicialmente em dois grandes grupos: • Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): quadros em que a ansiedade é constante e permanente. • Crises de pânico: quadros em que há crises de ansiedade abruptas e mais ou menos intensas. Se ocorrerem de modo repetitivo configuram o transtorno de pânico. → Outros transtornos mentais em que a ansiedade tem importância central ou muito relevante: • Fobias, ansiedade social, estresse pós-traumático, quadros dissociativos e conversivos, quadros hipocondríacos e de somatização e transtorno obsessivo-compulsivo. Ansiedade fisiológica x patológica → A ansiedade pode ser vista como sintoma psiquiátrico e/ou como reação emocional não patológica associada a diversos contextos de vida. • A ansiedade, como condição normal, é um mecanismo de defesa que serve como aviso para que o indivíduo se prepare para enfrentar uma possível situação de risco. • A ansiedade se torna um transtorno psiquiátrico quando representa emoção desconfortável e inconveniente, surgindo na ausência de um estímulo externo claro ou com magnitude suficiente para justificá-la, e apresenta intensidade, persistência e frequência desproporcionais. Para o diagnóstico de um transtorno de ansiedade, é preciso que haja sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outra área importante da vida do indivíduo. Transtorno de ansiedade generalizada → O quadro de TAG caracteriza-se pela presença de sintomas ansiosos excessivos, na maior parte dos dias, por vários meses. A pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, permanentemente nervosa ou irritada. → Os fatores de risco relacionados ao TAG incluem: sexo feminino, baixa condição socioeconômica e exposição a adversidades na infância, tais como abuso infantil e instabilidade familiar. O alcoolismo e o abuso de outras substâncias também são fatores de risco relevantes. → Nesses quadros, são frequentes sintomas como insônia, dificuldade em relaxar, angústia constante, irritabilidade aumentada e dificuldade em concentrar-se. São também comuns sintomas físicos como cefaleias, dores musculares, dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Alguns termos populares para esses estados são: “gastura”, “repuxamento dos nervos” e “cabeça ruim”. → Para se fazer o diagnóstico de uma síndrome ansiosa, também é necessário verificar se os sintomas ansiosos causam sofrimento clinicamente significativo e prejudicam a vida pessoal, social e ocupacional do indivíduo. → Transtornos da personalidade (TPs) ocorrem com frequência associados ao TAG; os diagnósticos de TP mais frequentes nesse grupo são borderline e paranoide. Crises de ansiedade e crises de pânico → Em muitos pacientes, a ansiedade se manifesta sob a forma de crises intermitentes, com a eclosão de vários sintomas ansiosos, em número e intensidade significativos. Associados às crises agudas e intensas de ansiedade, pode ou não haver sintomas constantes de ansiedade generalizada. → Assim, as crises de pânico são crises marcantes de ansiedade, nas quais ocorre importante descarga do sistema nervoso autônomo. Nelas ocorrem sintomas como batedeira ou taquicardia, suor frio, tremores, desconforto respiratório ou sensação de asfixia, náuseas, formigamentos em membros, dedos e/ou lábios. → Nas crises intensas, os pacientes podem experimentar diversos graus da chamada despersonalização, que se revela como sensação de a cabeça ficar leve, de o corpo ficar estranho, sensação de perda do controle, estranhar-se a si mesmo. Pode ocorrer também a desrealização, ou seja, a sensação de que o ambiente, antes familiar, parece estranho, diferente, não familiar. → Além disso, ocorre com frequência nas crises de pânico um considerável medo de ter um ataque do coração, um infarto, de morrer e/ou enlouquecer. As crises são de início abrupto (chegam ao pico em 5 a 10 minutos) e de curta duração (duram em geral 15 minutos, raramente mais de 1 hora). São muitas vezes desencadeadas por determinadas condições, como estar em aglomerados humanos, ficar “preso” (ou com dificuldade para sair) em congestionamentos no trânsito, supermercados com muita gente, shopping centers ou estar em situações de ameaça. Transtorno de pânico → Denomina-se o quadro de transtorno de pânico caso as crises sejam recorrentes, com desenvolvimento de medo de ter novas crises, preocupações com possíveis implicações da crise (perder o controle, ter um ataque cardíaco ou enlouquecer) e sofrimento subjetivo significativo. O transtorno de pânico pode ou não ser acompanhado de agorafobia, ou seja, muito desconforto e fobia de lugares amplos e aglomerações. → Fatores de risco: indivíduos do sexo feminino, alcoolismo e vício em outras substancias psicoativas, temperamentos como o neuroticismo (carregado de negatividade) e situações ambientais/locais que favorecem o predomínio de medo/ansiedade. → Pessoas com transtorno de pânico têm, com bastante frequência, TP, e até um terço dos pacientes com transtorno de pânico pode ter um TP associado, como TP borderline, evitativa e paranoide. Critérios diagnósticos (DSM-5 e CID-11) → Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): • Ansiedade, apreensão e preocupações excessivas na maioria dos dias, por muitos meses (no DSM-5, pelo menos seis meses), em diferentes atividades e eventos da vida. Além disso, a pessoa considera difícil controlar a preocupação e a ansiedade. • A ansiedade e a preocupação estão associadas a pelo menos mais três dos seguintes sintomas: o inquietação ou sensação de estar “com os nervos à flor da pele” o cansaço fácil, fatigabilidade o dificuldade de concentrar-se o irritabilidade, “pavio curto” o tensão muscular, dificuldade de relaxar o alteração do sono (dificuldade de pegar no sono ou mantê-lo) • O foco da ansiedade ou preocupação não é decorrente de outro transtorno mental (como medo de ter crises de pânico, ser contaminado – no caso de TOC, ganhar peso – no caso da anorexia). • Ansiedade, preocupação ou sintomas físicos causam sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social. → Ataque de pânico: • Crises de ansiedade, de intenso desconforto ou de sensação de medo que alcançam um pico em minutos (geralmente não duram mais que meia ou uma hora), com pelo menos quatro dos seguintes critérios: o palpitações ou taquicardia o sensação de falta de ar, desconforto respiratório o sensação de asfixia ou de estar sufocando o suor de mãos, pés, face, geralmente frio o medo de perder o controle ou enlouquecer o medo de morrer, de ter um ataque cardíaco o tremores ou abalos o formigamentos ou anestesias nos dedos e nos lábios o ondas de calor ou calafrios o desrealização (sensação de que o ambiente familiar está estranho) ou despersonalização (sensação de estranheza quanto a si mesmo) o tontura, instabilidade o dor ou desconforto torácico o náusea ou desconforto abdominal → Transtorno de pânico: • Ter ataques de pânico de forma repetitiva e inesperada. • Pelo menos um dos ataques foi seguido por período mínimo de um mês com os seguintes critérios: o preocupação persistente com a possibilidade de ter novos ataques o preocupação com implicações ou consequências dos ataques, como perder o controle, enlouquecer ou ter um infarto o alterações do comportamento relacionadas aos ataques (evitar aglomerações, evitar sair de casa) o presença ou não de agorafobia associada Tratamento → As formas de tratamento indicadas para o TAG são: farmacoterapia, psicoterapia e intervenção psicossocial, incluindo práticas como yoga, meditação e mudanças no estilo de vida. • A farmacoterapia tem como objetivo diminuir os sintomas, melhorando o funcionamento social e ocupacional; Os medicamentos mais utilizados para farmacoterapia desse transtorno são: benzodiazepínicos, inibidores seletivosde recaptação de serotonina (ISRSs), buspirona, venlafaxina, tricíclicos e os antagonistas β-adrenérgicos. O uso de benzodiazepínicos, apesar da boa resposta, apresenta risco de dependência e exacerbação dos sintomas pós- tratamento, devendo ser evitado. • A psicoterapia promove um monitoramento da ansiedade e incentiva a compreensão do distúrbio pelo paciente. A modalidade psicoterápica mais indicada é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). → Para o transtorno de pânico, o tratamento é realizado com farmacoterapia e a TCC. Dos medicamentos estão mais indicados os antidepressivos ISRSs. São utilizados, entre eles: benzodiazepínicos, ISRSs e antidepressivos tricíclicos. O uso de benzodiazepínicos auxilia na redução de novos ataques quando há recorrência em curtos períodos, mas seu uso a longo prazo pode causar dependência, sintomas rebote ao ser interrompido, sintomas de abstinência (que se confundem com novas crises) e prejuízo cognitivo.
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