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Semiologia cardíaca normal

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Nome: Amanda Duro Marques 
R.A: 92774 
ANAMNESE: 
No raciocínio diagnóstico, são importantes 
todos os elementos de identificação, os 
antecedentes pessoais e familiares, os hábitos 
de vida, as condições socioeconômicas e 
culturais do paciente. 
SINAIS E SINTOMAS: 
Serão analisados: dor cardíaca, palpitações, 
dispneia, tosse e expectoração, chieira, 
hemoptise, desmaio (lipotimia e síncope), 
alterações do sono, cianose, edema, astenia e 
posição de cócoras. 
Dor: a dor relacionada com o coração e com a 
aorta compreende a de origem isquêmica, a 
pericárdica e a aórtica. Na avaliação 
semiológica da dor precordial, todas as 
características são importantes: localização, 
irradiação, caráter, intensidade, duração, 
frequência, fatores desencadeantes ou 
agravantes, fatores atenuantes e sintomas 
concomitantes, os quais podem preceder, 
acompanhar ou suceder a dor. A intensidade da 
dor varia de acordo com o grau de 
comprometimento isquêmico, podendo ser 
classificada em leve, moderada e intensa. 
Dor leve: é quando o paciente a sente, mas não 
se fixa nela, relatando-a, muitas vezes, como 
uma sensação de peso ou desconforto. 
Dor moderada: é quando incomoda bastante o 
paciente e agrava-se com os exercícios físicos. 
Dor intensa: é aquela que inflige grande 
sofrimento, obrigando o paciente a ficar o mais 
quieto possível, pois ele percebe que a dor se 
agrava com os movimentos ou pequenos 
esforços. Acompanha-se de sudorese, palidez, 
angústia e sensação de morte iminente. 
Palpitações: significam percepção incômoda 
dos batimentos cardíacos, sendo relatadas pelos 
pacientes de diferentes maneiras, tais como 
"batimentos mais fortes': "falhas~ "arrancos", 
"paradas", "tremor no coração", "coração 
deixando de bater", "coração aos pulos': além 
de outras. 
Palpitações de esforços: ocorrem durante a 
execução de esforço físico e desaparecem com 
o repouso. Nos cardíacos, têm o mesmo 
significado da dispneia de esforço, sendo 
comum ocorrerem conjuntamente. Também 
com relação às palpitações, é necessário 
caracterizar a magnitude do esforço, 
habitualmente escalonado em grandes, médios 
e pequenos esforços. Na insuficiência cardíaca, 
as palpitações, assim como a dispneia, iniciam-
se de modo súbito, logo ao se fazer um esforço 
físico, e desaparecem com o repouso, de 
maneira gradual e lenta. De maneira geral, os 
pacientes relatam batimentos rítmicos, 
enérgicos e rápidos. 
Palpitações decorrentes de alterações do ritmo 
cardíaco: são descritas pelos pacientes com 
expressões ou comparações que possibilitam ao 
médico presumir o tipo de arritmia. Assim, o 
relato de "falhas", "arrancos" e "tremor" indica 
quase sempre a ocorrência de extrassístoles. 
Aliás, nesta condição, o paciente percebe mais 
o batimento pós-extrassistólico do que a 
 
 
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contração prematura. De outro modo, a 
sensação de que o coração "deixa de bater" 
corresponde quase sempre à pausa com 
pensadora. Extrassístoles "em salvas" são 
descritas como "disparos do coração': com 
curta duração. Quando têm início e fim súbitos, 
costumam ser indicativas de taquicardia 
paroxística, enquanto as que apresentam início 
súbito e fim gradual sugerem taquicardia 
sinusal ou estado de ansiedade. O relato de 
taquicardia com batimentos irregulares pode 
levantar a suspeita de fibrilação atrial. 
Palpitações decorrentes de transtornos 
emocionais: podem fazer parte juntamente com 
a precordialgia e a dispneia suspirosa, da 
síndrome de astenia neurocirculatória ou 
neurose cardíaca, cuja origem reside nas 
agressões emocionais sofridas nos primeiros 
anos de vida (castigo, medo, ameaças) ou nas 
dificuldades e desajustes ocorridos na vida 
adulta, incluindo carência afetiva, desajuste 
conjugal, problemas econômicos, insatisfação 
sexual. 
Dispneia: recebe a designação de cansaço, 
canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga ou 
respiração difícil. Os dados anamnésicos 
possibilitam reconhecer os seguintes tipos de 
dispneia: dispneia de esforço, dispneia de 
decúbito (ortopneia), dispneia paroxística 
noturna e dispneia periódica ou de Cheyne-
Stokes. 
Dispneia de esforço: é o tipo mais comum na 
insuficiência ventricular esquerda; conforme 
sua denominação, aparece quando o paciente 
executa esforço físico. A dispneia aos médios 
esforços surge durante a realização de 
exercícios físicos de intensidade mediana, tais 
como andar em local plano a passo normal ou 
subir alguns degraus, mesmo devagar. A 
dispneia aos pequenos esforços ocorre durante 
a prática de exercícios físicos de pequena 
magnitude, como tomar banho, trocar de roupa, 
mudar de posição na cama. Às vezes, a dispneia 
aparece mesmo sem o indivíduo realizar 
exercícios físicos, bastando para desencadeá-la 
apenas o ato de falar. 
Dispneia de decúbito: surge quando o paciente 
se põe na posição deitada. Para minorá-la, o 
paciente eleva a cabeça e o tórax, usando 2 ou 
mais travesseiros; às vezes, inconscientemente, 
adota a posição semissentada ao dormir. Em 
fase mais avançada, quando a dispneia se torna 
muito intensa, o paciente é forçado a sentar-se 
na beira do leito (ortopneia), com as pernas para 
fora, quase sempre fletindo a cabeça para frente 
e segurando com as mãos as bordas do colchão, 
para ajudar o trabalho da musculatura acessória 
da respiração. A causa da dispneia de decúbito 
é o aumento da congestão pulmonar nesta 
posição pelo maior afluxo de sangue 
proveniente dos membros inferiores e do leito 
esplâncnico. Este tipo de dispneia aparece tão 
logo o paciente se deita, o que a diferencia da 
dispneia paroxística noturna. 
Síncope: é a perda súbita e transitória da 
consciência e do tônus muscular postura} 
(síncope). 
Cianose: significa coloração azulada da pele e 
das mucosas, em razão do aumento da 
hemoglobina reduzida no sangue capilar, 
chegando a 5 g por 100 me. A quantidade 
normal de hemoglobina reduzida é de 2,6 g por 
100 mf. A cianose é generalizada quando se 
observa no corpo todo e localizada quando se 
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restringe a determinados segmentos corporais - 
apenas o segmento cefálico, um dos membros 
superiores ou um dos membros inferiores. É um 
sinal importante de enfermidade cardíaca, 
principalmente na infância, podendo ser 
descoberta pelo próprio paciente ou pela 
família. 
Edema: as expressões (inchaço" e inchume") 
são as mais usadas pelos pacientes para relatar 
este sintoma, mas elas podem designar, 
também, crescimento ou distensão do abdome 
(p. ex., «inchaço na boca do estômago"). O 
edema é o resultado do aumento do líquido 
intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. 
Embora possa haver edema intracelular, do 
ponto de vista semiológico, este termo refere-
se ao extracelular ou intersticial. O edema 
aparece em muitas enfermidades, podendo ser 
localizado, como acontece no edema 
angioneurótico ou inflamatório e na 
compressão de vasos linfáticos e venosos, ou 
generalizado, resultante de afecções cardíacas, 
renais, hepáticas, carenciais e do uso de 
medicamentos. A causa básica do edema 
cardíaco é a insuficiência ventricular direita por 
aumento da pressão hidrostática associado à 
retenção de sódio. Primeiramente, localiza-se 
nos membros inferiores, pela ação da 
gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos. 
À medida que vai progredindo, acomete pernas 
e coxas, podendo alcançar a raiz dos membros 
inferiores. É bilateral, podendo ser assimétrico, 
isto é, mais intenso em um dos membros 
inferiores, o que indica, quase sempre, a 
existência de outra doença associada, como, 
por exemplo, varizes ou trombose venosa em 
uma das pernas. Além disso, por influência da 
gravidade, o edema cardíaco intensifica-se com 
o decorrer do dia, chegando à máxima 
intensidade no período da tarde; daí a 
denominação de edema vespertino. Diminui ou 
desaparece com o repousonoturno. 
EXAME FÍSICO: 
Inspeção e Palpação: realizam-se a inspeção e a 
palpação simultaneamente, devem ser 
sistematicamente analisados: pesquisa de 
abaulamento, análise do ictus cordis ou choque 
da ponta, análise de batimentos ou movimentos 
visíveis ou palpáveis e pesquisa de frêmito 
cardiovascular. 
Abaulamento: a observação da região 
precordial deve ser feita em 2 incidências: 
tangencial, com o examinador de pé do lado 
direito do paciente, e frontal, o examinador fica 
junto aos pés do paciente, que permanece 
deitado. Abaulamento desta região pode indicar 
a ocorrência de aneurisma da aorta, 
cardiomegalia, derrame pericárdico e 
alterações da própria caixa torácica. As 
cardiopatias congênitas e as lesões valvares 
reumáticas são as causas mais frequentes de 
abaulamento precordial. 
Ictus cordis: é estudado pela inspeção e 
palpação, investigando-se localização, 
extensão, mobilidade, intensidade e tipo da 
impulsão, ritmo e frequência. Situa-se no 
cruzamento da linha hemiclavicular esquerda 
com o 5º espaço intercostal; nos brevilíneos, 
desloca-se aproximadamente 2 cm para fora e 
para cima, situando-se no 4º espaço intercostal; 
nos longilíneos, costuma estar no 6º espaço, 1 
ou 2 cm para dentro da linha hemiclavicular. O 
deslocamento do ictus cordis indica dilatação e/ 
ou hipertrofia do ventrículo esquerdo, como 
ocorre na estenose aórtica, insuficiência 
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aórtica, insuficiência mitral, hipertensão 
arterial, miocardiosclerose, miocardiopatias e 
algumas cardiopatias congênitas. Avalia-se a 
extensão do ictus cordis procurando-se 
determinar quantas polpas digitais são 
necessárias para cobri-lo. Em condições 
normais, corresponde a 1 ou 2 polpas digitais. 
Nos casos de hipertrofia ventricular, são 
necessárias 3 polpas ou mais. Quando há 
grande dilatação e hipertrofia, o ictus cordis 
pode chegar a abarcar toda a palma da mão. A 
intensidade do ictus cordis é avaliada mais pela 
palpação do que pela inspeção. É na hipertrofia 
ventricular esquerda que se constatam os 
choques de ponta mais vigorosos. 
Batimentos ou movimentos: quando as bulhas 
cardíacas se tornam hiperfonéticas, podem ser 
sentidas pela mão como um choque de curta 
duração. A este fenômeno, denomina-se 
choque valvar. 
Frêmito cardiovascular: aplicada à sensação 
tátil determinada por vibrações produzidas no 
coração ou nos vasos. Ao encontrar-se um 
frêmito, 3 características precisam ser 
investigadas: localização, usando-se como 
referência as áreas de ausculta; situação no 
ciclo cardíaco, diferenciando-se, então, pela 
coincidência ou não com o ictus cordis ou o 
pulso carotídeo, os frêmitos sistólico, diastólico 
e sistodiastólico; e intensidade, avaliada em 
cruzes (+ a++++). Os frêmitos correspondem 
aos sopros e a sua ocorrência tem grande 
importância no raciocínio clínico, como será 
visto mais adiante. 
Ausculta: 
Focos: o foco ou área pulmonar localiza-se no 
2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. 
É neste foco em que se têm as condições ideais 
para a análise dos desdobramentos - fisiológico 
ou patológico - da 2a bulha pulmonar. O foco 
ou área aórtica situa-se no 2° espaço intercostal 
direito, justaesternal. No entanto, deve-se estar 
consciente de que, muitas vezes, o melhor local 
para perceber os fenômenos acústicos de 
origem aórtica é a área compreendida entre o 3° 
e o 4º espaço intercostal esquerdo, nas 
proximidades do esterno, à qual se dá a 
denominação de foco aórtico acessório. O foco 
ou área tricúspide corresponde à base do 
apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda. 
Os fenômenos acústicos originados na valva 
tricúspide - principalmente o sopro sistólico 
indicativo de insuficiência desta valva - 
costumam ser mais percebidos nas 
proximidades da área mitral. 
Fazem parte da rotina de ausculta do coração 
outras áreas no precórdio e nas adjacências, 
dentre as quais se destacam as seguintes: 
• Borda esternal esquerda, que corresponde à 
região situada entre a área pulmonar e a 
tricúspide; 
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• Borda esternal direita, que vai do foco aórtico 
ao 5º espaço intercostal direito, justaesternal; 
• Endoápex ou mesocárdio, que é a área situada 
entre o foco tricúspide, o foco mitral e o aórtico 
acessório ; 
• Regiões infra e supraclaviculares, direita e 
esquerda; 
• Regiões laterais do pescoço, muito 
importantes para a caracterização do sopro de 
estenose aórtica cuja irradiação segue a direção 
do fluxo sanguíneo ejetado pelo ventrículo 
esquerdo; 
• Regiões interescapulovertebrais, 
principalmente a região interescapulovertebral 
esquerda, em que melhor se ausculta, com 
frequência, o sopro da persistência do canal 
arterial. 
Semiotécnica: o médico e o paciente devem 
posicionar-se comodamente no momento da 
ausculta, que será efetuada com o paciente nas 
posições deitada, sentada e em decúbito lateral 
esquerdo. Às vezes, usa-se outra posição na 
qual o paciente se põe de pé, debruçando-se 
sobre a mesa de exame ou sobre o próprio leito 
(Figura 50.2). A posição padrão é o decúbito 
dorsal com a cabeça apoiada em um pequeno 
travesseiro, com o tórax completamente 
descoberto. O médico fica do lado direito, de pé 
ou sentado, conforme a altura da cama ou da 
mesa de exame. Outra posição de rotina é com 
o paciente de pé ou sentado na beira do leito ou 
em uma cadeira, com o tórax ligeiramente 
inclinado para frente. O examinador põe-se de 
pé do lado direito do doente. Esta última 
posição é mais propícia para a ausculta dos 
fenômenos estetoacústicos originados na base 
do coração. Uma terceira posição é a do 
paciente deitado em decúbito lateral esquerdo 
com a mão esquerda na cabeça (desse modo, 
evita-se que o braço fique acolado ao tórax, 
impedindo livre acesso ao precórdio). O 
médico continua de pé do lado direito. Esta 
posição é mais adequada para auscultar os 
fenômenos da área mitral. Assim, algumas 
vezes, a 3ª bulha é mais audível em decúbito 
lateral esquerdo. Fato corriqueiro, também, é a 
melhor audibilidade do sopro diastólico da 
estenose mitral nesta posição. 
Quando há hipofonese das bulhas ou quando se 
quer exacerbar os sons originados na base do 
coração, solicita-se ao paciente que assuma a 
posição de pé, debruçando-se sobre a mesa de 
exame. Assim postado, obtém-se maior 
aproximação do coração à parede torácica, 
tomando as bulhas e os outros sons mais 
audíveis. As solicitações feitas ao doente 
devem ser claras. Assim, quando se deseja que 
ele altere seu modo de respirar- aumentar a 
amplitude, inspirar profundamente, expirar de 
modo forçado, parar a respiração -, isso deve 
ser feito em linguagem simples e clara. Quando 
se deseja, por exemplo, que o paciente faça uma 
expiração forçada, a melhor maneira de obtê-la 
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será pedir-lhe que esvazie o peito soprando 
todo o ar que for possível. 
Bulhas cardíacas: 
Primeira Bulha (B1) → o principal elemento na 
formação da 1ª bulha cardíaca é o fechamento 
das valvas mitral e tricúspide, e coincide com o 
ictus cordis e com o pulso carotídeo. É de 
timbre mais grave e seu tempo de duração é um 
pouco maior que o da 2ª bulha. 
Segunda Bulha (B2) → é constituída de 4 
grupos de vibrações; mas somente são audíveis 
as originadas pelo fechamento das valvas 
aórtica e pulmonar. A 2ª bulha vem depois do 
pequeno silêncio, seu timbre é mais agudo, soa 
de maneira mais seca, de tal modo que a 
designamos pela expressão TA. 
Terceira Bulha (B3) → é um ruído 
protodiastólico de baixa frequência que se 
origina das vibrações da parede ventricular 
subitamente distendida pela corrente sanguínea 
que penetra na cavidade durante o enchimento 
ventricular rápido. 
Quarta Bulha (B4) → é um ruído débil que 
ocorre no fim da diástole ou pré-sístole e pode 
ser ouvida mais raramente em condiçõesnormais e crianças e nos adultos jovens. A 
gênese da 4ª bulha não está completamente 
esclarecida. Atualmente, admite-se que esta 
bulha seja originada pela brusca desaceleração 
do fluxo sanguíneo mobilizado pela contração 
atrial de encontro à massa sanguínea existente 
no interior do ventrículo, no final da diástole. 
OBS: Durante a expiração, ambas as valvas se 
fecham sincronicamente, dando origem a um 
ruído único. Na inspiração, principalmente 
porque a sístole do ventrículo direito se 
prolonga ligeiramente em função do maior 
afluxo sanguíneo a este lado do coração, o 
componente pulmonar sofre um retardo que é 
suficiente para perceber, nitidamente, os 2 
componentes. A este fato, se chama 
desdobramento fisiológico da 2ª bulha 
cardíaca. 
Localização dos Fenômenos Estacústicos: 
Protossístole → terço inicial da sístole 
Mesossístole → terço médio da sistole 
Telessístole → terço final da sístole 
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Holossístole → pega toda sístole 
Protodiástole → terço inicial da diástole
 
Mesodiástole → terço médio da diástole 
Telediástole → terço final da diástole 
Holodiástole → pega toda diástole 
PRESSÃO ARTERIAL: 
A pressão ou tensão arterial é um parâmetro 
fisiológico indispensável na investigação 
diagnóstica, e o registro dos níveis pressóricos 
é parte obrigatória do exame clínico. 
Deve ser medida em todas as idades. Apesar 
das dificuldades técnicas, deve ser realizada 
mesmo nos recém-nascidos e nas crianças 
menores. 
Fatores determinantes: 
Débito Cardíaco: as variações do débito 
cardíaco são muito grandes. Durante o 
exercício muscular, por exemplo, pode chegar 
a 30 l por minuto. Relaciona-se diretamente 
com a capacidade contrátil do miocárdio e com 
o retorno venoso, influindo de modo apreciável 
na pressão sistólica. Isso explica por que o 
exercício físico e as emoções fazem subir 
predominantemente a pressão sistólica. Em 
contrapartida, nas afecções em que existe 
comprometimento do miocárdio com redução 
de sua capacidade contrátil, verifica-se queda 
dos níveis pressóricos, particularmente da 
pressão sistólica, em decorrência da diminuição 
do volume sistólico. 
Resistência Periférica: a resistência periférica 
depende, em parte, da ação do sistema nervoso 
simpático, por meio dos receptores alfa 
(vasoconstritores) e beta (vasodilatadores). 
Também é importante a influência humoral 
sobre a resistência periférica, representada pela 
angiotensina e pelas catecolaminas, que 
interferem na vasoconstrição, e pelas 
prostaglandinas e cininas, que agem na 
vasodilatação. O conhecimento desses 
mecanismos reguladores é importante para 
compreensão das alterações pressóricas em 
condições normais e patológicas, bem como 
para a ação dos agentes terapêuticos. 
Elasticidade da parede dos grandes vasos: 
grande distensibilidade é uma das 
características dos grandes vasos, 
principalmente a aorta, em cujas paredes 
predominam amplamente as fibras elásticas. 
Esta propriedade é fundamental para 
contrabalançar as consequências do 
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funcionamento descontínuo do coração. Em 
cada sístole, o sangue é impulsionado para a 
aorta de maneira intermitente, acompanhando-
se de uma apreciável energia cinética que, em 
parte, é absorvida pela parede desse vaso. Tal 
energia promove o retorno da aorta à sua 
posição basal, fazendo a corrente sanguínea 
progredir de modo contínuo e não intermitente, 
como é o funcionamento do coração. Deste 
mecanismo participam a aorta e os grandes 
vasos que dela emergem. A elasticidade das 
grandes artérias influi decisivamente na pressão 
sistólica. Diminuição da elasticidade da aorta, 
como ocorre nas pessoas idosas, resulta em 
aumento da pressão sistólica sem elevação 
concomitante da diastólica. 
Volemia: ao reduzir a volemia, como ocorre na 
desidratação e nas hemorragias, observa-se 
queda da pressão arterial, que pode chegar a 
níveis extremamente baixos. Na 
glomerulonefrite aguda, observa-se o oposto. 
Nessa enfermidade, além da secreção de renina, 
ocorre uma hipervolemia que também participa 
da gênese da hipertensão arterial. 
Viscosidade sanguínea: a influência deste fator 
é relativamente pequena, embora participe 
tanto da determinação da pressão sistólica 
quanto da diastólica. Contudo, nas anemias 
graves, a diminuição da viscosidade sanguínea 
pode ser o fator responsável por níveis 
pressóricos baixos. Ao contrário, nas 
policitemias o aumento da viscosidade do 
sangue pode acompanhar-se de elevação da 
pressão arterial. 
Técnica: 
A técnica para medir a pressão arterial deve 
seguir alguns procedimentos, mostrados na 
sequência. 
Paciente: 
• Repouso mínimo de 3 min 
• Local tranquilo e, preferencialmente, sem 
ruídos que possam interferir com a ausculta 
• Posição do paciente: podem ser utilizadas as 
posições sentada, deitada ou em pé. Em 
qualquer posição, é necessário manter a artéria 
braquial no nível do coração (4º espaço 
intercostal), tomando-se o cuidado de deixar o 
paciente em posição confortável, com o braço 
ligeiramente flexionado, apoiado sobre uma 
superfície firme, com a palma da mão voltada 
para cima. Devemos anotar a posição do 
paciente em que foi efetuada a medida da 
pressão. Na primeira avaliação e em 
determinados casos (idosos, controle de 
terapêutica, suspeita de hipotensão postural), 
devemos efetuar a medida nas várias posições. 
Deve-se lembrar de que, no caso de gestantes, 
evita-se o decúbito lateral direito. 
Aparelho: 
• Calibrado 
• Manômetro em plano perpendicular ao plano 
visual. 
Observador: 
• Pessoa com treinamento 
• Posição confortável, evitando-se baixar a 
cabeça (a congestão dos vasos do ouvido pode 
prejudicar a ausculta) 
• Coloque o diafragma do estetoscópio 
exatamente sobre a artéria braquial. 
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Procedimento: 
• Localize as pulsações da artéria braquial 
• Coloque o manguito 2 em acima da fossa 
cubital Parte 8 I Sistema Cardiovascular 
• Palpe o pulso radial (pode também ser feito na 
artéria braquial) 
• Infle o manguito até o desaparecimento do 
pulso radial. A seguir, desinsufle o manguito 
lentamente; quando reaparece o pulso, tem-se o 
valor da pressão sistólica 
• Coloque o estetoscópio sobre a artéria 
braquial e insufle o manguito cerca de 30 
mmHg acima do valor encontrado para a 
pressão sistólica pelo método palpatório 
• Solte o ar, de maneira contínua, à razão de 2 a 
3 mmHg/ segundo, até o completo 
esvaziamento da câmara 
• Caso os ruídos estejam sendo percebidos com 
dificuldade, aumente o ângulo entre o braço e o 
tórax, retificando a artéria, pois isso pode 
facilitar a ausculta dos sons. 
Fases de Korotkff: 
À medida que se desinsufla o manguito, volta a 
ocorrer a passagem do sangue pela artéria antes 
colabada, surgindo os ruídos chamados sons de 
Korotkoff, classificados em 5 fases: 
Fase I (aparecimento de sons): o primeiro som 
é claro como uma pancada. O peso da onda 
sistólica é maior que a pressão do manguito e o 
sangue na artéria. A clareza do batimento 
depende de força, velocidade e quantidade de 
sangue. O pulso arterial não se manifesta 
inicialmente, pois a quantidade de sangue na 
porção distai do manguito ainda é insuficiente. 
Fase II (batimentos com murmúrio): com a 
dilatação da artéria pressionada, a 
contracorrente reverbera e cria murmúrios na 
parede dos vasos sanguíneos. 
Fase III (murmúrio desaparece): os batimentos 
passam a ser mais audíveis e mais acentuados. 
A artéria que sofreu constrição continua a se 
dilatar com a redução da pressão do manguito 
Fase IV (abafamento dos sons): os batimentos 
repentinamente tomam-se menos acentuados. 
Há, portanto, um abafamento dos sons. 
 Fase V (desaparecimento de sons): 
restabelece-se o calibre normal da artéria e o 
sangue não mais provoca ruídos perceptíveisà 
ausculta da artéria radial. 
OBS: Hiato auscultatório. Trata-se do desaparecimento 
dos sons, durante a última parte da Fase I e na Fase II. O 
hiato pode cobrir uma faixa de 30 a 40 mmHg, podendo, 
desse modo, ser causa de se subestimar o nível da 
pressão sistólica ou superestimar o nível da pressão 
diastólica. O modo de evitá-lo é realizar sempre o 
método palpatório antes do auscultatório. Cumpre 
ressaltar que isso constitui fonte comum de erro na 
medida da pressão arterial, principalmente em idosos 
(Figura 50.27). 
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Determinação da P.A.: 
Pressão arterial sistólica - aparecimento do 
primeiro ruído (Fase I) 
Pressão arterial diastólica - desaparecimento 
dos sons (Fase V). 
Nos casos em que os ruídos persistirem até o 
total esvaziamento da câmara, devemos 
considerar a pressão diastólica na Fase IV de 
Korotkoff- abafamento dos sons - e registrar 
três valores. Exemplo: 150 x 70 x O mmHg. 
Valores normais:

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