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Infecçõe� Virai� Características dos vírus 1. Agentes filtráveis 2. Parasitas intracelulares obrigatórios 3. Reprodução 4. Material genético 5. Metabolismo Biossíntese viral A produção de vírions a partir de uma única partícula apenas pode ocorrer se essa partícula viral encontrar uma célula que possa fazer o processo de replicação. Alguns vírus podem infectar vários tipos celulares, enquanto outros são bastante restritos quanto ao tipo celular que infectam. A permissividade de uma célula a determinado vírus, ou seja, a capacidade de uma célula replicar ou não determinado vírus depende de uma série de fatores celulares. Se a maquinaria da célula consegue não somente replicar o genoma viral, mas também ter como produto a montagem de partículas virais infecciosas, dizemos que essa célula é permissiva à replicação desse vírus. Vale salientar que o fato de uma célula replicar o genoma viral não significa que partículas virais infecciosas vão ser produzidas. O processo de infecção pode ser abortado a qualquer momento no ciclo de replicação, basta faltar algum componente celular necessário para tal. Em geral, após a liberação do genoma viral na célula (RNA ou DNA), as primeiras proteínas produzidas são aquelas que asseguram a replicação do genoma (não estruturais); as proteínas que integram a nova partícula viral sintetizada são produzidas em uma fase mais tardia e são chamadas proteínas estruturais. Etapas da biossíntese viral Adsorção A adsorção é a primeira etapa da biossíntese viral (ou ciclo de replicação viral), na qual ocorre a ligação específica de uma ou mais proteínas virais com proteínas na superfície celular. As estruturas formadas por proteínas celulares que são reconhecidas pelas espículas virais são denominadas receptores – componentes que desempenham funções na célula, mas também são utilizados pelas partículas virais para esse primeiro contato vírus-célula. A existência de receptores na superfície celular, que são reconhecidos pelas proteínas virais, torna essa célula suscetível à infecção. Pode impedir a infectividade: danos aos sítios de ligação ou anticorpos. Penetração A penetração ou internalização é um evento que depende de energia e envolve a etapa de transferência do vírus para dentro da célula. Durante a adsorção, mudanças conformacionais nas proteínas virais e receptores celulares possibilitam a entrada do genoma viral ou do nucleocapsídeo na célula. Isso pode acontecer por mecanismos distintos. São eles: •Para alguns vírus envelopados, a adsorção expõe aminoácidos hidrofóbicos das glicoproteínas virais, que facilitam a fusão entre o envelope viral e a membrana plasmática celular (fusão direta), liberando o genoma viral para o citoplasma celular; •Alguns vírus são endocitados pela célula após a adsorção. Os vírus que realizam esse processo podem ser envelopados ou não. Em geral, para os vírus envelopados, a acidificação da vesícula endocítica facilita a fusão do envelope viral com a membrana da vesícula endocítica (fusão dependente de pH). Para os vírus não envelopados, existem mecanismos de lise da vesícula endocítica para a liberação do genoma viral, podendo ou não depender de pH ácido •Formação de um poro na membrana plasmática celular e translocação do genoma viral através do poro formado, com o restante da partícula viral permanecendo no meio extracelular •Passagem do vírus inteiro através da membrana citoplasmática (penetração direta). Desnudamento Formas de desnudamento: - Desintegração do capsídeo com a liberação do ácido nucléico viral no citoplasma; - Transporte para o núcleo: capsídeo é levado para junto da membrana nuclear através de interação com elementos do citoesqueleto (microtúbulos). - Há vírus em que o capsídeo desintegra apenas parcialmente, permitindo a passagem de mRNA e metabólitos, como é o caso dos rotavírus. Morfogênese Na morfogênese, fazem parte a automontagem, a maturação e a liberação do vírus das células infectadas. Após a síntese de proteínas iniciais, geralmente regulatórias, a transcrição do ácido nucleico e a síntese de proteínas estruturais, as partículas virais começam a etapa de automontagem, um processo que culmina com a liberação dos vírions. Os vírus não envelopados podem ser montados no citoplasma (picornavírus, reovírus) ou no núcleo (papovavírus, adenovírus). Os vírus não envelopados dependem da lise da célula para sua liberação, embora, atualmente, existam modelos, ainda bastante discutíveis, de liberação de alguns desses vírus, sem necessariamente destruir a membrana celular. Os vírus envelopados adquirem o envelope nas membranas celulares, citoplasmáticas, nucleares ou de algumas organelas ou vesículas intracelulares. Nesses vírus, o processo de aquisição do envelope é denominado brotamento, podendo ou não culminar com a liberação da partícula viral; isso dependerá da membrana utilizada como local de brotamento. No caso de brotamento em membranas intracitoplasmáticas, a liberação das partículas pode ser feita por exocitose de vacúolos ou vesículas contendo partículas já envelopadas. Em geral, esse processo é feito sem causar dano à membrana celular, embora, em alguns casos, o grande número de partículas virais brotando em uma célula já prejudicada pela infecção viral possa levar à lise celular. Na maioria dos casos, os vírus já são infecciosos quando liberados da célula infectada; outros precisam sofrer um processo de maturação após a sua liberação. Tropismo Muitos vírus não são replicados em todos os tipos celulares do hospedeiro, ficando restritos a algumas células específicas de certos órgãos. Tropismo é a capacidade do vírus para infectar alguns tecidos do hospedeiro e não outros; por exemplo, um vírus enterotrópico é replicado no intestino, ao passo que um vírus neurotrópico é replicado nas células do sistema nervoso. Alguns vírus são pantrópicos, infectando diversos tipos de células e tecidos e sendo replicados neles. O tropismo é determinado pela existência de receptores celulares (suscetibilidade), assim como de constituintes intracelulares essenciais para a síntese viral (permissividade). Contudo, ainda que a célula seja suscetível e permissiva, a infecção pode não ocorrer em virtude da dificuldade de o vírus interagir diretamente com o tecido (acessibilidade). Finalmente, a infecção pode não ocorrer ainda que a célula seja acessível, suscetível e permissiva, devido às defesas imunológicas inatas presentes no local da infecção. 1. Expressão de receptores para o vírus nas células hospedeiras; 2. Presença de fatores de transcrição celulares que reconhecem sequências virais amplificadoras e promotoras; 3. Barreiras anatômicas; 4. Temperatura, pH e defesas locais do hospedeiro. Danos teciduais induzidos por vírus Em última instância, os distúrbios das funções do corpo, que são observados como sinais e sintomas das viroses, resultam do dano causado pelos vírus nas células. Esses danos podem resultar da replicação viral nas células, das consequências da resposta imunológica ou de ambas. ■Efeitos da infecção por vírus citocidas Eventualmente, a patogenia pode ser induzida pelo dano celular causado por um vírus altamente citocida. Um dos principais mecanismos de dano celular é a apoptose após a infecção viral. Em outras ocasiões, proteínas virais induzem ou bloqueiam a apoptose, presumivelmente para favorecer a evolução do ciclo infeccioso e a produção de nova progênie viral. A infecção viral também pode resultar na interrupção de processos essenciais para o hospedeiro, tais como síntese de proteínas, síntese de ácido nucleico e transporte de moléculas, fazendo com que a permeabilidade da membrana celular seja alterada. Outra possível consequência é a difusão do conteúdo dos lisossomas no citoplasma, resultando na autólise da célula. O genoma celular também pode ser danificado diretamente pela infecção viral; por exemplo, a replicação dos retrovírus requer a inserção de cópias do DNA proviral em localizações randômicas do genoma celular. Essas inserções podem afetar a expressão ou a integridadede genes celulares. Alguns efeitos patogênicos são indiretos. Nesse caso, a infecção viral não causa morte celular, mas pode interferir com a síntese de moléculas importantes para a sobrevivência da célula. Por exemplo, quando o vírus da coriomeningite linfocítica é inoculado em camundongos recém-nascidos, ele é replicado nas células da glândula pituitária que produz o hormônio do crescimento, reduzindo significativamente sua síntese – como resultado, o camundongo não se desenvolve e morre em pouco tempo. ■Imunopatologia É possível que a resposta imunológica seja a única causa dos sintomas da doença em algumas infecções por vírus. Os danos causados pelo sistema imunológico são denominados imunopatologias e podem representar o preço a ser pago pelo hospedeiro para eliminar a infecção viral. Para os vírus não citopatogênicos, é possível que a resposta imunológica seja a única causa da doença. A maioria das imunopatologias induzidas por vírus é causada por células T ativadas, mas há exemplos de doenças provocadas por anticorpos ou resposta inata exagerada. Mecanismo de lesão viral - Efeito citopático - Resposta imunes - Transformação Os vírus podem causar: Infecções agudas transitórias (Influenza) Infecções crônicas produtivas (HBV) Infecções crônicas latentes (Varicela zoster) Infeccoes transformantes (HPV) Infecções agudas (transitórias) Os vírus que causam infecções transitórias são estruturalmente heterogêneos, mas cada um induz uma resposta imune eficaz que elimina o organismo e pode ou não conferir proteção por toda a vida. • Sarampo • Caxumba • Rubéola SARAMPO • Agente causal: Measles morbillivirus • Família: paramixovírus • Único hospedeiro é o homem. Transmissão: 4-5 dias antes e até 4 dias após exantema. Gotículas respiratórias/aerossóis. • Febre, tosse, coriza e conjuntivite • Manchas de Koplik • Exantema maculopapular O sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode resultar em complicações graves com sequelas permanentes e óbito. A erradicação do sarampo no mundo, por meio de campanhas de vacinação, faz parte das metas da OMS. Em 2000 o Brasil atingiu a meta da OMS para a erradicação da transmissão do vírus do sarampo autóctone. O vírus do sarampo é classificado na ordem Mononegavirales, família Paramyxoviridae, subfamília Paramyxovirinae, gênero Morbillivirus. Difere do gênero Paramyxovirus por não apresentar atividade neuraminidásica e por induzir a formação de corpúsculos de inclusão intranucleares, além de intracitoplasmáticos. Três proteínas já foram identificadas como receptores para o vírus do sarampo até o momento: CD46 (ou MCP, membrane cofactor protein; proteína cofator de membrana), CD150 (ou SLAM, signalling lymphocyte activation molecula; molécula sinalizadora de ativação de linfócitos) e nectina-4. CD46 é uma molécula regulatória do sistema complemento, atuando como cofator na inativação proteolítica de C3b e C4b. É expressa em todas as células nucleadas humanas, preferencialmente na superfície apical de células epiteliais polarizadas. A ligação ao receptor SLAM em células do sistema imunológico explicaria a natureza imunossupressora da infecção pelo vírus do sarampo. Patogênese O sarampo é uma doença extremamente contagiosa. A transmissão ocorre por contato direto com secreções respiratórias e urina de pessoas infectadas e, menos frequentemente, por meio de aerossóis ou objetos (fômites) e superfícies contaminados. Infecções inaparentes são raras, e a infecção natural é iniciada quando o vírus atinge as células epiteliais do sistema respiratório superior, ou conjuntiva, dos indivíduos suscetíveis. O período de incubação compreende o intervalo entre a exposição ao vírus e o surgimento da doença com os sintomas característicos, e tem a duração de 14 dias, mas pode variar de 10 a 21 dias. Durante os primeiros 2 a 4 dias, o vírus é replicado localmente na mucosa do sistema respiratório superior e é disseminado, provavelmente, pelos macrófagos pulmonares e células dendríticas para os linfonodos locais, onde novamente é replicado. Assim, o vírus ganha a corrente sanguínea em leucócitos infectados, produzindo a viremia primária, o que dissemina a infecção para o sistema reticuloendotelial. Com isso, os tecidos linfoides, incluindo tonsilas, adenoides, tecido linfoide do sistema respiratório e do trato gastrointestinal, linfonodos, timo, baço e apêndice, tornam-se os principais sítios de replicação viral. A seletividade da infecção nos tecidos linfoides reflete as mudanças na superfície dos leucócitos infectados que faz com que eles sejam direcionados para o endotélio vascular dos órgãos linfoides. A replicação viral nesses sítios leva à viremia secundária, o que amplia a magnitude da infecção, disseminando o vírus para diversos tecidos, incluindo pele, conjuntiva, orofaringe, mucosa respiratória, pulmões, mucosa genital, rins, trato gastrointestinal e fígado, onde o vírus é replicado nas células epiteliais e endoteliais, assim como nos linfócitos, monócitos e macrófagos. A replicação do vírus nesses sítios, juntamente com o desenvolvimento da resposta imunológica, leva ao surgimento dos sinais e sintomas prodrômicos que ocorrem de 8 a 12 dias após a infecção pelo vírus, ainda dentro do período de incubação. Os sintomas prodrômicos são consequência do envolvimento das superfícies epiteliais da orofaringe, sistema respiratório, trato gastrointestinal e conjuntiva. O final da viremia secundária é marcado por leucopenia possivelmente devido à rápida remoção dos linfócitos infectados do sangue periférico. As manchas de Koplik, que são enantemas que aparecem na mucosa oral, ocorrem aproximadamente 1 a 2 dias antes do exantema. Uma das características mais marcantes da infecção pelo vírus do sarampo é a formação de células gigantes multinucleadas, ou sincícios, as quais resultam da fusão de células infectadas com células vizinhas não infectadas. Dois tipos de células gigantes são descritas nos tecidos dos pacientes. O primeiro tipo são células gigantes reticuloendoteliais, também chamadas de células de Warthin-Finkeldey, e são encontradas nos tecidos linforreticulares do organismo. São aparentemente formadas pela fusão de linfócitos infectados ou células reticuloendoteliais com células adjacentes não infectadas. Essas células gigantes aparecem nos tecidos linfoides de 3 a 7 dias após a infecção, durante a viremia primária, aumentam de tamanho e número durante o período de incubação e tendem a desaparecer após o surgimento do exantema, exceto no timo. O outro tipo celular são as células epiteliais gigantes que são observadas na pele; na conjuntiva, na mucosa da boca, nariz, faringe, traqueia, brônquios e bronquíolos; trato gastrointestinal, bexiga, pélvis, córtex renal, pâncreas, tireoide, fígado, glândulas adrenais e salivares. Essas células surgem durante a viremia secundária e atingem o pico quando o exantema aparece. Em imunossuprimidos pode causar: - Crupe (laringotraqueobronquite) - Pneumonia - Diarreia com enteropatia perdedora de proteína - Encefalite - Exantemas hemorrágicos (sarampo negro) Células gigantes do sarampo no pulmão. Presença de inclusões intranucleares eosinofílicas vítreas. CAXUMBA Agente etiológico: Mumps rubulavirus Família: Paramixovírus Gênero: Rubulavirus Edema autolimitado e doloroso unilateral ou bilateral das glândulas parótidas ou de outras glândulas salivares. Duração: 2 dias. O ICTV, em sua revisão de 2014, manteve a classificação do vírus da caxumba na ordem Mononegavirales, família Paramyxoviridae, subfamília Paramyxovirinae, gênero Rubulavirus. Patogênese A caxumba é altamente contagiosa. O homem é o único hospedeiro natural do vírus da caxumba, embora a infecção experimental possa ser induzida em diversas espécies de animais incluindo macacos, hamsters, camundongos, ratos e embriões de galinha. O vírus da caxumba é transmitido por meio do contato direto com secreções respiratórias provenientes de espirros e tosse. A saliva é uma das principais fontes de disseminação do vírus. O período de incubação médio é de18 dias. Durante o período de incubação, ocorre replicação primária nas células epiteliais da mucosa nasal ou do sistema respiratório superior, seguida do espalhamento do vírus para os linfonodos regionais. Posteriormente, ocorre viremia transitória, possivelmente com replicação em células T, resultando na disseminação do vírus para os tecidos glandular e neural. Essa fase virêmica termina com o início da resposta imunológica humoral Os indivíduos são mais infecciosos no período próximo ao surgimento da parotidite. O vírus pode ser isolado da saliva a partir de 5 dias antes até 6 a 7 dias após o surgimento da parotidite, indicando que a pessoa infectada é capaz de transmitir o vírus por período em torno de 11 dias. O vírus pode ser isolado da saliva de praticamente todos os pacientes com parotidite aguda. O fim da excreção viral na saliva está correlacionada com o surgimento da IgA secretora específica. Anticorpos IgM específicos para o vírus da caxumba também estão presentes na saliva. O vírus também pode ser isolado da urina durante os 5 primeiros dias da doença; a virúria pode continuar por até 2 semanas. O vírus da caxumba, geralmente, não causa infecção persistente crônica. Os anticorpos do tipo IgM específicos para o vírus da caxumba no soro são detectáveis dentro de 10 a 12 dias após o início da infecção e caem para níveis não detectáveis em 6 meses. A IgA específica aparece na saliva 6 dias após o início da doença. A IgG específica atinge o pico máximo a partir da 3a semana da infecção e induz imunidade permanente. Anticorpos contra a proteína HN são comprovadamente neutralizantes, embora anticorpos contra a proteína F, provavelmente, também possam neutralizar o vírus. A resposta imunológica celular específica para o vírus da caxumba também é induzida durante a infecção. Caxumba A caxumba é uma infecção viral sistêmica aguda usualmente associada com dor e inchaço das glândulas salivares. Como o vírus do sarampo, o vírus da caxumba é um membro da família dos paramixovírus. O vírus da caxumba possui dois tipos de glicoproteínas de superfície, uma com atividades de hemaglutinina e neuraminidase, e a outra com atividades de fusão celular e citolítica. O vírus da caxumba penetra no trato respiratório superior através da inalação de gotículas respiratórias, dissemina-se para os linfonodos de drenagem, onde ele é replicado nos linfócitos (preferencialmente em células T ativadas) e, então, dissemina-se através do sangue para as glândulas salivares e outras glândulas. O vírus da caxumba infecta as células epiteliais ductais das glândulas salivares, resultando na descamação das células envolvidas, edema, e na inflamação que leva à dor e ao inchaço clássicos das glândulas salivares. O vírus da caxumba também pode se espalhar para outros locais, incluindo o SNC, testículos, ovários e pâncreas. A meningite asséptica é a complicação mais comum extraglândula salivar na infecção pelo vírus da caxumba, ocorrendo em até 15% dos casos. A vacina contra a caxumba reduziu em 99% a incidência da doença nos Estados Unidos. O diagnóstico é em geral feito clinicamente, porém a sorologia, a cultura viral ou os exames por PCR podem ser utilizados para o diagnóstico definitivo. A parotidite por caxumba é bilateral em 70% dos casos. As glândulas afetadas são aumentadas, apresentam uma consistência ecida, são úmidas, brilhantes e marrom-avermelhadas nos cortes transversais. Ao exame microscópico, o interstício da glândula é edematoso e difusamente infiltrado por macrófagos, linfócitos e plasmócitos, que comprimem os ácinos e os ductos. Neutrófilos e resíduos necróticos podem preencher a luz ductal e causar dano focal no epitélio de revestimento. Na orquite por caxumba, o inchaço testicular pode ser marcante e causado por edema, infiltração de células mononucleares e hemorragias focais. Porque o testículo está firmemente contido pela túnica albugínea, o edema do parênquima pode comprometer o suprimento sanguíneo e causar áreas de infarto. O dano testicular pode levar à formação de cicatrizes, atrofia, e, se for grave, à esterilidade. Infecção e danos das células acinares no pâncreas podem liberar enzimas digestivas, causando necrose parenquimatosa, necrose gordurosa e inflamação rica em neutrófilos. A encefalite por caxumba causa desmielinização perivenosa e um manguito mononuclear perivascular. RUBÉOLA O Comitê Internacional para Classificação de Vírus (ICTV, International Committee on Taxonomy of Viruses) em revisão de 2014, classificou o vírus da rubéola na família Togaviridae, gênero Rubivirus, espécie Rubellavirus (ou espécie vírus da rubéola). O vírus da rubéola é intimamente relacionado com os arbovírus do grupo A, sendo o único membro da família Togaviridae que não é replicado em artrópodes, e tem somente o homem como hospedeiro. Estudos de criomicroscopia eletrônica realizados em 2013 evidenciaram que o vírus da rubéola é pleomórfico e tem um diâmetro que varia de 55 a 86 nm, embora a maioria dos vírions apresente morfologia esférica com diâmetro aproximado de 70 nm. A partícula viral é formada pelo capsídeo, que apresenta massa molecular entre 33 e 38 kDa, simetria icosaédrica e é composto de uma única proteína (C) fosforilada que não é glicosilada. A proteína C apresenta resíduos de arginina e prolina que parecem estar envolvidos na ligação do capsídeo ao ácido nucleico viral. O vírus da rubéola apresenta um envelope originado de membranas celulares onde se encontram as espículas glicoproteicas medindo 5 a 8 nm, que são compostas dos heterodímeros E1 e E2, ambos com domínios transmembrana. Patogênese Rubéola pós-natal A rubéola pós-natal é transmitida, principalmente, por gotículas de secreções de naso- ou orofaringe, pelo contato direto com indivíduos infectados. Em menor proporção, também pode ocorrer transmissão por contato direto com sangue e urina. É pouco frequente a transmissão indireta por contato com objetos contaminados (fômites). A mucosa do sistema respiratório superior e os tecidos linfoides da faringe são a porta de entrada e o sítio inicial de infecção dos vírus. O período de incubação é de aproximadamente 14 dias, quando ocorre a viremia e o vírus se dissemina para os tecidos-alvo. Após a replicação nos sítios primários, o vírus dissemina-se para as células dos gânglios linfáticos regionais via sangue e/ou linfa, onde ocorre uma nova replicação nos linfonodos, sendo a causa do infartamento ganglionar cervical e suboccipital inicial, que começa entre o 5o e o 10o décimo dias, antes do aparecimento do exantema. O vírus é detectado no sangue periférico de pacientes ao mesmo tempo em que ocorre a excreção dos vírus nas secreções naso- ou orofaríngeas, fezes e urina, sendo essa a fase contagiosa do paciente. A fase prodrômica é discreta, com sintomas inespecíficos e ligeiro mal-estar. O exantema, que se manifesta de forma macular, aparece de 14 a 21 dias após o início da replicação viral no sistema respiratório superior, com a erupção cutânea iniciando-se na face e depois espalhando-se para o corpo, raramente durando mais de 3 dias (Figuras 13.7 e 13.8). No caso de a paciente ser gestante, o vírus pode atravessar a placenta, atingindo o embrião ou o feto e causando a síndrome da rubéola congênita (SRC). Diferentemente da rubéola pós-natal, a rubéola congênita tem consequências devastadoras para o desenvolvimento do embrião ou do feto, pois quando a mãe sofre infecção primária, o vírus atravessa a placenta e pode causar a síndrome da rubéola congênita (SRC). Manifestações clínicas Rubéola pós-natal A infecção causada pelo vírus da rubéola, tanto na infância quanto na fase adulta, é normalmente branda, e subclínica na maioria das vezes. A rubéola também é conhecida como sarampo de 3 dias ou sarampo alemão. A manifestação clínica da rubéola se caracteriza por uma combinação de sintomas que inclui exantema macular, linfoadenopatia, febre baixa, conjuntivite, faringite e artralgia. Síndrome da rubéola congênita A consequência clínica da invasão do vírus da rubéola nos tecidos embrionáriosou fetais é variada. Se a infecção for muito perto da concepção, pode resultar na morte do embrião ou do feto, o que não acontece com frequência. Mesmo quando o feto está infectado, ele sobrevive na maioria dos casos e a gestação continua com nascimentos prematuros ou nascimentos a termo com a criança podendo apresentar malformações ou anomalias congênitas (Figura 13.10). Em alguns países onde o aborto para esse caso é legalizado, a conduta médica, quando ocorre confirmação laboratorial da infecção pelo vírus da rubéola nos 2 primeiros meses da gestação, é a indicação do aborto terapêutico. A clássica tríade da SRC consiste em catarata, patologias cardíacas e surdez neurossensorial, mas muitas outras anomalias são descritas. Cerca de 10% das crianças sintomáticas nascidas com manifestações https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2737-2/epub/OEBPS/Text/chapter13.html#ch13fig7 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2737-2/epub/OEBPS/Text/chapter13.html#ch13fig7 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2737-2/epub/OEBPS/Text/chapter13.html#ch13fig8 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2737-2/epub/OEBPS/Text/chapter13.html#ch13fig10 clínicas da SRC apresentam baixo peso, perda da audição, doenças cardíacas, alterações endócrinas, retardamento psicomotor, catarata ou glaucoma, retinopatia, microftalmia, púrpura trombocitopênica, hepatoesplenomegalia e crescimento atrofiado. Menos frequentemente, são observadas linfoadenopatia, alterações ósseas, hepatite/icterícia e anemia hemolítica (Quadro 13.1). No Brasil, os dados epidemiológicos mostram que cerca de 40% das cataratas congênitas são devidas à infecção pelo vírus da rubéola. Concluindo, a rubéola é uma doença que ainda desempenha importante papel na saúde pública mundial, principalmente em relação às manifestações da SRC, como surdez e comprometimentos cardíacos e oculares. Existe ainda pouco conhecimento sobre os mecanismos de teratogênese e a relação da rubéola com doenças autoimunes e seu mecanismo de persistência em nível molecular. INFECÇÕES LATENTES CRÔNICAS Os herpesvírus causam infecção aguda seguida de infecção latente, na qual o vírus persiste em uma forma não infecciosa com reativação periódica e eliminação de vírus infeccioso. HERPESVÍRUS • 120 a 200 nm de diâmetro; • Genoma de DNA fita dupla; • Capsídeo icosaédrico contendo 162 capsômeros; • Proteína amorfa: tegumento; • Envelope glicoproteico. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2737-2/epub/OEBPS/Text/chapter13.html#ch13tab1
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