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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COM VITAMINA A SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE HUMANO AMANDA GABRIELA ARAÚJO DA SILVA NATAL/RN 2017 AMANDA GABRIELA ARAÚJO DA SILVA AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COM VITAMINA A SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE HUMANO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. Orientadora: Profa. Dra. Karla Danielly da Silva Ribeiro Rodrigues Coorientadora: Nut. Ms. Evellyn Câmara Grilo NATAL/RN 2017 AMANDA GABRIELA ARAÚJO DA SILVA AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COM VITAMINA A SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE HUMANO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do grau de Nutricionista. BANCA EXAMINADORA ________________________________________________________ 1º membro – Profa. Dra. Karla Danielly da Silva Ribeiro Rodrigues (DNUT – UFRN) ________________________________________________________ 2 o membro - Nut. Ms. Evellyn Câmara Grilo _________________________________________________________ 3 o membro - Profa. Ms. Mayara Santa Rosa Lima Natal, 08 de junho de 2017. Dedico este trabalho a minha família, amigos e meu namorado, pelo incentivo aos meus estudos e apoio nos momentos de dificuldades. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por todas as bênçãos concedidas, por todas as pessoas especiais que colocou em minha vida, por ter me fortalecido durante esta caminhada e por sempre guiar os meus passos; Aos meus pais, pelos exemplos de vida, de caráter, de garra, pelo incentivo aos meus estudos, por toda dedicação e amor; Aos meus irmãos, Allan e Felipe, pelos sorrisos que em mim despertam, pelos abraços, pelo carinho e afeto; Ao meu namorado, Jeferson, pelo apoio, por me permitir compartilhar os momentos de alegrias e de dificuldades, pela compreensão e acima de tudo pelo seu companheirismo; Às minhas colegas de curso da turma de Nutrição, em especial Aline, Letícia, Larissa, Isaiane e Laíse, pelo companheirismo desde o início da caminhada neste curso, pelos momentos alegres, pelo carinho e apoio em todos os momentos; À professora Karla Danielly, pelo apoio, paciência, dedicação e valiosas correções e contribuições para este trabalho; À Evellyn Câmara, pelas oportunidades, pelos ensinamentos, pela paciência, pelo incentivo, pela dedicação, pela amizade, pelas inúmeras contribuições dadas a este Trabalho de Conclusão de Curso, muito obrigada; Ao professor Roberto Dimenstein, pela oportunidade de participar do LABAN, por me ensinar a importância do conhecimento científico, pela confiança e incentivo; Às pós-graduandas do LABAN pelos ensinamentos, pela confiança, paciência e dedicação; e também às minhas colegas de iniciação científica do LABAN, pela amizade e companheirismo durante esses anos vivenciados de coleta e análises, são amizades que levarei para sempre comigo; Aos professores do curso de Nutrição, que muito contribuíram à minha formação acadêmica; Às lactantes deste estudo, que aceitaram participar mesmo estando em um momento tão delicado de suas vidas; A todos que contribuíram para a realização deste trabalho, muito obrigada. “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4:13) SILVA, Amanda Gabriela Araújo da. Avaliação da suplementação materna com vitamina A sobre a concentração de retinol no leite humano. 2017. 62 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017. RESUMO A vitamina A está envolvida em processos de grande importância para a visão, atua no crescimento e desenvolvimento, possui função antioxidante e favorece o sistema imunológico, sendo um nutriente importante para saúde materno-infantil. As reservas corporais de vitamina A são baixas no neonato, portanto, o leite materno deve conter quantidades adequadas de vitamina A para evitar a deficiência dessa vitamina. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre os níveis de retinol no leite humano de lactantes atendidas em duas maternidades públicas: MEJC e UMQ, em Natal/RN. 93 mulheres lactantes foram distribuídas aleatoriamente nos grupos controle (n= 46) e suplementado (n= 47). Foram realizadas 3 coletas de leite, sendo a primeira até 48 horas após o parto, a segunda coleta 24 horas após a primeira e a terceira 30 dias após a primeira coleta. O grupo suplementado recebeu 200.000 UI de palmitato de retinila, via oral, imediatamente após a primeira coleta de leite. O retinol foi analisado por cromatografia líquida de alta eficiência. Valores de retinol ˂ 60 μg/dL no leite colostro e ≤ 30 μg/dL no leite maduro foram indicativos de baixa concentração de vitamina A. Para avaliar o provável fornecimento de vitamina A pelo leite materno analisado, considerou-se a concentração de retinol A nos leites e o volume de leite consumido pelo lactente As concentrações médias de retinol no leite, em condições basais, foram 105,0 (51,4) µg/dL e 104,7 (34,6) µg/dL nos grupos controle e suplementado, respectivamente (p>0,05). Análises individuais mostraram que 25,5% das lactantes do grupo controle e 13,0% do grupo suplementado apresentavam baixos níveis de retinol no leite colostro. Após a suplementação materna com vitamina A, as concentrações de retinol no leite colostro foram 105,1 (40) µg/dL e 224,2 (103,5) µg/dL nos grupos controle e suplementado (p<0,001). No leite maduro, os valores de retinol foram 48,0 (9,5) µg/dL e 54,7 (15,6) µg/dL nos grupos controle e suplementado (p=0,11) O fornecimento estimado de retinol pelo leite colostro e maduro atingiu o requerimento em vitamina A. Conclui-se que a população avaliada apresentou adequado status de retinol no leite materno e que a suplementação com vitamina A gerou maiores níveis de retinol no leite colostro após a intervenção, o que contribui para a formação de reservas hepáticas do bebê. Palavras-chaves: Lactação. Colostro. Leite maduro. Lactente. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Estrutura química de compostos com atividade biológica de vitamina A.....17 Figura 2. Absorção, metabolismo, transporte e distribuição do retinol no organismo...19 Figura 3. Transferência de ésteres de retinil à glândula mamária e ao leite materno.....26 Figura 4. Esquema das coletas de amostras biológicas do grupo controle e grupo suplementado...................................................................................................................33 Figura 5. Esquema da extração de retinol em amostras de leite materno.......................34 Figura 6. Efeito da suplementação materna com vitamina A sobre a concentração de retinol no leite das lactantes avaliadas.............................................................................38 Figura 7. Fornecimento de vitamina A ao lactente de acordo com o provável consumo de leite materno, com base na Ingestão Adequada de vitamina A para lactentes de 0 a 6 meses de idade, dos grupos controle e suplementado.....................................................39Quadro 1. Recomendações nutricionais de vitamina A para diferentes grupos.............22 Tabela 1. Estudos que avaliaram o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre os níveis de retinol no leite colostro......................................................................28 Tabela 2. Estudos que avaliaram o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre os níveis de retinol no leite maduro.......................................................................29 Tabela 3. Caracterização da população avaliada com base em variáveis maternas, obstétricas e do recém-nascido........................................................................................37 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS % - Porcentagem α - Alfa β - Beta µg - Micrograma μL- Microlitro ºC - Graus Celsius AI - Ingestão Adequada (Adequate Ingestion) ANOVA - Análise de Variância CLAE - Cromatografia líquida de alta eficiência cm - Centímetro CRBP - Proteína ligadora de retinol celular dL - Decilitro DVA - Deficiência de vitamina A DRI - Ingestões Dietéticas de Referência (Dietary Reference Intakes) EAR - Requerimento Médio Estimado (Estimated Average Requerement) g - Grama HDL - Lipoproteína de Alta Densidade (High Density Lipoprotein) IMC - Índice de Massa Corporal IOM - Institute of Medicine Kg - Kilograma LABAN - Laboratório de Alimentos e Bioquímica da Nutrição LDL - Lipoproteína de Baixa Densidade (Low Density Lipoprotein) LPL - Lipase Lipoproteica MEJC - Maternidade Escola Januário Cicco mg - Miligrama min - Minuto mL - Mililitro mm - Milímetro n - Número amostral ND - Não definido nm - Nanômetro p- Nível de significância PNDS - Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher QM - Quilomícron QMr - Quilomícron remanescente ReBEC - Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos RBP - Proteína ligadora de retinol RDA - Ingestão Dietética Recomendada (Recommended Dietary Allowance) RN - Recém-nascido RN - Rio Grande do Norte TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UI - Unidade Internacional UL - Limite Superior Tolerável de Ingestão (Tolerable Upper Intake Levels) UMQ - Unidade Mista das Quintas USA - United States of America VLDL - Lipoproteína de Muito Baixa Densidade (Very Low Density Lipoprotein) WHO - World Health Organization SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16 2.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 16 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 16 3. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 17 3.1. VITAMINA A ................................................................................................................... 17 3.1.1. Definição, fontes alimentares e metabolismo da vitamina A ................................. 17 3.1.2. Funções da vitamina A................................................................................................. 20 3.1.3. Recomendação nutricional e deficiência de vitamina A .......................................... 21 3.2. ALEITAMENTO MATERNO ....................................................................................... 24 3.3. VITAMINA A NO LEITE MATERNO ........................................................................ 25 3.4. EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COM VITAMINA A SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE HUMANO ............................................. 27 4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 31 4.1. UNIVERSO AMOSTRAL .............................................................................................. 31 4.2. COLETA DE DADOS ..................................................................................................... 31 4.3. AMOSTRAS BIOLÓGICAS E DETALHAMENTO DA INTERVENÇÃO .......... 32 4.4. EXTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE MATERNO ................................................ 33 4.5. DOSAGEM DE RETINOL ............................................................................................. 35 4.6. VALORES DE REFERÊNCIA ...................................................................................... 35 4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................................. 35 5. RESULTADOS ................................................................................................................... 36 6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 40 7. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 45 ANEXOS ................................................................................................................................... 54 APÊNDICE .............................................................................................................................. 56 14 1. INTRODUÇÃO A vitamina A está envolvida em processos de grande importância para a visão, atua no crescimento e desenvolvimento, possui função antioxidante e favorece o sistema imunológico, sendo considerada um nutriente importante para saúde materno- infantil (RADHIKA et al., 2002; SOUZA et al., 2014), principalmente por estar intimamente envolvida em processos de proliferação e crescimento celular. Sua transferência da mãe para o filho ocorre via placenta durante a gestação e via glândula mamária (leite materno) durante a lactação, sendo esta última altamente benéfica devido aos altos níveis de retinol presentes no leite humano (RIBEIRO; ARAÚJO; DIMENSTEIN, 2009). A deficiência de vitamina A (DVA) é a principal causa de cegueira evitável no mundo (SARNI et al., 2002). Conforme a Organização Mundial de Saúde (2011), a DVA é considerada um problema de saúde pública especialmente em países em desenvolvimento, afetando cerca de 19 milhões de mulheres grávidas e 190 milhões de crianças em idade pré-escolar, em nível mundial (WHO, 2011). A DVA crônica pode aumentar o risco de complicações e morte materna durante a gestação e no período pós-parto. Além disso, parece estar associada ao nascimento prematuro, baixo peso ao nascer e baixos estoques hepáticos da vitamina A no recém-nascido (GAZALA et al., 2003; STROBEL; TINZ; BIESALKI, 2007). A suplementação materna com vitamina A no pós-parto é uma das estratégias para reduzir a deficiência de vitamina A no grupo materno-infantil. Essa intervenção contribui para a formação de reservas hepáticas do bebê e promove um estado nutricional adequado à essa população, por ser o leite materno a única fonte de vitamina A para o lactente em aleitamento materno exclusivo (PENNISTON; VALENTINE; TANUMIHARDJO, 2003; WHO, 2009; OLIVEIRA; ALLERT; EAST, 2016). Alguns estudos avaliaram o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre o retinol no leite materno e verificaram um aumento da concentração de retinol no leite colostro (RIBEIRO, ARAUJO, DIMENSTEIN, 2009; CUNHA et al., 2010; BEZERRA et al., 2010; GARCIA et al., 2010; GRILO et al., 2015;) e no leite maduro (VINUTHA; PREETI, 2000; BHASKARM et al., 2002), enquanto outros não observaramum aumento significativo (RICE et al., 2007; BEZERRA et al., 2010). Como os dados da literatura ainda são controversos sobre a eficácia a longo prazo dessa 15 suplementação, é necessário novos estudos que avaliem o efeito dessa intervenção na vitmina A do leite maduro em mulheres lactantes em Natal, e verifique sua contribuição com o aporte nutricional de vitamina A oferecido ao lactente. 16 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Avaliar o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre os níveis de retinol no leite humano de lactantes atendidas em maternidades públicas de Natal/RN. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Caracterizar a população estudada com base em variáveis maternas, obstétricas e do recém-nascido; - Verificar a porcentagem de deficiência de vitamina A no leite materno da população estudada; - Comparar a concentração de retinol nos leites colostro e maduro nos grupos controle e suplementado com vitamina A; - Avaliar o provável fornecimento de vitamina A ao lactente. 17 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. VITAMINA A 3.1.1. Definição, fontes alimentares e metabolismo da vitamina A Vitamina A é a designação dada a um grupo de compostos que possuem atividade biológica de retinol todo-trans. Já o termo retinóides inclui formas de vitamina A e outros análogos sintéticos do retinol, como o retinil-acetato e retinil- palmitato-todo-trans, com ou sem atividade biológica (BIESALSKI; GRIMM, 2007). A vitamina A é composta por um anel β-ionona e uma cadeia lateral isoprenóide, que possui insaturações alternadas. A substituição no carbono 15 dessa cadeia lateral caracteriza quimicamente diferentes substâncias com atividade de vitamina A, representadas na Figura 1 (IOM, 2001). Figura 1. Estrutura química de compostos com atividade biológica de vitamina A. Fonte: BEZERRA, 2008. A vitamina A é solúvel em vários graus, na maioria em solventes orgânicos e pode apresentar-se na forma esterificada. Sua estabilidade é afetada quando exposta à luz, oxigênio, metais reativos e temperaturas elevadas, contudo, é estável em solução oleosa (SOLOMONS, 2012). O fornecimento dessa vitamina ao organismo ocorre através da dieta, por meio da vitamina A pré-formada, na forma de ésteres de retinila, ou da pró-vitamina A, como carotenoides. O retinol dietético (vitamina A pré-formada) está presente somente em alimentos de origem animal, por exemplo: vísceras, pescados, mariscos, gema de ovo, manteiga e leite; e a pró-vitamina A em alimentos de origem vegetal, por exemplo: 18 frutas e legumes de coloração amarelos e alaranjados e vegetais verde-escuros, como o milho, caju, manga, goiaba, palma, cenoura, abóbora, espinafre e couve (SAUNDERS et al., 2000; BRASIL, 2002; ALMEIDA-MURADIAN; PENTEADO, 2003; HARRISON, 2013). A absorção intestinal da vitamina A requer vários passos enzimáticos. Os ésteres de retinila ingeridos pela dieta ao atingirem o lúmem do intestino delgado sofrem ação da hidrolase de retinila, em seguida o retinol livre é incorporado às micelas lipídicas e absorvidos no intestino. Os carotenoides, por sua vez, após serem solubilizados em micelas no lúmen duodenal, são absorvidos inalterados pelas células da mucosa por mecanismo de difusão passiva e em parte são biconvertidos a retinol nas microvilosidades dos enterócitos através da enzima 15-15’ β-caroteno monoxigenase (ALMEIDA-MURADIAN; PENTEADO, 2003; CUNHA, 2010; HARRISON, 2013). Cerca de 81% do retinol formado a partir do β-caroteno é clivado no intestino e os 19% restantes são convertidos após absorção intestinal (TANG et al., 2003) As formas livres das vitaminas lipossolúveis e carotenóides são absorvidas pela mucosa intestinal, enquanto as formas esterificadas são inicialmente hidrolisadas. A hidrólise dos ésteres de retinil pode iniciar no estômago pela ação da lipase gástrica, entretanto, esse processo ocorre essencialmente no duodeno. No intestino, os retinóides, carotenoides e os lipídeos da dieta são incorporados em micelas mistas, que contém fosfolipídios, colesterol, produtos da digestão lipídica e sais biliares. Os ésteres de retinil sofrem a ação da lipase pancreática e de enzimas presentes na mucosa intestinal. Alguns estudos apontam que alguns ésteres são absorvidos intactos pelas células intestinais e hidrolisados no espaço intracelular (REBOUL, 2013). No enterócito, o retinol livre liga-se à proteína celular transportadora de retinol, que evita sua oxidação e o direciona à reesterificação com ácidos graxos de cadeia longa, cujo processo é mediado pelas enzimas lecitina-retinol aciltransferase (LRAT) e acil coenzima A retinol aciltransferase (ACAT). Após ser convertido em éster de retinila nos enterócitos, o retinol é incorporado à fase lipídica dos quilomícrons, que são transportados por meio da linfa até a circulação sistêmica, ldando origem aos quilomícrons remanescentes. Uma parte dos ésteres de retinila e do retinol é liberada diretamente nos tecidos, enquanto a maioria permanece nos quilomícrons e são capturados principalmente pelas células parenquimais do fígado (VALENTINE; TANUMIHARDJO, 2005) (Figura 2). 19 Nas células parenquimais do fígado, os ésteres de retinila são rapidamente hidrolisados a retinol, que se liga à proteína ligadora de retinol (RBP), podendo ser armazenado ou lançado de volta à corrente sanguínea para ser distribuído aos tecidos extra-hepáticos. Durante o armazenamento de vitamina A o complexo retinil-RBP é transportado para as células estreladas hepáticas, onde o retinol é estocado como ésteres de retinila, essencialmente como palmitato de retinila. Quando a vitamina A da reserva hepática é mobilizada para os tecidos periféricos, os ésteres de retinila são hidrolisados por hidrolases e o retinol livre liga-se a RBP formando um complexo com outra proteína chamada transtirretina (TTR), sendo este complexo captado por uma variedade de células que possuem receptores específicos para RBP em sua membrana celular (CUNHA, 2010). A absorção de vitamina A dos quilomícrons pela glândula mamária é limitada e a saturação da lipase lipoproteica (LPL) está envolvida nessa questão (VALENTINE; TANUMIHARDJO, 2005). Todo o processo a partir da ingestão da vitamina A dietética até sua liberação paras as células possui duração de aproximadamente 5 horas (Figura 2) (AZAIS-BRAESCO; PASCAL, 2000). Figura 2. Absorção, metabolismo, transporte e distribuição do retinol no organismo. ROH = retinol; RE = éster de retinil; QM = quilomícrons, QMR = quilomícrons remanescentes; RBP = proteína ligadora de retinol; RA = ácido retinóico; RAR = receptor do ácido retinóico; RXR = receptor de ácido retinóico do tipo x; TTR = transtirretina. Fonte: Adaptado de BLOMHOFF, 2001. 20 3.1.2. Funções da vitamina A A vitamina A é essencial para a sobrevivência humana, da embriogênese à idade adulta. Esta vitamina está envolvida em processos de grande importância para a visão, reprodução, diferenciação e crescimento epitelial, além de atuar no crescimento e desenvolvimento do feto (RADHIKA et al., 2002; DIMENSTEIN et al., 2003; TANOURY; PISKUNOV; ROCHETTE-EGLY, 2013). A vitamina A participa de vários processos fisiológicos, o que coloca essa vitamina como nutriente em destaque durante a gestação e lactação, devido ao aumento da sua necessidade para garantir as demandas relacionadas ao processo reprodutivo (SOUZA et al. 2012). Este micronutriente tem um importante papel no desenvolvimento saudável do feto e do recém-nascido. Dentre essas funções, estão o desenvolvimento e maturação dos pulmões (STROBEL; TINZ; BIESALSKI, 2007). O retinaldeído (retinal), o primeiro metabólito resultante da oxidação reversível do retinol, está envolvido nos processos visuais onde é constituintedo pigmento rodopsina, necessário à transdução da luz em sinais neurais (CUNHA, 2010). O ácido retinóico está relacionado à transcrição de genes envolvidos no desenvolvimento de tecidos, vértebras, aparelhos visual, circulatório, auditivo, bem como codificadores de enzimas, receptores e proteínas da matriz celular. Este composto também é responsável por manter a modelação óssea (NAPOLI, 1996, VLIET et al., 2001; CLAGETT-DAME; DELUCA, 2002). Ademais, outras funções biológicas da vitamina A estão sendo descobertas no campo do metabolismo lipídico, resposta à insulina, balanço energético e do sistema nervoso (TANOURY; PISKUNOV; ROCHETTE-EGLY, 2013). Esta vitamina também possui ações que auxiliam no tratamento de algumas condições patológicas. A capacidade da vitamina A e seus isômeros de promover a diferenciação terminal, inibir a proliferação e promover a apoptose celular está envolvida com sua ação antiproliferativa. Altas doses de retinoides demonstraram atividade antineoplásica in vitro (SOLOMONS, 2012). Apesar da sua importância, o ácido retinóico em excesso durante os estágios críticos do desenvolvimento embrionário pode ser teratogênico e até letal para o embrião (AZAIS-BRAESCPO; PASCAL, 2000). Portanto, alterações na disponibilidade de ácido retinóico, tanto no que diz respeito à deficiência quanto à 21 hipovitaminose, podem levar a anormalidades no desenvolvimento. Assim, um adequado suprimento de vitamina A é essencial para o desenvolvimento fetal e pós- natal (SPIEGLER et al., 2012). 3.1.3. Recomendação nutricional e deficiência de vitamina A Os valores de referência para a ingestão de nutrientes são chamados coletivamente de Ingestões Dietéticas de Referência (Dietary Reference Intake – DRI), sendo esta a primeira recomendação disponível para a avaliação e planejamento dietéticos de populações saudáveis, através de estimativas quantitativas. Estes valores de referência incluem: Requerimento Médio Estimado (Estimated Average Requirement – EAR) que corresponde à mediana da distribuição das necessidades de um nutriente em um grupo de indivíduos saudáveis de acordo com sexo e estágio de vida, por essa razão, atende às necessidades de 50% da população; Ingestão Dietética Recomendada (Recommended Dietary Allowances - RDA) que deve atender às necessidades nutricionais de 97% a 98% dos indivíduos saudáveis segundo o sexo e estágio de vida; Ingestão Adequada (Adequate Intake - AI) que é o valor de ingestão baseado em levantamentos, determinações ou aproximações de dados experimentais, ou ainda de estimativas de ingestão de nutrientes para grupo de pessoas saudáveis; Nível Máximo Tolerável de Ingestão (Tolerable Upper Intake Level – UL) que é o maior nível de ingestão continuada de um nutriente que coloca em risco a saúde da maior parte dos indivíduos (IOM, 2001). O requerimento nutricional de vitamina A é baseado na quantidade necessária para manter o adequado estado nutricional nesta vitamina e possui variações de acordo com a idade, sexo e situações fisiológicas especiais, como a gestação e lactação, que aceleram a utilização e excreção da vitamina. O quadro 1 se refere às recomendações de ingestão diária de vitamina A para os bebês, mulheres em idade fértil, gestantes e lactantes (IOM, 2001; SOLOMONS, 2012). 22 Quadro 1. Recomendações nutricionais de vitamina A (µg RAE) para diferentes grupos. Estágio da vida EAR AI* ou RDA UL Bebês 0 – 7 meses ND 400* 600 7 – 12 meses ND 500* 600 Mulheres em idade fértil 9 – 13 anos 420 600 2800 14 – 18 anos 485 700 3000 19 – 50 anos 500 700 3000 Gestantes < 18 anos 530 750 2800 19 – 50 anos 550 770 3000 Lactantes < de 18 anos 885 1200 2800 19 – 50 anos 900 1300 3000 1 Equivalentes de Atividade de Retinol (Retinol Activity Equivalent - RAE); ND: não foi possível estabelecer este valor. Fonte: Adaptado de IOM, 2001. As gestantes e lactantes apresentam um maior requerimento de vitamina A e o risco de deficiência é agravado pelo baixo consumo do nutriente e pela emergência de infecções nesses grupos (GRILO et al., 2015). Conforme a Organização Mundial de Saúde (2011), a deficiência de vitamina A é considerada um problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento. É reconhecido que a DVA afeta cerca de 19 milhões de mulheres grávidas e 190 milhões de crianças em idade pré-escolar, em nível mundial (WHO, 2011). Segundo a Micronutriente Initiative e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children's Fund - UNICEF) (2005), a deficiência de vitamina A compromete o sistema imune de aproximadamente 40% das crianças com idade inferior a cinco anos em países em desenvolvimento. 23 No Brasil, a DVA configura-se como um problema de saúde pública nas regiões Norte, Nordeste e em algumas partes do Sudeste (QUEIROZ et al., 2013). Em 2006, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) indicou que a prevalência de DVA no Brasil é de 17,4% em crianças menores de cinco anos e 12,3% em mulheres em idade reprodutiva (BRASIL, 2009). O indicador bioquímico mais utilizado para avaliar a deficiência de vitamina A é o retinol sérico, em que concentrações inferiores a 20 µg/dL (0,70 μmol/L) são indicativas da DVA, e quando apresentam-se entre 20 a 30 µg/dL (0,70 a 1,05 μmol/L) são considerados baixos níveis séricos de retinol (WEST JR, 2002). A concentração de vitamina A no leite materno maduro tem sido recomendada como um indicador fidedigno do estado nutricional de vitamina A do binômio mãe-filho. Valores iguais ou inferiores a 30 µg/dL já são classificados como deficientes em vitamina A (WHO, 1996). A deficiência de vitamina A é causada principalmente por uma ingestão inadequada persistente de alimentos fontes. Outro fator é o aumento do requerimento fisiológico, o que pode ocasionar a depleção das reservas hepáticas de retinol (FUJITA et al., 2011). Ela também pode ser atribuída a alterações no metabolismo associado a doenças hepáticas, desnutrição ou má absorção (SAKER et al., 2015). Os sintomas iniciais da DVA são cegueira noturna, mancha de Bitot, xerose conjuntival e queratinização de epitélios, que pode afetar o trato gastrointestinal, respiratório e aparelho geniturinário. As consequências deletérias da deficiência severa incluem xeroftalmia, degeneração e ulceração do epitélio da córnea que pode causar cegueira permanente, além de supressão imunológica, associada com o aumento de incidência de infecção e aumento da mortalidade (WISEMAN et al, 2016). As principais estratégias de controle da deficiência são: o incentivo à diversificação da dieta e ao consumo de alimentos fontes de vitamina A, por meio de programas de educação nutricional; a suplementação com megadoses da vitamina e a fortificação de alimentos (AKHTAR et al., 2013). A estratégia mais amplamente praticada de controle da deficiência é a suplementação periódica de crianças de 6 a 11 meses com uma dose de 100.000 UI de vitamina A, e de crianças de 12 meses a 5 anos, com uma dose de 200.000 UI. Muitos países de alto risco para a DVA também adotaram a política de suplementação materna com uma dose de 200.000 UI de vitamina A, dentro de 6 semanas após o parto, a fim de 24 enriquecer o leite materno com esta vitamina (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). Em 2005, o Ministério da Saúde do Brasil desenvolveu o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A, que visa reduzir e erradicar a deficiência de vitamina A em mulheres no pós-parto imediato e em crianças de 6 a 59 meses (BRASIL, 2013). Segundo a Organização Mundial de Saúde (2013), a suplementação de puérperas com megadose contendo vitamina A contribuíram com a redução da prevalência da DVA em crianças e puérperas (OMS, 2013). A suplementação materna, que normalmente é administrada dentro de 8 semanas de nascimento, tem melhorado aconcentração sérica de vitamina A nas mães após o parto, mas atualmente não é uma recomendação pelo OMS (RICE, 2007; OMS, 2013; TANUMIHARDJO et al., 2016). Essa etapa da suplementação de vitamina A em mulheres no pós-parto foi encerrada pelo Ministério da Saúde do Brasil em 2016, com a justificativa da ausência de fortes evidências de seus benefícios para a saúde materno- infantil (BRASIL, 2016), apesar de vários estudos indicarem sua eficácia no aumento da composição da vitamina no leite materno (RICE, 2007; DIMENSTEIN, LOURENÇO; RIBEIRO, 2007; GARCIA et al., 2010; CUNHA, 2010; GRILO et al., 2015) 3.2. ALEITAMENTO MATERNO O leite humano é um fluido complexo que fornece nutrientes e compostos bioativos que facilitam as modificações adaptativas e funcionais necessárias ao neonato (CAMELO JR; MARTINEZ, 2008). O leite materno é, portanto, o melhor alimento para o recém-nascido, porque possui características nutricionais ideais, oferece vantagens imunológicas e psicológicas e possui baixo custo, sendo recomendado o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de idade e complementar até dois anos ou mais (WHO, 2001) O período de lactação abrange três fases: o leite colostro, o leite de transição e o leite maduro. O leite colostro é a primeira secreção láctea e é produzido até o 4° ou 7° dia pós-parto. É um líquido com coloração amarelada, devido ao seu teor de carotenoides e geralmente o volume por mamada varia de 2 a 10 mL. O leite colostro possui um maior conteúdo de proteínas e minerais, e um menor teor de carboidrato e gordura, quando comparado ao leite maduro (NASCIMENTO, ISSLER, 2003). 25 O leite materno a partir do 7° ao 21° dia pós-parto é denominado leite de transição. Nessa fase, ocorre uma diminuição da concentração de anticorpos e proteínas, e um aumento nos níveis de gordura e energia. A partir do 21° dia pós-parto, a composição do leite torna-se mais estável, passando a ser caracterizado como maduro, embora o teor de alguns nutrientes varie significativamente durante o dia e até mesmo durante a mamada (NASCIMENTO; ISSLER, 2003; RIBEIRO; DIMENSTEIN, 2004). Durante a gestação e lactação, a manutenção do estado nutricional adequado da mãe é importante para garantir a transferência de nutrientes para o feto e para o bebê, respectivamente (TUMA; RONCADA; CÉSAR, 2014). Devido à transferência placentária limitada, os recém-nascidos possuem reservas de vitamina A reduzidas e são dependentes do leite materno para suprir suas necessidades fisiológicas e constituir suas reservas hepáticas (DEBIER et al., 2005; FUJITA et al., 2011). Assim, o aleitamento materno é o grande fator de proteção contra a deficiência de vitamina A até os dois anos de idade (MARTINS et al, 2007; FUJITA et al., 2011). O aleitamento materno exclusivo é capaz de atender ao requerimento em vitamina A do lactente se o leite possuir concentração de retinol e volume adequados. Um leite com níveis deficientes de vitamina A pode resultar na manutenção de baixas reservas hepáticas no infante, aumentando sua suscetibilidade a infecções respiratórias graves, pneumonia e diarreia (SOUZA et al., 2014). 3.3. VITAMINA A NO LEITE MATERNO A concentração de vitamina A no leite humano é um indicador importante, uma vez que fornece informações relacionadas ao estado nutricional da mãe e da criança, sendo assim, tem sido utilizado para investigações sobre deficiência de vitamina A subclínica no grupo materno-infantil (GARCIA, 2009). A transferência de vitamina A da mãe para o bebê é 60 vezes maior durante a lactação quando comparado ao período gestacional. Na transferência de vitamina A materna para a glândula mamária foi verificado que duas vias complementares parecem estar envolvidas na liberação de retinóides do plasma para a produção do leite, a RBP plasmática e os quilomícrons, conforme ilustrado na figura 3. Destaca-se ainda a importância da atividade de LRAT, ARAT, LPL e do transportador 26 de ácido graxo CD36 na entrega e incorporação de retinóides e ácidos graxos ao leite (O’BYRNE et al., 2010; LIMA, 2015). Figura 3. Transferência de ésteres de retinil à glândula mamária e ao leite materno. VA = Vitamina A; QM = quilomícrons; RE = ésteres de retinil; TG = triacilgliceróis; LPL = lipase lipoprotéica; RBP = proteína ligadora de retinol. Fonte: Adaptado de ROSS; PASSATIEMPO; GREEN, 2004. Em condições de ingestão basal, cerca de 70% do retinol presente no leite é transferido à glândula mamária via RBP. Por outro lado, a contribuição dos quilomícrons aumenta em condições de alta ingestão de vitamina A dietética ou pela suplementação, uma vez que ocorre um acréscimo de ésteres de retinila aos quilomícrons, podendo ser transferidos ao leite durante a lipólise dos triacilgliceróis nos tecidos mamários (ROSS, 1993; GREEN, et al., 2001; AKOHOUE SA, GREEN JB, GREEN, 2006; RIBEIRO; ARAUJO; DIMENSTEIN, 2009). Esse efeito é garantido pelo aumento da atividade da lipase lipoproteica (LPL) no tecido mamário durante a lactação. Desse modo, sugere-se que a LPL pode ser responsável pela hidrólise de ésteres de retinil derivados de quilomícrons, permitindo a transferência do retinol às células alveolares, ou que sua ligação com os quilomícrons poderia favorecer sua internalização através do reconhecimento de receptores celulares 27 de superfície, entre outros mecanismos (BENNEKKUM et al., 1999; O’BYRNE, PALCZEWSKI, BLANER, 2006). 3.4. EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COM VITAMINA A SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE HUMANO Lactantes e crianças em aleitamento materno são consideradas um grupo de risco para deficiência de vitamina A e a carência materna pode levar à inadequação do estado nutricional dessa vitamina no recém-nascido, aumentando o risco de morbimortalidade (SILVA, et al., 2007). Alguns trabalhos relatados na literatura avaliaram o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre a concentração de retinol no leite materno, todavia, o efeito dessa intervenção ainda é controverso no que se refere ao leite maduro (Tabelas 1 e 2). 28 Tabela 1. Estudos que avaliaram o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre os níveis de retinol no leite colostro. Referência Local Momento da suplementação Dose do suplemento Número de participantes Resultados LOURENÇO, 2005 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=38 Grupo suplementado: n=68 Aumento significativo (p<0,05) DIMENSTEIN, LOURENÇO, RIBEIRO, 2007 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo suplementado: n=33 Aumento significativo (p<0,05) RIBEIRO, ARAUJO, DIMENSTEIN, 2009 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=44 Grupo suplementado: n=47 Aumento significativo (p<0,0001) BEZERRA et al., 2010 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=30 Grupo suplementado: n=55 Aumento significativo (p<0,0001) CUNHA, 2010 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=69 Grupo suplementado: n=80 Aumento significativo (p=0,001) GARCIA et al., 2010 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=37 Grupo suplementado: n=36 Aumento significativo (p=0,002) GRILO et al., 2015 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=69 Grupo suplementado: n=80 Aumento significativo (p<0,05). 29 Tabela 2. Estudos que avaliaram o efeito da suplementação materna com vitamina A sobre os níveis de retinol no leite maduro. Referência Local Momento da suplementação Dose do suplemento Número de participantes Resultados RICE et al., 2000 Bangladesh Até 2 semanas pós- partoPalmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=73 Grupo suplementado: n=74 Não houve diferença significativa (p>0,05) VINUTHA; PREETI, 2000 Índia Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=56 Grupo suplementado: n=53 Aumento significativo (p<0,05) BHASKARM et al., 2002 Índia Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=464 Grupo suplementado: n=492 Aumento significativo (p<0,05) LOURENÇO, 2005 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=38 Grupo suplementado: n=68 Não houve diferença significativa (p>0,05) BEZERRA et al., 2010 Brasil Pós-parto imediato Palmitato de retinila – 200.000 UI Grupo controle: n=30 Grupo suplementado: n=55 Não houve diferença significativa (p>0,05) 30 Conforme as tabelas 1 e 2, a suplementação materna com vitamina A no pós- parto, como medida de intervenção para evitar a DVA, aumenta a concentração de retinol no leite colostro. Tal aumento é mais efetivo em mulheres com níveis baixos de vitamina A no leite colostro, concordando com os mecanismos de transferência da vitamina A ao leite materno (RIBEIRO, ARAÚJO, DIMENSTEIN, 2009). Todavia, em alguns estudos que avaliaram o efeito no leite maduro, essa eficácia não foi encontrada (RICE, 2007; LOURENÇO, 2005). Estudos têm relatado que a suplementação pós-parto de vitamina A pode resultar em melhorias modestas e de curto prazo no estado nutricional de vitamina A da mãe e do recém-nascido; tais melhorias são medidas como maiores concentrações de retinol sérico, maiores reservas hepáticas de vitamina A ou maiores níveis de vitamina A no leite materno (RICE, 2007; DIMENSTEIN, LOURENÇO, RIBEIRO, 2007; GARCIA et al., 2010; CUNHA, 2010; GRILO et al., 2015), sendo essencial continuar avaliando o efeito dessa suplementação no grupo materno-infantil. Trabalhos que avaliam o efeito da suplementação materna de vitamina A no leite maduro são escassos e os resultados ainda são conflitantes (VINUTHA; PREETI, 2000; BHASKARM et al., 2002; RICE, 2007; BEZERRA, et al., 2010), sendo necessário mais estudos que avaliem lactantes brasileiras, através de ensaios controlados e análises bioquímicas precisas. Além disso, são importantes novas investigações sobre a manutenção dos níveis de retinol durante a lactação e avaliar fornecimento estimado de vitamina A ao lactente de 0 a 6 meses de idade que se encontra em aleitamento materno exclusivo considerando a ingestão recomendada pelo Institute of Medicine (IOM, 2001). 31 4. METODOLOGIA 4.1. UNIVERSO AMOSTRAL Este estudo é do tipo ensaio clínico randomizado com delineamento longitudinal, e obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAAE: 19513113.9.0000.5537) (ANEXO I) e registro no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), sob o n° RBR – 4v7j2d. Através da análise estatística foi estimado um tamanho amostral mínimo de 28 participantes no total. O cálculo foi realizado utilizando o pacote estatístico G*Power V.3.1.9 (FAUL et al., 2007), considerando a aplicação do teste ANOVA, conforme a proposta do estudo e os seguintes parâmetros: valor alfa igual a 5%, poder esperado em 80% e valor da medida de efeito igual a 0,25. As coletas foram conduzidas na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) e na Unidade Mista das Quintas (UMQ), localizadas no município de Natal/RN. Os dados deste trabalho são parte da dissertação de mestrado intitulada “Avaliação da suplementação materna com palmitato de retinila sobre os níveis de retinol e alfa-tocoferol no leite humano”, vinculado ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob autoria de Evellyn Câmara Grilo e orientação do professor Roberto Dimenstein. As puérperas internadas nas maternidades referidas foram submetidas a triagem por meio dos critérios definidos para este estudo. Os critérios de inclusão foram: parto a termo, ausência de complicações maternas durante a gestação, ausência de má formação fetal, concepto único e o critério de exclusão foi a suplementação materna com vitamina A no primeiro mês após o parto. Essas informações foram verificadas no prontuário hospitalar da parturiente e no cartão de acompanhamento do pré-natal. As lactantes selecionadas foram esclarecidas quanto aos objetivos da pesquisa e autorizaram sua participação no estudo mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice I). 4.2. COLETA DE DADOS 32 Os dados obstétricos, maternos e do neonato foram obtidos através de um questionário aplicado pelos pesquisadores (Apêndice II), do prontuário e do cartão de acompanhamento do pré-natal. As puérperas com idade entre 10 e 19 anos foram classificadas como adolescentes e acima de 19 anos, como adultas (BRASIL, 2010). As mulheres cujo parto era do seu primeiro filho foram classificadas como primíparas e as demais como multíparas. Os recém-nascidos foram classificados de acordo com o peso ao nascer: em baixo peso (inferior a 2.500g), com peso adequado (entre 2.500g e 4.000g) e com macrossomia (acima de 4.000g) (STRUTZ; RICHARDSON; HUSSEY, 2012). 4.3. AMOSTRAS BIOLÓGICAS E DETALHAMENTO DA INTERVENÇÃO As participantes foram distribuídas aleatoriamente nos grupos controle e suplementado. Imediatamente após a primeira coleta de leite colostro, o grupo suplementado recebeu uma megadose de vitamina A via oral, contendo 200.000 UI (60 mg) de palmitato de retinila, sob a forma líquida. Foi coletado leite das lactantes incluídas neste estudo, no período da manhã, após jejum noturno. Nas primeiras 48 horas após o parto, foi coletada uma amostra de 2 mL de leite colostro (Leite 0 h) por expressão manual de uma única mama. A primeira ejeção do leite foi desprezada para evitar flutuações no teor de retinol. Imediatamente após esta, foi administrado o suplemento de vitamina A às lactantes incluídas no grupo suplementado. No dia seguinte, 24 horas após a primeira coleta ocorreu a segunda coleta de 2 mL de leite colostro (Leite 24 h). Estas coletas foram feitas durante a internação, e 30 dias após a primeira coleta de leite colostro, foram coletadas 4 mL de leite maduro (Leite 30 d) pela própria mãe em seu domicílio, sob as mesmas condições de jejum, acordo com as orientações acercado procedimento de coletas dadas pelos pesquisadores. A coleta das amostras de leite foi feita por expressão manual de uma única mama. A figura a seguir esquematiza os momentos de coletas de amostra biológicas dos grupos controle e suplementado (Figura 4). Foram realizadas visitas domiciliares às participantes para recolhimento das amostras de leite maduro coletado por elas. Durante essas visitas, as mulheres alocadas 33 no grupo controle também receberam a suplementação com vitamina A após a coleta do leite maduro. O material biológico foi coletado em tubos de polipropileno protegidos da luz e imediatamente transportado, sob refrigeração, ao Laboratório de Alimentos e Bioquímica da Nutrição (LABAN), localizado na UFRN. As amostras de leite materno ficaram armazenadas a -20ºC para posterior extração e análise bioquímica do retinol. Figura 4. Esquema das coletas de amostras biológicas nos grupos controle e suplementado. 4.4. EXTRAÇÃO DE RETINOL NO LEITE MATERNO O retinol das amostras de leite materno foi extraído segundo o método de Giuliano et al. (1992) adaptado, conforme descrito a seguir. Em uma alíquota de 500 μL de leite colostro foram acrescentados 500 μL de álcool etílico a 95% e 500 μL de hidróxido de potássio a 50%. Em seguida, a amostra foi agitada por 1 minuto e colocada em banho-maria a 60°C durante 1 hora, sob agitação de 10 em 10 minutos. Finalizada ParturientesElegíveis n=93 Grupo Controle n= 46 Grupo Suplementado n=47 Leite Colostro 0 h (2 mL) Leite Colostro 0 h (2 mL) Leite Maduro 30 d (4 mL) Leite Maduro 30 d (4 mL) Leite Colostro 24 h (2 mL) Leite Colostro 24 h (2 mL) Suplementação materna com vitamina A Suplementação materna com vitamina A 34 esta etapa, foram adicionados 2 mL de hexano para a extração lipídica. Após a adição deste reagente, a amostra foi agitada por 1 minuto e centrifugada (500 x g) por 10 minutos, sendo a camada hexânica removida para um segundo tubo. Este processo foi realizado três vezes e do volume hexânico extraído foi utilizado uma alíquota de 3 mL da fase hexânica para evaporação, em banho-maria a 37 ºC (Figura 5). No momento da análise, o extrato foi diluído em 500 μL de etanol absoluto e 20 μL foram aplicados no aparelho de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Para extração de retinol no leite maduro, foi utilizado o método de Giuliano et al. (1992) adaptado, como detalhado acima, alterando-se o volume do leite materno (1 mL), do etanol a 95% (Merck ® ) (1 mL) e do hidróxido de potássio a 50% (1 mL) (Figura 5). No momento da análise, o extrato seco foi diluído em 250 μL de etanol absoluto. Figura 5. Esquema da extração de retinol em amostras de leite materno. Fonte: Grilo, 2015. 35 4.5. DOSAGEM DE RETINOL As concentrações de retinol nas amostras biológicas foram determinadas em cromatógrafo da marca Shimadzu. O equipamento é constituído de bomba LC-10 AD Shimadzu, acoplado a um Detector SPD-10A Shimadzu UV-VIS, Coluna Perkin Elmer CLC-ODS (M) 4,6 x 250 mm e integrador Chromatopac C-R6A Shimadzu. A fase móvel utilizada para as análises bioquímicas foi metanol (grau para cromatografia) a 100%, em sistema isocrático com fluxo de 1,0 mL/ min e o comprimento de onda para detecção do retinol foi 325 nm. A identificação e a quantificação do retinol nas amostras foram realizadas considerando o tempo de retenção e as áreas obtidas no perfil cromatográfico em comparação aos do padrão de retinol (Sigma ® ). A concentração do padrão utilizado foi confirmada pelo coeficiente de extinção específico em etanol absoluto para retinol (ε 1%, 1 cm = 1.780 a 325 nm). 4.6. VALORES DE REFERÊNCIA Para o leite colostro, valores de retinol < 60 µg/dL e valores ≤ 30 µg/dL no leite maduro foram indicativos de baixa concentração de retinol (MACIAS; SCHUWEIGERT, 2005; WHO, 1996). Para avaliar o provável fornecimento de vitamina A pelo leite materno analisado, considerou-se a concentração de retinol A nos leites e multiplicou-se pela estimativa de volume de leite consumido/ dia pelo lactente, sendo 500 mL/dia para leite colostro e 780 mL/dia para o leite maduro. Em seguida, foi feita a comparação desse valor com a AI de vitamina A para lactentes de 0 a 6 meses (400 μg/dia) (IOM, 2001; ROSS; HARVEY, 2003). 4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para a análise estatística foi utilizado o software Statistica 7 (StatSoft, Inc, Tulsa, OK, USA). Os valores da concentração de retinol no leite materno foram expressos em média (desvio padrão). A normalidade das variáveis numéricas foi verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov (KS). Para testar as diferenças entre as médias de retinol no leite comparando os grupos avaliados, foi utilizado o teste 36 t de Student para amostras independentes e para avaliar as diferenças entre as médias de retinol nos diferentes momentos de coleta no mesmo grupo, foi utilizado o teste Análise de Variância (ANOVA) com teste post-hoc de Tukey. As diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05. 5. RESULTADOS Foram recrutadas 93 mulheres lactantes, no qual 47 constituíram o grupo controle e 46 o grupo suplementado. A caracterização da população estudada com base em variáveis maternas, obstétricas e do recém-nascido encontra-se descrita na Tabela 3. A maioria das mulheres lactantes eram adultas (77%), possuíam de 0 a 8 anos de estudo (41%) e renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos (64%). O tipo de parto predominante foi o normal (61%). A maior proporção dos recém-nascidos teve peso adequado ao nascer (87%). 37 Tabela 3. Caracterização da população avaliada com base em variáveis maternas, obstétricas e do recém-nascido. Características Grupo controle (n = 47) Grupo suplementado (n = 46) Grupo total (n = 93) Idade materna, em anos [média (desvio-padrão)] 23 (7) 25 (6) 24 (7) Escolaridade, em anos de estudo 0 a 8 anos [n (%)] 19 (40) 19 (41) 38 (41) 9 a 11 anos [n (%)] 14 (30) 13 (28) 27 (29) >11anos [n (%)] 14 (30) 14 (31) 28 (30) Renda familiar, em salários <1 salário mínimo [n (%)] 7 (15) 16 (35) 23 (25) 1 a 3 salários mínimos [n (%)] 34 (72) 26 (56) 60 (64) >3 salários mínimos [n (%)] 6 (13) 4 (9) 10 (11) Tipo de parto Normal [n (%)] 28 (60) 29 (63) 57 (61) Cesárea [n (%)] 19 (40) 17 (37) 36 (39) Paridade Primípara [n (%)] 26 (55) 17 (37) 43 (46) Multípara [n (%)] 21 (45) 29 (63) 50 (54) Peso ao nascer, em g (desvio-padrão) 3.303 (555) 3.324 (483) 3.314 (519) Baixo [n (%)] 3 (7) 2 (4) 5 (5) Adequado [n (%)] 42 (89) 39 (85) 81 (87) Macrossomia [n (%)] 2 (4) 5 (11) 7 (8) As concentrações médias de retinol no leite colostro (Leite 0 h) foram 105,0 (51,4) µg/dL e 104,7 ± (34,6) µg/dL nos grupos controle e suplementado, respectivamente (p=0,98). A média indica status adequado de retinol na população avaliada. Análises individuais desses valores mostraram que 25,5% (n=12) das lactantes do grupo controle e 13,0% (n=6) do grupo suplementado apresentavam baixos níveis de retinol no leite colostro. 38 O efeito da suplementação materna com vitamina A sobre a concentração de retinol nos leites colostro e maduro de ambos os grupos foi ilustrado na Figura 6. Ao analisar a concentração de retinol no leite 24 horas, observou-se um aumento apenas no grupo suplementado (p<0,001), evidenciando que a suplementação materna com vitamina A teve efeito sobre o retinol no leite colostro. No entanto, no leite maduro não houve diferença significativa entre as concentrações de retinol dos grupos avaliados (p=0,11). Em análise individual, nenhuma lactante apresentou níveis baixos de retinol no leite maduro, indicando adequado status de retinol no leite da população estudada. Figura 6. Efeito da suplementação materna com vitamina A sobre a concentração de retinol no leite das lactantes avaliadas. Letras diferentes indicam diferença significativa entre as concentrações médias de retinol no leite materno (p<0,05) (Teste t de Student e teste de ANOVA com post hoc de Tukey). A estimativa de fornecimento de retinol ao lactente pelo leite colostro (Leite 0 h) foi de 131,3% no grupo controle e de 130,9% no grupo suplementado. 24 horas após a intervenção, o leite colostro do grupo suplementado forneceu mais que o dobro da recomendação (280%). Já no leite maduro, teve um fornecimento estimado de retinol equivalente a 93,6% e 106,7% nos grupos controle e suplementado (Figura 7). Leite colostro (Leite 0h) Leite colostro (Leite 24h) Leite maduro (Leite 30d) Grupo Controle 105,0 105,1 48,0 Grupo Suplementado 104,7 224,2 54,7 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 C o n ce n tr aç ão d e r e ti n o l ( µ g /d L ) b c c 39 Figura 7. Fornecimento de vitamina A ao lactente de acordo com o consumo estimado de leite materno e a Ingestão Adequada de vitamina A para lactentes de 0 a 6 meses de idade, e a concentração de retinol no leite materno dos grupos controle e suplementado. 400 525 526 374 524 1.121 427 0 200 400 600 800 1000 1200 AIde retinol para lactentes Leite colostro (Leite 0h) Leite colostro (Leite 24h) Leite maduro (Leite 30d) Fo rn e ci m e n to e st im ad o d e v it am in a A a o la ct e n te ( µ g /d ia ) AI de retinol para lactentes Grupo Controle Grupo Suplementado 40 6. DISCUSSÃO As mulheres lactantes constituem um grupo em risco nutricional, uma vez que a lactação é o período do ciclo reprodutivo de maior demanda energética. O monitoramento de carências nutricionais, como a deficiência de vitamina A, é importante para reduzir os riscos de complicações maternas (BRASIL; DEMARCHI, 2003). A concentração de retinol no leite constitui um parâmetro importante para avaliar o estado nutricional em vitamina A, pois prevê o status dessa vitamina tanto nas mães quanto em seus filhos (BEZERRA et al., 2009). A concentração de retinol no leite colostro, em condições basais, foi semelhante a resultados obtidos no Nordeste brasileiro (100,3 µg/dL) (RIBEIRO et al., 2010), em Cuba (102,0 µg/dL) (MACIAS; SCHWEIGERT, 2001) e na Alemanha (110,6 µg/dL) (SCHULZ et al., 2007) e foi superior ao encontrado em Bangladesh (22,6 µg/dL) (AHMED et al., 2004). A suplementação materna com vitamina A aumentou significativamente as concentrações de retinol no leite colostro, estando de acordo com os resultados obtidos em Bangladesh, na Indonésia e no Brasil (STOLTZFUS et al., 1993; RICE et al. 1999; BEZERRA et al., 2009; GARCIA et al., 2010; RIBEIRO, ARAUJO, DIMENSTEIN, 2009). Estudos com animais demonstraram que a vitamina A é transferida para o leite materno a partir de duas vias: RBP (proteína transportadora de retinol) e ésteres de retinila transportados por lipoproteínas (quilomícrons) (SCHWEIGERT et al., 2004). A maior parte da transferência de vitamina A à glândula mamaria ocorre por meio dos quilomícrons e depende da hidrólise de ésteres de retinila pela ação da lipoproteína lipase (LPL). Durante o período de lactação, a vitamina A oriunda da suplementação é direcionada preferivelmente à glândula mamária em detrimento do fígado, diferentemente do que ocorre fora desse período (GREEN et al., 2001). Essas adaptações fisiológicas podem ter contribuído para o aumento significativo da vitamina A no leite colostro das lactantes avaliadas neste trabalho, após intervenção. Acredita-se que a vitamina A liberada durante a hidrólise dos ésteres de retinila pode ser reesterificada para a secreção no leite materno ou armazenada nas células epiteliais, o que pode explicar a manutenção dos níveis de vitamina A elevados no leite colostro, 24 horas após a suplementação, como encontrado neste estudo 41 (GREEN et al., 2001; AKOHOUSE; GREEN; GREEN, 2006; O’BYRNE; PALCZEWKI; BLANER, 2006). Ao considerar a concentração de retinol no leite materno em função do período de lactação, verificou-se que houve uma redução significativa nesses valores em ambos os grupos avaliados, havendo um decréscimo de 54,3% para o grupo controle e de 47,8% para o grupo suplementado, em relação ao leite 24 h. Essa redução dos níveis de retinol quando comparado à fase inicial era esperada, uma vez que o leite maduro possui quantidades menores e mais estáveis de retinol (MACIAS; SCHWEIGRT, 2001; BEZERRA, et al., 2010). A redução dos níveis de vitamina A com a progressão da lactação pode ter ocorrido em virtude do aumento do tamanho dos glóbulos de gordura no leite maduro, uma vez que a maior parte da vitamina A é secretada no leite como constituinte da membrana do glóbulo de gordura do leite. Segundo Debier (2005), a partir das primeiras semanas de lactação ocorre um aumento da síntese de triacilgliceróis na glândula mamária e da secreção desses lipídios no leite, entretanto, sem aumento proporcional na secreção de fosfolipídios e de outros componentes da membrana do glóbulo de gordura. Logo, com o decorrer da lactação, especialmente no leite maduro, há redução relativa na quantidade de componentes da membrana do glóbulo de gordura do leite, entre os quais faz parte a vitamina A. Em relação ao leite maduro, o valor de retinol encontrado foi semelhante a estudos conduzidos na Espanha (60,9 µg/dL) (ORTEGA et al., 1997), superior a trabalhos conduzidos no Brasil (30,6 µg/dL) (LOURENÇO, 2005), em Cuba (33 µg/dL) (MACIAS; SCHWEIGERT, 2001), na África (27,4 µg/dL) (SEMBA et al., 2000) e em Bangladesh (24,4 µg/dL) (RICE et al, 1999) e inferior a um estudo conduzido na Alemanha (153,0 µg/dL) (SCHWEIGERT et al., 2004). Alguns trabalhos tem mostrado que o nível de retinol no leite de lactantes de países em desenvolvimento é inferior quando comparado ao de mulheres de países desenvolvidos como a Alemanha. (OLIVEIRA; OLIVEIRA; BERGAMASCHI, 2009). Após a suplementação com vitamina A, os valores de retinol no leite maduro não apresentaram diferença significativa entre os grupos controle e suplementado, estando em concordância com trabalhos conduzidos no Brasil (LOURENÇO, 2005) e em divergência com estudos realizados na Índia (VINUTHA et al., 2000; BHASKARAM et al., 2000). Essa intervenção não apresentou efeito sobre o retinol no leite ao final do período de lactação avaliado (30 dias), uma vez que a 42 concentração de retinol no leite materno parece depender do estado nutricional materno desse nutriente e é provável que as reservas de vitamina A formadas após a suplementação materna foram utilizadas pela lactante durante o intervalo das coletas de leite colostro e maduro (LOURENÇO, 2005). O leite humano é a única fonte de vitamina A para o lactente em aleitamento materno exclusivo, sendo importante que a lactação garanta a transferência dessa vitamina para suprir as necessidades do bebê e para a formação de reservas corpóreas (TUMA; RONCADA; CÉSAR, 2014). A concentração de retinol no leite humano é uma medida eficaz na avaliação do estado nutricional em vitamina A materno e do lactente, pois permite verificar o fornecimento desse nutriente. Além disso, é um parâmetro de avaliação considerado pouco invasivo (ALLEN; HASKELL, 2001). O fornecimento estimado de vitamina A pelo leite colostro foi suficiente para atender ao requerimento nutricional de vitamina A do lactente de 0 a 6 meses, tanto no grupo controle quanto no suplementado. A suplementação materna aumentou consideravelmente a concentração de retinol no leite colostro, sendo capaz de suprir mais que o dobro da recomendação de retinol para lactentes. É provável que esse aumento seja vantajoso, uma vez que o leite colostro tem papel fundamental na formação inicial dos estoques hepáticos de vitamina A do lactente (BEZERRA et al., 2009; GARCIA et al., 2009). Quanto ao leite maduro, o fornecimento estimado de vitamina A por meio desse leite também parece suprir o requerimento diário do lactente, entretanto há uma tendência a encontrar valores superiores de retinol no leite do grupo que recebeu a suplementação. O Brasil é um país onde a deficiência de vitamina A ainda é considerada um problema de saúde pública, acometendo principalmente crianças menores de 5 anos (QUEIROZ, et al., 2013), sendo importante avaliar se uma suplementação materna com vitamina A mais tardia ou em baixas doses diárias durante o período da lactação poderiam favorecer o aumento da concentração de vitamina A no leite materno. A suplementação materna com vitamina A não é atualmente uma recomendação da Organização Mundial de Saúde por não haver fortes evidências do seu efeito na redução da morbimortalidade materna e infantil (OMS, 2013), todavia, em locais onde a deficiência de vitamina A é um problema severo de saúde pública, a suplementação materna de vitamina A durante a gestação pode ser indicada para prevenir a cegueira noturna (OMS, 2013). No Brasil, a suplementação materna com 43 vitamina A fazia parte do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A, entretanto, esta intervenção foi suspensa em 2016(BRASIL, 2016). Porém, essa suplementação pode ser importante para a formação de reservas hepáticas no recém- nascido e seu status de vitamina A, uma vez que foi verificado um aumento significativo na concentração de retinol no leite colostro. Sendo necessário, portanto, verificar se o esquema da suplementação melhora o status de vitamina A da criança amamentada e de sua mãe. O fornecimento suficiente de vitamina A é essencial para a sobrevida dos recém-nascidos, sendo para isto necessário o adequado estado nutricional da mãe e a manutenção em níveis satisfatórios do nutriente no leite materno (OMS, 2013). É possível, portanto, inferir que a suplementação materna consiste em uma estratégia de baixo custo que pode melhorar o status de vitamina A do bebê e prevenir agravos decorrentes da deficiência de vitamina A neste grupo que é considerado de risco. Diante disso, ressalta-se a importância da assistência nutricional durante o pré-natal e pós-parto para que sejam identificadas possíveis carências nutricionais, como a deficiência de vitamina A, e fortalecer as estratégias de prevenção, controle e combate a essas deficiências que acometem as lactantes e seus infantes, entre as quais está a suplementação materna com vitamina A. 7. CONCLUSÃO As lactantes avaliadas apresentaram adequado status médio de vitamina A no leite materno e a suplementação materna com vitamina A aumentou a concentração de retinol no leite colostro, todavia, esse efeito não foi observado no leite maduro quando comparado com o grupo controle. 44 Além disso, o fornecimento estimado de vitamina A por meio do leite colostro e maduro foi suficiente para atingir o requerimento do lactente e em condições de suplementação materna com vitamina A, houve um maior fornecimento desta vitamina, o que pode contribuir para a formação de reservas corporais do lactente. 45 REFERÊNCIAS AHMED, L.; NAZRUL, I. S.; KHAN M. N., HUQUE, S., AHSAN, M. Antioxidant micronutrient profile (Vitamin E, C, A, copper, zinc, iron) of colostrum: association with maternal characteristics. J Trop Pediatr, v. 5, p. 357-358, 2004. ALLEN, L. H; HASKELL, M. Vitamin A requirements of infants under six months of age. In: BENOIST, B; MARTINES, J.; GOODEMAN, T. 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