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Almeida, Silvio Luiz de. Racismo estrutural, São Paulo: Sueli Carneiro ; Pólen, 2019. O livro, Racismo estrutural, nos faz refletir sobre os conceitos de racismo como fundamento estrutural das relações sociais, por meio de estudos sobre a teoria critica racial, colonialismo, imperialismo e capitalismo. É preciso compreender os fatos históricos, sociais, políticos, jurídicos e econômicos para entender a existência do racismo. O livro é dividido em cinco capítulos: 1) Raça e racismo; 2) Racismo e ideologia; 3) Racismo e política; 4) Racismo e direito; e 5) Racismo e economia. No terceiro capítulo, Racismo e política, o autor relaciona o racismo com a política, para ele a política/Estado é um sistema com práticas sociais voltada em favor da classe dominante, no caso os ricos e brancos, o que faz reproduzir o racismo. O Estado e o capitalismo estão diretamente ligados, as formas sociais de mercado, propriedade privada, liberdade, igualdade, são moldados para garantir o controle da classe dominante. Outra questão é o nacionalismo, em que identifica as pessoas como pertencentes a um mesmo povo, porém, nem todos têm a liberdade de expressar alguns costumes e culturas, com a justificativa de não respeitar a nação. Com isso o Estado exclui esses costumes com violência direta contra aqueles que não se conformam as normas de condutas definidas, tudo isso em favor da nação. Para o autor o racismo está institucionalizado no imaginário nacional brasileiro, os estudos a respeito da desigualdade racial foram utilizados para justificar a inferioridade do negro, não fazendo crítica sobre a condição do mesmo na sociedade. O negro está diretamente ligado a África, e os únicos evoluídos são os miscigenados com os brancos ou tiveram contato com eles. Os fatos que justificam a desigualdade ou discriminação são falsos ou inexistente, por isso os espaços devem promover a inclusão dos negros. A representatividade dos negros em espaços antes ocupados por brancos deve ser elevada, pôr os negros ao ocuparem esses cargos e ter um maior contato com os brancos eles não são mais iguais aos demais. Porém, essa representatividade não elimina o racismo, ela serve mais para mascarar ele e desacreditar o movimento negro, mostrando que ele não é necessário. Falando sobre política e racismo, o autor defende a ideia que o elemento racial está inserido nas ações de intervenção militares nas periferias do Rio de Janeiro, submetendo o grupo estigmatizado a todas as mazelas sociais de subalternação. O direito é o instrumento utilizado pelo Estado para dar legalidade às condutas racistas, conforme apontado no capítulo 4 do livro. A discriminação racial, a exclusão dos negros e a justificação dessas atitudes e comportamentos foram institucionalizados por Estados como Estados Unidos da América e África do Sul, respectivamente, nas legislações Jim Crow e apartheid. Vemos isto historicamente com a escravização dos negros, em que o direito fundiu juridicamente uma ideia de humanidade dividida entre uma raça de conquistadores, brancos, e outra de escravos, negros. Temos também o apartheid na África do Sul, onde havia uma separação real entre brancos e negros, não poderia haver qualquer interação inter-raciais. As transformações sociais e as pressões dos movimentos antirracistas, assim como as declarações da Organização das Nações Unidas (ONU),9 fizeram com que os sistemas jurídicos nacionais tivessem suas normas alteradas, banindo-se as normas discriminatórias. Percebe-se que o autor é bem radical em suas afirmações se baseando muito no passado. Mas infelizmente o, assim como o autor cita no livro o racismo está enraizado na sociedade, em pequenas ações que à primeira vista parece não ser racista mas tem um fundo racista, ele está tão enraizado que parece se propagar naturalmente.
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