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José Gabriel Corado Freitas | Clínica Cirúrgica III | 7º Período ITPAC-Palmas CASO CLÍNICO 4- RCC Homem com 38 anos chega ao setor de emergência com fezes alcatroadas e vertigem, dizendo que nas últimas 24 horas defecou várias vezes fezes assim e nas últimas 12 horas teve vertigem. Sua história clínica e cirúrgica prévia nada tem de notável. Ele queixa-se de cefaleias frequentes causadas por estresse relacionado ao trabalho e se automedicou com 6 ou 8 comprimidos de ibuprofeno por dia nas duas últimas semanas. Consome de 105 bpm (em posição supina), a pressã de 104/80 mmHg e a frequência respiratória de 22 rpm. Seus sinais vitais na p um pouco distendido e sensível no epigástrio. O exame retal revela fezes com melena, mas ausência de massas na ampola retal. HIPÓTESE: Hemorragia digestiva aguda alta que pode levar a um choque. COMO CONDUZIR? Abordagem Inicial: Reposição volêmica, identificar etiologia e gravidade do sangramento para o paciente. Passo 1: Determinar se o sangramento é agudo ou oculto. AGUDO OCULTO História de hematêmese, êmese em borra de café, melena ou sangramento pelo reto; Sinais e sintomas comuns associados à anemia e nenhuma história clara de perda sanguínea. Passo 2: Avaliar se as condições fisiológicas do paciente estão de acordo com a gravidade da perda sanguínea. Sequência no controle da hemorragia aguda no TGI superior: 1. Reanimação 2. Diagnóstico 3. Tratamento No caso desse paciente devemos agilizar reanimação imediata, e monitorar reação do paciente (débito urinário, aspecto clínico, pressão arterial, frequência cardíaca, valores seriados de hemoglobina e hematócrito). Passar uma sonda após reanimação para avaliar sangramento ativo. No caso de pacientes com HDA, agitado ou com comprometimento respiratório, considerar IOT antes de EDA. Exames Laboratoriais Solicitados: - Hemograma, Função hepática, Tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial (TTP). EDA- Identificar fontes de sangramento do paciente com hemorragia ativa e controlar sangramento precoce. Como ele usou AINES, usar IBP como prevenção a úlceras gástricas. José Gabriel Corado Freitas | Clínica Cirúrgica III | 7º Período ITPAC-Palmas ABORDAGEM AO SANGRAMENTO GÁSTRICO SUPERIOR Lacerações de Mallory-weiss Laceração proximal na mucosa após tosse vigorosa, náusea ou vômito; Autolimitado, discreto e passível de suporte; Erosões de Dieulafoy Pouca frequência; Sangramento de uma artéria anômala na submucosa; Sangramento significativo; Diagnóstico imediato por EDA, tratamento endoscópico ou cirúrgico; Malformações Arteriovenosas Sangramento abrupto; Pequenas lesões; Taxa de sangramento lento e autolimitante; Esofagite Erosão de mucosa por refluxo, infecção ou medicação; Sangramento oculto e tratar causa subjacente; Sangramento por varizes Esofágicas Veias ingurgitadas da região GE; Úlceras e hemorragia maciça; Hipertensão portal e cirrose; Choque Mecanismo fisiológico insuficiente para fornecer substrato adequado para o tecido. Classificação: Estágio I <750mL de sangue perdido, bem compensado. Estágio II 750mL a 1,5L perdidos Taquicardia leve, PA normal Estágio III 1,5L a 2L perdidos Taquicardia moderada, hipotensão. Estágio IV >2L perdidos Taquicardia acentuada, hipotensão. ABORDAGEM CLÍNICA - A mortalidade de pacientes com sangramento agudo do trato GI superior aumenta nos casos de novos sangramentos, com idade avançada, com comorbidades e naqueles cujo sangramento ocorre durante a internação hospitalar. - As fontes de sangramento alto podem ser não varicosas (80%) e varicosas (20%). As fontes não varicosas são Úlceras Duodenais, Erosões gástricas, Úlceras gástricas, Lacerações de Mallory-Weiss. José Gabriel Corado Freitas | Clínica Cirúrgica III | 7º Período ITPAC-Palmas - A endoscopia do trato GI superior estabelece um diagnostico em mais de 90% dos casos e serve para avaliar a ocasião em que ocorre o sangramento no momento. Além de ajudar no direcionamento da terapia e prever o risco de um novo sangramento. - Assim que o sangramento é controlado, inicia-se o tratamento clínico a longo prazo com agentes antissecretores como bloqueadores-2 da histamina ou IBP para tratar a doença subjacente. - Deve-se fazer um teste de H-pylori para observar se há o organismo, e, se presente, iniciar o tratamento adequado. - Pacientes com sangramentos GI superior não varicoso e achados endoscópicos de alto risco beneficiam-se do tratamento intravenoso inicial com alta dose de IBP, que deve ser administrado como um equivalente de 80mg de omeprazol em dose intravenosa de ataque, seguida pela infusão de 8mg/h por 72h. - Pacientes de baixo risco podem ser tratados com dose oral alta de IBP. Tratamento endoscópico com muitas modalidades possui bons resultados (coagulação, clipes e injeções). - Se o sangramento continuar ou voltar a ocorrer pode ser necessária cirurgia ou embolização angiográfica. Cirurgia indicada para DUP complicada com hemorragia maciça, persistente ou recorrentes no TGI superior em associação com grandes úlceras. José Gabriel Corado Freitas | Clínica Cirúrgica III | 7º Período ITPAC-Palmas Úlceras em sangramento com possível malignidade é indicada gastrectomia ou a excisão da úlcera.