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QUALIDADE AMBIENTAL E SANEAMENTO BÁSICO Poluição por esgotos domésticos e industriais QUALIDADE DAS ÁGUAS E USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA BACIA HIDROGRÁFICA O CRESCIMENTO POPULACIONAL E A TRANSFORMAÇÃO DO MEIO URBANO • Crescimento da população nas últimas décadas • Forma de crescimento das cidades, notadamente a partir da década de 60 – Falta de políticas de planejamento (níveis Federal, Estadual e Municipal) – Falta de políticas de habitação – Falta de políticas de saneamento 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1900 1920 1940 1960 1980 2000 Ano Po pu laç ão (% ) População Rural População Urbana Crescimento da população nas cidades brasileiras, desde o período colonial até o ano de 2000 Fonte Kaick, 2007 >65% das cidades >1.5 milhões na costa MIRANDA, E. E. de; COUTINHO, A. C. (Coord.). Brasil Visto do Espaço. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2004. Disponível em: <http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br>. Acesso em: 28 ago. 2008. O Brasil possui 8.500 km se calculados os recortes litorâneos, como reentrâncias e baías, com predominância de praias oceânicas pouco sinuosas . Nessa faixa concentra-se um quarto da população brasileira, aproximadamente 36,5 milhões de pessoas, residentes em 500 municípios. Na verdade, cerca de dois terços da humanidade habitam em zonas costeiras. As atividades econômicas costeiras são responsáveis por cerca de 70% do produto interno bruto (PIB) nacional. No mundo, os esgotos continuam a ser a maior fonte de contaminação do meio ambiente marinho e costeiro em termos de volume . O tema está dentro das atividades previstas para 2008, ano em que a Assembléia Geral da ONU estabeleceu como o Ano Internacional do Saneamento. ALGUNS RESULTADOS DO CRESCIMENTO DESORDENADO • Formação de verdadeiras cidades informais (periferias, morros e fundos de vale) • Descompasso entre o crescimento populacional e implantação de serviços de infra-estrutura (transporte, energia, saneamento etc.) • Geração crescente e concentrada de esgotos domésticos e industriais – Impactos sobre a saúde – Impactos sobre o meio ambiente • Outros (Desemprego, fome, violência etc.) Segundo o IBGE, em 2000, dos 155 milhões de brasileiros: 29,48% não são atendidos por rede geral de água 67,74% não possuem esgotamento sanitário 23,7% não têm coleta de lixo. Dentre os poluentes biológicos estão os esgotos domésticos. Os brasileiros produzem em média diariamente 14,5 milhões de metros cúbicos de esgoto, dos quais menos de 15% recebem algum tratamento, sendo lançados diariamente algo em torno de 10 bilhões de litros de esgoto bruto nos cursos de água. Mais de 50 milhões de pessoas nas cidades brasileiras não estão sendo atendidas por sistemas quer públicos quer privados de esgotamento sanitário. O crescimento na infra-estrutura não acompanhou o crescimento no abastecimento, sendo este aumento do volume de água sem tratamento um dos grandes fatores de disseminação de doenças veiculadas pela água. SANEAMENTO BÁSICO A expressão SANEAMENTO BÁSICO trata dos problemas relativos ao abastecimento d’água, à coleta e disposição dos esgotos sanitários, ao controle da poluição causada por esses esgotos, à drenagem urbana (águas pluviais) e ao acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos e ao controle de vetores. Sanear: tornar são, habitável, sanar, remediar, restituir ao estado normal Hoje, sabe-se que os serviços de saneamento são de vital importância para proteger a saúde da população, minimizar as conseqüências da pobreza e proteger o meio ambiente. No entanto, os recursos financeiros disponíveis para o setor são escassos no Brasil, a despeito das carências observadas. Logo, a ausência de estudos sobre a influência da cobertura populacional por serviços de saneamento sobre as condições de saúde existentes nas diferentes unidades da federação constitui uma importante lacuna nas pesquisas no campo do saneamento no Brasil. Manual de Saneamento, FUNASA Segundo a Organização Mundial de Saúde, o termo qualidade de vida como vem sendo aplicado na literatura médica não parece ter um único significado (GILL e FEINSTEIN, 1994). "Condições de saúde", 'funcionamento social" e "qualidade de vida" tem sidos usados como sinônimos (GUYATT e cols.) e a própria definição de qualidade de vida não consta na maioria dos artigos que utilizam ou propõe instrumentos para sua avaliação (GILL e FEINSTEIN, 1994). Qualidade de vida relacionada com a saúde ("Health-related quality of life" ) e Estado subjetivo de saúde ("Subjective health status") são conceitos afins centrados na avaliação subjetiva do paciente, mas necessariamente ligados ao impacto do estado de saúde sobre a capacidade do indivíduo viver plenamente. Esgotos domésticos O esgoto doméstico é aquele que provem principalmente de residências, estabelecimentos comerciais, instituições ou quaisquer edificações que dispõe de instalações de banheiros, lavanderias e cozinhas. Compõem-se essencialmente da água de banho, excretas, papel higiênico, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem • Situação do abastecimento de água – 35 milhões de brasileiros (24% da população) não contam com água canalizada – Na região Nordeste, 40% da população não têm água canalizada – A maior parte da população residente nos municípios com até 30 mil habitantes é abastecida com água não potável O DESAFIO DO SANEAMENTO SUPRIMENTO DE ÁGUA (Principal sistema de água) • 90 % Áreas urbanas • 18% Áreas Rurais • 78 % Brasil • (*) Por residência A água representa 70% da massa do corpo humano. A maior parte do corpo humano é feita de água, assim como em todos os seres vivos: é o maior elemento em quantidade nas células e no sangue dos animais e também na seiva das plantas. Água no corpo humano Sintomas de desidratação: Perda de 1% a 5% de água Sede, pulso acelerado, fraqueza Perda de 6% a 10% de água Dor de cabeça, fala confusa, visão turva Perda de 11% a 12% de água Delírio, língua inchada, morte Uma pessoa pode suportar até 50 dias sem comer, mas apenas 4 dias sem beber água. Quantidade de água disponível diminuindo Estados Unidos: 600 L por habitante dia Sertão: 10 L por habitante dia SITUAÇÃO HÍDRICA DO BRASIL 12% de toda a água doce do planeta encontra-se em nosso país. Brasil Resto do Globo 88 % 12 % O Sistema Aquífero Guarani (SAG) é uma gigantesca unidade hidrogeológica da porção meridional da América do Sul, e se estende por quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, totalizando mais de 1 milhão de km2. A importância desse aquífero não reside apenas em sua extensão ou sua grande capacidade de armazenamento de água subterrânea, mas também à área de sua ocorrência, pois se trata de região com grande demanda pelo recurso hídrico. SISTEMA AQUÍFERO GUARANI Segundo o Prof.Olaf Malm do Instituo de Biofísica da UFRJ Problemas relacionados à escassez de água já são a origem de conflitos em relações sociais, econômicas e de saúde ambiental e humana e tendem a crescer principalmente em áreas mais densamente povoadas ou onde este recurso natural é restrito. O século XXI tem como principal desafio a conscientização da sociedade da necessidade do uso sustentável dos recursos hídricos. De fato, devido ao enorme consumo de água envolvido na produção dos diferentes alimentos, condicionará também mudanças em hábitos alimentares. O Conselho Mundial da Água estima que o consumo pelo homem aumentará 40% em duas décadas e assim 17% mais água do que o disponível agora será necessário para manter a produção de alimentos. Apenas metade da Ásia tem saneamento básico e um terço acesso a água tratada. Água suja resultado de baixo cuidado sanitário é o maior causador de mortes infantis na Ásia e globalmente mata uma criançaa cada 30 segundos. A situação do Brasil quanto ao acesso a água tratada é melhor (72% ) mas com relação ao saneamento a situação é semelhante. Um indivíduo médio asiático usa 10 litros de água por dia para beber, lavar, cozinhar e higiene pessoal. Descargas de vasos sanitários ocidentais usam de 16 a 22 litros de água. O consumo diário per capita de um alemão é de 128 litros e de um inglês 149. O consumo diário de Las Vegas (EUA) é de 1.230 litros. Estes consumos diferenciados são fruto de disponibilidades ambientais diferenciadas, mas também de culturas diferentes. Mais de 70 mil contaminantes associados à água já foram identificados. As águas de irrigação e consumo em áreas remotas são de difícil monitoração. Um litro de gasolina contamina 200 mil litros de água. De fato, o homem tem que assumir maior responsabilidade pelos seus resíduos com relação aos corpos d’água. É como se todos tivéssemos que nos convencer que “nós todos vivemos a jusante”, ou seja, “somos todos vulneráveis”, e estamos reféns de nossas atitudes e ameaçando as próximas gerações • Situação do esgotamento sanitário – 70 milhões de brasileiros (48% da população) não dispõem de serviços adequados de esgotamento sanitário, sendo que em 85% dos casos os esgotos são lançados diretamente nos rios – Na região Nordeste, 77% da população não têm redes de esgotos nem fossas sépticas – Na região Norte, 93% dos municípios não possuem nem o serviço de coleta de esgotos – Apenas 20% dos municípios tratam os esgotos gerados O DESAFIO DO SANEAMENTO Coleta de Esgoto Sanitário Sem Coleta de Esgoto Sanitário Em áreas urbanas 19,6 mi ( 36,1 % ) 34,6 mi ( 63,9 % ) Não Possuem Tratamento de Esgoto Possuem Algum Tipo de Tratamento de Esgoto Em áreas rurais 12,1 mi ( 22,6 % ) 42,1 mi ( 77,4 % ) Coleta de esgôto • 56 % Áres urbanas • 3% Áreas Rurais • 47 % Brasil • (*) Por residência TRATAMENTO DE ESGOTO Menos de 20% do esgoto coletado é tratado Impurezas devido ao uso Água potável Esgotos domésticos+ Impurezas devido ao uso Água cons. industrial Efluentes Industriais USOS DA ÁGUA E GERAÇÃO DE ESGOTOS + = = Abastecimento Industrial Abastecimento Doméstico Características dos excretas As fezes humanas compõem-se de restos alimentares ou dos próprios alimentos não transformados pela digestão, integrando-se as albuminas, as gorduras, os hidratos de carbono e as proteínas. Os sais e uma infinidade de microorganismos também estão presentes. Na urina são eliminadas algumas substâncias, como a uréia, resultantes das transformações químicas (metabolismo) de compostos nitrogenados (proteínas). As fezes e principalmente a urina contêm grande percentagem de água, além de matéria orgânica e inorgânica. Nas fezes está cerca de 20% de matéria orgânica, enquanto na urina 2,5%. Os microrganismos eliminados nas fezes humanas são de diversos tipos, sendo que os coliformes (Escherichia coli, Aerobacter aerogenes e o Aerobacter cloacae) estão presentes em grande quantidade, podendo atingir um bilhão por grama de fezes. • Água (99,9%) • Sólidos (0,1%) – Sólidos Suspensos – Sólidos Dissolvidos – Matéria Orgânica – Nutrientes (N, P) – Organismos Patogênicos (vírus, bactérias, protozoários, helmintos) LODO PRINCIPAIS CONSTITUÍNTES DOS ESGOTOS DOMÉSTICOS Características físicas dos esgotos As principais características físicas ligadas aos esgotos domésticos são: matéria sólida, temperatura, odor, cor e turbidez e variação de vazão. matéria sólida: os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água, e apenas 0,1% de sólidos. É devido a esse percentual de 0,1% de sólidos que ocorrem os problemas de poluição das águas, trazendo a necessidade de se tratar os esgotos; temperatura: a temperatura do esgoto é, em geral, pouco superior à das águas de abastecimento. A velocidade de decomposição do esgoto é proporcional ao aumento da temperatura; odor: os odores característicos do esgoto são causados pelos gases formados no processo de decomposição, assim o odor de mofo, típico do esgoto fresco é razoavelmente suportável e o odor de ovo podre, insuportável, é típico do esgoto velho ou séptico, em virtude da presença de gás sulfídrico; cor e turbidez: indicam de imediato o estado de decomposição do esgoto. A tonalidade acinzentada acompanhada de alguma turbidez é típica do esgoto fresco e a cor preta é típica do esgoto velho; variação de vazão: a vazão doméstica do esgoto é calculada em função do consumo médio diário de água de um indivíduo. Estima-se que para cada 100 litros de água consumida, são lançados aproximadamente 80 litros de esgoto na rede coletora. Características químicas As principais características químicas dos esgotos domésticos são: matéria orgânica e matéria inorgânica. Matéria orgânica: cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica, geralmente esses compostos orgânicos são uma combinação de carbono, hidrogênio e oxigênio, e algumas vezes com nitrogênio. Os grupos de substâncias orgânicas nos esgotos são constituídos por compostos de: proteínas (40% a 60%), carboidratos (25% a 50%), gorduras e óleos (10%) e uréia, fenóis, etc. As proteínas: são produtoras de nitrogênio e contêm carbono, hidrogênio, oxigênio, algumas vezes fósforos, enxofre e ferro. As proteínas são o principal constituinte de organismo animal, mas ocorrem também em plantas. O gás sulfídrico presente nos esgotos é proveniente do enxofre fornecido pelas proteínas; Os Carboidratos: contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. São as principais substâncias a serem destruídas pelas bactérias, com a produção de ácidos orgânicos, (por esta razão os esgotos velhos apresentam maior acidez); A gordura: é o mesmo que matéria graxa e óleos, provem geralmente do esgoto doméstico graças ao uso de manteiga, óleos vegetais, da carne, etc; Matéria inorgânica nos esgotos é formada principalmente pela presença de areia e de substâncias minerais dissolvidas. Características biológicas As principais características biológicas do esgoto doméstico são: microorganismos de águas residuais e indicadores de poluição. a) microorganismos de águas residuais Os principais organismos encontrados nos esgotos são: as bactérias, os fungos, os protozoários, os vírus e as algas. Deste grupo as bactérias são as mais importantes, pois são responsáveis pela decomposição e estabilização da matéria orgânica, tanto na natureza como nas estações de tratamento. b) indicadores de poluição Para indicar no entanto a poluição de origem humana usa-se adotar os organismos do grupo coliforme como indicadores. As bactérias coliformes são típicas do intestino do homem e de outros animais de sangue quente (mamíferos) e por estarem presentes nas fezes humanas (100 a 400 bilhões de coliformes/hab.dia) e de simples determinação, são adotadas como referência para indicar e medir a grandeza da poluição. Seria por demais trabalhoso e antieconômico se realizar análises para determinar a presença de patogênicos no esgoto; ao invés disto se determina a presença de coliformes e, por segurança, se age como se os patogênicos também estivessem presentes. Bactéria aeróbica e anaeróbica O oxigênio é essencial a todo ser vivo para a sua sobrevivência. Na atmosfera encontramos o oxigênio necessário aos organismos terrestres e o oxigênio para os organismos aquáticos se encontram dissolvidos na água. Por maior que seja a poluição atmosférica, o teor de oxigênio no ar (21%) não será tão afetado, já havendo poluição orgânica (esgoto) na água o oxigênio dissolvido pode até desaparecer, trazendo grandes prejuízos à vida aquática. Como qualquer ser vivo, as bactérias também precisam de oxigênio. As bactérias aeróbias utilizam-se do oxigênio livre na atmosfera ou dissolvidos na água, porém as bactérias anaeróbias para obtê-lo terão que desdobrar (abrir) substâncias compostas. Também existe as bactérias facultativas,que podem viver do oxigênio livre ou combinado. Esses três tipos de bactérias encontram-se normalmente no solo e podem ser patogênicos ou saprófitas que vivem exclusivamente às custas de matéria orgânica morta. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) É a forma mais utilizada para se medir a quantidade de matéria orgânica presente no esgoto ou em outras palavras; medir a quantidade de oxigênio necessário para estabilizar a matéria orgânica com a cooperação de bactérias aeróbias. Quanto maior o grau de poluição orgânica maior será a DBO. A DBO vai reduzindo-se gradativamente durante o processo aeróbio até anular-se, quando então a matéria orgânica estará totalmente estabilizada. Normalmente a uma temperatura de 20˚C, e após 20 dias, é possível estabilizar 99,0% da matéria orgânica dissolvida ou em estado coloidal. Em geral a DBO dos esgotos 158 Fundação Nacional de Saúde domésticos varia entre 100mg/L e 300mg/L, em outras palavras o número em mg indica a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar bioquimicamente a matéria orgânica presente no esgoto Diminuição dos Níveis de Oxigênio Dissolvido das Águas Matéria Orgânica PRINCIPAIS RISCOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS AOS ESGOTOS “IN NATURA” Eutrofização de Lagos e RepresasNutrientes Formação de bancos de lodo e deterioração das condições estéticas Sólidos Suspensos Efeitos adversos à saúde pública: alguns exemplos No período de 1981 a 1992, nos Estados Unidos, constataram-se 132 eclosões de enfermidades agudas pela ingestão de água inadequada dos sistemas de abastecimento de água(Oterstetter,H e Zepeda, Francisco). As investigações efetuadas demonstraram que: cinqüenta eclosões foram atribuídas a Giardia, seis a Campylobacter, três a Shigella, um a Salmonela typhimurium, quatro a outras espécies de Salmonella, cinco a Hepatite A, um a Escherichia coli, um a grupos microbiológicos de cianobactéria, seis a vírus entéricos, quatro a Cryptosporidium, catorze a envenenamentos químicos e 34 por agentes etiológicos desconhecidos. O número de indivíduos que sofreram reflexos adversos à saúde(morbidade) por epidemias ocorridas ao longo desses onze anos foi da ordem de 49.295, dentre os quais, seis óbitos. Comparado com período anterior, na América Latina, entre os anos de 1992 a 1995, constata-se que ocorreu um milhão de casos de cólera com dez mil mortes. A estatística de saúde pública revela que ocorre má - formação congênita entre 2% e 3% dos recém nascidos. Do universo de enfermos com má-formação congênita, estima-se que 25% delas podem ser debitadas à causas genéticas; as outras 5% a 10% têm origem na exposição à radiação, vírus, medicamentos e o restante(entre 65% a 70%) à causas desconhecidas mas possivelmente associadas a fatores ambientais. Estudos desenvolvidos por Fagliano,J - Berry, Michael et all examinaram o aumento da incidência de leucemia entre mulheres com a ocorrência de compostos orgânicos voláteis (VOC) em sistemas públicos de abastecimento de água. A origem dos compostos orgânicos voláteis nos cursos de água superficial provém da contaminação industrial sofrida ao longo dos anos. Saneamento no Brasil 1988 → 10.116 pessoas morreram assassinadas 10.844 pessoas morreram por causa de diarréias 29 pessoas morrem/dia, em conseqüência da falta de saneamento básico Mortalidade infantil 45/1000 30% das mortes infantis são por diarréia 5,5 milhões de casos de esquistossomose Epidemia de cólera atingiu >700 cidades > 70.000 pessoas Doenças relacionadas com os esgotos É grande o número de doenças cujo controle está relacionado com o destino inadequado dos dejetos humanos. Citaremos entre as principais: ancilostomíase, ascaridíase, amebíase, cólera, diarréia infecciosa, disenteria bacilar, esquistossomose, estrongiloidíase, febre tifóide, febre paratifóide, salmonelose, teníase e cisticercose. Doenças Causadas por Parasitas: •Amebíase: O contágio se dá através de água contaminada com cistos provenientes de fezes humanas. • Esquistossomose: O contágio se dá através do contato direto com água onde há larvas provenientes de caramujos. • Ascaridíase: O contágio se dá com o consumo de água onde há o parasita Áscaris lumbricoides. •Giardíase: O contágio se dá com o consumo de água onde há o parasita Giárdia lamblya. A água sem tratamento causa perigosas doenças, algumas até fatais, através de parasitas, vírus e bactérias. ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenal e Necatur americanus Contaminação: pode penetrar pela pele ou ser adquirida pela ingestão oral de larvas presentes na água ou em alimentos contaminados. Quadro clínico:As infecções agudas e maciças podem resultar em fadiga, fraqueza, dores de barriga, e diarréia com perda de sangue. As infecções crônicas resultam em anemia, palidez, cansaço, desânimo, fraqueza, tonturas, vertigens e dores musculares.É caracterísitca a vontade de comer terra. As larvas infectantes podem causar irritação e coceira locais. Também pode haver comprometimento pulmonar. ANCILÓSTOMO - CAUSA O AMARELÃO ASCARIDÍASE Áscaris lumbricóides Contaminação: pela ingestão de ovos infectantes junto com alimentos contaminados No intestino é liberada a larva que realiza migração obrigatória pelo fígado e pulmão, sendo que os adultos vivem no lúmem do intestino delgado. Quadro clínico: dores abdominais, náuseas, vômitos, aumento dos sons intestinais, falta de apetite, palidez e emagrecimento. A larva pode ir para os pulmões, causando manifestações específicas BALANTIDÍASE Balantidium coli (protozoário ciliar) Contaminação: ingestão de cistos ou eventualmente trofozoítas, através de água ou alimentos. Quadro clínico: cólicas, dores abdominais, náuseas, vômitos e vontade de evacuar sem a presença de fezes, semelhante. A infecção crônica produz disenteria ou diarréia mucosa e raramente diarréia sanguinolenta O número de evacuações varia entre 6 a 15 por dia ENTEROBÍASE ou OXIURÍASE Enterobios vermiculares Contaminação: pela ingestão ou inalação com deglutição de ovos infectados presentes no meio ambiente ou na região anal e perianal, inclusive na roupa de cama Quadro clínico: coceira anal, principalmente à noite, com perda de sono e agitação, dor abdominal e disenteria. Pode haver comprometimento dos genitais femininos. ESTRONGILOIDÍASE Strongyloides stercoralis Contaminação: as larvas podem penetrar através da pele após contato com terra infectada, levando-se as mãos sujas à boca ou através de água ou vegetais contaminados com larvas Quadro clínico: muitas vezes sem apresentar sintomas é comum em pacientes com deficiências imunitárias, subnutriçâo e alcoolismo. . Podem haver reações alérgicas locais, gastrointestinal e penetração das larvas nos pulmões. GIARDÍASE Giárdia lamblia (protozoário flagelado) Contaminação: pela ingestão de cistos presentes nas fezes pela via fecal-oral, pessoa-pessoa ou indiretamente pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelas fezes. Quadro clínico: quando a doença clínica ocorre, tende a ser prolongada, intermitente, debilitante, com diarréia fétida não sanguinolenta, contendo muco ou fezes amolecidas associadas à flatulência, falta de apetite e distensão abdominal. Pode ocorrer anemia, emagrecimento e déficit de crescimento Giardia HIMENOLEPTÍASE Hymenoleptis nana (parasita habitual do cão) Contaminação: através da ingestão de ovos infectantes presentes nas mãos ou em alimentos contaminados Quadro clínico: dor abdominal, diarréia, aumento dos ruídos intestinais, falta de apetite, perda de peso e dor de cabeça podem ser intensos e comprometer o estado geral. Pode-se observar convulsões TENÍASE Taenia solium (porco como hospedeiro intermediário) Taenia saginata (bovinos como hospedeiro intermediário) Contaminação: na T. saginata ocorre através da ingestão de carne bovina crua ou mal cozida, infectada pelo cisticerco bovis. Na T. solium pela ingestão da larva cisticerco na carne crua ou mal cozida de porco ou seus derivadosQuadro clínico: pode não gerar sintomas ou trazer poucas repercussões.Podem haver dores de barriga e de cabeça, diarréia e outros sintomas vagos de natureza tóxica ou alérgica. . Observam-se apetite excessivo e perda de peso TÊNIA OU SOLITÁRIA Prevalência de Taenia sp. (OMS) Taenia saginata: Países altamente endêmicos = 10% Moderada prevalência = 0,1 a 10% Baixa endemicidade < 0,1% BRASIL - Moderada prevalência Taenia solium Países da América Latina endêmica PROTAGONISTAS DO COMPLEXO TENIOSE/CISTICERCOSE Hospedeiro definitivo: HOMEM Taenia solium Taenia saginata Hospedeiro intermediário : SUÍNO Cysticercus cellulosae BOVINO Cysticercus bovis ZOONOSE - HOMEM X ANIMAL Bacilo Gram-negativo Vive em águas rasas e costeiras Prevalente no Golfo do México Vibrio vulnificus Infecção em feridas por V. vulnificus OSTRAS Patógeno humano grave Também em ouros bivalvos e caranguejos Doenças causadas por parasitos (s.s.) Sérias complicações em Saúde Pública Diarréias Obstruções intestinais Lesões de órgãos Bactérias Salmonella Vibrio cholarae E. coli Yersinia Samonelose Colera Gastroenterite Diarréia DIARRÉIAS PROLONGADAS, FEBRES DOR ABDOMINAL E PROSTRAÇÃO Vírus Vírus da Hepatite A Rotavírus Reovírus Hepatite infecciosa Gastro-enterite aguda Infecções respiratórias MENIGITES, DOENÇAS RESPIRATÓRIAS, VÔMITO E DIARRÉIA. Distribuição geográfica da verminose (Santé Voyages, 2004) Zona de alto risco Zona de médio risco Zona de baixo risco É importante que o homem se conscientize e evite os efeitos impactantes gerados pela poluição hídrica, além de outros impactos. Rios têm se transformado em canais de esgotos e lagos em grandes fossas sanitárias. Pessoas vêm morrendo diariamente devido a água contaminada por germes patogênicos. Locais de lazer e turismo vêm sendo destruídos pelos efeitos da poluição. Peixes e até seres humanos têm sido intoxicados por metais pesados e produtos tóxicos. Diversos habitats naturais e espécies vivas têm sidos extintos do planeta. Os solos nas bacias hidrográficas têm sido utilizados e ocupados de forma desordenada, gerando a esterilização dos terrenos e o consequente impacto indireto nos corpos d'água devido aos escoamentos superficiais majorados (impermeabilização e desnudamento do solo, erosões, etc.). Já é hora das nações se conscientizarem e se unirem no combate efetivo a poluição hídrica e ambiental em geral, como inclusive ficou definido quando da elaboração da ECO/92, do qual depende a própria sobrevivência humana num futuro próximo imprevisível. CONCLUSÕES Modos de transmissão pelo contato direto da pele com o solo contaminado por larvas de helmintos, provenientes de fezes de portadores de parasitoses: as fezes do homem doente, portador de ancilostomose e estrongiloidose contém ovos dos parasitas que, uma vez no solo, eclodem, libertando as larvas; estas aguardam a oportunidade de penetrar na pele de outra pessoa, vindo localizar-se no seu intestino depois de longo trajeto por vários órgãos;
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