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SUMÁRIO 1 NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL ............................................ 3 1.1 Comércio Internacional ......................................................................... 3 2 Fundamentos do Comércio Internacional: a teoria das vantagens comparativas ............................................................................................................... 3 2.1 Fatores que explicam as vantagens comparativas ............................... 6 2.2 Determinação da taxa de câmbio ......................................................... 8 2.3 A inflação interna e seus efeitos sobre a taxa de cambio................... 10 2.4 A atuação governamental no mercado de divisas: políticas externas 11 2.5 As políticas cambiais mais frequentes são as seguintes: ................... 12 2.6 Fatores determinantes do comportamento das exportações e importações ........................................................................................................... 13 2.7 Os Organismos Internacionais: A Ordem Mundial no Pós-Guerra ..... 14 2.8 A Ordem Econômica Internacional no Pós-Guerra ............................ 15 2.9 O Fundo Monetário Internacional (FMI).............................................. 16 2.10 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) - Banco Mundial ....................................................................................................... 16 2.11 Organização Mundial do Comércio (OMC) ..................................... 17 3 ACELERAÇÃO DE PROJETOS ............................................................... 19 3.1 Introdução .......................................................................................... 19 3.2 Histórico ............................................................................................. 20 3.3 Técnica de aceleração tradicional ...................................................... 21 3.4 IMPLICAÇÕES DE ORDEM ESTRATÉGICA .................................... 22 4 ORÇAMENTO EMPRESARIAL ................................................................ 23 4.1 Controle e Avaliação .......................................................................... 25 4.2 Relatórios Financeiros como Instrumento de Comunicação e Controle 25 4.3 O Uso de Gráficos .............................................................................. 25 4.4 Resultados Projetados ....................................................................... 26 4.5 Contabilidade Gerencial ..................................................................... 27 5 Estratégia Empresarial .............................................................................. 27 5.1 Conceito ............................................................................................. 27 5.2 A formulação de uma estratégia requer: ............................................ 28 5.3 Algumas considerações sobre estratégia: .......................................... 28 5.4 Organização Orientada para a Estratégia .......................................... 30 5.5 As Relações de Causa e Efeito no BSC ............................................. 32 5.6 O Uso de Indicadores ......................................................................... 32 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 34 6 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 38 1 NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL Fonte: www.giox.com.br 1.1 Comércio Internacional É o intercâmbio de bens e serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão internacional do trabalho. Seu desenvolvimento depende basicamente do nível dos termos de intercambio (ou relações de troca), que se obtém comparando o poder aquisitivo de dois países que mantenham comércio entre si. 2 FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: A TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS O que leva os países a comercializarem entre si? 1. A diversidade de possibilidades de produção entre os países combinada as vantagens comparativas de produzir ao menor custo um produto de melhor qualidade. Exemplo: Inglaterra tinha vantagens comparativas na produção de tecido e Portugal em vinho. 2. O fato de que um país não é autossuficiente em tudo o que precisa. Exporta o que o que sobra e importa o que falta para atender as necessidades de produção e consumo. Os economistas clássicos forneceram a explicação teórica básica para o comércio internacional através do chamado Princípio das Vantagens Comparativas. O Princípio das Vantagens Comparativas sugere que cada país deva se especializar na produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor). Esta será, portanto, a mercadoria a ser exportada. Por outro lado, esse mesmo país deverá importar aqueles bens cuja produção implicar um custo relativamente maior (cuja produção é relativamente menos eficiente). Desse modo, explica-se a especialização dos países na produção de bens diferentes, a partir da qual concretiza-se o processo de troca entre eles. A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo em 1817.No exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecidos e vinho) e apenas um fator de produção (mão-de- obra). A partir da utilização do fator trabalho, obtém-se a produção dos bens mencionados, conforme o quadro a seguir: x. xi. xii. xiii. xiv. xv. Em termos absolutos, Portugal é mais produtivo na produção de ambas as mercadorias. Mas em termos relativos, o custo de produção de tecidos em Portugal é maior que o da produção de vinho, e, na Inglaterra, o custo da produção de vinho é maior que o da produção de tecidos. Comparativamente, Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho, e a Inglaterra na produção de tecidos. Segundo Ricardo, os dois países obterão benefícios ao especializarem-se na produção da mercadoria em que possuem vantagem comparativa, exportando-a, e importando o outro bem. Não importa, aqui, o fato de que um país possa ter vantagem absoluta em ambas as linhas de produção, como é o caso de Portugal, no exemplo acima. i. Quantidade de Homens/hora para a produção de uma unidade de mercadoria ii. Tecidos iii. Vinho iv. Inglaterra v. Portugal vi. 100 vii. 90 viii. 120 ix. 80 Fonte: www.sij.com.br Todavia, os benefícios da especialização e do comércio podem ser observados ao se comparar a situação sem e com comércio internacional. EX: Sem comércio internacional, na Inglaterra são necessárias 100 horas de trabalho para a produção de 1 unidade de tecido e 120 horas para a produção de 1 unidade de vinho. Desse modo, uma unidade de vinho deve custar 1,2 unidade de tecido (120/ 100). Por outro lado, em Portugal, essa unidade de vinho custará 0,89 unidade de tecido (80/90). Se houver comércio entre os países, a Inglaterra poderá importar 1 unidade de vinho por um preço inferior a 1,2 unidade de tecido, e Portugal poderá comprar mais que 0,89 unidade de tecido vendendo seu vinho. Assim, por exemplo, se a relação de troca entre o vinho e o tecido for de 1 para 1, ambos os países sairão beneficiados. A Inglaterra em autarquia gastará 120 horas de trabalho para obter 1 unidade de vinho; com o comércio com Portugal, poderá utilizar apenas 100 horas de trabalho, produzir 1 unidade de tecido e trocá-la por 1 unidade de vinho, poupando, portanto, 20 horas de trabalho, que poderiam ser utilizadas produzindo mais tecidos (obtendo, assim, um maior nível de consumo). 0 mesmo raciocínio vale para Portugal: em vez de gastar 90 horas produzindo 1 unidade de tecido, poderia usar apenas 80 produzindo 1 unidade de vinho e troca-la no mercado internacional por 1 unidade de tecido, também economizando10 horas de trabalho. Desse modo, a Inglaterra deverá se especializar na produção de tecidos, exportando-os e importando vinho de Portugal, que se especializou em tal produção e passou a importar tecidos. Conclui-se, portanto, que dada uma certa quantidade de recursos, um país poderá obter ganhos através do comércio internacional, produzindo aqueles bens que gerarem comparativamente mais vantagens relativas. A teoria desenvolvida por Ricardo fornece uma explicação para os movimentos de mercadorias no comércio internacional, a partir da oferta ou dos custos de produção existentes nesses países. Logo, os países exportarão e se especializarão na produção dos bens cujo custo for comparativamente menor em relação àqueles existentes, para os mesmos bens, nos demais países exportadores. Deve-se destacar que a Teoria das Vantagens Comparativas apresenta a limitação de ser relativamente estática, não levando em consideração a evolução das estruturas da oferta e da demanda, bem como das relações de preços entre produtos negociados no mercado internacional, à medida que as economias se desenvolvem e seu nível de renda cresce. Utilizando o exemplo anterior, à medida que crescesse o nível de renda e o volume do comércio internacional, a demanda por tecidos cresceria mais que proporcionalmente à demanda por vinho, e ocorreria uma tendência à deterioração da relação de trocas entre Portugal e Inglaterra, favorecendo este último país. 2.1 Fatores que explicam as vantagens comparativas1 xvi. A diferença de preços em vigor nos diferentes países é que estimula o comércio externo, fazendo com que os produtos circulem na direção daqueles onde os preços são mais elevados, por sua vez, a diferença de preços se explica pela vantagem comparativa que permite a certos países, por um conjunto de 1 Kraemer, Armando. Introdução à economia. Porto Alegre, Sulina, 1977 : Pp.147/148 circunstâncias, produzirem a custos mais baixos urna série de produtos exportáveis. Fonte: www.erickvidigal.com.br Cabe, agora, indagar as razões pelas quais esta vantagem comparativa pode ser explicada. Os motivos são basicamente dois: a) Diferença na dotação de recursos naturais ― Se Portugal e a região do Mosela produzem bons vinhos é porque as condições de solo e clima permitem o cultivo de uvas adequadas à fabricação desses vinhos. Se as pradarias americanas e canadenses proporcionam colheitas abundantes e baratas de trigo é porque a fertilidade e configuração do solo lhes dão esta vantagem econômica. Algo de semelhante podemos dizer da lã da Austrália e Nova Zelândia, etc. Em todos estes casos citados estamos frente à vantagem comparativa absoluta, que faz com que a produção seja possível a custos muito baixos e especialmente favorecidos. b) Especialização e custos decrescentes ― A especialização conquistada por longa tradição e os custos decrescentes alcançados mediante a produção em larga escala podem igualmente explicar as diferenças nos custos comparativos entre países. A tradição especializada dos suíços na fabricação de relógios torna-os mais competitivos na exportação desse produto para o resto do mundo, muito embora outros países também possam fabricar relógios. Máquinas aperfeiçoadas e de precisão produzidas por certos países altamente industrializados faz que seus custos sejam mais baixos e os produtos se tornem exportáveis a preços mutuamente compensadores. Assim, os custos decrescentes conseguidos através de tecnologia avançada e produção em larga escala, explicam o motivo pelo qual a especialização e o comércio internacional podem tornar-se altamente vantajosos. Neste caso, as vantagens comparativas existentes são em geral relativas, e não absolutas. Porém, o importante é que os benefícios subsistem para os parceiros que realizam as trocas comerciais. 2.2 Determinação da taxa de câmbio Quando dois países mantêm relações econômicas entre si, entram necessariamente em jogo duas moedas, exigindo que se fixe a relação de troca entre ambas. A taxa de câmbio é a medida de conversão da moeda nacional em moeda de outros países, pode, também, ser definida como o preço da moeda estrangeira (divisa) em termos da moeda nacional. Assim, 1 dólar pode custar 0,97 real, 1 libra pode custar 1,27 real etc. A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, através de decisão das autoridades econômicas com fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou através do funcionamento do mercado, onde as taxas flutuam automaticamente, em decorrência das pressões de oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes ou flexíveis). A demanda de divisas é constituída pelos importadores, que precisam delas para pagar suas compras no exterior, uma vez que a moeda nacional não é aceita fora do país, e pela saída de capitais financeiros. O Banco Central recebe do importador nacional a importância em reais, e troca por moeda estrangeira o valor correspondente. A oferta de divisas é realizada tanto pelos exportadores, que recebem moeda estrangeira em contrapartida de suas vendas, como através da entrada de capitais financeiros internacionais. Como a divisa não pode ser utilizada internamente, precisa ser convertida em moeda nacional. Isso é feito pelo Banco Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior a quantia em divisas - dólar, por exemplo -, retendo-as em seus cofres, e paga, ao exportador nacional, em reais, a importância correspondente. Fonte: static.wixstatic.com Uma taxa de câmbio elevada significa que o preço da divisa estrangeira está alto, ou que a moeda nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização cambial indica que houve um aumento da taxa de cambio - maior número de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua vez, valorização cambial significa moeda nacional mais forte, isto é, paga-se menos reais por dólar, por exemplo, e tem-se, em consequência, uma queda na taxa de câmbio. A taxa de câmbio está intimamente relacionada com os preços dos produtos exportados e importados e, consequentemente, com o resultado da balança comercial do país. Se a taxa de câmbio se encontrar em patamares elevados, estimulará as exportações, pois os exportadores passarão a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportação; em consequência, haverá maior oferta de divisas. EX: suponhamos uma taxa de cambio de 0,90 real por dólar, e que o exportador vendia 1.000 unidades de seu produto a 50 dólares cada. Seu faturamento era de 50.000 dólares, ou 45.000 reais. Se o câmbio for desvalorizado em 10%, a taxa de cambio subirá para 0,99 real o dólar e, vendendo as mesmas 1.000 unidades, receberá os mesmos 50.000 dólares, só que valendo agora 49.500 reais. Isso estimulará o exportador a vender mais, aumentando a oferta de divisas. Do lado das importações, a situação se inverte, pois, se os preços dos produtos importados se elevam, em moeda nacional (os importadores pagarão mais reais pelos mesmos dólares pagos antes nas importações), haverá um desestímulo às importações e, consequentemente, uma queda na demanda por divisas. Uma taxa de câmbio sobrevalorizada (isto é, a moeda nacional encontra-se valorizada) surte efeito contrário tanto nas exportações como nas importações. Há um desestímulo às exportações e um estímulo às importações. 2.3 A inflação interna e seus efeitos sobre a taxa de cambio Até aqui analisamos a paridade cambial sem considerarmos os efeitos da inflação. No entanto, o aumento do nível de preços internos - ocorrência da inflação provoca uma redução da taxa real de câmbio, ou seja, a taxa nominal permanece a mesma, mas com a inflação gera-se, internamente, uma queda no poder aquisitivo da moeda. Os efeitos da perda de poder aquisitivo são: um desestímulo àsexportações, uma vez que o preço do produto exportado não sofre correção equivalente à inflação; e um estímulo às importações, já que os bens importados, ao não serem corrigidos, ficam mais baratos. Fonte: slideplayer.com.br Em países com inflação crônica, ocorre um verdadeiro círculo vicioso. O aumento da inflação interna em relação à externa, isto é, da relação entre preços internos e preços externos, encarece os produtos nacionais relativamente aos estrangeiros, piorando o saldo comercial do país com o resto do mundo. Para recuperar as exportações e inibir as importações, o governo desvaloriza o câmbio nominal. Embora desestimule, no geral, a compra de produtos importados, alguns produtos essenciais, como petróleo, não terão sua importação diminuída, mas apenas elevação de seu preço, em moeda nacional. Isso provocará elevação dos custos de produção, que serão repassados aos preços finais, e temos então caracterizada uma inflação de custos. A relação entre preços internos e preços externos se eleva novamente, e o círculo vicioso continua. 2.4 A atuação governamental no mercado de divisas: políticas externas Estudou-se anteriormente a determinação da taxa de câmbio pelas forças de mercado ― oferta e procura de divisas. No entanto, na maioria dos países, notadamente naqueles em desenvolvimento, faz-se necessária a intervenção do governo no mercado de divisas, dada a instabilidade do balanço de pagamentos nessas economias. O governo pode atuar através da política cambial ou da política comercial. A política cambial diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços. 2.5 As políticas cambiais mais frequentes são as seguintes: Regime de taxas fixas de câmbio: 0 Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio, com a qual o mercado deve operar. Regime de taxas flutuantes ou flexíveis de cambio: A taxa de câmbio é determinada pelo mercado, através da oferta e da demanda de moeda estrangeira. Na verdade, em quase todos os países o Banco Central é o principal agente tanto na compra como na venda de divisas, o que lhe permite praticamente manter a taxa de cambio nos níveis em que ele deseja. Esse fato também é chamado de flutuação suja, ou dirty floating. Fonte: www.ilos.com.br Regime de bandas cambiais: O Banco Central fixa os limites superior e inferior (uma banda) dentro dos quais a taxa de câmbio pode flutuar. Dentre as políticas comerciais externas, podemos destacar as que se seguem: Alterações das tarifas sobre importações: Se a política adotada visar proteger a produção interna, como por exemplo no processo de substituição de importações adotado pela maior parte dos países em desenvolvimento até os anos 70, isso normalmente é feito através da elevação do imposto de importação e de outros tributos e taxas sobre os produtos importados. No caso oposto, com a abertura comercial, ou liberalização das importações, as tarifas sobre produtos importados são diminuídas. Regulamentação do comércio exterior: Entraves burocráticos dificultando as transações com o exterior, bem como o estabelecimento de quotas ou proibições às importações de determinados produtos, representam barreiras qualitativas às importações. 2.6 Fatores determinantes do comportamento das exportações e importações Fatores que mais influenciam as exportações e as importações. Exportações Por simplificação, consideraremos como moeda estrangeira o dólar. Isso posto, as exportações agregadas são influenciadas, coeteris paribus, pelas seguintes variáveis: Preços externos em dólares: Se os preços de nossos produtos se elevarem no exterior, as exportações nacionais deverão se elevar. Preços internos em reais: Uma elevação dos preços internos de produtos exportáveis pode desestimular as exportações e incentivar a venda no mercado interno. Taxa de cambio (reais por dólares): O aumento da taxa de câmbio (isto é, uma desvalorização cambial) deve estimular as exportações, seja porque nossos exportadores receberão mais reais pelos mesmos dólares anteriores, seja porque os compradores externos, com os mesmos dólares anteriores, poderão comprar mais produtos nacionais. Renda mundial: Um aumento da renda mundial certamente estimulará o comércio internacional e, em consequência, as exportações nacionais. Subsídios e incentivos às exportações: Subsídios e incentivos às exportações, sejam de ordem fiscal (isenções de impostos), sejam de ordem financeira (taxas de juros subsidiadas, disponibilidade de financiamentos etc.), sempre representam um fator de estímulo às exportações. Importações Os principais fatores determinantes do comportamento das importações agregadas são os seguintes: Preços externos em dólares: Se os preços dos produtos importados se elevarem no exterior em dólares, haverá uma retração das importações brasileiras. Preços internos em reais: Um aumento dos preços dos produtos produzidos internamente incentivará a compra dos similares no mercado externo, elevando as importações. Taxa de cambio (reais por dólares): Uma elevação da taxa de câmbio (desvalorização cambial) acarretará uma maior despesa aos importadores, pois pagarão mais reais pelos mesmos produtos antes importados, os quais, embora mantenham seus preços em dólares, exigirão mais moeda nacional por dólar. Renda e produto nacional: Enquanto as exportações são mais afetadas pelo que ocorre com a renda mundial, as importações estão mais relacionadas à renda nacional. Um aumento da produção e da renda nacional significa que o país está crescendo e que demandará mais produtos importados, seja na forma de matérias- primas, bens de capital ou bens de consumo. Tarifas e barreiras às importações: A imposição de barreiras quantitativas (elevação das tarifas sobre importações) ou qualitativas (proibição da importação de certos produtos, estabelecimento de quotas ou entraves burocráticos) ocasionam uma inibição nas compras de produtos importados. 2.7 Os Organismos Internacionais: A Ordem Mundial no Pós-Guerra2 A Segunda Grande Guerra (1939-1945) alterou profundamente a realidade mundial, o conflito mudou os rumos do mundo e da economia. Com as mudanças, emergiram novos desafios e novos compromissos e alianças. Criou-se uma nova estrutura de poder mundial. Ou seja: implantou-se uma nova ordem econômica e uma nova ordem política. 2 Brum, Argemiro J.. O desenvolvimento econômico brasileiro. 21ª. Vozes RJ/ed. Unijuí. RS. 2000; Pp50/53 2.8 A Ordem Econômica Internacional no Pós-Guerra Entende-se por ordem econômica internacional o conjunto critérios e normas que regulam o jogo econômico e financeiro do mundo. E, por decorrência, os instrumentos e mecanismos que lhe dão sustentação. Com a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos consolidaram sua liderança e hegemonia no mundo, sob a sua inspiração e orientação realizou-se em julho de 1944, na cidade turística de Bretto Woods, no Estado de New Hampshire, EUA, a Conferência Monetária e Financeira Internacional das Nações Unidas e Associadas. A reunião dos representantes dos países que seriam os vencedores do conflito teve por finalidade reconstruir a estrutura internacional de comércio e finanças, ou seja, estruturar a ordem econômica internacional a vigorar no pós-guerra. Fonte: noticias.universia.es O sistema econômico arquitetado em 1944 - e ainda vigente baseou-se fundamentalmente na supremacia industrial, comercial e financeira dos Estados Unidos. Diante das enfraquecidas potências europeias, aquele país conseguiu impor sua visão e seus interesses na nova estrutura de poder, inclusive o dólar como moeda- padrão do comércio mundial. Três instrumentos foram criados, na ocasião, com a finalidade de implantar a nova ordem econômicainternacional e dar-lhe sustentação e viabilidade: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). 2.9 O Fundo Monetário Internacional (FMI) O Fundo Monetário Internacional (FMI) é o órgão encarregado de zelar pela saúde financeira e da moeda dos países-membros e prestar socorro financeiro e técnico aos países em dificuldades, mediante a aplicação de normas de ajuste rigorosamente controladas. A aprovação de programas de ajuste pelo Fundo serve de sinal verde para a concessão de empréstimos e financiamentos a países necessitados por parte dos bancos internacionais. O FMI era também o órgão operacional e de controle do Sistema Monetário de Bretton Woods, baseado no dólar como moeda-padrão do comércio mundial, nas taxas fixas de câmbio, na conversibilidade dólar em ouro e na paridade fixa de US$ 35 por onça de ouro. Desde então os EUA tornaram-se o país responsável pela estabilidade da ordem econômica. Mas, com a decisão, unilateral, de desvincular o dólar do ouro e de deixar flutuar sua moeda, tomada em 1971, os Estados Unidos derrubaram uma das colunas básicas do sistema monetário construído na conferência de Bretton Woods, provocaram um forte impacto internacional, enfraqueceram o FMI e mostraram ao mundo a prevalência de seus interesses nacionais sobre as responsabilidades mundiais do país assumidas em encontro multilateral. 2.10 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) - Banco Mundial 0 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), mais conhecido como Banco Mundial, teve papel relevante no financiamento da reconstrução dos países capitalistas atingidos pela Segunda Guerra Mundial. No entanto, mostrou-se tímido e pouco eficaz em relação ao desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo. Atua em estreita sintonia com o FMI, seguindo a mesma orientação. Destina-se, hoje, a financiar projetos de longo alcance dos países-membros. Muitas vezes os empréstimos concedidos pelo Banco Mundial representam apenas uma parcela do montante necessário à execução de determinado projeto. Nesse caso, a concessão do empréstimo serve como uma espécie de aval em relação à viabilidade econômica do mesmo, facilitando a abertura das portas dos bancos privados para levantar o volume de dinheiro necessário. Outrossim, o Banco Mundial, juntamente com o FMI, tem importante papel na elaboração de análises da situação e perspectivas da economia mundial e na definição e implementação das estratégias macroeconômicas. A concessão de empréstimos é sempre condicionada à subordinação do país tomador às normas e exigências definidas pelos dois organismos internacionais. 2.11 Organização Mundial do Comércio (OMC) O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), hoje Organização Mundial do Comércio (OMC), só foi criado em 1947, numa reunião realizada em Havana, em Cuba, sob a liderança dos Estados Unidos. Os participantes da Conferência de Bretton Woods, três anos antes, haviam decidido criar a Organização Internacional do Comércio, um organismo mais amplo e com grandes poderes. Mas não foi possível operacionalizar essa decisão, em face das fortes divergências principalmente entre os Estados Unidos e os países europeus. Diante da impossibilidade prática de implementar um organismo abrangente, conseguiu-se, então, um acordo geral, de caráter mais ou menos provisório e com poderes limitados, que passou a vigorar a partir de janeiro de 1948. Mas o Congresso norte-americano negou-se a avalizar a Carta de Havana porque os EUA perderiam o direito de decidir sua própria política comercial. Ao GATT foi atribuída a responsabilidade de estabelecer as normas de controle do comércio mundial de mercadorias, com a função precípua de zelar pelo livre comércio entre as nações. Apesar da provisoriedade, vigorou durante quase meio século, mas foi incapaz de assegurar o livre comércio. A diferença de peso econômico entre os países levava a comportamentos comerciais diferentes. O GATT perdeu força com o agravamento da crise mundial do capitalismo, provocado pelos dois choques dos preços do petróleo (1973 e 1979). Os próprios países altamente industrializados, inclusive os EUA, passaram a adotar políticas protecionistas, criando barreiras e impedindo ou limitando importações, a fim de garantir mercado (interno) para seus respectivos produtores. O livre comércio é um dos princípios básicos do capitalismo industrial, em sua dimensão mundial. Todavia, no mundo dos negócios, muitas vezes os princípios vigoram de acordo com as conveniências e a correlação de forças que comandam o jogo econômico mundial em cada momento histórico. Mas, na busca de superação da crise dos anos 70 e 80, o capitalismo chegou a um novo estágio, impulsionado por uma nova revolução tecnológica, pelo avanço da globalização, pela abertura dos mercados, etc. Em face da nova perspectiva que se abre, foi possível concretizar a velha ideia de 1944. Depois de vários anos de árduas negociações, chegou-se à decisão de extinguir o GATT, e substituí-lo, a partir de 1° de janeiro de 1995, pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Fonte: www.alvesefagundes.com.br A nova organização é uma instituição permanente, mais estruturada, mais ágil e com funções ampliadas. Além do comércio de mercadorias, passou também a normatizar e controlar o intercâmbio de serviços e os aspectos de propriedade intelectual relacionados com o comércio. Suas decisões e ordenamentos são totalmente multilaterais, isto é, estendem-se a todos os países-membros. O sistema econômico internacional está baseado fundamentalmente nesses três pilares que lhe dão sustentação. Essa ordem econômica internacional está estruturada a partir do ponto de vista e dos interesses hegemônicos dos países altamente industrializados, já avançando na era pós-industrial. Os Estados Unidos detêm a liderança e a hegemonia, mesmo compartilhando o poder com a União Europeia e o Japão. Embora esses organismos internacionais sejam integrados por grande número de países, a orientação geral e as decisões são influenciadas pelos três centros hegemônicos do capitalismo. Na atualidade, é do interesse dos centros hegemônicos fortalecer esse tripé de sustentação da ordem econômica mundial, pois a presença dos organismos internacionais na operacionalização das estratégias definidas tende a conferir a elas um caráter eminentemente técnico e de neutralidade, o que facilita sua atenção. 3 ACELERAÇÃO DE PROJETOS Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br 3.1 Introdução Competição em nível mundial, inovações tecnológicas, diminuição do ciclo de vida dos produtos, pressões competitivas, segmentação de mercados. Estas frases, tão frequentes nas colunas da imprensa especializada em negócios, expressam claramente a necessidade que as empresas têm, hoje em dia, de anteciparem-se à concorrência, de atenderem rapidamente aos anseios do mercado. Atitudes que as empresas verdadeiramente capacitadas devem adotar para obterem e sustentarem um desempenho superior. Variedade de produtos a baixo custo e rápida resposta de atendimento aos clientes são as novas dimensões da vantagem competitiva e as empresas, para se habilitarem a esses novos requisitos, devem procurar desenvolver novas formas de administrar seus recursos. Principalmente os custos e o tempo. Os novos imperativos estratégicos como o gerenciamento pela qualidade total, de proximidade com o cliente ou da gerência baseada no tempo, impelem as empresas a acelerarem os seus projetos. Acelerar projetos de desenvolvimento da estratégia, da tecnologia, de novas formas de administração, de novos produtos e processos. 3.2 Histórico Neste trabalho, o termo projeto (do inglês Project) é usado para designar um conjunto complexo de atividades,formalmente organizado, que constituem um empreendimento único, não repetitivo. Como projeto, pode-se entender a construção de uma hidrelétrica, lançamento de um novo produto, implantação de caixas automáticos de um determinado banco etc. Todos esses projetos são constituídos de diversas etapas, utilizam inúmeros recursos e geralmente têm suas restrições de prazo e de custo. Do planejamento à execução, eles exigirão, por maior que seja a experiência da equipe, criatividade para o cumprimento dos objetivos pré- estabelecidos. Em 1957, surgiu, dentro da linha de pesquisa operacional (1), o método PERT- CPM que permitia identificar as relações de dependência entre as atividades e o caminho crítico, isto é, a sequência de atividades que, se sofrer atraso em alguma de suas componentes, o transmitirá ao término do projeto. O PERT-CUSTO, surgido em 1962 (2), constitui uma ampliação do PERT- CPM-TEMPO e leva também em conta o fator custo. Afinal de contas, entre dois eventos existe uma atividade que para ser executada demanda certa duração, e esta consome recursos que, consequentemente, acarretam custos. O PERT-CUSTO permite a simples alocação dos recursos, o nivelamento ou balanceamento dos recursos e a técnica de aceleração clássica. 3.3 Técnica de aceleração tradicional Para se conseguir a aceleração de um projeto deve-se atuar sobre as atividades críticas, ou seja, sobre aquelas que compõem o caminho crítico. O caminho crítico, como se sabe é o caminho de maior duração ou de menor tempo possível de realização do projeto. A redução dos tempos dessas atividades deve ser realizada de forma gradativa, a fim de evitar alterações no caminho crítico com o surgimento de novas atividades críticas. A seguir, os passos que devem ser realizados para atingir o tempo ótimo, que corresponde ao custo mínimo: Acelera-se de uma unidade de tempo a atividade de menor custo marginal; Calcula-se o novo custo do projeto, somando-se ao inicial o custo marginal da atividade acelerada. Recalculam-se as datas da rede para se verificar se a diminuição de uma unidade de tempo na duração da atividade acelerada não modificou o caminho crítico. Prossegue-se na operação até que a atividade considerada tenha sido acelerada ao máximo. Escolhe-se entre as atividades críticas restantes, que não foram aceleradas, a de menor custo marginal e acelera-se essa atividade de uma unidade de tempo. Continua-se o procedimento até que essa atividade tenha sido acelerada ao máximo, verificando sempre se houve qualquer alteração no caminho crítico. No caso de surgimento de um novo caminho crítico, acelera-se a atividade que se tornou crítica e também a seguinte, de menor custo marginal, dos dois caminhos. Ao se fazer a aceleração de duas atividades críticas ao mesmo tempo é necessário verificar se a soma de seus custos é menor que o custo marginal de outra atividade não acelerada. Se não houver outra atividade crítica a acelerar, o processo estará encerrado. Se houver, e tiver um custo marginal menor, passaria a ser acelerada, ao invés dos dois caminhos críticos. 3.4 IMPLICAÇÕES DE ORDEM ESTRATÉGICA A aceleração de projetos, uma das grandes funções do gerenciamento, tem sua gênese nessa época e ela era acionada, geralmente, de forma reativa, para corrigir desvios apontados pelo Planejamento. Hoje, com a intensificação das forças e pressões competitivas, a aceleração de projetos adquiriu uma nova dimensão estratégica: sai do nível operacional, onde a ação acontece, e vai para o nível estratégico, para dar sustentação técnica à formulação das estratégias competitivas modernas, como as baseadas no tempo, na singularidade e no custo. Segundo Stalk e Hout (3), as implicações de se comprimir o tempo são significativas. Eles constataram que as empresas japonesas baseadas no tempo têm a sua produtividade aumentada toda vez que reduzem o lead time de seus produtos, uma vez que ele é inversamente proporcional às etapas do trabalho-em- processamento. Estas etapas, aumentando, fazem crescer a produtividade. Fonte: geocorpconsulting.com.br Segundo Gracioso (4), na maioria dos negócios, e principalmente naqueles em que uma parcela significativa dos custos pode ser reduzida através dos efeitos da escala ou da experiência, vantagens de custo de importância decisiva poderão ser obtidas através de uma estratégia que vise a acumulação de experiência mais rapidamente do que a dos demais competidores. As empresas que atuam com estratégias baseadas no tempo, assim como as que utilizam estratégias cuja diferenciação está sustentada pela velocidade de resposta, podem se habilitar a preços-prêmio face ao aumento do valor percebido de seus produtos pelos clientes. As empresas que perseguem uma liderança em custos no segmento industrial que atuam, verão suas estratégias potencializadas pela redução do prazo de entrega e o aumento da produtividade, o que possibilitará elevar o preço de seus produtos e consequentemente a margem de lucro. Reduzindo o tempo, as empresas conseguem reduzir os riscos com o surgimento de inovações tecnológicas radicais que, segundo Foster (5) podem inviabilizar indústrias inteiras, e também, riscos com previsões de demandas de longo prazo, que podem acarretar custos com estoques excedentes. As empresas atentas ao fator tempo aumentarão a sua participação no mercado, uma vez que elas melhorarão a sua disponibilidade para o atendimento de novos clientes. Estes, por sua vez, não terão motivos para mudar de fornecedores. Fornecedores que antecipam o prazo de entrega de seus produtos e dessa forma interagem favoravelmente com a cadeia de valores deles, criam barreiras de entrada para novos fornecedores. 4 ORÇAMENTO EMPRESARIAL O orçamento decorre da definição dos objetivos e é a contrapartida financeira para a concretização dos mesmos. Cada área irá elaborar seu orçamento por determinado período. Teremos então: Orçamento financeiro e seus integrantes - fluxo de caixa, orçamento de investimentos, orçamento de custeio e orçamento de financiamentos; Orçamento de marketing – orçamento de vendas, de propaganda, de incentivos, de P&D; Orçamento de produção – orçamento de produção, de compras, manutenção; Orçamento RH – orçamento de custeio mão-de-obra, de treinamento, de recrutamento e seleção, incentivos. Fonte: www.movtech.inf.br/blog O conjunto de todos esses orçamentos será consolidado pelo setor de Finanças em 2 relatórios contábeis que projetarão todo o desempenho da empresa naquele período de planejamento determinado. São eles: Demonstração de Resultados e Balanço projetados. Deles serão analisados os índices financeiros de lucratividade, rentabilidade e demais índices para apresentação aos investidores e proprietários da empresa. Assim poderá ser analisada a viabilidade econômica da empresa, o seu desempenho e tomadas as devidas decisões. Os orçamentos foram lançados numa época em que as grandes questões consistiam em aumentar a capacidade de produção e gerenciar as operações para controlar os custos. Os orçamentos ajudavam os gerentes nesses dois processos. O posicionamento estratégico e o gerenciamento da proposição de valor diferenciado não eram preocupações ou prioridades como são atualmente. Com isso, as empresas se concentravam em analisar o desempenho baseado apenas em números, nos relatórios financeiros. Hoje elas precisam ter, além dos números, outros controles de desempenho, outros indicadores que as ajudem a monitorar se estão no caminho certo com sua estratégia de negócios e se os clientes estão recebendo valor a mais ao fazer negócios com elas do que com a concorrência. No capítulo sobre estratégia voltaremos ao assunto propondo uma técnica de avaliação do desempenho do negócio baseado não só em números. 4.1 Controle e Avaliação O controlee avaliação orçamentária se dão através dos balancetes mensais ou trimestrais onde comparasse o previsto com o realizado e então se procede às devidas análises para verificar erros e acertos e promover devidos ajustes para o próximo período intermediário antes do final do período total para o qual foi feito o orçamento. Também será cobrado do responsável pela execução uma explicação ou justificativa dos desvios ocorridos para devidas conclusões e ajustes de rotas. 4.2 Relatórios Financeiros como Instrumento de Comunicação e Controle Para serem úteis ao Planejamento, as informações contábeis devem ser: 1. Entregues a pessoa certa; 2. Entregues em prazo hábil para se tomar decisões; 3. Compreendidas por quem irá usa-las; 4. Relevantes ao fato em análise; 5. Padronizadas e simples; 6. Consolidadas em relatórios globais. 4.3 O Uso de Gráficos Sem dúvida o uso de gráficos para transmitir informações é de grande utilidade. Pode-se mostrar com um gráfico (imagem) o que seria preciso 1.000 palavras para fazer o mesmo. O uso de planilhas eletrônicas torna muito prática a elaboração de relatórios e gráficos financeiros. 4.4 Resultados Projetados Uma vez feitos todos os planos de cada área da empresa, podemos consolida- los em um plano total que projetaria o desempenho da empresa para determinado período projetado (ou orçado). Partindo da projeção de vendas e das decisões de investimentos para o período orçado temos os demais planos: orçamento de produção, de Marketing, de Finanças e de RH. Como temos então previsão de vendas e previsão de todos os custos e despesas podemos projetar um resultado (lucro) esperado para o período: Com base no balanço podemos obter os índices financeiros e avaliar o desempenho da empresa. Por exemplo, se acharmos um valor para o retorno sobre patrimônio líquido (valor do lucro líquido dividido pelo valor do patrimônio líquido) de 7%, esse valor poderá ser aceitável ou não pelos proprietários. Caberá então aos planejadores reformular os planos e estratégias para então conseguir o valor desejado. 0 50 100 150 200 250 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 4.5 Contabilidade Gerencial Como vimos até agora, é imprescindível para se fazer um bom planejamento termos informações precisas para se projetar e avaliar objetivos empresariais. A empresa deverá implantar: 1. Plano de Contas – geralmente elaborado por um contador, mas deve ter um enfoque gerencial para gerar informações também gerenciais; 2. Centro de Custos – é a divisão da empresa e seus departamentos em centros de custos para identificação de um responsável pelos mesmos e organização das informações para gerar análises devidas; 3. Uso de software de gestão empresarial – a informatização do processo será muito útil para se conseguir organizar, armazenar e disponibilizar as informações necessárias ao processo de planejamento. 5 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Fonte: atelieoca.com.br 5.1 Conceito Strategos = a arte do general. A estratégia é uma concepção ou esquema delineado para que os objetivos possam ser alcançados. É a escolha da alternativa que melhor combine tempo, risco, habilidades e recursos da empresa e deve assegurar a consecução da missão e busca da visão. A ideia de estratégia está ligada à questão “como” na definição de objetivos. A estratégia diz respeito a como a empresa vai realizar a visão que foi proposta. 5.2 A formulação de uma estratégia requer: 1. Uma avaliação e compreensão do ambiente externo – mercado, concorrentes e relacionamentos; 2. Conhecimento profundo do ambiente interno – pontos fortes e fracos, estrutura, capital intelectual, recursos financeiros e tecnologia; 3. Detectar ou criar a vantagem competitiva da empresa. Vantagem competitiva é como a empresa se diferencia da concorrência e como essa diferenciação é percebida em termos de valor pelos clientes. As organizações desenvolvem planos para seu futuro e também extraem padrões de seu passado. Temos então estratégia pretendida e estratégia realizada. Nem sempre a estratégia realizada será a pretendida, pois o mundo real exige pensar à frente e também alguma adaptação durante o processo. A estratégia pretendida plenamente realizada é chamada de deliberada. Já aquela realizada, mas que não era pretendida, é chamada de emergente. Assim a estratégia eficaz é aquela que se mistura de maneira que reflita as condições existentes e reaja a eventos inesperados. 5.3 Algumas considerações sobre estratégia: A estratégia fixa a direção A estratégia mapeia o curso de uma organização para que navegue tranquila no seu ambiente. Porém, deve-se ter o cuidado para que ela não oculte perigos potenciais. Seguir um curso pré-determinado em águas desconhecidas pode levar ao encontro de um iceberg. Embora a direção seja importante, às vezes é melhor movimentar-se devagar, pouco a pouco, olhando para o lado para que o curso possa ser mudado de um instante para outro. A estratégia focaliza o esforço A estratégia promove a coordenação das atividades e o esforço localizado gerando um “pensamento grupal”. Porém, pode não haver visão periférica para abrir outras possibilidades. A estratégia define a organização A estratégia provê significado e uma forma de se entender o que faz a organização. Porém, defini-la em excesso pode levar à simplicidade perdendo-se assim a rica complexidade do sistema. O pensamento estratégico como visão Pensar estrategicamente significa ter uma visão do futuro, ver à frente. Porém qualquer boa visão do futuro tem de estar enraizada na compreensão do passado. Então, é preciso ver atrás. Mas é preciso ver de cima, ver o todo. Olhar para as árvores e ver a floresta. Só que a floresta vista de cima parece um tapete e quando se está no chão, ela já não parece mais ser um tapete. Por isso é preciso ver em baixo. Fonte: ramodenegocios.com Agora o estrategista precisa ver diferente das outras pessoas. Ser criativo. Às vezes contestar a sabedoria convencional. Então precisa ver ao lado. Mas há muitas ideias criativas no mundo e além de ver ao lado, o estrategista precisa ver além. Ver além não é o mesmo que ver à frente. É construir o futuro, inventar um mundo que do contrário não existiria. A implementação da estratégia, ou seja, a colocação em prática de uma estratégia tem sido o maior desafio para as empresas. Uma pesquisa na década de 80 entre consultores revelou que menos de 10% das estratégias formuladas com eficácia foram implementadas com êxito. O grande problema é que as empresas precisam de novos tipos de sistemas gerenciais concebidos para gerenciar estratégias. As empresas ainda estão sendo gerenciadas como eram na economia industrial. Ou seja, as empresas criavam valor a partir de ativos tangíveis, mediante a transformação da matéria-prima em produto acabado. Um estudo do Brookings Institute de 1982 mostrou que o valor contábil dos ativos tangíveis representava 62% do valor de mercado de uma empresa. Estudos recentes mostram que o valor contábil dos ativos tangíveis corresponde agora a apenas 10 ou 15% do valor de mercado. Também essas empresas operavam sob rigoroso controle central e por meio de departamentos funcionais. A estratégia era desenvolvida no topo e implementada por meio de gerentes que na maioria das vezes não participavam do processo e não entendiam a finalidade ou não se comprometiam com as mesmas. 5.4 Organização Orientada para a Estratégia Como então deve ser o novo modelo de implantação de estratégia? No livro Organização Orientada para a Estratégia, Ed. Campus, dos autores Robert Kaplan e David Norton, é proposto um novo modelo chamado de Balanced Scorecard. Na economia da era industrial dominada por ativos tangíveis as mensurações financeiras eram adequadas para registrar o desempenho da empresa. Assim estoques, investimentos fixos,despesas e receitas eram bem demonstrados nos balanços patrimoniais. Na nova economia na qual os ativos intangíveis se tornaram a principal fonte de vantagem competitiva, exige-se ferramentas que avaliem os ativos com base no conhecimento, poder da marca e estratégias criadoras de valor. Também os novos modelos de negócio se baseiam em unidades descentralizadas e que precisam de autonomia aliado ao fato da rapidez das mudanças na tecnologia, na concorrência e na legislação exigirem também rapidez de tomada de decisões. As empresas de hoje necessitam de uma linguagem clara para a comunicação da estratégia que assegure que todos entenderam e que a estratégia se torne tarefa cotidiana de todos. Os 5 princípios fundamentais são: 1. Traduzir a estratégia em termos operacionais; 2. Alinhar a organização com a estratégia; 3. Transformar a estratégia em tarefa cotidiana de todos; 4. Converter a estratégia em processo contínuo e 5. Mobilizar a mudança por meio de uma liderança forte e eficaz. O método propõe a mensuração da estratégia adotada, desvinculando da análise apenas financeira de resultados. Outras perspectivas de análise que não as financeiras têm sido adotadas ao longo do tempo, como controle da qualidade total, gestão de relacionamento com os clientes, gestão de recursos humanos com o empowerment que dá poder aos empregados para resolver problemas, mas não são representativas porque cada uma representa apenas um componente da rede de atividades e processos gerenciais responsáveis pelo desempenho superior da empresa. As organizações focalizadas na estratégia usam o Balanced Scorecard para inserir a estratégia no centro dos processos gerenciais. Isso é possível porque descreve as estratégias de maneira consistente e fornece um referencial de ação aos gerentes, bem como um referencial de gerenciamento e avaliação de desempenho. Assim ao definir com clareza a estratégia, comunica-la de maneira consistente e conecta-la aos vetores de mudança, fomenta-se uma nova cultura baseada no desempenho que vincula todos na empresa às estratégias. O Balanced Scorecard fornece referencial de análise da estratégia sob quatro diferentes perspectivas: 1. Financeira – a estratégia de crescimento, rentabilidade e risco sob a perspectiva do acionista; 2. Cliente – a estratégia de criação de valor e diferenciação, sob a perspectiva do cliente; 3. Processos de negócio internos – as prioridades estratégicas de vários processos de negócio que criam satisfação para os clientes e acionistas; 4. Aprendizado e crescimento – As prioridades para o desenvolvimento de um clima propício à mudança organizacional, à inovação e ao crescimento. Assim, o Balanced Scorecard focaliza toda a organização na estratégia. O BSC é eficiente porque é mais que uma ferramenta de formulação da estratégia, é uma ferramenta para viabilizar a sua implementação. O BSC faz com que a gestão estratégica se torne realidade para a organização. 5.5 As Relações de Causa e Efeito no BSC Todo indicador do BSC faz parte de uma cadeia de relações de causa e efeito que termina em objetivos financeiros. Assim o BSC não é um conjunto de objetivos isolados ou conflitantes. Ele mostra a relação de causa e efeito no mapa estratégico. O BSC faz analisar o mercado e que cliente deseja alcançar, verificando a produção e pontos críticos no processo de atendimento das necessidades desses clientes. E também avalia se na organização existem funcionários adequados e preparados para cumprir a missão da empresa. O BSC possibilita: - Que a estratégia seja desdobrada em objetivos para cada uma das perspectivas, - Estabelecimento de indicadores de desempenho para cada objetivo, permitindo ao executivo verificar se o mesmo está sendo atingido, - Que o executivo tenha feedback de suas ações, - Que se crie e dissemine uma cultura de desdobramento da estratégia, - A existência de uma cultura de aliança dentro da organização, - Criar a cultura de retenção dos funcionários na empresa 5.6 O Uso de Indicadores O BSC é um sistema de gestão baseado no mapa estratégico e suas 4 perspectivas e no uso de indicadores de desempenho. Esses indicadores são referentes aos objetivos que se pretende alcançar. Acompanhar e avaliar esses indicadores pressupõe-se estar acompanhando a execução dos objetivos. A quantidade de indicadores deve ser a menor possível para não haver sobrecarga de informação. Os indicadores: - Refletem fatores chaves, ou críticos, dos quais dependem o sucesso da estratégia, - Evidenciam como os objetivos não financeiros influenciam os resultados financeiros, - São direcionadores – mostram o progresso dos fatores críticos da estratégia, - Estão interligados numa cadeia de relação causa/efeito. BIBLIOGRAFIA ALDER, Daniel, HILTY, Reto M. (Herausgeber). Information Highway: Beiträge zu rechtlichen und tatsächlichen Fragen. Bern: Stämpfli; München: Beck, 1996. AMARAL JÚNIOR, Alberto do. OMC e o Comércio Internacional. Aduaneiras, 2003. AMARAL JÚNIOR, Alberto do. União Européia. Aduaneiras, 2003. BASSO, MARISTELA. Contratos Internacionais do Comércio: Negociação, Conclusão, Pratica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. BOWMAN, Andrew. Profiting from the World Wide Web: Preparing to Compete electronically. Computers & Law, April/May, 1996. BRIGAGÃO, Clóvis. Estratégias de Negociações Internacionais. Brasília: Aeroplano, 2002. BRUM, Argemiro J.. 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Boston: Allyn and Bacon, 1998. 6 LEITURA COMPLEMENTAR O PROFISSIONAL DE COMÉRCIO EXTERIOR Magno Luiz Coelho de Moura Mestre em Administração (FNH) magnocoelho@gmx.com RESUMO O termo comércio exterior é discutido há muito tempo, mas nunca tanto quanto nos dias atuais. O principal fator responsável, no Brasil, por trazer este termo à tona a todo instante foi a chamada ―abertura comercial‖, iniciada com o governo Collor no início da década de 90. Foi nesta mesma época que nasceu vários cursos nas instituições de ensino superior voltados ao comércio exterior. Mas, antes dos Administradores com habilitação ou ênfase em comércio exterior chegarem, já haviam profissionais altamente preparados atuando no comércio exterior brasileiro, oriundos das mais diversas áreas da ciência (humanas, exatas, sociais etc.). Alguns até sem nenhuma formação superior. Estes atuam como traders, agentes de carga, operadores logísticos, corretores de câmbio etc. Este artigo não pretende discutir se um profissional formado em Administração com habilitação em comércio exterior é mais ou menos apto a atuar na área internacional do que profissionais vindos de outras áreas. Mas, verificar a atuação do profissional de comércio exterior independentemente de sua formação acadêmica, bem como os fatores relacionados à sua área. Palavras-Chave: Comércio exterior; Gestão; Formação Profissional; Mercado de Trabalho; INTRODUÇÃO Com a intensa abertura do mercado brasileiro para os produtos importados ocorrida nos anos 90, na chamada ―Era Collor‖, iniciou-se no país uma consciência de que o desenvolvimento da nação dependeria, em grande parte, da sua participação no comércio internacional. Mesmo assim, hoje, após 16 anos, a participação do país ainda é muito tímida. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, ao anunciar, em novembro de 2003, as Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior que seriam adotadas pelo governo brasileiro, afirmou que, a respeito das exportações, a participação 2 do Brasil no comércio mundial atingiria 1%, saindo dos 0,89% em 2002. De acordo com o boletim estatístico divulgado pelo Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comercio Exterior – DEPLA da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, a participação das exportações brasileiras nas exportações mundiais foi de 1,17% em 2005, enquanto as importações foram de 0,72% das importações mundiais. Ou seja, o que o Ministro Furlan esperava só aconteceu 3 anos depois. Justificativas para esta lentidão brasileira na inserção no comércio internacional e que é bem certa é a de que o mercado brasileiro não estava preparado para competir, no mesmo nível, com os produtos internacionais que chegavam ao país, principalmente no que se refere aos produtos com alto nível tecnológico. Para ampliar esta participação, as empresas brasileiras precisariam se adequar e rever suas estratégias como fator, inclusive, de permanência no mercado. Acreditava-se que as que não estivessem preparadas e não aguentassem a competição, acabariam desaparecendo. Foi o que aconteceu com várias delas. Diante disto, as empresas brasileiras, para inserirem-se no comércio internacional, precisariam adotar iniciativas de base que as permitissem contribuir efetivamente com a expansão da inserção das exportações brasileiras no comércio internacional. Algumas ações como maior comprometimento com a qualidade dos produtos, com o mercado, identificação de oportunidades em outros mercados, clareza do que significa competir internacionalmente e da parcela da produção que poderá e será destinada ao mercado interno e externo bem como procurar ser competitiva apesar da restrita capacidade de infra-estrutura logística brasileira, sem deixar de mencionar a participação, neste contexto, do capital humano e da tecnologia são alguns dos fatores que contribuiriam para esta inserção (MAGRO, 2002). Como se ainda isso não bastasse, existem ainda outros fatores que travam um desenvolvimento mais amplo das exportações, como por exemplo, os custos logísticos, as barreiras internas ao comércio exterior, a dificuldade de acesso a financiamentos de longo prazo com juros menores, e a, sempre atacada, carga tributária, que atingiu 34,1% do PIB em 2003 de acordo com os dados doIBGE e é foco de constantes preocupações dos profissionais que atuam nesta área. Neste aspecto, de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB, os produtos brasileiros têm gastos estimados entre 20% e 35% do seu valor final com a logística de 3 transportes, em razão das deficiências. Comparativamente, nos países desenvolvidos esse custo não seria superior a 10%. Como barreira interna existentes pode-se entender a burocracia como uma delas, que geram atrasos de até 39 dias na exportação segundo os dados do Banco Mundial, sistemas cambiais com controles e procedimentos de economia fechada, sistema tributário complexo e oneroso, com múltiplas finalidades como controle, fiscalização e arrecadação, entre outras (COELHO, 2003). Nesta perspectiva, é possível deduzir que os países que têm uma alfândega e uma matriz de transportes mais eficientes também exportam mais. E as exportações estão associadas ao crescimento econômico e a mais empregos. Diante de tamanha dificuldade e constantes atrasos como consequência de uma infraestrutura de transportes deficiente, os exportadores acabam perdendo credibilidade e, por fim, o cliente no exterior. Desta forma percebe-se como o cenário brasileiro é um tanto quanto nebuloso no que se refere aos desafios que o profissional que almeje ingressar nesta área terá pela frente. Mas ainda não acabou, existem outros fatores que também devem ser considerados, os financiamentos. Atualmente existem, no Brasil, basicamente duas fontes de recursos: Externa, nas modalidades de adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC), adiantamento sobre cambiais entregues (ACE), pagamento antecipado, securitização, commercial paper e export note, supplier’s credit e buyer’s credit. Estas geralmente são provenientes de linhas de crédito comerciais obtidas no exterior. E interna, consideradas orçamentárias, em duas modalidades, sendo uma o PROEX – Financiamento, onde o recurso pode ser liberado ao exportador através de financiamento do mesmo ou do importador e o PROEX – equalização, que consiste em equiparar as taxas de financiamento obtidas por empresas brasileiras a taxas obtidas por empresas estrangeiras e do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, nas modalidades BNDES – Exim pós e pré-embarque. Contudo, como os bancos costumam exigir vários tipos de garantias para liberarem o financiamento, as pequenas e médias empresas são as que enfrentam maiores dificuldades na obtenção destes recursos para financiarem suas operações de comércio exterior. Enquanto as grandes empresas não têm tanto problema na captação de recursos no exterior, uma vez que 4 possui grande capilaridade, opção de emissão de ações em bolsas e garantias que lhes permitam obter recursos pagando juros menores, as pequenas, muitas vezes, não sabem nem onde buscar estes recursos. Os recursos internos, que poderiam beneficiar as PMEs, também costumam ser consumidos pelas grandes, e isto é um problema sem precedentes. O ideal seria uma melhor distribuição assegurando uma parcela maior de recursos internos às PMEs. Sendo assim, reconhecidamente existem vários fatores que ainda contribuem para o baixo volume operado pelo comércio exterior brasileiro no comércio internacional, mas um dos mais atacados, como dito anteriormente, principalmente pelos empresários, é a carga tributária. O nível da carga tributária brasileira (excluindo contribuições para a previdência social), da ordem de 23% do PIB em 1996, é muito superior aos de outros países da América Latina - Argentina (11%) ², Bolívia (12%), Costa Rica e Venezuela (15%), México (17%) e Chile (19%) (VARSANO et al, 1998). É importante observar que, de acordo com Varsano et al, as maiores cargas são as observadas em países europeus, todas superiores a 35% do PIB, e ultrapassando, em alguns casos, 50%. Assim, a justificativa dada pelos empresários brasileiros sobre a dificuldade de se fazer crescer o comércio exterior brasileiro devido a uma carga tributária elevada não é muito condizente com a realidade uma vez que, países como França, Alemanha, Itália e Inglaterra, tradicionalmente, países exportadores, possuem cargas tributárias mais elevadas que o Brasil e nem por isso deixam de exportar seus produtos. A comparação pura e simples do nível da carga é insuficiente quando se conclui sobre os diferentes países e sistemas tributários. A análise é enriquecida quando se considera a composição da carga segundo as bases de incidência: comércio exterior, bens e serviços, renda e propriedade. Neste caso, A incidência sobre o comércio exterior é baixa na ampla maioria dos países, e no Brasil, os tributos sobre o comércio exterior representam apenas 2,4% do total da carga tributária. Nesta perspectiva, ao se refletir sobre o Brasil e sua participação no comércio internacional, é possível perceber, assim como observou Flávius Márcus Lana de Vasconcelos (1998, p.45), O Brasil, um país de capitalismo tardio, se modernizou, mas não alcançou o desenvolvimento, 5 sendo superado por países que se enveredaram por estratégias de consolidação de reformas de base de caráter nitidamente nacional. Diante disso, a questão sobre a discussão da baixa participação brasileira no comércio internacional não está apenas nos fatores restritivos abordados acima, mas vai além deles, Vasconcelos (1998) refere-se à ausência de processos endógenos de geração e absorção de novas tecnologias como um dos determinantes do subdesenvolvimento a inserção internacional de um espaço geográfico. Para ele, o desenvolvimento é possível através do que chamou de tripé: universalização dos direitos humanos fundamentais via reformas de base; capacitação de um sistema financeiro nacional voltado ao financiamento de longo prazo e políticas públicas visando o pleno emprego dos fatores de produção. Neste sentido, os empresários brasileiros, que vinham passando por um processo de conscientização de que não bastavam apenas importar produtos para se adequarem tecnologicamente, começaram a assimilar também a ideia de que era preciso também colocar os seus produtos no mercado internacional, sempre buscando agregar valor, desenvolver a marca, etc. Isto trouxe ao país um movimento intenso em favor das exportações brasileiras. Para o Governo o ideal é aumentar expressivamente as exportações brasileiras sem conter demasiadamente as importações. Isto devido a três fatores principais. O primeiro trata-se da relação entre as nações, vis a vis, no âmbito do comércio internacional e das relações diplomáticas entre elas, onde aquela que desejar apenas vender seus produtos às outras e não tem interesse em comprar produtos de nenhuma outra não conseguirá manter suas relações por muito tempo. Segundo, porque é através das importações é possível agregar novas tecnologias, máquinas e equipamentos que proporcionaram melhoria na qualidade, ganhos de escala e outros benefícios às empresas consequentemente tornando-as mais competitivas. E por último, os financiamentos às importações. A importância dessas últimas operações reside no fato de, para o importador, haver a possibilidade de realizar ganhos financeiros com operações de arbitragem de taxas de juros. Ou seja, o fato de importar uma mercadoria lhe dá acesso a uma linha de financiamento — obtida por 6 ele ou pelo vendedor do produto no exterior — que apresenta taxas de juros substancialmente mais baixas que as vigentes no mercado doméstico de crédito (RESENDE et al, 1997). O fato é que, neste cenário, muitas oportunidades estão surgindo para os profissionais no mercado de trabalho nesta área concomitantemente ao crescimento da participação do comércio exterior brasileiro no comércio internacional. Assim, acredita-se que o equilíbrio real do comércio internacional dê ao País o desenvolvimento tão esperado. Para isto, o governo brasileiro tem criado uma série de medidas como objetivo de contribuir e fomentar o desenvolvimento das exportações. Entre elas estão programas como Redeagentes, APEX, PEEs e ENCOMEX (MDIC, 2003). O DEPARTAMENTO DE COMÉRCIO EXTERIOR Em linhas gerais, as tarefas podem ser divididas em duas grandes áreas: Comercial e Administrativa. A comercial cuida das tarefas relacionadas às viagens a mercados selecionados, identificação de parceiros comerciais nestes mercados, orientação na elaboração de contratos entre as empresas, auxilio na negociação e gestão do mercado, co-coordenação para o desenvolvimento de novos produtos, publicidade, adequação dos produtos, planejamento para participação em feiras internacionais e rodadas de negócios. A função administrativa cuida dos assuntos relacionados à elaboração e envio de propostas, confirmação de pedidos, emissão de ordens de fabricação, contato com as áreas responsáveis pela produção, armazém, distribuição, compra de insumos, controle de toda logística de transporte, acompanhamento do faturamento, coordenação do desembaraço da mercadoria, do despacho de exportação ou importação, supervisão do pagamento/pagamento do exterior, elaboração de follow up de todo processo, pagamento dos agentes envolvidos no processo e finalmente, do controle e otimização da operação. Numa outra perspectiva, é imprescindível que o profissional que atue em comércio exterior conheça bem três dimensões desta área: a primeira diz respeito ao comércio exterior brasileiro, baseado em quatro pilares chaves, a saber: 1. O Sistema brasileiro de comércio exterior no que se refere às políticas operacionais e administrativas; 2. O Sistema Aduaneiro referente às normas que regem a movimentação de mercadorias, veículos e ou pessoas destinadas ao exterior ou vindas dele; 3. O Sistema Tributário, mais especificamente, a competência tributária determinada pelo Código Tributário Nacional, sobre fiscalização e tributação das operações relativas à entrada e saída de mercadorias, veículos e pessoas do território nacional na área de comércio exterior; 4. O Sistema Financeiro no que diz respeito ao câmbio, regras para entrada e saída de divisas, taxa de juros, operações cambiais, enfim, ao mercado brasileiro de câmbio. A segunda dimensão encontra-se associada ao Comércio Internacional, no que se refere aos acordos bilaterais e multilaterais, aos tratados, às convenções, aos usos e costumes uniformes existentes, economia internacional, situação política dos países, financiamentos internacionais em decorrência das relações comerciais existentes entre os países. Finalmente, a terceira dimensão diz respeito ao comércio exterior dos países com os quais a empresa pretende prospectar negócios. Com relação a esta última, devem-se observar os mesmos pilares referentes ao comércio exterior brasileiro, ou seja, o Sistema de comércio exterior do outro país, seu Sistema aduaneiro, financeiro e tributário. O PROFISSIONAL DE COMÉRCIO EXTERIOR De acordo com uma pesquisa realizada pela Catho Consultoria de Recursos Humanos, para o ―Estude Comex 2004‖ (DIDONE et al, 2004), boa parte dos profissionais que atua no comércio exterior brasileiro tem formação superior e domina pelo menos dois idiomas, inglês e espanhol. Quanto aos salários, a pesquisa constatou que essa é uma área relativamente elitizada. Para se ter uma idéia, um diretor de exportação no Brasil, por exemplo, pode receber mensalmente aproximadamente R$ 15 mil, enquanto um diretor de exportação e importação ganha entre R$ 10 a 12 mil. Como as possibilidades de desenvolvimento da carreira na área de comércio exterior se tornaram grandes, vários profissionais migraram de outras áreas para atuarem no comércio exterior e, por isso, a escolha do profissional que irá trabalhar na área de comércio exterior da empresa que pretende operar internacionalmente deve ser feita com cuidado. A atividade de comércio exterior, 8 como qualquer outra, deve ser planejada para não desperdiçar tempo e muito menos dinheiro com o desconhecimento das características peculiares que o mesmo envolve. De acordo com Lunardi (2000), o empresário, principalmente pequeno e médio, desconhece os riscos decorrentes das operações de comércio exterior, das suas particularidades, da sua complexidade. Desconhece que no comércio exterior a empresa convive com grandes diferenças, que vão de geográficas aos hábitos e costumes dos países. Para ele, o empresário pode ser surpreendido com questões de natureza política e até mesmo, por restrições de natureza religiosa. A realidade é ainda mais dura, pois, com a velocidade com que as informações são difundidas nos dias de hoje, os mercados estão mais integrados e o comércio exterior passou a ser uma atividade necessária e indispensável para muitas empresas, o que requer profissionais bem qualificados. Para algumas empresas, chega a ser uma questão de sobrevivência. Neste sentido, o profissional de comércio exterior irá se deparar com as mais diversas e inusitadas situações, que lhe exigirão conhecimento muito abrangente e muita criatividade para não colocar a empresa em situação de risco. No comércio exterior qualquer erro traz consigo custos que não são baratos. Os empresários brasileiros precisam desenvolver uma cultura que lhes permitam maior uso da criatividade como um dos fatores que diferencie a competitividade de suas empresas e as empresa estrangeiras. Para que isto ocorra é imprescindível ampliar o horizonte de visão e não apenas diversificar ou aumentar o volume das exportações com maior valor agregado. Um excelente profissional conhece muito bem o seu negócio como um todo. Conhece ainda todos os detalhes que permeiam o seu negócio, neste caso, o comércio exterior de seu país, o comércio internacional e o comércio exterior dos países com os quais mantêm ou pretende manter relações comerciais. Nesta perspectiva, os principais pontos relacionados à matéria que devem ser conhecidos são: Os aspectos culturais; o idioma internacional dos negócios, que é o inglês, no mínimo; as leis e regras que regem o comércio internacional; as práticas comerciais incorporadas pelos usos e costumes; contratos comerciais; instrumentos e garantias de pagamento/fornecimento dos produtos e ou serviços; os controles governamentais, bem como as cotas e licenciamento exigidos em cada nação; a política; a religião; as sanções internacionais; a relação com o meio ambiente e 9 direitos humanos; as normas técnicas; direitos dos consumidores; bem como a noção de valor e as especificidades de cada país. Outro ponto importante que o gestor deve estar bem atento refere-se à avaliação do mercado em que pretende atuar. A escolha correta do mercado pode trazer ganhos para a empresa ou não. Mas, a escolha errada certamente trará custos para a empresa e, em muitos casos, irá desestimulá- la a continuar buscando novos mercados no exterior, principalmente tratando-se de pequenas e médias empresas. Como o mercado não deve ser considerado de forma isolada, é importante identificar quais são os produtos da empresa que poderão ter maior possibilidade de sucesso no mercado escolhido. Uma ótima ferramenta para esta escolha é fazer a análise dos 4 P’s do Marketing ( Preço, Praça, Produto e Promoção). Não obstante, após a escolha do mercado e dos produtos inicia-se a busca por clientes. Optar por muitos clientes em vários países não é uma boa idéia, pois se corre o risco de desprender muita energia e obter poucos resultados. A atuação prática demonstra que é melhor começar com poucos ou até mesmo um único produto atendendo a poucos ou a um único mercado, até que se adquira mais experiência e conhecimento, podendo atuar com mais segurança no mercado internacional e a partir daí, buscar outros mercados. Neste sentido, a fim de conseguir prospectar clientes no exterior, as empresas ofertam seus produtos por diversos
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