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A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o aleitamento materno exclusivo sob livre demanda até os seis meses de idade, e complementado até os dois anos ou mais de vida da criança. LIMA, Maria Maitê Leite et al. A influência de crenças e tabus alimentares na amamentação. O Mundo da Saúde, [s.l.], v. 40, n. 2, p.221-229, 31 mar. 2016. O leite materno é um alimento completo e ideal para o bebê. Cada mãe produz o leite especialmente para o filho que gerou. A amamentação é a forma mais natural de alimentar o bebê, apresentando inúmeras vantagens nutricionais além de ser prática, econômica e higiênica. Fisiologicamente, a lactação está sob o controle de hormônios, principalmente os de origem hipofisária, cuja produção é influenciada por estímulos externos e emoções maternas. O início e manutenção da lactação consistem em processos neuroendócrinos complexos que envolvem os nervos sensoriais do mamilo, a pele adjacente à mama, a parede torácica, a medula dorsal, o hipotálamo e a hipófise com seus vários hormônios (prolactina, ACTH, glicocorticoides, hormônio de crescimento e ocitocina). 1 Prolactina Atua nas células alveolares, fazendo com que produzam o leite, especialmente a proteína. Os níveis de prolactina são proporcionais à sucção quatro dias após o parto e antes desse período o leite é produzido independentemente da sucção. Por meio da sucção a hipófise posterior libera a ocitocina, que vai atuar nas células mioepiteliais que circundam as células alveolares, contraindo-as. Assim, o leite dentro das células vai ser ejetado para dentro dos ductos lactíferos – sistema conhecido como apojadura ou descida do leite. A ocitocina também atua na contração uterina, por tanto a mãe que amamenta terá uma involução uterina mais rápida. A ansiedade ou a angústia materna pode diminuir a vascularização e prejudicar a ação da ocitocina. 2 Secretado nos primeiros dias após o parto, até cerca de uma semana. Do 7° ao 10° dia ou até duas semanas, é chamado de leite de transição e, a partir desse período, denomina-se leite maduro. Trata-se de um leite amarelado e espesso, com alta concentração proteica (proteínas não nutricionais, relacionadas aos aspectos imunológicos), menos lactose e gordura. Caracteriza-se por conter resíduos materiais nas glândulas e nos ductos na ocasião do parto e por ser rica em globulinas. Nele encontra-se altas concentrações de sódio, potássio, cloro e zinco, vitamina A, E e carotenoides (dá a coloração amarela). Há também imunoglobulinas IgA, IgM e IgG. As IgAs sofrem queda acentuada do 1° ao 3° dia de lactação. É importante que o bebê o consuma nas primeiras 48h após o parto, pois assim confere proteção contra bactérias, vírus, auxilia na microbiota do bebê (crescimento do Lactobacillus bifidus), facilita a eliminação do mecônio (primeiras fezes do bebê), é anti- inflamatório. 3 Trata-se do leite propriamente dito, o qual apresenta composição mais estável a partir do 15° dia após o parto. Tem quantidade de proteína em torno de 1,2 a 1,5g/dL, a qual é adequada a velocidade de crescimento do bebê. Essa proteína é representada por 60% de proteínas do soro (alfa-lactalbumina, imunoglobulinas, enzimas) e 40% de caseína. Com relação ao carboidrato, o leite maduro apresenta cerca de 7,0g/dL de lactose, sendo este o carboidrato mais expressivo. Além da lactose, apresenta 0,8% de oligossacarídeos que junto com a lactose pode promover a diminuição do pH intestinal protegendo contra enterobactérias. Além disso, a lactose favorece a absorção do cálcio, fósforo e magnésio, o que pode proteger contra o raquitismo. Os lipídios do leite maduro constituem o componente energético mais importante, sendo sua quantidade total 3,5g/dL, sendo 97% de triglicerídeos e pequenas quantidades de fosfolipídios, colesterol e ácidos graxos livres. Os minerais e oligoelementos atendem à demanda do bebê e não sobrecarregam o metabolismo deles. A quantidade de ferro é pequena, mas de alta biodisponibilidade sendo totalmente suficiente para as demandas do bebê. As vitaminas estão presentes em quantidades suficiente, com exceção da vitamina D. No leite maduro, também há imunoglobulinas, sendo a mais importante a IgA, principalmente a IgA secretória (IgAS), a qual é resistente a digestão enzimática e mudanças de pH, o que é muito importante para o seu papel protetor da mucosa intestinal. Além dela, ainda há IgG, IgM, lactoferrina e lisozimas. 4 Um litro de leite materno fornece 670 kcal e exige um gasto energético por parte da mãe de 850-950 kcal. A produção média de leite nos primeiros 6 meses é de 750 ml/dia, com valores de oscilação que vão dos 550 ml aos 1250 ml. O volume total do leite depende da frequência de alimentação do lactente, de tal forma que quanto mais se alimentar o lactente maior será a produção de leite por parte da mãe. Depois dos primeiros seis meses, a produção reduz-se para 600 ml/dia, uma vez que a procura por parte do bebê diminui, já que, nessa altura do crescimento, se começam a introduzir os sólidos. GUINÉ, R.; GOMES, A. L. A Nutrição na Lactação Humana. Millenium, v. 49, p. 131- 152, 2015.ÁLVAREZ, J. R. M. As Necessidades Alimentares do Lactente e da Mãe. Em Necessidades Nutricionais nas Diferentes Etapas (Vols. 1-7, Vol. 4, pp. 123– 160).Amadora: Instituto Profissional de Estudos em Saúde, 2013. As estimativas da energia necessária para a produção de leite variam de 60% a 90% de eficiência na conversão de quilocalorias maternas ingeridas no conteúdo de quilocalorias do leite materno. Uma média de 5,2 kg de peso ganho durante a gravidez não é contabilizada pelo feto ou outros componentes, e supõe-se que parte desse ganho de peso seja usado para atender aos requisitos de energia para a amamentação subsequente. Recomenda-se que o subsídio diário para ingestão adicional de calorias maternas para amamentação seja de cerca de 500 kcal / dia. Isso é um acréscimo às necessidades estimadas de energia basal, que variam de 1700 a 3100 kcal, dependendo da altura, nível de atividade e peso. 5 A estimativa é derivada do volume médio de leite materno produzido por dia (média de 780 mL, faixa de 450-1200 mL) e do conteúdo energético do leite (67 kcal / 100 mL). Durante a gravidez, a maioria das mulheres armazena 2 a 5 kg extras (19.000 a 48.000 kcal) em tecido, principalmente como gordura, no preparo fisiológico para a lactação. Se as mulheres não consomem calorias extras, as reservas corporais são usadas para manter a lactação. Não é incomum as mulheres que amamentam perderem 0,5-1,0 kg/ mês após o primeiro mês pós-parto. KOMINIAREK, Michelle A.; RAJAN, Priya. Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Medical Clinics Of North America, [s.l.], v. 100, n. 6, p.1199-1215, nov. 2016. Committee on Maternal Nutrition, Food and Nutrition Board: Maternal Nutrition and the Course of Pregnancy. Washington, DC, National Academy of Sciences, 1970 Food and Nutrition Board: Dietary Reference Intakes Recommended Dietary Allowances and Adequate Intakes. Institute of Medicine. Reports from 1997-2011 www.nap.edu Entretanto, a extensão em que a energia mobilizada apoia a lactação depende do ganho de peso gestacional e do estado nutricional da mãe. Uma revisão de 17 estudos indicou que, em média, mulheres bem nutridas perderam 0,8 kg/ mês, enquanto mães desnutridas perderam apenas uma média de 0,1 kg/ mês. Butte, N.F. & Hopkinson, J.M. 1998. Body composition changes during lactation are highly variable among women. J. Nutr., 128: 381S-385S. 6 Mulheres bem nutridas com ganho de peso gestacional adequado devem aumentar sua ingestão alimentar em 505 kcal/ dia durante os primeiros seis meses de lactação, enquanto mulheres desnutridas e aquelas com ganho de peso gestacional insuficiente devem aumentar sua ingestão de alimentos. A energia pessoal exige 675 kcal/ dia durante o primeiro semestre de lactação. As necessidades de energia paraa produção de leite nos segundo semestre dependem das taxas de produção de leite, que são altamente variáveis entre mulheres e populações. FAO. Disponível em: <http://www.fao.org/3/y5686e/y5686e0b.htm>. Acesso em: 27/11/19. As mães que eram obesas antes da gravidez ou que aumentaram muito de peso durante a mesma não precisam que o aumento de energia na sua alimentação seja tão elevado, pois 300 a 400 kcal/dia podem ser extraídas das gorduras armazenadas. Quando o aporte energético da alimentação é insuficiente pode ocorrer uma menor produção de leite, o que é habitual quando a mãe do lactente se submete a uma dieta rigorosa para baixar o peso, enquanto está ainda a amamentar o seu filho. O mais recomendado seria realizar uma redução progressiva e moderada no consumo de energia proveniente da alimentação, minimizando os efeitos ao nível da produção de leite. 7 Terá ainda de se ter em conta que a própria produção de leite contribui para o gasto energético, pelo que, de forma natural, e mãe poderá recuperar o peso habitual. É importante o consumo de líquidos, recomendando-se um consumo de 2,5 a 3 litros de água por dia, e ainda se deverá ter em conta que a mulher deve consultar o médico antes de tomar qualquer medicação, porque estes, ao passarem para o leite, poderão ser nocivos para o lactente. GUINÉ, R.; GOMES, A. L. A Nutrição na Lactação Humana. Millenium, v. 49, p. 131-152, 2015.ÁLVAREZ, J. R. M. As Necessidades Alimentares do Lactente e da Mãe. Em Necessidades Nutricionais nas Diferentes Etapas (Vols. 1-7, Vol. 4, pp. 123–160). Amadora: Instituto Profissional de Estudos em Saúde, 2013. A perda de peso durante a lactação geralmente não afeta a quantidade ou a qualidade do leite materno, mas as deficiências maternas em magnésio, vitamina B6, folato, cálcio e zinco foram descritos durante a lactação. KOMINIAREK, Michelle A.; RAJAN, Priya. Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Medical Clinics Of North America, [s.l.], v. 100, n. 6, p.1199-1215, nov. 2016. 8 A amamentação apresenta maiores necessidades de proteínas, vitaminas e minerais, para garantir que seus depósitos não sejam utilizados para o leite materno – o aumento energético deve ser acompanhado de uma alimentação equilibrada; Fracionar as refeições em 6 vezes ao dia – para fornecer níveis glicêmicos constantes, mais adequados para melhor aproveitamento nutricional no intenso processo metabólico da amamentação; Fazer “dieta” é um fator de estresse e pode prejudicar o processo de aleitamento materno; Promover um bom aporte hídrico para favorecer a produção de leite; Não é recomendado o consumo de bebidas alcoólicas durante a amamentação; A orientação alimentar deve respeitar o hábito da nutriz sem negligenciar o aporte dos nutrientes essenciais para a saúde; Não há contraindicações de alimentos, a não ser que haja comprovação clínica e bioquímica da necessidade de se excluírem determinados alimentos da rotina alimentar; A ingestão de cafeína por mães que amamentam: não é aconselhado que ultrapasse 3 xícaras (100ml) diárias. A ingestão excessiva pode acarretar em irritabilidade e insônia do bebê; 9 A produção de leite não é melhorada e nem prejudicada pelos tipos de alimentos consumidos pela nutriz (chás, sopas, alimentos específicos, cerveja preta, simpatias) – a produção de leite está ligada a sucção do bebê. Ingira água (pelo menos 3 litros/dia), alimente-se adequadamente e amamente em livre demanda (quantidade e horário que o bebê quiser); A ingestão de peixes 3x por semana garante os níveis de ômega-3 no leite materno, proporcionando substratos para o desenvolvimento do sistema nervoso e da retina do lactente; A nicotina é transferida pelo leite materno em proporção ao número dos cigarros fumados, e pode provocar irritabilidade no bebê. Além disso, a nicotina pode inibir a prolactina e comprometer a amamentação. Os únicos chás permitidos são chá de frutas (orgânicas) e gengibre, e não se deve adiciona açúcar ou adoçantes. VITOLO, R. M. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008. A lactação é considerada bem-sucedida quando a criança amamentada está ganhando uma quantidade adequada de peso. A dose diária recomendada de proteína durante a lactação é de 25 g/ dia adicional. Os requisitos de muitos micronutrientes aumentam em comparação à gravidez, com exceção das vitaminas D e K, cálcio, fluoreto, magnésio e fósforo. Como tal, recomenda-se que as mulheres continuem a tomar uma vitamina pré-natal diário enquanto amamentam. 10 Tanto as vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, K) quanto as vitaminas hidrossolúveis (vitaminas C, B1, B6, B12 e folato) são secretadas no leite materno e seus níveis são reduzidos no leite materno quando há uma deficiência de vitamina materna. Felizmente, essas deficiências vitamínicas no leite materno respondem à suplementação materna. Por outro lado, os níveis de cálcio, fósforo e magnésio no leite materno são independentes dos níveis séricos maternos e da dieta. Fatores maternos como estresse, ansiedade e tabagismo podem diminuir a produção de leite, mas o valor quantitativo e calórico do leite materno não muda com a dieta e o exercício. Além disso, o peso, o IMC, o percentual de gordura corporal e o ganho de peso da mulher durante a gravidez não influenciam a produção de leite. KOMINIAREK, Michelle A.; RAJAN, Priya.Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Medical Clinics Of North America, [s.l.], v. 100, n. 6, p.1199-1215, nov. 2016. 11 Aproximadamente 40-90% das mães de gêmeos iniciam a amamentação. A produção de leite é determinada principalmente pela demanda infantil e não pela capacidade materna de amamentar. Assim, para as mulheres que tentam amamentar gêmeos e trigêmeos, a oferta atenderá à demanda. A continuação das suplementações de micronutrientes administradas na forma de uma vitamina pré-natal é adequada para mulheres que estão amamentando. Os gêmeos podem ser amamentados simultaneamente ou separadamente. 12 Vários estudos demonstraram que mulheres com obesidade diminuíram as taxas de início da amamentação e amamentam por períodos mais curtos em comparação com mulheres com peso normal. A teoria é que fatores biológicos (isto é, atraso na lactação), psicológico (isto é, constrangimento relacionado ao tamanho do corpo e dificuldade em amamentar discretamente), mecânico (isto é, seios e mamilos maiores que criam dificuldades de trava) e médico (isto é, parto cesáreo, diabetes, disfunção da tireoide) foram teorizados para explicar esses achados, mas a etiologia exata provavelmente é uma combinação de fatores. Para combater essa tendência e aumentar a probabilidade de as mulheres com obesidade atingirem suas metas de amamentação, elas precisam de apoio e incentivo adicionais para amamentar, incluindo assistência com técnicas apropriadas de travamento e demonstração de posições apropriadas do bebê, para ajudar no início e na continuação da lactação. 13 As mulheres que fizeram cirurgia bariátrica também são aconselhadas a seguir a recomendação de amamentar por pelo menos 6 meses. A avaliação laboratorial dos níveis de micronutrientes, conforme descrito na Tabela 1 para mulheres grávidas, também é recomendada para mulheres que amamentam após cirurgia bariátrica, com um grupo sugerindo que elas sejam avaliadas a cada 3 meses. O profissional da criança também deve estar ciente do histórico de cirurgia bariátrica da mãe, bem como de suas restrições alimentares específicas ou deficiências nutricionais identificadas. Embora poucos estudos tenham avaliado o conteúdo nutricional do leite materno produzido por mulheres que amamentam após cirurgia bariátrica, é provavelmente semelhante a outras mulheres. Embora os bebês nascidos de mulheres com obesidade tenham uma taxa mais alta de obesidade infantil, isso pode ser compensado pelo risco reduzido de obesidade infantil emcrianças que são predominantemente amamentadas. 14 Faltam diretrizes alimentares recomendadas para vegetarianos durante a lactação. Os suplementos de vitamina D são recomendados para mulheres que não bebem leite ou outros alimentos enriquecidos com vitamina D. Um suplemento de vitamina B 12 (2,6 μg/d) também é recomendado para mulheres que consomem dietas ovolactovegetarianas e veganas. Outra recomendação é consumir 1200-1500 mg/ dia de cálcio, devido à possível diminuição da ingestão e absorção de uma dieta baseada em vegetais. KOMINIAREK, Michelle A.; RAJAN, Priya. Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Medical Clinics Of North America, [s.l.], v. 100, n. 6, p.1199-1215, nov. 2016. 15 Definições de anemia durante a gravidez. Trimestre Hemoglobina (g / dl) Hematócrito (%) Primeiro <11,0 <33 Segundo <10,5 <32 Terceiro <11,0 <33 Valores normais para mulheres não grávidas 12,1 a 15,1 37-48% 16 Dose diária recomendada para mulheres grávidas e lactantes. 17 Nutriente Não grávida Grávida * Lactação * Vitamina A (μg / d) 700 770 1300 Vitamina D (μg / d) 5 15 15 Vitamina E (mg / d) 15 15 19 Vitamina K (μg / d) 90 90 90 Folato (μg / d) 400 600 500 Niacina (mg / d) 14 18 17 Riboflavina (mg / d) 1.1 1.4 1.6 Tiamina (mg / d) 1.1 1.4 1.4 Vitamina B 6 (mg / d) 1.3 1.9 2 Vitamina B 12 (μg / d) 2.4 2.6 2.8 Vitamina C (mg / d) 75 85 120 Cálcio (mg / d) 1.000 1.000 1.000 Ferro (mg / d) 18 27 9 Fósforo (mg / d) 700 700 700 Selênio (μg / d) 55 60 70 Zinco (mg / d) 8 11 12 * Aplica-se a mulheres> 18 anos Data from Otten JJ, Pitzi Hellwig J, Meyers LD, Editors. Dietary reference intakes. The essential guide to nutrient requirements. Washington, DC: National Academies Press; 2006. Composição típica de micronutrientes em uma vitamina pré-natal. 18 Um multivitamínico pré-natal diário é geralmente recomendado antes da concepção e durante a gravidez. A tabela 3 descreve a composição típica de uma vitamina pré-natal. A diferença crítica em comparação com outras multivitaminas é a dose de ácido fólico, necessária para apoiar o rápido crescimento celular, replicação celular, divisão celular e síntese de nucleotídeos para o desenvolvimento fetal e placentário. Embora existam dados para apoiar suplementação adicional de ácido fólico e ferro durante a gravidez, não há evidências de alta qualidade demonstrando que todas as mulheres exijam o aumento dos níveis de nutrientes em uma vitamina pré-natal. Componente Montante % De valor diário para mulheres grávidas e lactantes Vitamina A 4.000 UI como beta-caroteno 50% Vitamina D 3 400 UI como colecalciferol 100% Vitamina E 11 UI como acetato de dl-alfa tocoferil 37% Ácido fólico 800 μg 100% Niacina 18 mg como niacinamida 90% Riboflavina 1,7 mg como mononitrato de tiamina 85% Tiamina 1,5 mg 88% Vitamina B 6 2,6 mg como cloridrato de piridoxina 104% Vitamina B 12 4 μg como cianocobalamina 50% Vitamina C 100 mg como ácido ascórbico 167% Cálcio 150 mg de carbonato de cálcio 12% Ferro 27 mg como fumarato ferroso 150% Zinco 25 mg como óxido de zinco 167% 19 Folato O ácido fólico é a forma sintética da vitamina B natural, folato. As necessidades de folato aumentam durante a gravidez como resultado da rápida divisão das células relacionadas ao crescimento fetal. Notavelmente, suplementos de ácido fólico (400-800μg por dia) tomados antes da concepção podem reduzir o risco de defeitos do tubo neural no feto. Desde o mandato da FDA, os níveis de folato no sangue aumentaram e os defeitos do tubo neural diminuíram. As deficiências de folato têm sido associadas à anemia megaloblástica na gravidez. Ferro Os suplementos de ferro são rotineiramente recomendados na gravidez porque as necessidades de ferro são quase o dobro durante a gravidez. Uma vitamina pré-natal padrão contém 27 mg de ferro elementar. Os suplementos de vitamina C podem ajudar na absorção de ferro, enquanto o leite e o chá podem inibir a suplementação de ferro. Mulheres com deficiência de ferro, definidas por um nível de ferritina <15 μg / L, podem aumentar sua hemoglobina em 2 g/ dL durante um período de um mês, com uma reposição diária de 60-120 mg de ferro elementar. Os efeitos colaterais comuns do ferro, como dor de estômago, constipação, náusea e vômito, são muitas vezes os motivos pelos quais as mulheres não são compatíveis com a suplementação de ferro. Por esse motivo a sugestão é a suplementação de doses de 20mg de ferro quelado, 2 vezes ao dia, após as refeições. Vitamina D Os níveis de vitamina D podem ser medidos por um nível sérico de 25-hidroxi vitamina D, porém um nível ideal durante a gravidez não foi estabelecido. Se a deficiência de vitamina D for descoberta durante a gravidez, suplementos (1000-2000 UI por dia) podem ser administrados. Vitamina A A vitamina A é essencial para a diferenciação e proliferação celular, bem como para o desenvolvimento da coluna, coração, olhos e ouvidos. Doses excessivas de vitamina A (> 10.000 UI/ dia) foram associadas a defeitos cranio-faciais (face, palato, orelhas) e cardíacos. O complemento máximo na gravidez é de 8000 UI / dia. É a forma de retinol da vitamina A que está associada a efeitos teratogênicos, não a versão carotenoides encontrada em fontes alimentares, como a cenoura. Peixes Estudos sobre os riscos e benefícios dos peixes durante a gravidez podem parecer contraditórios. Isso se deve em parte ao fato de a maioria dos peixes conter benefícios e riscos concorrentes nas formas de ácidos graxos ômega-3 e mercúrio. Os ácidos graxos ômega-3 são críticos para o desenvolvimento do cérebro fetal e têm sido associados a uma melhor visão em prematuros, bem como a uma melhor saúde cardiovascular mais tarde na vida. Níveis mais altos de mercúrio em crianças, no entanto, têm sido associados a déficits de memória, aprendizado e comportamento. Idealmente, as mulheres grávidas consumiriam os peixes com baixo teor de mercúrio e ricos em ácidos graxos ômega-3, como salmão, sardinha e anchova. Peixes com alto teor de mercúrio, como tubarão, peixe-espada, peixe-azulejo e carapau devem ser evitados. Os sites da Federal Drug Administration (FDA) e da Environmental Protection Agency (EPA) oferecem informações sobre peixes locais e seu conteúdo de mercúrio. Testes de diagnóstico, profilaxia e tratamento de deficiências de micro e macronutrientes em gestações após cirurgia bariátrica. 20 Componente Teste diagnóstico (soro) Profilaxia Tratamento se deficiente Proteína Albumina sérica e pré - albumina 60g de proteína/ dia Suplementos proteicos Vitamina A Vitamina A, se clinicamente indicado 4000 UI/ dia em vitamina pré-natal Vitamina A não superior a 8000 UI/ dia Vitamina D 25-hidroxi vitamina D, se clinicamente indicado 400-800 UI/ dia em vitamina pré-natal Calcitriol (vitamina D) 1000 UI/ dia Vitamina K Vitamina K 1 , se clinicamente indicado Não é dado rotineiramente Vitamina K 1 1 mg/ dia Consulte um hematologista Ácido fólico Hemograma completo, folato de glóbulos vermelhos 600-800 μg/ dia em vitamina pré-natal Ácido fólico 1000 μg/ dia Vitamina B 12 Contagem completa de células sanguíneas, vitamina B 12 4 μg/ dia em vitamina pré-natal Vitamina B12 oral 350 μg/ dia ou 1000 μg/ mês por via intramuscular Consulte o hematologista Cálcio Cálcio total e ionizado 250 mg/ dia em vitamina pré-natal Citrato de cálcio 1000 mg / dia com vitamina D Ferro Hemograma completo, ferro, ferritina, capacidade total de ligação de ferro 30 mg/ dia em vitamina pré-natal Sulfato ferroso 325mg duas vezes três vezes ao dia com vitamina C KOMINIAREK, Michelle A.; RAJAN, Priya. Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Medical Clinics Of North America, [s.l.], v. 100, n. 6, p.1199-1215, nov. 2016. Não se conhece com a exatidão as causas da cólica. Acredita-se que estejam envolvidos na sua geração fatores ligados ao ambiente, incluindo o statusbiopsicossocial da família. Também podem influenciar seu aparecimento a imaturidade do sistema nervoso central, intolerância à lactose, anormalidades em hormônios gastrintestinais, alteração da motilidade e na colonização do intestino. O caráter autolimitado da cólica, ou seja, seu desaparecimento espontâneo sugere que a cólica do lactente pode sofrer grande influência do desenvolvimento do tubo digestivo ao longo dos primeiros meses de vida. A cólica pode ser causada pelo próprio amadurecimento do aparelho digestivo do bebê e também pela ingestão de ar durante a mamada. O período de idade que vai do nascimento ao 3º mês de vida é a fase de adaptação do sistema nervoso e do aparelho digestivo imaturo do bebê ao ambiente extrauterino. KOSMINSKY FS, KIMURA AF. Cólica em recém-nascido e lactente: revisão da ARTIGO literatura. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2004 ago;25(2):147-56. SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-f amilias/cuidados-com-o- bebe/colica-do-lactente/>. Acesso em: 23.01.19. 21 Uma das maiores dúvidas é a exclusão ou não de determinados alimentos. Sabe-se que há substâncias consumidas pela mãe que são passadas para o leite materno e, quando há a predisposição genética para quadros alérgicos de determinado componente do alimento, o lactente pode ser sensibilizado precocemente caso a mãe inclua na sua alimentação alimentos que o contenham. Por esse motivo, mães que não tem o hábito de consumir leite, por exemplo, não devem fazê-lo só por que estão amamentando. Porém, nesses casos, o consumo de cálcio pode ficar baixo e cabe ao nutricionista avaliar a necessidade de suplementação. Por outro lado, se a nutriz já tiver o hábito de consumir leite e derivados, por exemplo, e não tem antecedentes genéticos de alergia ao leite, não há justificativa para suspensão do leite de sua alimentação só pela queixa de cólicas do lactente. Existem alguns alimentos que tendem a causar mais alergias e provocar sintomas no bebê como vermelhidão na pele, coceira, eczema, prisão de ventre ou diarreia. Quando isso ocorre, verifica-se o que foi consumido de 6 a 8 horas antes da mamada do bebê, e geralmente os alimentos envolvidos são leite e derivados, soja, farinha de trigo, ovos, amendoim, castanhas, milho e xarope de milho (presente em produtos industrializados). É importante que antes de eliminar vários alimentos da dieta da mãe, o profissional questione as características das cólicas, verifiquem se os intervalos das mamadas não estão muito curtos (o que leva a sobrecarga de lactose e, consequentemente, a flatulência), se as técnicas de amamentação estão adequadas e todos os outros itens diretamente relacionados à boa prática do aleitamento materno. 22 Não há causas específicas para as cólicas e sim muitos fatores que podem estar envolvidos. A cólica se manifesta após a segunda semana de vida, com pico de intensidade em torno da quarta e sexta semana, desaparecendo espontaneamente até o terceiro mês. É importante ressaltar que a cólica típica se manifesta como um ataque paroxístico de choro forte, agudo, estridente, “em crescendo”. O lactente se estica, fica vermelho, vira a cabeça para os lados, as mãos ficam crispadas, as coxas fletidas sobre o abdome; com frequência ocorre a eliminação de gases, que parece trazer um alívio temporário. Com breves pausas, o choro pode se prolongar por horas; o choro é inconsolável, o que traz aos pais sentimentos de frustração e impotência. A prática de eliminar certos tipos de alimentos da dieta materna pode gerar riscos para a saúde da nutriz, além de causar mais preocupação para a mãe com relação à sua alimentação, deixando-a insegura e ansiosa. VITOLO, R. M. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008. 23 Na prática, a cólica é frequentemente caracterizada apenas pelo choro sem motivo aparente. Acontece que o choro é uma ferramenta, normal e fisiológica, de comunicação, usada pelo lactente nos seus primeiros meses de vida. A cólica pode ser uma variante normal e estaria relacionada a uma imaturidade fisiológica. Essa teoria é defendida por alguns pediatras, onde alguns alegam que as cólicas ocorrem, pois o trato gastrointestinal está ainda não está maduro. Algumas causas podem ser: Temperamento da criança e a ansiedade dos pais (que pode ser agravada por inexperiência e falta de apoio). Neste caso é necessário orientar as mães a observar seus bebês e identificar o que é choro de fome, de fralda suja ou de cólica. É importante que elas mantenham a calma e estejam disponíveis e calmas para acalmar o bebê. O bebê chora por diversas razões: fome, frio, sono, calor, dor, incômodos por fralda molhada ou apertada ou até porque quer aconchego e carinho. Com o tempo, a mãe vai aprendendo a identificar o motivo de choro do seu bebê. No entanto, a criança que chora por fome se acalma assim que mama. Isso não acontece quando o choro é por cólica. Como diferenciar o choro por cólica do choro de fome? 24 Tente manter a calma e lembre-se que as cólicas acontecem em um bebê saudável e que vão passar em poucos meses. A ansiedade da mãe não ajuda a acabar com a cólica, mas algumas ações podem amenizar a dor: 01 Um ambiente tranquilo e uma música suave ajudam a relaxar mãe e filho; um banho morno também ajuda a descontrair; 02 Massagem na barriguinha do bebê, sempre no sentido horário, mobiliza os gases; 03 Movimentos nas pernas do bebê, como “pedalar no ar” podem auxiliar a eliminar o excesso de gases; 04 Compressas mornas na barriguinha com toalhas felpudas passadas a ferro têm efeito analgésico (teste antes o calor da toalha em sua própria face). Como evitar as cólicas? Porém, o mais importante é ter paciência para acalmar o bebê, aconchegando-o no colo, barriga com barriga, ou apoiado de bruços na extensão do antebraço dos pais. Oferecer chá ao bebê não acaba com a cólica e pode prejudicar a amamentação. Qual a relação entre cólica e dieta materna? As causas das cólicas do primeiro trimestre não são bem conhecidas, mas parecem ter relação com uma relativa imaturidade do bebê; e vão melhorar com seu crescimento, sem deixar sequelas. 25 A alimentação materna como possível causa da cólica ainda é controversa. A cólica pode ocorrer tanto em bebês amamentados no seio quanto naqueles amamentados com leite de vaca (fórmulas). Entretanto, existe a possibilidade de alguns alimentos, leite de vaca, soja, trigo, nozes, passarem para o leite materno e provocarem cólicas. No entanto, esses alimentos só devem ser retirados da dieta da mamãe caso as cólicas estiverem associadas com outros sintomas gastrintestinais que indiquem alergia alimentar, como a presença de rajas de sangue nas fezes do bebê. Ao primeiro sinal de sangue nas fezes do bebê, seu pediatra deve ser consultado imediatamente. Alguns alimentos relacionados à cólicas no bebê são: produtos lácteos, soja, trigo, ovos, amendoim, castanha e peixe por uma semana e encontrou melhora nos sintomas de cólica nos bebês. Porém, não há comprovação que eles realmente causam cólicas. Cada organismo responde diferente. Alguns autores apontam a associação entre cólicas em bebês e ingestão de crucíferas: brócolis, repolho, couve- flor e cebola, pelas mães. Esses alimentos possuem enxofre, sendo este o componente o qual se acredita passar pelo leite e causar cólica no bebê. Mas, ainda não está claro se eliminação destes alimentos da dieta materna traria benefícios. O que se pode fazer é diminuir a quantidade e pedir para a mãe observar se houve diferença ou não. Contudo é uma questão de experimentar e observar. Gomes, H. F. G. Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Hospital Regional da Asa Sul. Residência em Pediatria. Cólica do lactente: um desafio para o pediatra. Monografia apresentada ao Supervisor do Programa de Residência em Pediatria da Secretaria de Estado de Saúde do DistritoFederal, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Pediatria sob a orientação do preceptor Dr. Carlos Alberto Zaconeta. Brasília, 2007.Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: < https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-f amilias/cuidados-com-o-bebe/colica-do-lactente/>. Acesso em: 27/11/19. 26
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