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Oncologia de pequenos animais MASTOCITOMA Mastocitoma canino O mastocitoma corresponde a cerca de 25% dos tumores cutâneos em cães e, como o próprio nome já diz, tem origem nos mastócitos, que são células do sistema imune encontrados principalmente nos tecidos subcutâneos e mucosas, por isso elas são fundamentais para determinadas respostas cutâneas. Geralmente cães mais velhos são mais acometidos (8-9), porém há relatos em cães com menos de 30 dias de vida. É comum em SRD, boxer, labrador e golden. O mastocitoma pode acometer qualquer região e seu prognóstico normalmente é bem desfavorável. Além de ser o segundo tumor mais comum no cão Mastocitoma no gato Acomete animais entre 6 meses a 21 anos e as lesões são mais confinadas a face e membros, sendo os gatos siameses mais predispostos. Aqui haverá a forma de mastocitoma disseminado, que é quando acomete fígado, intestino, linfonodos (esplenomegalia). Gato com hemoparasitose não aumenta o baço, diferente do cão, por isso, gatos com esplenomegalia, preciso pensar no diagnóstico diferencial de mastocitoma. Os gatos normalmente chegam na clínica com histórico de anemia, pois a MO está comprometida e terão distúrbios de coagulação. Etiologia O mastocitoma muitas vezes estará associado a aplicação de substâncias irritantes na pele, o que gera uma inflamação crônica, é o caso de alguns antibióticos e a ivermectina. Devido a inflamação crônica, chega ao local primeiro os neutrófilos, depois os linfócitos, depois os monócitos e por último os mastócitos, só que as vezes isso é tão crônico e por isso permanecem no tecido por tanto tempo podendo vir a se tornar com caráter neoplásico. - Raças predispostas (com ênfase nos labradores).; - Mutação do gene c-kit; - Pode ocorrer por comprometimento viral (partículas virais do tipo C). - Não há evidências de transmissão horizontal do tumor. Mastócitos são cheios de grânulos de histamina e por isso ela pode causar prurido no organismo. A histamina pomove estímulo dos receptorews de H2 das células parietais, causando uma produção excessiva de ácido gástrico e aumento da motilidade gástrica, ou seja, excesso de histamina vai gerar excesso de secreção ácida no estômago. (a heparina tende a bloquear efeitos da histamina, mas costuma estar em baixas concentrações em mastócitos malignos) Clínica É dividido em dérmico (cutâneo) e subcutâneo; - Em relação ao cutâneo, 50% é no tronco, perineal, genital e inguinal; 40% nos membros e 10% cabeça e pescoço. - Forma visceral (mastocitoma sistêmico; mastocitose) - geralmente precedida de lesões cutâneas indiferenciadas. Por isso que tumores de lipoma (gordura) é impotante operar, pois pode ser benigno hoje, mas daqui a pouco pode se tornar maligno. O mastocitoma pode se metastizar para o olho, osso, língua e sistema nervoso central. O animal pode chegar não com um nódulo específico, mas com áreas ulceradas. - A aparência clínica dos dérmicos consistem em massas de 1 a 10 cm de diâmetro, são bem circunscritos, elevados e firmes, superfície pode ser eritematosa ou ulcerada e pode haver histórico de prurido. Os de tecido subcutâneo são poucos circunscritos, elevados e moles, sem alterações eritematosas e ulcerativas, assemelhando-se a lipomas. - Quando localizados em vísceras, são denominados mastocitose disseminada. Darier's sing (a vermelhidão sobre ou a redor do nódulo de pele, bem comum no mastocitoma - devido a histamina). Isso independente do seu tamanho e da sua localização. Caso o tumor seja na mama é muito importante diferencial de mastocitoma, pois se não uma mastectomia será feita de forma ineficaz. Diagnóstico diferencial de lesões nodulares nas orelhas dos gatos: lepra felina; onorcadiose e mastocitose. SÍNDROME PARANEOPLÁSICAS: - Ulceração gastrointestinal (tumor composto por mastócitos que liberam histamina e que estimulam a secreção de ácidos). Animal começa a apresentar êmese com sangue, melena, perda de peso repentina, prurido intenso e cicatrização retardada (devido a histamina que se liga em receptores H1 e H2 dos macrófagos provocando a liberação do fatos supressor fibroblático, diminuindo a fibroplasia). Tutor chega na clínica relatando que animal não para de vomitar (vômito crônico). Muitas vezes o veterinário deixa de identificar um pequeno nódulo. - Tutores costumam relatar alterações do tumor em curtos períodos. Diagnóstico Patnaik: definia o mastocitoma como grau I, II e III, sendo o grau I desde que tivesse margem, o animal estaria livre da doença com a cirurgia. O grau III mesmo com margem, precisava de quimioterapia e o grau II ficava meio indefinido. Por isso muitos pacientes do grau II evoluíam para o grau III. Com isso o Kiupel fez uma nova definição: alto grau e baixo grau (alto precisa de quimioterapia e baixo não). - Citológico (efetivo, mas não define muito bem meu prognóstico, aqui ele irá definir diagnóstico do mastocitoma) por isso eu também irei precisar do histopatológico (principalmente, para definir prognóstico e como tratar) e imunoistoquímico. - Histológico (define diagnóstico definitivo); Graduação histológica: A diferença é que a de Kiupel é muito recente (2012) por isso um bom laudo hitopatológico precisa de ambas as classificações. ** Essa classificação é após a cirurgia. - Imunoistoquímica: exame em que as vezes pode ser necessário, aqui eu irei identificar a proteína KIT, que está associada com desenvolvimento e progressão do tumor (fator de crescimento de mastócitos). Animais com essa mutação do CD KIT possui um pior prognóstico. É aplicado ao diagnóstico de mastocitoma e diferencial para outras neoplasias. Tratamento - Estadiamento; - Tratamento cirúrgico; - Quimioterapia; - Terapia alvo molecular; - Radioterapia (realidade apenas em algumas cidades como Rio de Janeiro). ESTADIAMENTO CLÍNICO DO MASTOCITOMA CANINO ESTÁDIO 0: presença de tumor incompletamente excisado da derme, identificado histologicamente, sem envolvimento de linfonodo regional. ESTÁDIO I: presença de um tumor confinado à derme, sem envolvimento de linfonodo regional. ESTÁDIO II: Presença de um tumor confinado à derme, com envolvimento de linfonodos regionais. ESTÁDIO III: tumores dérmicos múltiplos, tumores grandes e infiltrados com ou sem envolvimento do linfonodo regional. ESTÁDIO IV: qualquer tumor com metástase à distância, com envolvimento de sangue ou medula óssea. Os estágios I a III são classificados em subestádiso 1 (sem sinais sistêmicos) e 2 (com sinais sistêmicos). ESQUEMA DE TRATAMENTO CLÍNICO: Citorredução com LOMUSTINA 60-90° MG/M² VO com 2 sessões. Outra opção de citorredução é com a prednisolona 0,5 ou 1mg/kg a cada 24 horas por 20 dias, pois o mastócito nada mais é do que uma célula inflamatória. Aqui não há o problema da glicoproteína P, então ele pode ser dado sozinho. Mas durante um tempo, depois de uns 4, 5 meses a célula para de responder e aí só a quimioterapia. Diferença de lomustina e prednisolona: - tratamento longo com corticóide causa dificuldade de cicatrização (e preço). Em lesões que estão ulcerados, com secreção, o CARVÃO ATIVADO irá ajudar a secar essa lesão. Após, devido a localização, dar ou prednisolona ou lomustina e plano cirúrgico. plano cirúrgico - Avaliar o volume tumoral; - Apoio com exames de imagem; -Avaliar os planos profundos envolvidos; - Estabelecer o protocolo anestésico (não posso utilizar morfina em paciente com mastocitoma, pois morfina libera histamina); - Terapia antihistamínica (com prometazina e dexametasona - pois pode ocorrer uma desgranulação, ou seja, grão de histamina sair da célula e ir para os tecidos e circulação). - No plano cirúrgico eu devo tirar uma margem de 5cm de margen laterais do tumor e devo remover a fáscia do músculo abaixo da formação. - As margens são para avaliar se há células neoplásicas. Retiro essas margens e coloco em um frasco de formol para patologista avaliar com histológico. Quimioterapia - Prednisolona: 2 mg/kg, por via oral, diariamente. Reduzir a dose após 30 dias. Suspender após 12 a 26 semanas.- Vimblastina: 2 mg/m², por via intravenosa, semanalmente, totalizando quatro aplicações. Depois, administrar a cada duas semanas, totalizando quatro aplicações. - Lomustina: 70 a 90 mg/m² , a cada 21 dias. A atenção é que se eu uso a lomustina de cara, e não funciona, a vimblastina com a prednisolona não irão funcionar. Por isso o ideal é começar com a prednisolona e vimblastina. Terapia alvo molecular - Em mastocitomas irresecáveis (inoperáveis, ou II, III de alto grau); - Antes preciso ver se há mutação confirmada de c-kit, pois o medicamento age se ligando no receptor do c-kit. Inibe a proliferação de mastócitos e induz a apoptose. - MASTITINIB (MASIVET) - 12,5 mg/kg 24h; duração do tratamento depende da resposta do paciente. Exclusivo para mastocitoma; Praticamente não há efeito colateral. - TOCERANIB (Palladia) - 3,25 mg/kg, 24 horas. Ambos são muito caros.
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