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apostila de crimes de transito

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Crimes de Trânsito
Das disposições Gerais
Seção I
Disposições Gerais
Da legislação Aplicável concomitantemente aos crimes previstos no CTB
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotor
es, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). 
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.”
Parágrafo único. Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, de embriaguez ao volante, e de participação em competição não autorizada o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Comentários ao Artigo:
 Na seara penal a nova legislação promoveu mudanças importantes. Nas disposições gerais dos crimes de trânsito foi mantida a redação do “caput” do artigo 291, CTB, que trata da aplicação  das normas gerais do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Lei 9099/95, naquilo que não for disposto de modo diverso. Entretanto, o antigo Parágrafo Único desse artigo foi dividido em dois novos parágrafos, de maneira a modificar sensivelmente as regras de aplicação de institutos da Lei 9099/95 aos crimes de trânsito e, conseqüentemente, os instrumentos processuais de investigação. 
 Alguns crimes de trânsito, por força do “caput” do artigo 291, CTB, já ensejavam plena aplicabilidade das regras da Lei 9099/95, tendo em vista a quantidade máxima de pena cominada “in abstrato” nos preceitos secundários dos tipos penais, que não ultrapassa dois anos (art. 61, da Lei 9099/95). Este é o caso dos crimes previstos nos artigos 303, “caput”; 304; 305; 307; 308; 309; 310; 311 e 312 do CTB. 
 Em virtude de ultrapassarem a quantidade máxima de pena em abstrato de dois anos, ficaram excluídos da aplicabilidade dos dispositivos da Lei 9099/95 os crimes de homicídio culposo do trânsito (art. 302, “caput” e também seu Parágrafo Único, CTB); lesão corporal culposa do trânsito com aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único, CTB) e embriaguez ao volante (art. 306, CTB). 
 No entanto, de acordo com a redação original do Parágrafo Único, do artigo 291, CTB, permitia-se a aplicação dos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95, aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa (art. 303 e também seu Parágrafo Único, CTB); participação em competição não autorizada (“racha” – art. 308, CTB) e embriaguez ao volante (art. 306, CTB), incondicionalmente e independentemente do máximo da pena cominada. 
 Contudo é importante fazermos uma comparação temporal em relação à aplicabilidade dos institutos citados acima da lei 9099/95 em relação aos crimes de trânsito: Vale ressaltar que após as alterações feitas pelas leis 10.259/01 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais Federais) e 11.313/06, parte da antiga dicção do Parágrafo Único do artigo 291, CTB, tornou-se redundante, uma vez que suas penas máximas de aplicabilidade passou de 1 ano para 2 anos, ou seja, antes das alterações os artigos 303, “caput” e 308, não eram considerados como de menor potencial ofensivo, então havia motivo de existir a previsão do art. 291, porém após essas mudanças tornou-se obsoleta esta consideração, pois ficou claro que tais artigos seriam atingidos naturalmente, por força do artigo 61 (já comentado) da lei de menor potencial ofensivo. Logo fica claro que atualmente, os artigos 303 “caput” e 308, CTB, tornaram-se naturalmente atingidos pela lei 9099/95.
 Entretanto à época, mesmo após as alterações feitas pelas leis 10.259/01 e pela lei 11.313/06, o Parágrafo Único do artigo 291, CTB, não chegou a perder totalmente sua utilidade, pois que a lesão corporal culposa com aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único, CTB) e a embriaguez ao volante (art. 306, CTB) continuaram tendo penas máximas que excluiriam a aplicabilidade dos dispositivos da Lei 9099/95. No caso do artigo 306, CTB, a pena máxima é de 3 anos e no caso do artigo 303, Parágrafo Único, a pena máxima de 2 anos ultrapassará o referido patamar tão logo aplicado o aumento previsto de 1/3 a 1/2. Assim sendo, permaneceria útil a autorização de aplicação dos artigos 74, 76 e 88 da Lei 9099/95 a esses tipos penais. 
 Porém após a revogação do antigo Parágrafo Único sob comento e sua substituição pelos novos §§ 1º e 2º, ocorreram relevantes mudanças.
 A primeira alteração que observamos foi que agora o § 1º, do artigo 291, CTB, não estende o disposto nos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95, aos crimes dos artigos 306 e 308, CTB, mas somente à lesão corporal culposa com aumentativo. O artigo 306 perdeu a aplicabilidade dos institutos supracitados da lei 9099/95 por conta das alterações previstas na lei 11.705/08 (lei seca), já que esta lei teve o claro intuito de punir de maneira mais severa àquele que dirige sob influência de álcool. Enquanto o artigo 308 saiu da previsão, porque sua pena máxima “in abstrato” já se aplica de forma natural a todos os dispositivos da lei 9099/95, logo seria no mínimo uma redundância existir de forma explícita essa previsão, então, para ele, vale a aplicação “in totum” da lei dos juizados especiais criminais. Portanto sua retirada de forma taxativa do novo § 1º veio apenas com o intuito de uma adequação legislação do texto legal, visando retirar uma disposição inútil, tendo em vista a pena máxima de 2 anos.
 Esta mesma conclusão felizmente não se pode dizer da exclusão do artigo 306, CTB (embriaguez ao volante), pois que ele tem pena máxima de 3 anos, não sendo, portanto, por natureza, uma infração de menor potencial. O alcance dos institutos da Lei 9099/95 ao artigo 306, CTB, somente se dava por força do antigo artigo 291, Parágrafo Único do mesmo diploma. Com a inovação legislativa o artigo 306, CTB, fica definitivamente excluído da aplicabilidade de quaisquer institutos relativos a infrações  de menor potencial ofensivo. O único cabível para a embriaguez ao volante é a chamada “suspensão condicional do processo” ou “sursis processual”, que abrange infrações cuja pena mínima não supere 1 ano (art. 89, da Lei 9099/95), espraiando-se, desse modo, a infrações que não são de menor potencial. 
 Concluímos que a partir de agora não se pode cogitar de apuração de embriaguez ao volante por intermédio de Termo Circunstanciado, aplicação de composição civil de danos e transação penal em audiência preliminar do Jecrim, e nem de aplicação do procedimento sumaríssimo da Lei 9099/95 (artigos 77 e seguintes). Também em casos de flagrância nada impede  a lavratura do respectivo Auto de Prisão em Flagrante, sendo possível arbitramento de fiança pela Autoridade Policial, já que não houve alteração da pena detentiva (art. 322, CPP). 
 Na atual conformação a extensão dos institutos dos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95 só se opera para o crime de lesões corporais culposas com aumentativo (art. 303, Parágrafo Único), já que na forma simples este crime é alcançado em sua totalidade. Mas, é preciso ter cuidado: 
I. Quando houver lesão corporal culposa simples (art. 303, “caput”, CTB), não se tratará de extensão apenas de certos institutos da Lei 9099/95, por força do § 1º do artigo 291, pois este crime na forma simples alcança no máximo 2 anos, então se tratando de um crime que por natureza é de menor potencial ofensivo. Assim sendo, é abrangida pela Lei 9099/95 em sua totalidade. Então, para a lesão culposasimples são aplicáveis inclusive as disposições que substituem a Prisão em Flagrante e o Inquérito Policial pelo Termo Circunstanciado, além dos dispositivos dos artigos 74, 76 e 88 e do procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais. 
II. Por outro lado, em se tratando de lesão corporal culposa com aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único, CTB), tem aplicação a norma extensiva  do artigo 291, § 1º, CTB. Isso considerando que havendo aumento de pena fatalmente o patamar máximo de 2 anos será superado, podendo alcançar até 3 anos, e, em tese, a lesão culposa deixaria de ser abrangida pelos institutos da Lei 9099/95. Porém como existe esta brecha do artigo 291, § 1º, a lesão corporal culposa com aumentativo em regra será alcançada por algumas benesses da lei de menor potencial ofensivo, que são os artigos 74, 76 e 88 da referida lei.
III. Só a fim de fazer um pequeno comentário em relação à previsibilidade do artigo 88, da lei 9099/95, que trata da ação penal, não nos parece necessária a menção legal. Constitui um excesso de zelo pelo legislador, o qual acaba sendo bem vindo, pois evita possíveis polêmicas. Como já há a previsão nas “disposições finais” da lei 9099/95, em relação à ação relativa às lesões corporais culposas, assim como também as dolosas leves serem de caráter pública condicionada à representação, logo se tornou óbvio que em qualquer diploma que não traga de maneira diversa este crime seja visto por este prisma sendo, portanto, mais uma redundância, porém esta de certa forma até útil. Na verdade, na verdade o que seria necessário, acaso o legislador quisesse afastar a necessidade de representação nesse caso de lesão culposa ou em qualquer outro, seria a expressa disposição em contrário ao regrado pelo artigo 88 da Lei 9099/95.  Por exemplo, se fosse criada uma lesão culposa especial em um novo diploma legal, tivesse ela a pena que fosse, no silêncio do legislador, a ação penal seria pública condicionada a representação por força do artigo 88 da Lei 9099/95, norma de caráter geral, que faz referência genérica a “lesões culposas” e não a “lesões culposas deste ou daquele artigo ou lei específicos”.
IV. A partir de agora não basta que o caso seja de lesões culposas no trânsito com aumento de pena para que se amplie a aplicação dos institutos da Lei 9099/95 ali arrolados. É preciso doravante que o autor do crime não o tenha cometido:
i. Sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
ii. Participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
iii. Transitando em velocidade  superior à máxima permitida para a via em 50 km/h.
V. Caso haja cometimento do crime de lesão corporal culposa com aumentativo em um desses casos supramencionados não se aplica nenhuma benesse da lei 9099/95, exceto como já comentado a suspensão condicional do processo, que encontramos, tendo em vista o tempo mínimo da pena não ultrapassar 1 ano. 
Concluindo, portanto, tudo ora comentado de forma simplória: 
· Quando o crime de lesão corporal for simples, é alcançado pela lei 9099/95 por todas as suas benesses tendo em vista a pena máxima atribuída a este crime.
· Quando o crime de lesão corporal culposa tiver aumentativo os quais mencionaremos futuramente (contidos no parágrafo único do artigo 302), apesar da pena máxima nesses casos ultrapassar 2 anos, o que em regra não se aplicaria a lei 9099/95. Através da norma extensiva do artigo 291 se aplicará alguns institutos da lei de menor potencial ofensivo que são os artigos 74, 76 e 88.
· Porém quando o crime de lesão corporal culposa com aumentativo for cometido quando estiver praticando racha, alcoolizado ou com velocidade acima da máxima em 50 Km/h não se aplica as benesses previstas na norma de extensão do artigo 291.
 O inciso II, do § 1º, do artigo 291, CTB, descreve conduta que, por si só, configuraria crime autônomo. Trata-se do conhecido “racha” (art. 308, CTB). Entretanto, conforme orientação doutrinária dominante, o crime de dano (lesão) absorverá o crime de perigo concreto (“racha”), isso tendo em vista a subsidiariedade tácita que normalmente caracteriza os crimes de perigo. Agora com a previsão do artigo 291, § 1º, II, CTB, essa interpretação ganha um relevante reforço. Com a vedação ao infrator das benesses da Lei 9099/95, inclusive  institutos despenalizadores, pelo fato de haver perpetrado a lesão culposa durante um “racha”, constituiria dupla apenação espúria (“bis in idem”) caso se cogitasse de eventual concurso com o crime do artigo 308, CTB. 
 Registre-se também que no caso do artigo 291, § 1º, I, CTB, o crime de embriaguez ao volante era  absorvido, eis que já previsto como causa de aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único c/c Parágrafo Único, inciso V, do art. 302, CTB). Agora, porém revogada a causa de aumento de pena da embriaguez pelo artigo 9º da Lei 11.705/08, por se tratar de um crime atualmente de perigo abstrato fica claro que antes do crime de dano já estará configurado o crime de embriaguez sendo, portanto, crimes autônomos, independentes, sendo elementares distintos respondendo, então, o condutor embriagado que por acaso vier a cometer na direção de veículo automotor uma lesão corporal ou um homicídio culposo, responderá pelo concurso material dos crimes respectivos cometidos. 
 Neste tópico vale comentar acerca do disposto no inciso III, do § 1º, do artigo 291, CTB. A grande questão nesses episódios será a aferição da velocidade imprimida ao veículo nos casos concretos, o que dependerá muito de apurada prova pericial e da disponibilidade de aparelhagens adequadas, sendo também aceita a prova testemunhal. Também aqui se vislumbra a possibilidade de cometimento de crime autônomo, como, por exemplo, o artigo 311, CTB (velocidade inadequada em certos lugares). Novamente e pela mesma razão antes expendida com relação ao primeiro caso supramencionado, esse crime será absorvido pelas lesões corporais culposas, já que é um crime de perigo concreto.
 A fim de concretizar minha posição tomada acima, vemos que a intenção do legislador ao criar as figuras típicas denominadas crimes de perigo foi evitar que o dano ocorresse. Ocorrendo o dano não há mais de se punir a conduta perigosa, mas somente a danosa. Como ratifica Guilherme de Souza Nucci: “Os crimes previstos nos artigos 304 a 311 da lei 9.503/97 são de perigo, razão pela qual, havendo dano,devem ser por este absorvidos. Não há sentido em se punir o perigo, quando o dano consumou-se. Se o agente dirige sem habilitação de maneira a colocar em risco a incolumidade pública e a segurança viária, deve ser punido por crime de perigo. No entanto, se assim agindo, acaba atropelando e matando alguém, por exemplo, atingiu-se o que se pretendia evitar, ou seja, a perda da vida. O homicídio culposo absorve a direção sem a devida habilitação. Nessa ótica: STF: “O crime de lesão corporal culposa, cometido na direção na direção de veículo automotor (CTB, art. 303), por motorista desprovido de permissão ou de habilitação para dirigir, absorve o delito de falta de habilitação ou permissão tipificado no art. 309 do Código de trânsito Brasileiro” (HC 80.303 – MG – 2º T – Rel. Celso de Mello – 26.09.2000 – v.u. – DJ 10.11.2000, p. 81).
 Para finalizar é de extrema importância alguns posicionamentos e julgamentos dos tribunais, que entendem como dolo eventual quando um condutor embriagado ou praticando racha em alta velocidade e em decorrência a isto comete um homicídio na direção de um veículo automotor, logo este responderá, não mais pelo CTB e sim pelo Código Penal (artigo 121), como aduz o TJAC: 
“Age com dolo eventual o agente que, após ingerir bebida alcoólica, imprime velocidade incompatível com o local, apesar dos reclamos de ocupantes do veículo que chamaram sua atenção para o iminente risco de acidente, provocando a morte de duas pessoas e ferimento em outras quatro”.
 A fim de complementaro estudo já feito deixarei alguns comentários feitos brilhantemente por Eduardo Cabetti, em relação à discussão existente sobre a aplicabilidade da lei 9099/95:
 Havia, antes do advento da Lei 11.705/08, certo dissenso  na doutrina quanto ao alcance da extensão promovida a crimes de trânsito que a rigor não seriam de menor potencial, das normas da Lei 9099/95. 
Os entendimentos divergiam, formando duas correntes básicas:
a) Alguns defendiam a tese de que a norma extensiva do artigo 291, Parágrafo Único, CTB, teria o efeito de propiciar aplicação total da Lei  9099/95 aos crimes em questão, mesmo sendo eles dotados de penas não típicas de infrações de menor potencial. Para essa linha de pensamento a Lei 9099/95 deveria ser  aplicada desde o início, impedindo-se  a Prisão em Flagrante, nos termos do artigo 69, Parágrafo Único, da Lei 9099/95 e substituindo-se  o Inquérito Policial por Termo Circunstanciado. A justificativa seria os respeito à razoabilidade, pois a possibilidade de despenalização pelos institutos da composição civil de danos e transação penal tornaria abusiva, por exemplo, a Prisão em Flagrante de alguém para, ao depois, em Juízo, proceder a simples transação de pena não privativa de liberdade.
b) Outros entendiam que a norma extensiva era expressa em conferir apenas e tão somente as benesses dos institutos previstos nos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95, não alcançando, por exemplo, a fase pré – processual, de modo que seria plenamente possível a Prisão em Flagrante e a apuração por meio de Inquérito Policial. Isso considerando que o legislador somente possibilitou a “aplicação de apenas três institutos da lei”, deixando explícita a vedação de tudo mais que se refira aos Juizados Especiais Criminais, pois que em momento algum o legislador converteu aqueles delitos em verdadeiras infrações de menor potencial ofensivo, ao passo que se o desejasse o faria de forma expressa. 
Na época acabou prevalecendo o segundo entendimento, o qual nos parecia realmente mais correto. Agora, com a norma extensiva do § 1º, do artigo 291, CTB, restringindo-se somente aos casos de lesões corporais culposas do trânsito com aumento de pena, tirante  as exceções  dos incisos I, II e III, conforme demonstrado, estabelece o § 2º da mesma norma que “nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal”. 
A nosso ver tal dispositivo põe cobro à vetusta polêmica anteriormente descrita. Hoje a lei é  expressa no sentido de que  em todos os casos do § 1º, do artigo 291, CTB, a apuração dar-se-á  em sede de Inquérito Policial. Não importará se for um caso de lesão culposa com aumento de pena que permita a extensão dos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95 ou que não permita por força de um  dos incisos impeditivos. O § 2º não faz referência somente aos casos dos incisos proibitivos, menciona explícita e literalmente as “hipóteses previstas no § 1º” do artigo 291, CTB. 
Assim, se forem casos de extensão dos dispositivos da Lei 9099/95, o caso será de Inquérito Policial, eventual Prisão em Flagrante etc. Depois, em Juízo, serão aplicados os institutos da Lei 9099/95. Exceção deve ser feita à questão da representação da vítima (artigo 88, da Lei 9099/95), a qual necessitará ser colhida como condição de procedibilidade para a lavratura do flagrante e/ou instauração de Inquérito Policial (art. 5º, § 4º, CPP), não podendo ser postergada. 
Em se tratando de lesão culposa do trânsito com aumento de pena em que esteja presente um dos três incisos limitativos, não será, em nenhum momento, aplica7do qualquer instituto da Lei 9099/95, havendo obviamente apuração em sede de Inquérito Policial, Prisão em Flagrante, se for o caso, e inclusive, prescindindo-se de representação, eis que nesses episódios, conforme já exposto, a ação passa a ser pública incondicionada.
 Da suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
Comentários ao Artigo:
 É importante deixar bem claro antes de realizarmos qualquer comentário em relação a este artigo é importante, você, caro leitor, entender que esta suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor é de caráter judicial, imposta por transgressão a seara penal, aplicada pela autoridade judiciária, quando:
· Aplicada de forma isolada, quando, o condutor transgredir os artigos 302, 303, 306, 307 que terá nova imposição, em igual período e 308.
· Quando reincidente na pratica de delito de trânsito;
· De forma cautelar pela autoridade judiciária, a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial para garantir a ordem pública.
 Então, de forma expressa este dispositivo do CTB, alude a imposição da suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor poderá ser imposta de forma isolada, principal ou cumulativamente (com a privativa de liberdade ou multa), não havendo nenhuma correlação de prazo da pena privativa de liberdade e a suspensão ou proibição, ficando ainda o lapso temporal dessa pena ficando a critério da autoridade judiciária que irá variar de 2 meses a 5 anos.
 Um exemplo, de pena que poderá ser aplicada cumulativamente com outras, podemos citar o exemplo do homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor (art. 302), ao qual é aplicada juntamente com a pena de detenção do infrator. 
 Ainda Segundo Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, no qual faz uma alusão ao artigo 292 do CTB, este destaca as penalidades aplicáveis: “Além da pena privativa de liberdade, cumulativa ou alternativamente a ela foram cominadas outras espécies de pena, dentre as quais impende destacar as seguintes: (a) multa; (b) multa reparatória (que consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima ou seus sucessores, de quantia calculada com base no § 1º do art. 49 do CP, sempre que houver prejuízo material resultante do crime); (c) suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor (com duração de dois meses a cinco anos – arts 292 e 293); (d) suspensão ou proibição da permissão ou habilitação (cumulativamente com detenção e/ou multa, somente na hipótese de reincidência na prática de crime de trânsito previsto no Código – art. 296)”.
 Logo, é de fácil percepção para você querido leitor que a suspensão ou proibição do direito de dirigir poderá ser aplicada:
1. De forma Isolada: Possível essa aplicação quando como medida restritiva de direito, por exemplo, atualmente quando reincidente na prática de crimes de trânsito, esta punição é isolada, pois o que se visa punir é a reincidência, além da punição, óbvia do crime que gerou a reincidência.
2. De forma Principal: Possível quando aplicada junto com a pena de multa.
3. E de forma cumulativa: Possível diante da pena, por exemplo, do homicídio culposo que além da pena de detenção traz em seu escopo esta punição estudada.
 Duração da penalidade judicial de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação e o prazo para consumação da entrega
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.
Comentários ao Artigo:
 Este artigo estabelece o prazo de fixação da penalidade de suspensão ou de proibiçãode se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, que terá a duração de dois meses a cinco anos.
 O § 1º traz o prazo de entrega da permissão ou da CNH após o transito em julgado, o qual a não entrega no prazo estabelecido incide no crime previsto do artigo 307, no qual comentaremos mais adiante.
 O § 2º nos mostra que diferentemente da suspensão de caráter administrativo a suspensão judicial só será aplicada após cumprida a condenação penal. 
 A fim de sanarmos todas as dúvidas referentes as suspensões de caráter administrativo e a suspensão de caráter judicial vejamos suas principais diferenças:
	
	Suspensão Administrativa
	Suspensão Judicial
	Prazo
	1 mês a 24 meses quando reincidente
	2 meses a 5 anos
	Competência para aplicação
	Autoridade de trânsito
	Autoridade Judiciária
	Obrigação de cumprimento anterior de condenação penal
	Não
	Sim
	Punição pela não entrega do documento de habilitação
	Crime de desobediência (art. 330 do CP)
	Crime da não entrega da habilitação (art. 307 do CTB)
	Condições para voltar a dirigir
	Curso de Reciclagem
	Submissão a novos exames e também um curso de reciclagem.
Da suspensão cautelar da permissão, da habilitação ou da proibição de sua obtenção
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Comentários ao Artigo:
 Este dispositivo tem como objetivo, trazer à tona, os casos os quais comovem a sociedade de forma dolorosa e escandalosa, dessa forma o CTB encontrou um dispositivo no qual garanta a ordem pública, quando houver um clamor público advindo de um crime de trânsito que de forma cruel afete tanto a sociedade que para garantir uma “justiça” em relação ao fato ocorrido tenha que se declarar, mesmo durante a fase de inquérito penal, sem o transito em julgado (já que este é necessário para suspensão ou proibição do direito de dirigir), haja a suspensão como medida cautelar visando à tranqüilidade social por parte da autoridade judiciária 
Da comunicação da suspensão ou da proibição de dirigir
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
Comentários ao Artigo:
 Este dispositivo visa apenas a comunicação por parte da autoridade judiciária ao CONTRAN e ao órgão executivo de trânsito do estado, tendo como principal objetivo garantir a punição e ainda em caso de desrespeito a suspensão ou proibição do direito de dirigir possa ser punido sob o espectro do artigo 307 do CTB.
Da vinculação judicial da suspensão de dirigir em casos de reincidências em crimes de trânsito
Art. 296. “Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.” (NR).
Comentários aos Artigos
 O artigo 296, CTB, também foi objeto de reforma pela Lei 11.705/08. O legislador aumentou o rigor repressivo nos casos de condenação de reincidentes pela prática de crimes de trânsito. Antes a lei estabelecia uma faculdade do Juiz de impor, além das demais sanções penais cabíveis, a penalidade acessória de “suspensão  da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor”. Atualmente a norma, em sua nova redação, não mais estabelece uma faculdade do julgador, mas sim determina imperativamente que o Juiz “aplicará” a referida sanção sempre que o réu for reincidente em crimes de trânsito. Não há  mais margem  alguma conferida ao magistrado para análise de eventuais peculiaridades de cada caso concreto. 
 Anote-se que a reincidência que enseja a pena acessória sob comento é a específica em crimes de trânsito (artigos 302 a 312, CTB). Eventual reincidência em outros tipos penais não propiciará a aplicação dessa sanção. 
 Outro aspecto relevante quanto ao presente tema é que a sanção de suspensão sobredita não poderá ser aplicada em casos de condenações por crimes de trânsito que já a prevêem como pena principal no preceito secundário dos tipos penais. Nesses casos, de que são exemplos os artigos 302, 303, 306, 307 e 308, CTB, a reincidência atuará como “circunstância agravante preponderante”, nos termos do artigo 61, I, CP. Nos demais casos, em que os crimes de trânsito não prevêem a penalidade em destaque de forma principal (artigos 304, 305, 309, 310, 311 e 312, CTB), o Juiz deverá aplicar a suspensão, sendo que nessas circunstâncias a reincidência não poderá ser utilizada como agravante genérica de acordo com o artigo 61, I, CP, para evitar “bis in idem”. 
Da Multa Reparatória
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal.
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.
Comentários ao Artigo:
 Até existe diversas críticas em relação a este dispositivo do CTB, pois ficou para os criminalistas a crítica em relação à aplicação desta multa, pois não há previsão na seara penal (crimes de trânsito) nem na seara administrativa (infrações de trânsito). O que é ratificado por Damásio E. de Jesus: “O art. 297, isolado entre as outras disposições sem maiores explicações, permite ao intérprete, numa primeira visão, ficar em dúvida sobre a natureza da multa reparatória: medida de natureza penal (pena alternativa) ou civil, ligada à antecipação da reparação do dano”.
 Arnaldo Rizzardo analisa ambas: “Enfrentando o problema do ponto de vista de medida de natureza penal: Se o legislador, na multa reparatória, pretendeu introduzir em nossa legislação uma pena alternativa, como ocorreu em outros países em que a reparação do dano é alçada à categoria de pena criminal, esqueceu-se da cominação genérica. E também não há a específica (imposição no preceito secundário da norma incriminatória). Consultando a parte geral (sic) (arts. 291 e ss.) e a parte geral (sic) (arts. 302 e ss.) do código de trânsito, não encontramos nem preceito secundário (cominação especial) nem dispositivo genérico de cominação. No art. 297, temos somente a segunda parte do sistema (precário e confuso enunciado complementar explicativo). De modo que a pena de “multa reparatória”, por falta de cominação legal (princípio da reserva da lei, art. 1º do CP), não pode ser aplicada pelo juiz. Ela não existe, pois não se sabe a que crimes aplicá-las”.
 E continua: “Adiante, em se entendendo que se trata de multa civil: A entender-se que o legislador criou uma multa civil, fundindo as jurisdições civil e penal com a finalidade de abreviar o litígio referente à indenização e permitindo ao juiz criminal, na sentença condenatória, impor o quantum a ser creditado em favor da vítima de prejuízo material, ter-se-á de consignar ofensa aos princípios constitucionais de contraditório e da amplitude de defesa. Com efeito, o réu sofrerá uma multa civil sem que no processo penal, tenha tido oportunidade de defesa, tendo em vista que na ação penal, deduzida especialmente para se apreciar a pretensão punitiva do Estado, não se poderá questionar o valorda indenização, uma vez que não foi prevista essa oportunidade processual. Por último, a possibilidade de o juiz impor uma pena civil de reparação de dano, na ausência de pedido do Ministério Público ou da vítima, fere o princípio constitucional do direito de ação”.
 Logo, vemos que este dispositivo trata e nos dá uma garantia em relação a possíveis danos materiais causados a nossos bens, nele incluído o dano físico ou corporal à pessoa humana. Sendo bem clara a intenção do legislador em dar ares de uma indenização civil dentro do CTB, uma vez que esta é interposta pela vítima passiva mediante a interposição de ação civil. Sendo fixada esta, pelo julgador na sentença condenatória penal.
 Com o objetivo de sanar qualquer dúvida, deixarei a diferente entre as principais multas previstas no CTB, como bem diferenciadas pelo ilustríssimo professor e amigo Leandro Macedo:
“(a) Multa Administrativa: A multa administrativa é uma sanção a ser imposta pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via, onde tenha ocorrido uma infração de trânsito. Poderíamos defini-la também como uma receita de natureza não tributária de arrecadação vinculada, com destino certo, previsto no artigo 320 do CTB, segundo o qual a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação para o trânsito.
b) Multa Reparatória: É uma multa de natureza civil, indenizatória, e exigida no juízo penal. É na verdade uma antecipação de um ressarcimento, imposta pelo juiz da esfera penal, após reclamação da vítima ou seus sucessores.
 Para que a multa reparatória se torne exigível é necessária a ocorrência de um crime de trânsito, por ser aplicada no juízo penal, e também um dano material, sendo apenas este indenizável a título de multa reparatória.
 O destino da multa reparatória é diferente do da multa administrativa, pois esta vai para o Estado e aquela é paga a vitima ou a seus sucessores.
 Convém salientar que o valor da multa reparatória terá como limite o do prejuízo demonstrado no processo, porém, se posteriormente a vítima se achar insatisfeita com o valor pago, poderá ainda reclamar o mesmo objeto, a mesma indenização, na esfera cível, recebendo evidentemente apenas a diferença...
c) Multa Penal: A pena de multa, também conhecida como pena pecuniária é uma sanção penal, consistente na imposição ao condenado da obrigação de pagar ao fundo penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada na forma de dias-multa, atingindo o patrimônio do condenado.
 A pena de multa, conforme prevista no CTB pode ser cominada e aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade, a exemplo do seu artigo 306, quando trata do crime de embriaguez, prevendo em seu preceito secundário a pena de detenção de 6 meses a 3 anos, suspensão e multa, ou ainda de forma alternativa, com a pena de prisão, a exemplo do crime de omissão de socorro, previsto no artigo 304, cominando pena de detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
 Quando a multa é punição única (comum na lei de contravenções penais) ou nos casos em que ela encontra-se cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação, será obrigatória a sua aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade ou da inderrogabilidade da pena.
 Nos casos em que a pena de multa estiver prevista de forma alternativa com a pena privativa de liberdade, o juiz terá uma discricionariedade, de acordo com o art. 59, inc. I, do Código Penal, para escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
 A fim de vermos como é a forma de aplicação das multas citadas, deixarei um exemplo hipotético e assim faremos a análise para entendermos essas diversas idéias de multas:
 Imaginemos que Leandro com seu Audi TT e Ronaldo com seu Maverick aspirado estejam em uma via pública de Nilópolis praticando racha e nessa disputa ambos avançaram o semáforo vermelho de parada obrigatória e após esse avanço uns 100 metros mais a frente Ronaldo não viu o veículo de Carlos (proprietário do veículo) que estava estacionado em frente a uma igreja evangélica, e acaba causando uma colisão com este veículo de Carlos causando-lhe danos materiais.
 Passamos agora a analisar a conduta de ambos: A conduta de Ronaldo e Leandro são previstas tanto como crime de trânsito uma vez que geraram perigo de dano e estão em uma via pública (art. 308), além da infração de natureza administrativa (art. 173), ou seja, além da multa administrativa gravíssima com fator multiplicativo em três vezes proveniente da infração de trânsito de corrida com espírito de emulação ambos responderão pela multa penal proveniente do crime previsto no artigo 308 do CTB – detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor. E como apenas Ronaldo causou os danos materiais somente esse, obviamente, responderá pela multa reparatória relativa à colisão no veículo de Carlos.
 Dos Agravantes genéricos aplicáveis aos crimes em espécies previstos no CTB
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.
Comentários ao Artigo:
 Veremos o comentário em relação a este artigo mais a frente fazendo comparações com os casos de aumentativos quando tratarmos do parágrafo único do artigo 302. 
Das circunstâncias atenuantes
Art. 299. (VETADO)
O texto vetado era o seguinte: “nas infrações penais de que trata este Código não constitui circunstância atenuante o fato de contar o condutor do veículo menos de vinte e um anos, na data do evento, ou mais de setenta, na data da sentença”.
Comentários ao Artigo:
 O CTB neste dispositivo vetado tentou trazer para os crimes de trânsito de forma frustrada a proibição da já existente previsão existente no Código Penal das circunstâncias atenuantes.
 Razão do veto: “Este artigo pretende que o fato do condutor de veículos que contar com menos de vinte e um anos ou mais de setenta anos não constitua circunstância atenuante para a aplicação da pena. Isto contraria a tradição jurídica brasileira e, especialmente, a sistemática estabelecida no Código Penal. De qualquer modo, não se justifica, na espécie, o tratamento especial ou diferenciado que se pretende conferir aos delitos de trânsito, razão pela qual deve ser vetado”.
Do Perdão judicial previsto no CTB
Art. 300. (VETADO)
O texto vetado tinha o seguinte teor: “Nas hipóteses de homicídio culposo e lesao corporal culposa, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem, exclusivamente, o cônjuge ou companheiro, ascendente, descendente, irmão ou afim em linha reta, do condutor do veículo”.
Comentários ao Artigo:
 Depois de muito pesquisado entre todas as contradições encontradas neste dispositivo sobre a aplicação ou não do perdão judicial nos crimes de trânsito, cheguei a conclusão que se aplica sim tal dispositivo nos crimes de trânsito apesar da existência do veto acima.
 Respeitando outros doutrinadores e até mesmo colegas de profissão tentarei convencê-lo o porquê da aplicação desse dispositivo: Na minha concepção o textovetado não tinha razão de ser pela sua aplicação de forma taxativa, ou seja, menos abrangente do que o perdão judicial encontrado no código penal que tem o seguinte teor: “Na hipótese de homicídio culposo, O juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Previsão esta que estende ao crime de lesão corporal culposa.
 A maior crítica existente para a não aplicação desse dispositivo benefico aos crimes de trânsito é porque no próprio artigo 291 na mesma parte geral do CTB, que trata dos crimes de trânsito, allude a aplicação dos dispositivos apenas sejam aplicados sob as normas gerais do código penal, enão na parte especial, que realmente é onde se encontra o perdão judicial dentro do Código Penal. Porém como Alnaldo Rizzardo justifica: “Se o próprio president da república teve em vista esta dimensão, é de se antever que sera tarefa da jurisprudência, inspirada certamente na doutrina que advirá, estender aos delitos de homicídio culposo e de lesões corporais culposas o perdão judicial”. Além de ferir de forma cruel o princípio da isonomia, pois haveria diferenciação sem razão de existir entre os crimes mencionados tanto no CTB como na parte especial do CP.
 A fim de ressaltar minha posição deixarei a defesa do Ilustríssimo Sr. Damásio E. de Jesus: “Na hipótese, o homicídio culposocometido no trânsito contém todas as elementares, causas e circunstâncias do tipo comum, com exceção do disposto em contrário ou de forma diversa pela lei especial (como nas causas especiais de aumento de pena). O código de Trânsito não proíbe, expressa ou tacitamente, o perdão judicial. Logo, admite-o. E não poderia ser de outra maneira, sob pena de criar-se uma situação de flagrante inconstitucionalidade, ferindo o princípio da igualdade. Com efeito, a interpretação diferente conduz à conclusão de que a morte culposa de ente querido causada na direção de veículo automotor não admite o perdão judicial; nas relações humanas, for a do trânsito, permite. Considerando-se que 99% dos casos de perdão judicial se referem a delitos de circulação, a pretendida proibição é absurda”.
 Da prestação do socorro e suas conseqüências
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
Comentários ao Artigo: 
 No caso de prestação de socorro cabal e integral nos crimes de trânsito, claro excluindo os casos em que o condutor envolvido não tenha condições físicas ou psíquicas, de prestar imediato socorro, ou então, quando sua segurança própria esteja sendo ameaçada, por exemplo, nos casos de linchamento, ou ainda quando o seu próprio veículo não tenha condições de prestar socorro. Consideradas as exclusões citadas caso haja prestação de socorro não se imporá prisão em flagrante bem como não será exigida fiança. 
 É de fácil percepção que a maioria dos crimes de trânsito prevêem de forma alternativa a detenção e a multa penal, então, nos parece difícil que a prisão em flagrante determine a custódia do infrator. O que se torna comum é o arbitramento da fiança, o que determina a imediata liberação, porém no caso de prestação de socorro não se exigirá nem fiança.
2- CRIMES EM ESPÉCIE
2.1 - Homicídio culposo de trânsito (art. 302)
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos. (Incluído pela Lei nº 11.275, de 2006).
Comentários ao Artigo: 
 Trata-se de um Crime Comum, pois pode ser cometido por qualquer que esteja na direção de um veículo automotor, seja habilitado ou não. Onde tem como objetivo jurídico a vida humana. Um crime culposo, ou seja, quando não se tem a intenção de se obter o resultado. Tem como sujeito passivo qualquer pessoa, tanto na via pública como em via privada, já que se aplica a regra geral do código penal do local do crime prevista no artigo 5º do Código Penal já que se aplica a regra geral do CP para os delitos de trânsito, o teor, é: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido em território nacional”. Inexiste compensação de culpas, pois a vida é um bem indisponível. Admite arrependimento posterior, que está previsto no artigo 16 do CP, a extensão dessa norma provem do artigo 89 da lei 9099/95 que alude a suspensão condicional do processo, ação pública incondicionada, não admite composição civil objetivando extinção da punibilidade, não admite transação penal, não admite suspensão condicional do processo, tudo tendo por base o já explicitado no artigo 291 em relação às leis de menor potencial ofensivo.
 Quero ressaltar a absorção dos crimes de perigo concreto pelos crimes de dano, ou seja, os crimes dos artigos 302 e 303 absorvem os delitos de perigo concreto como, por exemplo, os crimes do 308 crime de racha, onde só haverá crime quando gerar perigo de dano. Logo, o condutor envolvido neste crime responde somente pelo crime relativo à lesão corporal absorvendo, portanto, o crime de racha.
 É de crucial importância o candidato no momento de sua observar que a doutrina majoritária entendeu que quando o homicídio for praticado na direção de ciclomotor seu condutor não responderá pelo CTB e sim pelo CP. Até porque o Brasil firmou nova declaração no sentido de que os ciclomotores equiparar-se-iam aos ciclos para os efeitos de aplicação de preceitos da legislação nacional de trânsito, retirando, portanto, a consideração anterior proveniente da convenção sobre Trânsito Viário de Viena, de 8 de novembro de 1968.
 Como ora já comentado lembremos que devido as brutalidades da forma em que os crimes de trânsito vem acontecendo somados com os vários fatores subjetivos somados ao resultado morte ou lesão corporal. Os diversos tribunais pátrios ao longo do território nacional vem deixando julgados e entendimentos, claro ponderando caso a caso, no sentido de declarar o dolo eventual (assunção de risco, mesmo quando não se espera obter o resultado) nos crimes de dano previstos no CTB, respondendo, então, o eventual condutor não mais pelo CTB e sim pelo CP.
 Tarefa ingrata é diferenciar a situação de homicídio culposo de trânsito e de homicídio doloso do Código Penal quando da ocorrência de dolo eventual e culpa consciente. Até hoje a mais avalizada doutrina encontra dificuldades em diferenciá-los e a questão fica relegada ao entendimento do juiz. No ensinamento clássico de DAMÁSIO, "no dolo eventual, o agente tolera a produção do resultado, o evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não. Ele assume o risco de produzi-lo (CP, art. 18, I, parte final). Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume o risco nem ele lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é representado (previsto), mas confia em sua não-produção" (ob. cit, p. 83). A dificuldade do operador do direito será de penetrar na mente do sujeito a fim de verificar se este assumiu o risco ou se apenas confiou em sua não ocorrência. Cabe dizer que o homicídio culposo absorve quase todos os demais delitos de trânsito, em face do princípio da consunção. Havendo duas ou mais vítimas, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70, CP). Por fim, a questão da co-autorianos crimes de trânsito é deveras tormentosa, especialmente em matéria de homicídio culposo. Para JOSÉ CARLOS GOBBI PAGLIUCA, "se o crime de trânsito é de mão própria e este não pode ser realizado senão exclusivamente pelo próprio possuidor da qualidade típica, não se vê como seja possível a co-autoria ou mesmo participação, mesmo em se entendendo esta última cabível em delitos culposos em geral, o que já é complicado" (in artigo publicado no Boletim IBCCRIM n.º 110).
 Fazendo menção ao aspecto processual, é importante lembrar aos operadores do direito que não se imporá prisão em flagrante ao condutor do veículo que, mesmo após ter praticado homicídio culposo, tentar minimizar o ato prestando pronto e integral socorro à vítima (art. 301). Se essa situação não ocorrer e desde que presentes as hipóteses taxativas do artigo 302 do estatuto processual penal, caberá à autoridade policial a lavratura do auto de prisão em flagrante e posterior fixação de fiança ao condutor, nos termos do artigo 322, já que o crime é punido com detenção. Dessa forma, a não ser que haja dolo eventual -onde o delito será reclassificado como sendo o do art. 121, do Código Penal -, e não ocorrendo as hipóteses do arts. 323 e 324 do CPP que vedam a concessão da fiança, o motorista que praticou homicídio culposo na direção de veículo automotor deverá ser solto pelo delegado de polícia após a lavratura da peça coercitiva e prestação da fiança.
Causas de aumentativo de pena
X
 Agravantes genéricas
	Aumentativo
	Agravantes genéricas
	-
	Com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
	-
	Utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas
	Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
	Sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação
	-
	Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
	No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros
	Quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga
	-
	Utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante
	Praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada
	Sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres
	Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
	-
OBS.: É de suma importância observamos que as causas que aumentam os crimes só tem aplicação para os crimes de homicídio culposo na direção de veículo automotor e lesão corporal na direção de veículo automotor enquanto as formas agravantes são aplicadas em todos os crimes de trânsito.
 Entretanto, não podemos deixar passar despercebido quando a agravante for uma causa elementar do crime ou então mesmo for uma das três causas comuns de aumentativo, aplicaremos a específica ou o próprio elementar do caput do crime, ou seja, as causas agravantes são subsidiárias as causas de aumento e ao próprio elementar do crime.
 Por exemplo, no crime previsto no artigo 309, Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano, não irá gerar um caso de agravante genérica, já que o próprio texto contém o elementar do tipo, se não teríamos claramente um caso de bis in idem.
 Assim como em um caso hipotético de homicídio culposo na direção de um veículo automotor praticado no exercício de profissão de um condutor de um veículo de transporte de passageiros, como o crime em apreço é o homicídio culposo na direção de veículo automotor, logo este terá a margem de aplicação dos aumentativos específicos para tal, nessa situação aplicaremos o crime do 302 com aumentativo (inciso IV), devido ao princípio da especificidade.
 Logo é de fácil percepção que para os crimes de homicídio e lesão corporal os agravantes são subsidiários a aplicação dos aumentativos.
2.2- Lesão corporal culposa de trânsito (art. 303)
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior.
Comentários ao Artigo: 
 Trata-se de um Crime Comum, pois pode ser cometido por qualquer que esteja na direção de um veículo automotor, seja habilitado ou não. Onde tem como objetivo jurídico a integridade física e mental. Um crime culposo, ou seja, quando não se tem a intenção de se obter o resultado. Tem como sujeito passivo qualquer pessoa, tanto na via pública como em via privada, já que se aplica a regra geral do código penal do local do crime prevista no artigo 5º do Código Penal já que se aplica a regra geral do CP para os delitos de trânsito, o teor, é: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido em território nacional”. Inexiste compensação de culpas, pois a vida é um bem indisponível. Admite arrependimento posterior, que está previsto no artigo 16 do CP, a extensão dessa norma provem do artigo 89 da lei 9099/95 que alude a suspensão condicional do processo, ação pública condicionada a representação como regra, em relação a aplicabilidade da lei 9099/95 e seus institutos, como já foram mencionados no início desta obra quando tratamos do comentário ao artigo 291, deixarei apenas de forma resumida tal conceito a fim de sanar qualquer dúvida surgida, segue abaixo ainda uma consideração em relação a contradição da dosimetria da pena entre a lesão com dolo prevista no CP e a lesão corporal culposa no CTB:
 Aspecto criticado e polêmico da incriminação da lesão corporal culposa de trânsito é acerca da dosimetria de sua pena in abstracto porque ela acaba ultrapassando a pena da lesão corporal simples praticada com dolo prevista no Código Penal. Logo, poderíamos ter a incongruência de que o condutor afirme ter praticado a lesão "dolosamente" apenas para submeter a uma pena mais branda. A redação do tipo também deixa a desejar, valendo os comentários que fizemos a respeito do crime de homicídio. 
 Por fim, a Lei n.º 11.705 modificou o conceito de infração de menor potencial ofensivo, hipótese que abarcou o crime do art. 303. Porém com aumentativo, este crime agora tem a previsão de três institutos de competência do Juizado Especial Criminal, salvo quando:
 I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora).
 Sob essas circunstâncias o crime de lesão corporal na direção de veículo automotor passa agora a ser excluído quase que em toda a sua totalidade dos institutos benéficos da lei 9099/95, excetuando-se a suspensão condicional do processo que leva em consideração o tempo mínimo da pena que será de seis meses, logo como esse instituto abrange todos aqueles crimes em que a pena mínima não ultrapassa um ano, então há a previsibilidade de tal norma da lei de menor potencial ofensivo.
2.3- Omissão de socorro (art. 304)
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutordo veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Comentários ao Artigo: 
 De pouquíssima aplicação prática, este artigo acabou caindo em desuso. Isso porque seu enunciado típico agrava a pena de homicídio culposo bem como da lesão corporal culposa, não se podendo imaginar nenhuma possibilidade de bis in idem. A única hipótese possível de aplicação desse crime autônomo é a de um motorista – sem qualquer culpa – atropelar alguém e omitir-se a prestar socorro. 
 Vejamos a diferença entre as possíveis omissões de socorro, tanto no CTB, quanto no CP:
I. Condutor não envolvido no acidente, que se omite – Devemos entender como condutor não envolvido aquele que está passando pelo local. Imagine que este condutor presencie uma cena onde uma pessoa precisasse de socorro, e este se omitisse. Será que responderia com fulcro no artigo 304 do CTB? Evidente que não, porque o artigo 304 requer condutor envolvido; o condutor responderia com base no artigo 135 do código penal.
II. Condutor envolvido, causador do acidente, culposamente, que se omite – Note que este condutor praticou, antes da omissão de socorro, um homicídio culposo ou uma lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Pelo exposto, a omissão de socorro configura, apenas, uma circunstância aumentativa de pena do delito, não subsistindo como crime autônomo. Enfim, na situação exposta o crime cometido ou é o 302 ou o 303 do CTB, com aumentativo de pena.
III. Condutor envolvido, não considerado culpado pelo acidente, que se omite – apenas nesta situação é que se aplica o artigo 304 do CTB.
Finalmente, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves, incide a aplicação do artigo 304 do CTB.
Infrações relacionadas:
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima:
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local;
III - de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia;
IV - de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito;
V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação.
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade e seus agentes:
Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito:
Infração - média;
Penalidade - multa.
2.4- Fuga do local (art. 305)
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Comentários ao Artigo: 
 Ao tentar punir criminalmente alguém somente pelo fato de não fazer prova contra si mesmo, o artigo 305 é de flagrante inconstitucionalidade. O dispositivo também viola frontalmente o art. 8.º, II, g, do Pacto de São José: ninguém tem o dever de auto-incriminar-se. Além disso, há outro aspecto a ser considerado. A obrigação de sujeitar-se ao processo (penal ou civil) é puramente moral. Dessa forma, poderia o legislador transformar em crime uma obrigação moral? Até o momento, o dispositivo foi de pouquíssima aplicação prática, caindo em absoluto desuso em função das controvérsias que suscitou.
 Apesar de toda a discussão em relação a inconstitucionalidade ou não do artigo em comento, como vimos no texto acima, comentá-lo-ei visando apenas a forma de aplicabilidade do mesmo, vejamos: É comum o artigo supracitado ser confundido com o artigo 304, omissão de socorro, porém é bem simplório desmistificar esta confusão, o artigo 305 poderá ser aplicado de forma autônoma sim, por exemplo, quando um condutor envolvido em um acidente com vítima preste socorro deixando a vítima no hospital, porém ao chegar no local evade-se sem identificar-se para fugir da responsabilidade penal.
 E ainda nos casos de não haver vitima e mesmo assim o condutor evadir-se para fugir da responsabilidade civil também caíra no crime autônomo do artigo 305.
 O crime em apreço não será compatível com o crime previsto no artigo 304.
Infrações relacionadas:
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima:
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local;
III - de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia;
IV - de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito;
V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação.
2.5- Embriaguez ao volante (art. 306)
Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
“Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:
.............................................................................................
Parágrafo único. O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.” (NR) 
Comentários ao Artigo: 
 Compartilharei com os Senhores um texto magnífico de Eduardo Luiz Santos Cabette e por final tirarei minhas conclusões e de forma didática explicarei as novos procedimentos após a derradeira lei 11.705 (lei seca), que tanto alterou o CTB:
 Mais uma mudança de relevo operou-se pela Lei 11.705/08. Trata-se da nova redação dada ao artigo 306, CTB, que tipifica o crime de embriaguez ao volante.
 A partir de agora a lei estabelece como crime a simples conduta de conduzir veículo automotor, na via pública, em duas situações:
a)Estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas;
b)Estando sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.
 Embora o legislador não tenha alterado a pena prevista para o crime em destaque, percebe-se que forma levadas a efeito alterações profundas que inclusive mudam a natureza do tipo penal.
 A redação anterior do dispositivo também mencionava a condução de “veículo automotor, na via pública”. Nesse ponto não houve mudança. A definição de “veículo automotor” segue sendo encontrável no Anexo I, intitulado “Dos conceitos e das definições”. Também o palco da conduta deve ser as “vias públicas”, de modo que se a direção embriagada se passa em local particular, sem sequer acesso ao público, não se configura a infração. 
 Uma primeira alteração de monta se processa na situação de embriaguez por álcool. Antes a lei incriminava a direção “sob influência de álcool”, sem delimitar um grau específico de concentração de álcool no sangue.
 Agora, quando da ebriedade por álcool, exige a lei, para que o crime se perfaça, a comprovação de ao menos 6 decigramas de álcool por litro de sangue.
 Anteriormentea esta mudança, quando a lei mencionava a fórmula mais aberta da “influência de álcool”, conformou-se o debate doutrinário, havendo dois posicionamentos básicos: 
a) Um pensamento de que a embriaguez somente seria caracterizada com a comprovação da concentração de 6 decigramas de álcool por litro de sangue, embora o artigo 306, CTB, não a aventasse. Tal raciocínio baseava-se  em uma interpretação sistemática do CTB, fazendo uma correlação entre sua parte penal e sua parte administrativa. Na época se correlacionava o artigo 306, CTB, com o artigo 276, CTB, o qual estabelecia aquela concentração para a caracterização da infração administrativa. Afinal, se tal parâmetro não fosse adotado, estar-se-ia criando uma anomalia legal, vez que a infração meramente administrativa somente se configuraria com um grau de exigência maior, enquanto que a infração penal ocorreria mesmo com níveis menores de alcoolemia, ao passo  que o natural é que o Direito Penal atinja infrações mais graves, deixando para o campo administrativo as menores.  
b) Outra corrente apregoava que em face do silêncio do tipo penal acerca de qualquer concentração, a análise deveria ser casuística, devendo-se aferir se a quantidade de álcool ingerida pelo infrator teria provocado alteração em seu sistema nervoso, de modo a reduzir suas funções motoras e perceptivas, ocasionando perigo na condução de veículos automotores. 
 Este segundo entendimento prevaleceu na doutrina. Inclusive, na literatura internacional, encontra-se Pavón defendendo esta tese quanto à interpretação da lei espanhola, que também mencionava “influência” de álcool, sem definir uma determinada concentração etílica. Para a autora a fixação de uma certa taxa à revelia da lei não encontra sustentação. 
 Não obstante, o quadro se modifica drasticamente após a Lei 11.705/08, pois que, no caso do álcool, não faz mais menção à simples “influência” como outrora. Exige agora a lei, para a comprovação da ebriedade, a constatação de uma determinada concentração de álcool por litro de sangue (0,6 g/l). 
 Hoje não resta dúvida de que somente a comprovação da referida concentração por meio de exames periciais e testes legalmente previstos ensejará a responsabilização criminal. 
 É importante perceber que a questão do motorista sob efeito de álcool tem distinto tratamento no âmbito administrativo e no penal. Na seara administrativa o legislador é mais rigoroso. Impõe a “tolerância zero”, dispondo que qualquer concentração de álcool enseja a infração ao artigo 165, CTB pelo motorista (vide art. 276, CTB e art. 1º do Decreto 6488/08). Eventuais margens de tolerância e os casos especiais em que sejam admitidas estão por ser definidas pelo Contran e pelo Ministério da Saúde, sendo que, provisoriamente, acata-se uma margem de tolerância para todos os casos da ordem de 0,2g/l (vide art. 1º, §§ 1º a 3º, do Decreto 6488/08). 
 Já no campo penal somente configura crime a conduta daquele que dirige sob efeito de álcool, mas com a concentração de 0,6 g/l de sangue ou mais. 
 Portanto, na atualidade, não bastará a mera constatação da “influência de álcool”, nem mesmo da embriaguez do condutor por outros meios de prova ou até mesmo pelo exame pericial médico – legal clínico. Isso porque em nenhum desses procedimentos é possível aferir o grau de concentração de álcool no sangue, imprescindível para a caracterização da infração em destaque na atual conformação legal.
 Para a comprovação de infração ao artigo 306, CTB, devido ao álcool, mister se faz atualmente o exame químico – toxicológico de sangue e/ou o teste por aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro), ou seja, exames e testes que determinam com segurança a taxa de alcoolemia, cujas respectivas equivalências estão definidas no artigo 2º, I e II, do Decreto 6488/08, nos termos do artigo 306, Parágrafo Único, CTB. 
 É interessante notar que o discurso de rigor do legislador, embora bem aplicado na seara administrativa, não seguiu a mesma senda no âmbito criminal. Afinal de contas, a partir da alteração legal, na verdade, por direção sob efeito de álcool, só é preso em flagrante e, principalmente, condenado, quem quiser!
 Como já mencionado, é notório o conhecimento de que ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo. Assim sendo, os exames e testes sobreditos só serão realizados se o suspeito decidir livremente colaborar. Quando ele se negar, a prova será impossível, já que ninguém, nem mesmo um médico ou policial mais experimentado, é capaz de determinar taxas de alcoolemia por meio de um mero exame clínico ou de uma simples passada de olhos sobre o suposto infrator. Lembremos que a “tolerância zero” e os meios variados de comprovação da infração previstos nos artigos 276 e 277, CTB, referem-se tão somente à infração administrativa do artigo 165, CTB, hoje claramente distinguida pela lei da infração penal do artigo 306 do mesmo diploma.
 E mais, com relação à prisão em flagrante, mesmo ante à colaboração do suspeito, esta só será possível quando for procedido o teste do etilômetro, o qual fornece resultado imediato. No caso de coleta de sangue, mesmo com a autorização do condutor, é sabido que o exame químico – toxicológico demanda procedimentos de pesquisa laboratorial, cujos resultados não são imediatos. Aliás, nem um pouco imediatos. Por vezes passam-se meses para o retorno de um laudo químico – toxicológico. 
 Dessa forma não será possível a Prisão em Flagrante, mesmo que o suspeito autorize a coleta de seu sangue, salvo no caso de realização do teste do etilômetro. Naquelas circunstâncias a Autoridade Policial não terá condições de formar seu convencimento seguro para lavratura de um flagrante e, caso o faça, será facilmente relaxado por ser desprovido de um mínimo de lastro probatório ou indiciário (art. 304, § 1º, CPP). Como já exposto antes, como poderá a Autoridade Policial, o Médico – Legista ou qualquer Policial, determinar, sem exames apurados, o grau de concentração etílica? A não ser que houvesse um quadro de profissionais “paranormais” e que esse tipo de prova “esotérica” fosse admitida, trata-se de uma “missão impossível”. 
 Afigura-se-nos que a única saída para esse impasse criado pelo legislador será o aparelhamento dos IMLs para a feitura de exames imediatos e, principalmente, para a divulgação imediata dos respectivos resultados, ainda que seja por meio de laudos provisórios. Ou, pelo menos, a disponibilização de etilômetros em todas as unidades policiais operacionais da Polícia Civil, Militar, Rodoviária etc. Mesmo assim, como já exposto, a Prisão em Flagrante e a produção da prova ficam a critério da boa vontade do suspeito!
 Uma hipótese que acontecia antes da alteração legal e era facilmente solucionada através do exame clínico, é a situação em que o suspeito está em estado de torpor tão intenso, que é incapaz de manifestar-se, inclusive sobre seu assentimento para exames e testes. Com o exame clínico tranqüilamente o legista constatava a ebriedade, a anterior “influência de álcool” em estado que gerava perigo potencial na direção de veículo automotor. Mas, e agora, quando o exame toxicológico e/ou o teste do etilômetro são imprescindíveis? Como poderão ser realizados sem a autorização do investigado?
 Parece-nos que essa autorização não pode ser suprida por ninguém, sendo estritamente pessoal. Nem mesmo um parente próximo ou o próprio advogado do interessado podem sobrepor-se à sua vontade. Nestes casos será impossível aferir a dosagem etílica e se o exame for levado a efeito nessas condições a prova será ilícita, já que não haverá consentimento válido do investigado. Talvez a única alternativa que reste à Autoridade Policial, em um esforço hercúleo para colher a prova, seria aguardar a recuperação razoável do ébrio e somente então, quando ele tiver condições de fornecer seu consentimento válido, proceder aos exames e testes respectivos. No entanto, pode ser que nesse momento a prova já se tenha deteriorado, em face de possíveis intervenções médicas, efeitos medicamentososetc. Na verdade é quase certo que na maioria dos casos dessa situação a prova será perdida. Isso sem falar da possibilidade de negativa do suspeito quando de sua recuperação!
 Não há outra conclusão a não ser  que o legislador foi muito infeliz ao substituir a velha fórmula da “influência de álcool” pela dosagem de 0,6 g/l  de álcool no sangue ou mais, tornando o outrora utilíssimo exame clínico praticamente inútil para as situações de suposta embriaguez etílica.
 Agora restou somente o recurso do etilômetro como meio de obtenção imediato de prova da dosagem alcóolica. Nesses casos, desde que haja consentimento do investigado, realizado o teste, parece-nos que o melhor procedimento será a juntada do seu resultado  aos autos e também a elaboração de uma espécie de prova inominada que seria um “Auto de Constatação”, narrando todo o teor da diligência, devidamente firmado pela Autoridade Policial, pelo Escrivão e pelo Policial encarregado da realização do teste. Inclusive no caso de etilômetros que não permitam a impressão do resultado, somente o indicando num visor, o referido “Auto de Constatação” torna-se mesmo imprescindível para a correta instrução dos autos. 
 Na eventualidade da realização do teste por meio de etilômetro, não nos parece necessário o concurso de peritos, podendo consistir na prova documental do resultado impresso pelo próprio aparelho e/ou do “Auto de Constatação” acima proposto. Este é um teste legalmente previsto (art. 277, CTB c/c art. 1º, § 3º e art. 2º, II, do Decreto 6488/08), onde um aparelho homologado pelo Contran faz a medição exata da alcoolemia, sendo prescindível para sua leitura e interpretação conhecimentos técnicos especializados, diversamente do que ocorre, por exemplo, com um exame clínico ou toxicológico. Essa a razão pela qual no decorrer de todo este texto têm sido utilizadas palavras diversas para designar o emprego do etilômetro e a pesquisa toxicológica. Para o primeiro tem-se utilizado a palavra “teste” e para a segunda a palavra “exame”. Essa distinção terminológica não é arbitrariamente adotada pelo autor deste trabalho. Baseia-se na própria dicção legal e regulamentar, pois que tanto o artigo 277, “caput”, CTB, como os artigos 1º, § 3º e 2º, II, do Decreto 6488/08, usam as referidas designações distintas para cada caso enfocado, jamais nominando como “perícia” o procedimento com o etilômetro e muito menos exigindo o concurso de “peritos” para a sua realização. Por outro lado, são expressamente denominados como “perícia” os “exames” toxicológico e clínico. Acontece que a prova pericial caracteriza-se pela necessidade de que seu produtor detenha conhecimentos técnicos, científicos, práticos ou artísticos especiais. Na lição de Mittermaier: 
 “Tem lugar o exame de peritos sempre que se apresentarem na causa criminal questões importantes, cuja solução, para poder convencer o juiz, exija o exame de homens, que tenham conhecimentos e aptidão técnicos e especiais”. 
 Não resta dúvida que o exame clínico e o exame químico – toxicológico do sangue são verdadeiras perícias, dependentes de profissionais que realizam procedimentos para os quais são imprescindíveis conhecimentos especiais. Como assevera Maranhão, “a interpretação do ocorrido em cada caso exige uma análise pericial, que levará em conta as informações do indigitado autor do delito, as circunstâncias que envolvem o fato, os dados processuais e o quadro clínico apurado”. Percebe-se facilmente que não é qualquer pessoa que detém capacidade técnico – científica para proceder a uma análise tão ampla e complexa. No dizer de Croce e Croce Júnior, “a embriaguez não se presume; diagnostica-se” (“ebrietas non presumitur; onus probandi incumbit alleganti”). 
 O mesmo não se aplica ao teste do etilômetro. Seu procedimento é muito simples e qualquer pessoa com um treinamento básico é capaz de aplicá-lo. A interpretação consiste também em procedimento extremamente despido de dificuldades, bastando a mera leitura do resultado em um visor e/ou impresso e sua comparação com as taxas regulamentar e legalmente estabelecidas. O aplicador do teste nem sequer necessita manusear qualquer material, empregar técnicas laboratoriais especializadas etc., pois que o aparelho procede automaticamente às aferições necessárias. Malgrado isso, o teste com o etilômetro, devido à “estreita correlação entre a concentração de álcool no ar alveolar e no sangue circulante”, tem sua eficiência cientificamente aceita e demonstrada. 
 Portanto, pode-se dizer com segurança que no caso do teste do etilômetro afasta-se a natureza de prova pericial, considerando o fato de que essa modalidade está afeta à necessidade de detenção de conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos para sua produção. Ora, para a aplicação e interpretação do teste do etilômetro não é necessária nenhuma especialização, podendo ser realizado por qualquer pessoa alfabetizada, com conhecimentos rudimentares de matemática e unidades de medida e dotada do sentido da visão para a leitura dos resultados. É preciso atenção para o fato de que o desenvolvimento tecnológico possibilita, em alguns casos, a substituição do elemento humano, às vezes com certo ganho de agilidade e eficiência. É exatamente o que ocorre com a descoberta do etilômetro e seu emprego hoje disseminado. O aparelho faz todo o trabalho que demandaria a atuação especializada de um homem dotado de conhecimentos técnicos e científicos apurados que dominasse procedimentos de pesquisa laboratorial e/ou de exames clínicos. Ele fornece rapidamente o resultado final que pode ingressar no mundo do processo pela forma de prova documental. E não parece restar dúvida de que na atual conformação da infração penal prevista no artigo 306, CTB, esta prova documental será suficiente para comprovar a materialidade. No presente a lei exige apenas a direção de automotor com certa taxa de alcoolemia no sangue (0,6 g/l), de modo que não é imprescindível constatar a efetiva embriaguez ou estado perigoso, o qual é presumido nessas condições. Portanto, um simples teste capaz de aferir com segurança científica a taxa de alcoolemia, doravante será suficiente para prova da materialidade. 
 Prosseguindo a análise do dispositivo enfocado, percebe-se que a Lei 11.705/08 não previu somente a ebriedade etílica na direção de veículos automotores. A exemplo do que já ocorria na redação original do artigo 306, CTB, outras substâncias alteradoras do psiquismo, da coordenação ou da percepção podem também ocasionar a responsabilização criminal daquele que dirija sob a sua influência. 
 Não obstante, operou-se uma mudança na redação. Enquanto na sua formulação original o artigo 306, CTB, falava em “substância de efeitos análogos” ao álcool, a Lei 11.705/08 usou a designação de “qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”. Mais uma vez o legislador procurou lapidar a linguagem sob o prisma técnico. A expressão legal abrange todas as substâncias lícitas ou ilícitas capazes de afetar  o psiquismo (reflexo, percepção, reação, atenção etc.) e que determinam dependência, não se reduzindo somente  às drogas ilícitas tratadas na Lei 11.343/06 (artigos 1º, Parágrafo Único c/c 66, e Portaria SVS/MS n. 344, de 12 de maio de 1998). 
 Neste tópico da definição das substâncias que se relacionam com o tipo penal estudado o legislador andou bem. Empregou desde a redação original e manteve na Lei 11.705/08 a palavra “álcool”, antes referindo-se à “influência”, hoje à “concentração” de 0,6 g/l, mas não limitou a forma pela qual tais substâncias são introduzidas  ou agem no organismo humano. Pavón critica a lei espanhola, propondo uma mudança da redação exatamente porque se empregou a expressão “bebidas alcóolicas”, de maneira que a forma de ingestão e o estado físico em que o álcool se encontre limitam por demais o espectro  de aplicação da norma penal. A autora propõe a utilização da expressão “bajo la influencia de substancias alcohólicas”, a fim de ampliar o campo de abrangência da norma. 
 Sem dúvida neste

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