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Contabilidade Social e Ambiental

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Prévia do material em texto

2016
Contabilidade SoCial e 
ambiental
Prof. Valdecir Knuth
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof. Valdecir Knuth
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
657
K67c Knuth; Valdecir 
 Contabilidade social e ambiental/ Valdecir Knuth : UNIASSELVI, 2016.
 217 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-996-1
 
 1.Contabilidade. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apreSentação
Caro acadêmico!
Diz o provérbio chinês que “podemos escolher o que semear, mas 
somos obrigados a colher aquilo que plantamos”. Assim, plantamos para 
você a semente do conhecimento na disciplina de Contabilidade Social e 
Ambiental e você poderá, ao fim da terceira unidade, colher os melhores 
frutos que conseguir.
No campo de valorização intelectual aplicável você estará à frente de 
outros profissionais, no momento em que se prepara para uma das profissões 
mais valorizadas nos tempos atuais. 
A Contabilidade Social e Ambiental irá lhe proporcionar 
os conhecimentos voltados à mensuração e evidenciação dos atos 
administrativos que culminam com reflexos na responsabilidade social dos 
empresários. Não é para menos, pois todas e quaisquer decisões tomadas 
pelos gestores de empresas possuem algum tipo de impacto social e/ou 
ambiental. A responsabilidade social dos gestores reflete na percepção 
da sociedade que tem por consequência maior ou menor aceitação dos 
produtos e serviços. E por sua vez, a percepção da sociedade reflete nos 
resultados econômicos e financeiros da empresa. Assim, é importante 
perceber que os recursos financeiros direcionados para a gestão ambiental 
não são meros gastos e sim investimentos que terão retorno garantido, seja 
na preservação ambiental que garantirá o futuro de nossas gerações ou 
no retorno econômico para a empresa, em função de fortalecer sua marca 
no mercado por ser considerada ecologicamente correta junto ao público 
consumidor cada vez mais exigente.
O conteúdo desta disciplina se divide em três unidades de ensino.
Assim, iniciaremos a Unidade 1 com o estudo sobre definições e 
conceitos do Balanço Social. Os usuários das informações contábeis têm 
interesse nessas informações. Os reflexos das decisões dos gestores provocam 
impacto no mercado, por exemplo, empresas que implantam programas 
na área de preservação ambiental são “melhores vistas” pela sociedade. 
O Balanço Social teve origem na Europa, mas no Brasil também ocorreu a 
aprovação da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais que, apesar de 
extremamente simples se comparado ao Balanço Social francês, já permitiu 
os primeiros passos para essa mentalidade. Com a elaboração e utilização do 
Balaço Social, é possível avaliar o montante da geração de riqueza da empresa 
e como foi distribuída com investimentos em treinamento, implantação de 
programas de saúde e alimentação na empresa, dentre outros.
IV
No decorrer da Unidade 2 estudaremos os elementos que compõem 
o Balanço Social. No período do pós-guerra na Europa, o empenho na 
construção de uma sociedade mais solidária e responsável foi fundamental 
para o pensamento de se constituir empresas com investimentos na área 
social e ecologicamente corretas. Cada país implantou o seu modelo de 
Balanço Social com vistas a atender aos seus usuários de acordo com suas 
necessidades. A França teve preocupação com as “células sociais” nas 
empresas. Em Portugal, a maior ênfase concentrava-se nas ações da empresa 
para contribuir com a melhoria das condições de vida da sociedade em geral. 
A Bélgica desenvolveu seu Balanço Social baseado na ideia de perenidade da 
empresa no mercado. A Holanda mantinha preocupação com as estatísticas e 
empregos. E assim cada país teve sua realidade. No Brasil, o modelo adotado 
é o do IBASE, que foi promovido por Herbert de Souza (Betinho). Depois de 
conhecer o Balanço Social dos países da Europa e do Brasil, você irá estudar 
a Demonstração do Valor Adicionado – DVA, que apresenta as informações 
geradas para avaliar o valor adicionado na empresa após a distribuição da 
riqueza por ela gerada.
Para finalizar, na Unidade 3 abordaremos a definição e utilidade da 
Contabilidade Ambiental. Você irá conhecer o que são os Ativos Ambientais, 
os Passivos Ambientais, as Despesas e os Custos Ambientais. Essas contas 
são importantes para que se consiga mensurar quanto, como e onde são 
aplicados os recursos consumidos pelas atividades operacionais da empresa 
e que possuem algum tipo de impacto ambiental. A implantação de um 
Sistema de Gestão Ambiental – SGA, que atenda à legislação ambiental, 
contribui para inserir a empresa em um ambiente ecologicamente correto. 
Você também irá estudar a Demonstração do Resultado Abrangente – DRA, 
que apresenta as mutações ocorridas no patrimônio líquido resultantes das 
transações e demais operações que não se relacionam com os sócios. E por 
final, você estudará os conceitos e a importância do empreendedorismo e 
saberá como o empreendedor pode constituir sua empresa devidamente 
planejada a partir da elaboração de um plano de negócios, além de conhecer 
um modelo de plano de negócios aplicado à área ambiental.
Bons estudos!
Prof. Valdecir Knuth
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 – O BALANÇO SOCIAL ................................................................................................ 1
TÓPICO 1 – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL ................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONCEITUAÇÃO DE BALANÇO SOCIAL ................................................................................... 3
2.1 ORIGEM DO BALANÇO SOCIAL ............................................................................................... 6
2.2 CONCEITOS DO BALANÇO SOCIAL ........................................................................................ 15
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 22
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICASDO BALANÇO SOCIAL ......................................................... 25
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25
2 APRESENTAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL ................................................................................... 25
2.1 MODELOS DO BALANÇO SOCIAL ............................................................................................ 32
2.2 ELABORAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL ................................................................................... 33
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 36
TÓPICO 3 – FONTES DE INFORMAÇÃO PARA O BALANÇO SOCIAL ................................. 37
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37
2 ASPECTOS DA INFORMAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL .......... 37
2.1 CONTRIBUIÇÃO PARA AS EMPRESAS E SOCIEDADE ........................................................ 38
2.1.1 Indicadores sociais internos .................................................................................................. 39
2.1.2 Indicadores sociais externos .................................................................................................. 45
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 51
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52
UNIDADE 2 – MODELOS DE BALANÇO SOCIAL ........................................................................ 53
TÓPICO 1 – BALANÇO SOCIAL NA EUROPA ............................................................................... 55
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55
2 MODELO DO BALANÇO SOCIAL FRANCÊS ............................................................................. 56
3 MODELO DO BALANÇO SOCIAL PORTUGUÊS ....................................................................... 68
4 MODELO DO BALANÇO SOCIAL BELGA................................................................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84
TÓPICO 2 – O BALANÇO SOCIAL NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 CONCEITO HISTÓRICO DO BALANÇO SOCIAL BRASILEIRO ........................................... 87
3 A REGULAMENTAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL BRASILEIRO ............................................ 90
3.1 MODELO DO BALANÇO SOCIAL BRASILEIRO ..................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 107
Sumário
VIII
TÓPICO 3 – DVA – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO........................................ 109
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 109
2 CONCEITOS RELACIONADOS COM A DVA ............................................................................. 109
3 ASPECTOS LEGAIS RELACIONADOS COM A DVA ................................................................ 112
3.1 CONCEITO E APLICAÇÃO DA ACCOUNTABILITY ............................................................... 114
4 APURAÇÃO E MODELO DE DVA ................................................................................................... 117
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 126
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 127
UNIDADE 3 – CONTABILIDADE AMBIENTAL, GESTÃO AMBIENTAL, 
 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE – DRA E 
EMPREENDEDORISMO ............................................................................................ 129
TÓPICO 1 – ESTRUTURA DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ............................................... 131
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 131
2 CONTABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................................................... 131
2.1 MEIO AMBIENTE E CONTABILIDADE ..................................................................................... 138
2.2 ATIVO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 140
2.3 PASSIVO AMBIENTAL................................................................................................................... 142
2.4 RECEITAS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ...................................................................... 148
2.5 CUSTOS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ......................................................................... 149
2.6 DESPESAS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................... 154
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 157
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 158
TÓPICO 2 – BALANÇO AMBIENTAL (ECOBILAN), LEGISLAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL 
 E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE – DRA ............................ 159
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 159
2 BALANÇO CONTÁBIL AMBIENTAL – ECOBILAN ................................................................... 159
2.1 ECOBALANÇO ................................................................................................................................ 161
2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ......................................................................................................... 167
3 GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ......................................... 168
3.1 INTERNATIONAL STANDARDS FOR BUSINESS – ISO 14001 ............................................... 173
3.2 DANO AMBIENTAL E GESTÃO DE RESÍDUOS ...................................................................... 175
3 CONCEITOS RELACIONADOS COM A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 
ABRANGENTE – DRA ........................................................................................................................ 180
3.1 ASPECTOS LEGAIS DA DRA ....................................................................................................... 181
3.2 MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE – DRA .....................182
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 183
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 184
TÓPICO 3 – EMPREENDEDORISMO RELACIONADO À GESTÃO AMBIENTAL ............... 185
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 185
2 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DO EMPREENDEDORISMO ......................... 185
3 O PERFIL DO EMPREENDEDOR .................................................................................................... 188
4 IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES .......................................................................................... 193
5 PLANO DE NEGÓCIOS...................................................................................................................... 195
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 207
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 209
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 210
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 211
1
UNIDADE 1
O BALANÇO SOCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os conceitos relacionados ao Balanço Social;
• identificar os principais usuários da informação contábil que utilizam o 
Balanço Social;
• conhecer a origem do Balanço Social;
• compreender o enfoque utilizado nos Estados Unidos sobre o Balanço 
Social;
• compreender as características do Balanço Social;
• estudar e compreender a apresentação do Balanço Social;
• compreender as informações geradas pelos modelos do Balanço Social;
• identificar as informações que são necessárias para elaborar o Balanço 
Social;
• compreender o que são e quais são os benefícios da informação gerada 
pelos indicadores sociais internos e externos da empresa.
Esta unidade está dividida em três tópicos, a fim de auxiliá-lo na compreensão 
das noções básicas do Balanço Social, suas origens e finalidade como fonte 
de informação para a análise dos indicadores sociais internos e externos que 
podem contribuir para a análise da responsabilidade social das empresas 
com a sociedade e o meio ambiente.
TÓPICO 1 – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS DO BALANÇO SOCIAL
TÓPICO 3 – FONTES DE INFORMAÇÃO PARA O BALANÇO SOCIAL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
O Balanço Social talvez seja um dos principais demonstrativos que 
surgiram para evidenciar a participação das empresas com a finalidade de 
melhorar a qualidade de vida das pessoas no contexto social, econômico e 
ambiental, onde a empresa está inserida. 
No decorrer deste tópico você irá estudar os principais conceitos de 
Balanço Social, conhecer os diversos usuários desta ferramenta e compreender os 
tipos de informações que esses usuários utilizam.
É muito importante também conhecer as origens do Balanço Social e saber 
da sua ramificação como ciência na área contábil.
Em se tratando de um demonstrativo que visa apresentar os aspectos 
sociais da empresa em relação à sociedade e o próprio meio ambiente, é 
importante frisar que a empresa possui responsabilidade social sobre todos os 
atos concernentes à agressão ao meio ambiente também.
2 CONCEITUAÇÃO DE BALANÇO SOCIAL
A Contabilidade, como ciência, é um instrumento que tem como finalidade 
controlar o patrimônio da empresa e registrar os atos e fatos resultantes da 
qualidade da tomada de decisão dos administradores.
Com o objetivo de controlar a riqueza patrimonial, a Contabilidade deve 
apurar os resultados e apresentá-los aos seus diversos usuários, possibilitando 
que estes realizem o melhor planejamento para uma tomada de decisão.
Os usuários da Contabilidade podem ser todas as pessoas – físicas ou 
jurídicas, públicas ou privadas, internas ou externas – que tenham algum tipo 
de interesse nos resultados da empresa ou entidade. Esses usuários podem ser: 
governos nos diversos níveis, administradores, sócios ou acionistas, fornecedores, 
financiadores e demais credores, clientes, empregados, integrantes do mercado 
financeiro e de capitais, entre outros. 
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
4
Complementando, Araújo (2009, p. 5-6) afirma que “em geral, toda 
pessoa, física ou jurídica, possui algum patrimônio; logo, podemos dizer que 
todos se interessam pela informação contábil”. Conforme o interesse do usuário, 
a informação contábil pode servir a diversos propósitos:
- Os proprietários: todo empresário, que pode ser um acionista ou 
quotista, necessita saber se as diretrizes traçadas estão sendo seguidas 
e se os objetivos da empresa estão sendo alcançados, [...]
- Os administradores: por meio da Contabilidade, os administradores 
poderão realizar o devido planejamento de suas ações, assim como 
acompanhar os resultados, uma vez que a maioria das decisões de 
uma empresa envolve aspectos financeiros. [...]
- Os fornecedores de bens e serviços: aquele que vende bens ou presta 
serviços a prazo necessita saber se o seu cliente possui condições 
financeiras necessárias para liquidar a operação na data combinada. 
[...]
- Os banqueiros: Os bancos [...], para conceder crédito a seus clientes, 
eles precisarão proceder à devida análise cadastral e contábil para se 
assegurarem de que a concessão de empréstimo não gerará prejuízos.
- O governo: como sabemos, a principal fonte de arrecadação de receita 
para os três níveis de governo (federal, estadual e municipal) são os 
tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria). A maioria deles 
é calculada com base nas informações fornecidas pela Contabilidade. 
[...]
- Os sindicatos: os empregados também constituem um dos principais 
interessados pelas informações contábeis, principalmente no que se 
refere às questões salariais e de participação nos lucros.
- Os economistas: esses profissionais somente poderão realizar suas 
análises macro e microeconômicas se souberem utilizar devidamente 
as informações contábeis.
- Os auditores: os profissionais de auditoria são contratados para 
emitir uma opinião sobre a adequação ou não dos demonstrativos 
contábeis. [...]. (ARAÚJO, 2009, p. 5-6, grifo nosso).
Silva (2010, p. 8) também nos permite identificar os tipos de usuários da 
contabilidade e suas respectivas finalidades de obterem as informações geradas 
por esta área:
Usuários Internos
Sócios e 
Gestores
- Aumentar ou reduzir investimentos.
- Aumentar o capital ou emprestar recursos.
- Expandir ou reduzir as operações.
- Comprar/vender à vista ou a prazo.
Usuários Externos
Instituições 
Financeiras 
- Conceder ou não empréstimos. 
- Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias).
QUADRO 1 – USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
5
Clientes e 
Fornecedores 
em geral
- Avaliação com vista à concessão ou não de crédito, em que valor e 
a que prazo.
- Informações sobre a continuidade operacional da entidade, 
especialmente quando têm um relacionamento a longo prazo com ela, 
ou dela dependem como fornecedor importante. 
Investidores
- Adquirir ou não o controle acionário.
- Investir ou não em ações na bolsa de valores.
- Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial de retorno 
proporcionado (dividendos).
Comissão 
de Valores 
Mobiliários
- Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de capital 
aberto respondem aos requisitos legais domercado de valores 
mobiliários, como periodicidade de apresentação, padronização e 
transparência.
Poder 
Judiciário - Solicitação e apreciação objetiva de perícia.
Fiscalização 
Tributária - Buscar indícios de sonegação de impostos.
Comissões de 
Licitação
- Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro 
próprio, da solidez econômico-financeira, buscando identificar se há 
garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos 
bens ou serviços.
O art. 31, da Lei Federal nº 8.666/93, prevê que o uso de índices 
extraídos das demonstrações contábeis limitar-se-á à demonstração da 
capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que 
terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato.
Empregados e 
Sindicatos
- Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus 
empregadores (solvência, distribuição de lucros etc.)
- Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover sua 
remuneração, seus benefícios de aposentadoria e oferta de 
oportunidades de emprego.
FONTE: Silva (2010, p. 8)
Com a classificação dos tipos de usuários, Araújo (2009) e Silva (2010) 
proporcionam uma melhor visualização sobre o que o gestor financeiro pode 
obter da contabilidade, e essas informações contábeis são geradas e transmitidas 
pela emissão de relatórios. Mas não são todos os tipos de relatórios que são 
obrigatórios por lei. Um relatório gerencial onde se apresenta a margem de 
contribuição por unidade produzida (ou um relatório de orçamento anual) é um 
relatório gerencial interno, ou seja, não há obrigatoriedade em apresentar essas 
informações para o mercado.
A ciência contábil evolui com as transformações da sociedade e, desta 
forma, não pode permanecer inerte apenas à divulgação das demonstrações 
contábeis e financeiras. Assim, como todas as outras ciências, a Contabilidade 
deve ser estudada em seus vários aspectos, em que cada um deles estuda o 
patrimônio sob determinada visão específica. 
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
6
Desta forma, a Contabilidade tem a premissa de medir e demonstrar com 
o uso do Balanço Social, para a empresa e também para a sociedade, o quanto 
se está fazendo para o bem-estar social da comunidade em geral, possibilitando 
a identificação de oportunidades para que a própria organização identifique 
caminhos para melhorar suas ações. 
Conforme Gomes e Torres (apud GOMES; TORRES; GARCIA, 2013, 
p. 107), o balanço social “[...] objetiva tornar pública a responsabilidade social 
empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio 
ambiente”.
2.1 ORIGEM DO BALANÇO SOCIAL
A área contábil, como Ciência Social, deverá estudar a riqueza patrimonial 
gerada pela empresa, utilizando-se de instrumentos necessários para divulgar 
aos seus diversos tipos de usuários, além das informações geradas de caráter 
econômico-financeiro e as informações de caráter humano, social e ecológico, 
promovendo, desta forma, a evidenciação de uma parcela de comprometimento 
da empresa frente ao bem-estar da comunidade.
Todos os movimentos sociais existentes desde a pré-história, todas as 
alterações nos seus diversos tipos de comportamentos, têm motivado mudanças 
nos comportamentos dos seres humanos – na sua forma de vestir, de consumir, 
de moradia, entre outros – que causam consequentemente modificações no 
patrimônio das entidades.
Na última década, uma nova escola surgiu, conhecida como “economia 
comportamental”. Esta nova escola foca-se no próprio comportamento 
humano, em vez de forças de mercado abstratas, e considera esse 
comportamento como um meio para compreender a maneira pela qual 
tomamos decisões financeiras. Economia comportamental descreve a 
natureza e poder das relações humanas, suas colaborações e mostra a 
extensão de como tendências e percepção fundamental da economia 
humana dependem de valores de mutualidade. (A ECONOMIA, 2016, 
p. 1).
Isso quer dizer que as mudanças no comportamento humano é que ditam 
as regras nas economias de mercado e no consumo. Isso tem profundo reflexo no 
resultado da empresa, pois a cada período curto de tempo as empresas necessitam 
criar, elaborar, alterar e sempre oferecer novos produtos e serviços para que as 
pessoas possam consumir.
E temos como reflexo a própria necessidade das empresas se prepararem, 
se adequarem e oferecer subsídios para que seus funcionários se sintam seguros 
e confortáveis no seu ambiente de trabalho. 
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
7
2.1 ORIGEM DO BALANÇO SOCIAL
“Seguros” no sentido de atuarem em uma empresa que possa oferecer 
níveis de empregabilidade suficiente para que o funcionário não tenha receios ou 
arrependimentos futuros pela mudança de emprego.
É comum que empresas com características de gestão extremamente 
autoritárias não ofereçam nenhum tipo de segurança e a mínima condição de 
ambiente de trabalho em equipe. São duas coisas antagônicas: Modelo de Gestão 
Autoritário x Modelo de Gestão Participativa.
Em se tratando de “confortáveis”, é quando a empresa oferece um 
ambiente de trabalho onde o funcionário possa sentir-se ao mínimo motivado em 
poder atuar em um Modelo de Gestão Participativa.
Martins (1999) destaca que a Contabilidade Social tem como objetivo 
principal procurar estudar e evidenciar, na medida em que for possível, a 
identificação, os efeitos que determinadas variações no patrimônio das empresas 
causam na sociedade, num sentido amplo.
Então, percebe-se que, com o advento da Contabilidade Social, a sociedade 
demonstrou ter interesse em exigir cada vez mais das empresas, uma maior 
clareza das suas ações, ações estas que possam enquadrar as organizações na 
responsabilidade por seus atos. 
Com isso, nasce determinada consciência crítica e que se desenvolve 
na sociedade, obrigando que as empresas assumam a implantação de um 
planejamento cada vez mais rigoroso, que resulte em ações efetivas. 
Conforme Gonçalves (1980, apud SILVA; FREIRE, 2001, p. 15-16): 
No Brasil, os primeiros ventos de mudança de mentalidade empresarial 
já podem ser notados desde meados da década de 60. E, nesse sentido, 
a Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas”, publicada 
em 1965, é um marco histórico incontestável do início da utilização 
explícita da expressão responsabilidade social diretamente associada às 
empresas e da própria relevância do tema relacionado à ação social 
das empresas no país. [...]
“Já em 1965 aprovava a ‘Carta de Princípios do Dirigente Cristão de 
Empresas’, na qual se salienta a consciência de que ‘as crises e tensões 
do mundo contemporâneo devem-se a que as instituições econômico-
sociais vigentes se afastaram dos princípios e das exigências da 
justiça social e que os antagonismos de classe, os aberrantes desníveis 
econômicos, o enorme atraso de certas áreas do país decorrem, em 
parte, de não ter o setor empresarial tomado consciência plena de suas 
responsabilidades sociais’”.
 
Desta forma, é possível observar a mudança de comportamento dos seres 
humanos, pois enquanto os consumidores buscam produtos e serviços com 
qualidade e preço adequado, querem aliar a esses fatores a análise das políticas 
e das atitudes praticadas pelos gestores das organizações, e sua relação com a 
comunidade e com o meio ambiente.
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
8
Conforme Bowen (1957, p. 14-15 apud REIS; MEDEIROS, 2009, p. 10), 
“a expressão responsabilidades sociais dos homens de negócios [...] refere-se às 
obrigações dos homens de negócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir 
linhas de ação que sejam compatíveis com os fins e valores de nossa sociedade”.
A Contabilidade pode e deve ser estudada sob enfoques particulares, 
enfoques estes denominados de especializações. Para facilitar o estudo contábil, 
ramifica-se esse conjunto em partes menores, a fim de compreender melhor sua 
organização, mas sem jamais perder a visão global do resultado contábil.
Portanto, a ciência contábil pode ramificar-se em várias especializações, 
tais comoa Contabilidade Gerencial, Contabilidade Agrícola, Contabilidade 
Pública, Contabilidade Comercial, e cada uma delas tem a incumbência de 
estudar o patrimônio da empresa sob uma ótica particular, conforme especifica a 
necessidade respectiva de cada ramificação. O que determina essas ramificações 
são as diversas atividades desenvolvidas pelas organizações, as suas políticas e 
diretrizes adotadas, os interesses dos usuários em relação ao modelo de gestão 
dessas empresas, as normas governamentais, entre outras.
No entanto, mesmo que se subdivida a entidade em vários subsistemas, é 
importante compreender que ela é um conjunto de atividades de cada subsistema que 
busca o equilíbrio entre suas diversas partes, e para que se alcance o melhor resultado 
efetivo, todas as ramificações do subsistema devem convergir para a mesma direção.
FIGURA 1 – RAMIFICAÇÃO DA CIÊNCIA SOCIAL
Objeto de
estudo
Patrimônio 
aziendal, 
relacionado 
com 
ambiente 
endógeno e 
exógeno da 
organização
Demonstração 
Principal
Espécie de 
gestão
Forma de 
Controle
Balanço Social Participativa (gestão social) Auditoria social
Ciência 
Contábil Outras
Contabilidade 
Comercial
Contabilidade 
de Custos
Contabilidade 
Social
Contabilidade 
Gerencial
Contabilidade 
Agrícola
Fonte: Kroetz (2000, p. 52)
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
9
Com o quadro anterior podemos entender que a Contabilidade Social é 
uma das ramificações entre as demais existentes para apresentar os resultados das 
empresas no mercado. Observa-se inicialmente, neste quadro, que as informações 
da Contabilidade Social são geradas a partir da Demonstração Principal da 
empresa, ou seja, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do 
Exercício, que culminam na elaboração do Balanço Social. 
Kroetz (2000, p. 53) ainda destaca que a “[...] Contabilidade Social pode 
ser compreendida como uma parte da ciência contábil que procura estudar os 
impactos dos fenômenos patrimoniais nas entidades (especificamente em relação 
aos funcionários), na sociedade e no meio ambiente”. 
Corroborando com o autor, a Contabilidade Social visa buscar evidenciar 
ou apurar a verdade sobre a circulação da riqueza da empresa, desta forma, 
procurando registrar e demonstrar dados sobre a atividade social e ambiental 
da organização em todo e qualquer momento. Segundo Ferrel (2001 apud REIS; 
MEDEIROS, 2009, p. 15), “sendo a responsabilidade social a obrigação que a 
empresa assume perante a sociedade no compromisso de maximizar os impactos 
positivos e minimizar os negativos”.
Para entender melhor essa sistemática, vamos observar a figura a seguir, 
que demonstra que todas as ações tomadas pela empresa culminam com o 
cumprimento legal ao qual a empresa está inserida na nação.
FIGURA 2 − DEGRAUS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
FONTE: Adaptado de Archie (1991, p. 42, apud FERREL, 2001, p. 68)
FILANTRÓPICO: restituir à sociedade o que dela foi recebido.
ECONÔMICO: maximizar para o stakeholder a riqueza e/ou o valor.
ÉTICO: seguir padrões de conduta aceitável, da maneira definida pelos stakeholders.
LEGAIS: cumprir todas as leis e regulamentos do governo.
Podemos observar na figura anterior que a empresa tem o compromisso de 
restituir à sociedade, de alguma maneira, o que dela recebeu, muitas vezes como 
incentivos fiscais com isenções de impostos para a instalação dos seus parques 
fabris, e assim a empresa restitui com a construção de creches ou campanhas para 
doações para escolas e hospitais, o que é uma prática muito comum em empresas 
multinacionais instaladas no Brasil. As campanhas muitas vezes podem não ser 
necessariamente em espécie, pois há outras formas de doações, por exemplo, 
atividades realizadas pela Nestlé: “Por meio das parcerias formadas com 
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
10
entidades, associações, escolas e empresas, a Nestlé realiza patrocínios e doações 
com foco nas temáticas Nutrição, Água e Desenvolvimento Rural”. (DOAÇÕES, 
2016, p. 1).
Como forma de apresentar os dados da Contabilidade Social originou-
se o Balanço Social, uma demonstração cuja intenção é apresentar as influências 
de origem social e ambiental, resultante da interação da empresa com o meio 
ambiente e o bem-estar social.
Conforme Tinoco e Kraemer (2011, p. 65),
[...] certos pesquisadores na Europa e nos EUA constroem um sistema 
de contabilidade social. Informações sobre quantidades físicas e 
informações qualitativas completam os demonstrativos contábeis, 
visando a um melhor conhecimento da evolução social na empresa 
e na nação. Arrolam-se aí fatores mensuráveis, tais como emprego, 
condições de trabalho e informações qualitativas, como o bem-estar, 
além de suas relações com o meio ambiente.
Percebe-se que neste momento os trabalhadores passaram a fazer 
exigências às organizações no sentido de obterem informações relativas a seu 
desempenho econômico e social, desta forma ampliando a informação que 
as empresas forneciam, incorporando as sociais, tendo em vista a discussão 
da responsabilidade social, e, por consequência, melhorando o processo de 
transparência entre a sociedade e empresas.
Segundo Tinoco e Kraemer (2011, p. 65): 
Em França, organismos patronais e associações profissionais publicam 
diferentes modelos de tableu de bord social. Nesse país, a partir de 1970, 
as empresas passaram a publicar uma bateria de indicadores sociais, 
concernentes à gestão do pessoal, ao clima organizacional, juntamente 
com os indicadores financeiros tradicionais. Os indicadores contidos 
nesse quadro têm duplo objetivo, [...]: – “ajudar a direção da empresa 
a gerir segundo processo habitual de controle, que compreende quatro 
fases sucessivas: informação, decisão, ação e análise dos resultados; 
e conservar e incrementar a rentabilidade empresarial, evitando o 
descontentamento do pessoal suscetível de afetar a produtividade”. 
Nos Estados Unidos, as principais características desenvolvidas dos 
modelos dirigiram-se exclusivamente aos aspectos sociais públicos, à diminuição 
da violência e melhoria da relação entre consumidores e empresas.
Segundo Danziger (1983, apud Tinoco, 2010, p. 2): 
A partir dos anos 50, especialmente nos EUA, e na Europa, uma 
mutação ocorre no sistema de valores. Nesses países, os cidadãos no 
contexto da nação, os assalariados na empresa, adotam uma posição 
prioritária, que consistia em que a repartição do bem-estar social 
pareceria doravante mais importante do que a segregação da riqueza.
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
11
Prosseguindo sobre as características dos modelos de Balanço Social 
desenvolvidos nos Estados Unidos, corroboram Reis e Medeiros (2009, p. 39): 
Nos Estados Unidos, questões sobre a responsabilidade social 
decorrente das atividades das empresas somente vieram à tona na 
década de 60 do século XX. A Guerra do Vietnã, com a utilização 
de armamentos sofisticados, que prejudicou o homem e o meio 
ambiente, e a discriminação de raça e sexo no emprego, fizeram com 
que a população debatesse mais abertamente a questão da posição das 
empresas perante a sociedade e exigisse uma posição mais ética.
Observe, no quadro a seguir, qual é o enfoque dado por cada agente 
propositor nos Estados Unidos em relação à fundamentação e divulgação do 
Balanço Social.
QUADRO 2 – ENFOQUE UTILIZADO NOS ESTADOS UNIDOS NA ELABORAÇÃO DO BALANÇO 
SOCIAL
País Datas Agente Propositor Fundamentação
Estados 
Unidos
Anos 
60
Igrejas, 
fundações, 
organizações 
caritativas, 
associações 
de antigos 
combatentes 
de guerra da 
Coreia e Vietnã.
Questionamentos sobre responsabilidade social, 
Guerra do Vietnã, prejudicando o homem e o meio 
ambiente, através, principalmente, de armas químicas; e 
discriminação sobre posição ética das empresas perante 
a sociedade.
1962 NASA
Solicita ao professor Raymond Bauer investigações 
sobre as consequências socioculturais do programa 
espacial, visando averiguar a responsabilidade social do 
empreendimento.
1971 ABT Associates
Publicaa Conta de Exploração Social, em virtude das 
consequências, principalmente da Guerra do Vietnã, 
referentes à fabricação de armamentos, poluição e 
exploração de reservas naturais.
As organizações começam a apresentar, anualmente, 
relatórios dos resultados obtidos com investimentos 
sociais. Enfoque: o homem na empresa e a empresa na 
sociedade.
1999 DJSI
Define a sustentabilidade de acordo com critérios 
econômicos, sociais e ambientais, efetuando a divulgação 
de informações através do Social Audit.
Social Audit, relatório econômico-social, com conotação 
ampla, voltado, basicamente, para o meio externo: 
ênfase para os consumidores/clientes e a sociedade em 
geral; qualidade dos produtos, controle da poluição, 
contribuição da empresa às obras culturais; transporte 
coletivo e outros benefícios à coletividade; abordagem 
de caráter ambiental.
FONTE: Reis e Medeiros (2009, p. 40)
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
12
Nos Estados Unidos, pelo que se observa no quadro anterior, as igrejas 
e demais fundações e associações têm preocupação com o meio ambiente em 
relação ao ser humano, como no caso a destruição provocada por guerras, e qual 
é o impacto no ser humano. A NASA, por sua vez, possui uma preocupação maior 
relacionada ao ser humano na exploração espacial e aos impactos dos programas 
espaciais nos aspectos socioculturais da humanidade. A ABT possui necessidades 
para a apuração das relações da empresa com o ser humano e vice-versa. E, 
por fim, a DJSI possui preocupação com a necessidade da auditoria ambiental, 
lembrando que os impactos ambientais nem sempre são mensurados de forma 
correta (os custos ambientais são exteriorizados, absorvidos pela sociedade com 
o deslocamento das pessoas para os grandes centros urbanos), e as empresas que 
poluem o meio ambiente deveriam mensurar corretamente os custos ambientais 
e serem auditadas.
Para termos uma ideia da poluição além do ambiente terrestre, veja o que 
diz Araia (2013, p. 1): “Um novo relatório da Agência Espacial Europeia revela 
que já existem mais de 170 milhões de destroços de objetos na órbita da Terra”. 
Veja também essa foto da NASA em relação à existência de todo o lixo espacial ao 
redor do planeta Terra:
FIGURA 3 – LIXO ESPACIAL
FONTE: Disponível em: <http://acervo.avozdaserra.com.br/sites/default/files/noticias/lixo-
espacial_0.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2019.
Com a foto acima, percebe-se que o ser humano não está apenas poluindo 
o meio ambiente no planeta Terra, mas também o espaço, com lixo orbital. 
Lembrando que há a necessidade para o desenvolvimento das pesquisas na 
área da ciência, mas também há a necessidade em controlar e eliminar os “restos 
espaciais”.
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
13
Prossegue Tinoco (2010, p. 3) dizendo que “esse estado de coisas levou ao 
surgimento do Balanço Social, especialmente na França, em 1977”.
O que ocorreu foi que, na França, alguns pesquisadores se propuseram 
a reunir e comentar dados estatísticos, visto que perceberam que com este 
trabalho a abordagem dos problemas socioeconômicos da nação se traduzia com 
mais propriedade. Desta forma aconteceu a evolução da Contabilidade, que sob 
influência de pressões sociais exigiu uma revolução nos procedimentos contábeis 
até então aplicados.
Segundo Paschoal (2016, p. 1, grifo do autor):
 
Lei de 1977 tornou o balanço obrigatório
Na França, em 12 de julho de 1977, foi aprovada a Lei 77.769, que 
tornava obrigatória a realização de balanços sociais periódicos para 
todas as empresas com mais de 700 funcionários. Esse número caiu 
depois para 300 funcionários. 
Podemos entender então que ocorreu uma substancial concentração no 
enfoque no bem-estar do desempenho dos funcionários nas empresas, ou seja, 
houve uma maior preocupação inicialmente em relação aos empregados, como 
remuneração e encargos, condições de higiene e segurança do trabalho, formação 
e outras condições de trabalho.
A lei, inédita para a época, não contemplou uma série de informações de 
caráter econômico e ambiental que trabalhadores e outros usuários gostariam de 
ver publicadas nos relatórios contábeis.
Porém, a maior concentração de informações, no entendimento de Martins 
e Ribeiro (1995, p. 2), estabelece que:
[...] as empresas necessitam empenhar-se em: manutenção de 
condições saudáveis de trabalho, segurança, treinamento e lazer para 
seus funcionários e familiares; contenção ou eliminação de resíduos 
tóxicos, decorrentes de seu processo produtivo e do uso ou consumo 
de seus produtos, de forma a não agredir o meio ambiente de forma 
geral; elaboração e entrega de produtos ou serviços, de acordo com 
as condições de qualidade e segurança desejadas pelos consumidores.
Em Portugal também houve iniciativas em relação aos aspectos da 
implantação do Balanço Social. Kroetz (2000) coloca as seguintes características 
da lei portuguesa: a obrigatoriedade de apresentação do Balanço Social por 
parte de empresas públicas e privadas com mais de 100 empregados, e que seja 
realizada sob a forma de formulário. As informações apresentadas no Balanço 
Social atendem basicamente à área de recursos humanos.
Vamos verificar no quadro a seguir o enfoque que os principais países 
adotaram para implantar os conceitos e práticas da elaboração do Balanço Social.
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
14
QUADRO 3 – BALANÇO SOCIAL – PANORAMA INTERNACIONAL
País Balanço Social – Enfoque
Estados 
Unidos
Ênfase para os consumidores/clientes e a sociedade em geral; qualidade dos 
produtos, controle da poluição, contribuição da empresa às obras culturais, 
transportes coletivos e outros benefícios à coletividade; abordagem de caráter 
ambiental.
Holanda Enfoque para informações sobre as condições de trabalho.
Suécia Ênfase nas informações para os empregados.
Alemanha Enfoque às condições de trabalho e aos aspectos ambientais.
Inglaterra Forte discussão sobre a responsabilidade social e grandes pressões para divulgação mais ampla dos relatórios sociais.
França Enfoque para informações aos empregados; nível de emprego, remuneração, condições de trabalho e formação profissional.
Fonte: Luca (1998, p. 25)
Observa-se no quadro anterior que o Balanço Social não possui uma 
metodologia única, pois cada país possui um enfoque diferenciado, não 
abandonando seu objetivo principal que é demonstrar a todos, público interno 
e externo, o quanto a empresa realiza em benefício do bem-estar da sociedade. 
O público interno, que são os colaboradores da empresa, tem um destaque 
em especial, pois com eles a empresa busca atingir a satisfação da sociedade. 
Os colaboradores são basicamente os principais comunicadores das influências 
positivas ou negativas que a empresa exerce sobre o meio em que interage.
Vários autores, inclusive da literatura brasileira, também se posicionaram 
sobre o Balanço Social. Vejamos conceitos de vários autores, abordados por 
Mazzioni (2005 apud TINOCO, 2010, p. 6), conforme apresentado no quadro a 
seguir.
QUADRO 4 – IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL
Autor Importância do Balanço Social
TAYLOR, 1980 É o instrumento mais apto, considerando-se suas limitações para apoiar o comportamento social.
TINOCO, 1984
Instrumento de gestão e de informação que visa reportar 
informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho 
das entidades.
SÁ e SÁ, 1995 Representa a expressão de uma prestação de contas da empresa à sociedade em face de sua responsabilidade para com a mesma.
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
15
FONTE: Mazzioni (2005 apud TINOCO, 2010, p. 6).
Observa-se que os pesquisadores que constam neste quadro anterior 
referem-se ao Balanço Social como a proposta de ser uma alternativa viável 
para que as empresas possam divulgar para a sociedade em geral quais são 
as atividades desenvolvidas por elas, sempre em prol do bem-estar social e 
econômico dos colaboradores, assim como a própria sustentabilidade da empresa 
no ambiente onde atua. 
ANDREOLLA, 1997
Instrumento de medida do desempenhoda empresa no campo 
social, considerando a tríplice realidade da empresa: econômico-
financeira, pessoal-humana, político-social.
DE LUCA, 1998 Instrumento de medida que permite verificar a situação da empresa no campo social.
KROETZ, 2000 Instrumento de controle e de auxílio para a tomada de decisões e adoção de estratégias.
KROETZ, 2000 Aborda questões que mostram com transparência as informações sobre a atuação social da empresa.
SUCUPIRA, 2001
Um conjunto de informações sobre as atividades desenvolvidas 
por uma empresa, em promoção humana e social, dirigidas aos 
seus empregados e à comunidade onde está inserida.
TINOCO, 2001 Pode contribuir para modificar a imagem pública da empresa, do próprio pessoal e do público em geral.
IUDÍCIBUS, 
MARTINS e 
GELBCKE, 2003
O Balanço Social tem por objetivo demonstrar o resultado da 
interação da empresa com o meio em que está inserida.
MAZZIONI, 2005
O Balanço Social busca oportunizar a oferta de instrumentos 
válidos, capazes de refletir os esforços organizacionais 
relacionados ao bem-estar das pessoas, ao meio ambiente, à 
geração e distribuição de riquezas e da responsabilidade social 
que lhe é inerente.
2.2 CONCEITOS DO BALANÇO SOCIAL
Em decorrência de a responsabilidade social estar cada vez mais intrínseca 
nas operações e atividades que envolvem o processo decisório das organizações, 
isso nos remete que a Contabilidade deve evidenciar esses resultados nos 
relatórios das empresas, para que a sociedade em geral possa acompanhar a 
atuação delas no mercado.
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
16
A participação das empresas no mercado e o relacionamento com os 
vários segmentos sociais com seus stakeholders, como fornecedores, financiadores, 
clientes, empregados, governos, investidores e o próprio meio ambiente, deixa 
clara a grande Responsabilidade Social que estas empresas possuem no mercado 
e na sociedade.
A empresa, como sendo a geradora de lucros e riqueza para seus 
investidores, passa a ser também um forte agente social na comunidade, e 
deverá prestar contas de suas atividades junto à sociedade. O simples fato de 
a Contabilidade incumbir-se de evidenciar a importância da sua ação social 
já produz um grande desafio, pois a empresa tem fundamental parcela de 
responsabilidade social.
Na visão de Perottoni (2002, p. 51), “a responsabilidade social da empresa 
está na sua participação direta nas ações da comunidade onde está presente e na 
minimização de possíveis danos ambientais decorrentes de suas atividades”.
Então, de modo geral, podemos concluir que Balanço Social é visto como 
uma estratégia de mudança de cultura, da forma de pensar dos administradores 
da empresa e da forma de agir, o que interfere na qualidade das decisões dos 
gestores, proporcionando impacto positivo no resultado econômico. O Balanço 
Social também gera consequências para a comunidade com impacto social e 
cultural, pois procura sempre demonstrar ao universo de usuários, de forma 
confiável, a prestação de contas de todas as ações que realiza. Os demais usuários 
podem conhecer e avaliar a qualidade dos investimentos, a aplicação dos recursos 
e o cumprimento das destinações orçamentárias, ou seja, mapear e avaliar o 
desempenho social da empresa, inclusive em relação aos seus investimentos em 
preservação ambiental.
Vasconcelos e Viana (2002, p. 27) salientam que “o Balanço Social consiste 
em uma peça contábil gerada anualmente que traz à superfície, para apreciação 
da sociedade e de seus gestores, informações de dimensão social com orientação 
multidimensional”. E isso possibilita que a análise não se relacione apenas com 
informações voltadas ao desempenho dos resultados financeiros, mas que possa 
servir também, para a sociedade e a todos com quem interage, na evidenciação 
das informações de dimensões sociais, o que pode favorecer o monitoramento 
das ações da empresa e de sua responsabilidade social perante a comunidade.
Para Kroetz (1999, p. 36), o “Balanço Social representa a demonstração 
dos gastos e das influências (favoráveis e desfavoráveis) recebidas e transmitidas 
pelas entidades na promoção humana, social e ecológica, sendo que os efeitos 
dessa interação se dirigem aos gestores, aos empregados e à comunidade, no 
espaço temporal passado/presente/futuro”.
O Balanço Social, portanto, deve ser o meio de mensuração e divulgação 
do nível de responsabilidade e interação da empresa com o meio ambiente. É um 
complemento necessário, demonstrando a transparência das empresas quanto à 
origem e a destinação dos lucros.
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
17
Para essa situação, buscou-se em Tinoco (2006, p. 28) o que se pressupõe 
que o Balanço Social deve conter basicamente para atender as necessidades para 
divulgação. Desse modo, o autor cita:
Para alguns estudiosos, entre estes administradores, economistas, 
contadores, advogados, executivos, sindicalistas, formadores de 
opinião, essas informações deveriam ser vinculadas e reportadas em 
suas peças contábeis tradicionais – balanço patrimonial, demonstração 
do resultado do exercício, demonstração das origens e aplicações de 
recursos e outros quadros suplementares – e seriam do seguinte teor:
a) valor, em reais, das vendas de bens e serviços produzidos pela 
empresa;
b) valor, em reais, das compras de bens e serviços intermediários (a 
diferença entre o valor das vendas e o valor das compras de bens e 
serviços intermediários representa o valor adicionado pela empresa 
em seu processo produtivo de agregar valor);
c) o número de empregados na administração e na produção no início 
e no fim do exercício contábil;
d) salários praticados na administração e por pessoa/hora na produção, 
também no início e no final do período contábil;
e) demonstrativo dos trabalhadores por faixa de qualificação e de 
salários no início e no fim do ano;
f) remuneração dos diretores e benefícios conferidos.
Com isso percebe-se uma forte relação com a divulgação dos valores 
auferidos pela empresa, ou seja, demonstrar as origens dos valores da empresa 
que possibilitam condicionar a distribuição de parte da geração desses valores 
para a remuneração dos colaboradores e dos gestores (diretoria, presidência, 
entre outros que estão no comando da empresa).
É muito interessante esse tipo de adoção para a elaboração do Balanço 
Social, pois traduz certa transparência referente ao sistema de remuneração e 
benefícios da empresa, o que pode inclusive encorajar os demais colaboradores a 
se motivarem e se prepararem para alçar algum cargo de gestão.
Mas prossegue Tinoco (2006, p. 29) revelando que as demais informações 
culminam com as de caráter financeiro, pois segundo ele:
Todas as informações de caráter eminentemente econômico e 
financeiro são arroladas juntamente com outras de cunho social, como 
as relativas a(à):
• emprego;
• condições de higiene e segurança no trabalho;
• formação de mão de obra;
• relações profissionais;
• outras condições de vida dependentes da empresa, tais como 
alojamento, transporte da residência ao trabalho e vice-versa;
• preservação do meio ambiente; e
• representatividade pública, são a origem e a base para a elaboração 
do balanço social da empresa, segundo nosso entendimento.
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
18
Em relação aos indicadores sociais que abordamos até aqui, é importante 
verificar alguns que possuem relação com o desenvolvimento da nação, pois 
é pertinente que, se as empresas possuem determinada preocupação com a 
apresentação e divulgação dos seus indicadores de âmbito social e que corroboram 
com o bem-estar social dos seus funcionários, isso, com toda certeza, terá reflexos 
na comunidade onde esta empresa atua e, por conseguinte, pode melhorar os 
indicadores sociais da região e até do país.
Conforme Paulani e Braga (2012, p. 337, grifos dos autores): 
[...] é necessário avaliar até que ponto a renda produzida pelo país 
reverte em benefícios para a população sob a forma, por exemplo, 
de melhores níveis de educação, saúdee saneamento. Ou seja, na 
avaliação da qualidade de vida da população, é necessário considerar 
não apenas os aspectos stricto sensu econômicos (nível de renda, renda 
per capita, distribuição de renda), mas também aqueles ligados à oferta 
de bens públicos, como saúde e educação, que afetam diretamente o 
bem-estar. 
Isso nos faz pensar que se a sociedade consegue alcançar o bem-estar no 
seu cotidiano, isso pode nos levar a refletir que devemos sempre acompanhar o 
nível do crescimento econômico existente em uma comunidade em relação ao 
nível do desenvolvimento econômico.
Devemos atentar para o fato de que não adianta apenas existir o crescimento 
econômico das empresas em determinada região, mas esse crescimento econômico 
deve vir acompanhado do desenvolvimento econômico que a sociedade pode 
usufruir.
Em outras palavras, podemos simplesmente afirmar que de nada adianta 
existirem empresas em determinada comunidade, se essas apenas buscam a 
exploração da mão de obra da região, exaurindo os seus recursos naturais, sem 
ao menos haver a preocupação com o risco à natureza, dentre outros fatores.
Vamos aprofundar um pouco mais o que dizem os autores Paulani e Braga 
(2012, p. 337):
[...] sabemos perfeitamente como mensurar o produto para verificar 
se, em determinado período, houve ou não crescimento econômico. 
Mas como mensurar a qualidade de vida, ou seja, como avaliar o 
processo de crescimento para verificar se houve desenvolvimento? 
Evidentemente que não há uma resposta única para esta questão. De 
fato, a questão de se saber o que deve e o que não deve entrar em uma 
avaliação do processo de desenvolvimento é bastante controvertida. 
Contudo, há consenso quanto à importância de alguns indicadores 
econômicos e sociais que auxiliam no diagnóstico acerca do estágio de 
desenvolvimento de um país. Dentre esses indicadores estão aqueles 
relativos à distribuição de renda e às condições da população no que 
diz respeito à educação e saúde. 
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
19
Com isso já é possível perceber que o simples fato de as empresas 
divulgarem os seus indicadores de desempenho social – além de ser importante, 
é óbvio – não basta, pois não são apenas os únicos que devem ser avaliados, mas 
sim se deve acompanhar todo o processo de avaliação de indicadores econômicos 
e sociais da população em determinado país ou região.
Vamos refl etir, então. Se as empresas apresentam em seu balanço social 
quais são os valores das remunerações dos seus colaboradores e diretoria 
(conforme vimos anteriormente), isso já quer dizer que há algum tipo de 
distribuição de renda nesta comunidade.
Um indicador de distribuição de renda muito importante é o Índice de 
Gini. Conforme Paulani e Braga (2012, p. 341), esse índice “[...] varia de zero até 
um. Quanto mais próximo de um, pior a distribuição de renda do país; quanto 
mais próximo de zero, melhor”.
Para termos uma melhor ideia do que é e como se apresenta o Índice de 
Gini, podemos observar a seguinte gráfi co.
GRÁFICO 1 – ÍNDICE DE GINI NO BRASIL
FONTE: Júnior (2015, p. 1)
Analisando o resultado do coefi ciente de Gini, Júnior (2015, p. 1, grifos do 
autor) diz que:
O Brasil é conhecido como um dos países que apresenta graves 
problemas de distribuição de renda. Tal conceito não é só impressão, o 
Índice de Gini do Brasil confi rma isso.
Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
(Pnad), divulgada pelo IBGE, o Índice de Gini no Brasil em 2011 teve 
o valor de 0,527 e em 2012 fi cou em 0,526.
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
20
Observa-se que o Brasil não possui um bom respaldo em relação à 
distribuição de renda, e isso impacta de forma negativa para a divulgação do 
Balanço Social. A questão é a seguinte: como se pode divulgar um bom Balanço 
Social com uma distribuição de renda tão desigualitária? Pois este é um problema 
para o qual se deve buscar solução nas políticas de programas sociais do Governo 
Federal.
Conforme Patu e Canzian (2016, p. 1):
Pilares da ação do Estado no país, os programas de transferência 
direta de renda às famílias contribuíram para a queda da pobreza e da 
desigualdade nos últimos anos, mas deixaram de caber no Orçamento 
federal.
Só nos anos de administração petista, benefícios previdenciários, 
trabalhistas e assistenciais saltaram do equivalente a 7,3% da renda 
nacional, em 2003, para 9,4% no ano passado.
Em valores de hoje, é como se a despesa anual do governo com 
essa finalidade tivesse crescido em cerca de R$ 120 bilhões, sem um 
aumento correspondente da arrecadação tributária.
Com a recessão econômica, a receita total da União caiu de 18,9% do 
PIB, recorde atingido em 2011, para 17,6% no ano passado – quase os 
mesmos 17,4% de 2003.
Previdência Social, assistência a idosos e deficientes, seguro-
desemprego, abono salarial e Bolsa Família respondem hoje por 
metade do gasto federal, excluindo da conta os encargos da dívida 
pública. Esse gasto deverá superar a receita deste ano em algo como 
R$ 100 bilhões.
Percebe-se que há uma controvérsia, pois o governo está ampliando 
o acesso da classe social mais pobre aos recursos financeiros, com base em 
programas sociais. Veja no gráfico abaixo o índice da queda da desigualdade.
GRÁFICO 2 – QUEDA DA DESIGUALDADE
FONTE: Patu e Canzian (2016, p. 1)
TÓPICO 1 | CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
21
Ao observar as informações no gráfico, podemos perceber que há um 
alto grau de dependência do programa Bolsa Família na faixa da classe social da 
população 10% mais pobre.
Conforme Patu e Canzian (2016, p. 1),
Do ponto de vista da distribuição e da melhora de renda, os programas 
sociais e a Previdência tiveram maior impacto entre os mais pobres.
Mas, de modo geral, vieram do trabalho e da empregabilidade ao 
longo dos 13 anos do PT na Presidência as maiores contribuições para 
a queda da desigualdade.
No período, segundo dados do Centro de Políticas Sociais da FGV, 
todos os estratos da população tiveram melhora na renda acima dos 
índices de inflação: a dos 10% mais pobres aumentou 129%; a dos 10% 
mais ricos, 32%. 
Quanto mais pobre, maior o impacto dos programas sociais e da 
Previdência. Mas na média, foi a renda do trabalho que teve maior 
peso, de 78% para a melhora dos rendimentos. Previdência teve 19% e 
o Bolsa Família, de 3%.
No decil mais pobre, o peso do Bolsa Família sobe a 31%, a Previdência 
cai para 10%, e a renda do trabalho, para 59% (e é preponderante 
mesmo assim). 
Podemos entender que o governo está tentando fazer a sua parte, está 
buscando inserir boa parte da classe social mais pobre na obtenção de renda para 
poder consumir. Resta aqui uma reflexão: se o governo está fazendo esse esforço, 
qual seria a origem desses recursos?
A origem dos recursos está na divulgação do Balanço Social pelas 
empresas, onde podemos observar qual é a distribuição da riqueza gerada pelas 
empresas com base nos indicadores da arrecadação tributária.
22
RESUMO DO TÓPICO 1
Chegamos ao final do Tópico 1. Vamos fazer uma revisão do que 
estudamos até agora?
Neste tópico estudamos que:
• A Contabilidade deve apurar os resultados e apresentá-los aos seus diversos 
usuários.
• A Contabilidade deve possibilitar que estes possam realizar o melhor 
planejamento para uma tomada de decisão.
• Todos os movimentos sociais existentes desde a Pré-história, todas as alterações 
nos seus diversos tipos de comportamentos, têm motivado mudanças nos 
comportamentos dos seres humanos.
• Os movimentos sociais têm influenciado a forma de vestir, de consumir, de 
moradia, entre outros, e isso provoca, consequentemente, modificações no 
patrimônio das entidades.
• A Contabilidade tem a premissa de medir e demonstrar com o uso do Balanço 
Social, para a empresa e também para a sociedade.
• O Balanço Social deve apresentar quanto se está fazendo para o bem-estar social 
da comunidade em geral, possibilitando a identificação de oportunidades para 
que a empresa busque melhores caminhos para melhorarsuas ações. 
• Com o advento da Contabilidade Social, a sociedade demonstrou ter interesse 
em exigir, cada vez mais das empresas, uma maior clareza das suas ações, 
ações estas que possam enquadrar as organizações na responsabilidade por 
seus atos. 
• O Balanço Social é visto como uma estratégia de mudança de cultura, de 
formas de pensar a empresa, de formas de pensar em como agir na qualidade 
das decisões dos gestores que causam impacto social e cultural, resultando em 
consequências para a comunidade.
23
Vamos fazer uma autoavaliação sobre o que aprendemos no Tópico 1. Procure 
responder com suas palavras às questões a seguir. Não hesite, vá com calma 
e sucesso para você!
1 O mercado e a economia possuem características específicas e que se alteram 
em determinadas situações, que inclusive podem levar a empresa à falência 
ou ao auge no mercado. Quanto a esses aspectos, o que leva às alterações nas 
regras da economia de mercado e de consumo?
a) ( ) O que dita as regras da economia de mercado e no consumo são as 
mudanças no comportamento humano.
b) ( ) Entende-se que o comportamento do quadro de funcionários pode 
ditar as regras da economia de mercado, em função do aumento ou redução 
da produção.
c) ( ) As mudanças no comportamento humano é que levam às alterações de 
cunho político-sociológico na sociedade.
d) ( ) As regras político-tributárias determinam as regras de mercado, pois 
uma alta carga tributária leva à redução do consumo.
2 Todo o contexto do desenvolvimento da sociedade em determinado espaço 
geográfico diz respeito à implantação de empresas que exploram esse 
ambiente econômico, mas em troca geram riqueza sob a forma de empregos 
e renda para a população. Com esses aspectos, o que leva as empresas a 
implantarem um planejamento cada vez mais rigoroso com o objetivo de 
melhor se prepararem para atender ao contexto social e ambiental onde 
estão instaladas? 
a) ( ) O planejamento mais rigoroso das empresas é oriundo das exigências 
fiscais e legais em relação à normatização das suas atividades no ambiente 
em que estão inseridas.
b) ( ) A consciência crítica que se desenvolve na sociedade é que obriga as 
empresas a assumirem e implantarem um planejamento cada vez mais 
rigoroso, que resulte na melhoria das ações sociais e ambientais onde estão 
inseridas. 
c) ( ) A consciência crítica no meio político é o que aprimora a ética na 
governança pública, e assim as empresas se planejam melhor e de forma 
mais rigorosa para evitar qualquer problema de ordem legal.
d) ( ) A consciência política e a inserção de regras tributárias cada vez mais 
rigorosas também obrigam as empresas a implantarem controles cada vez 
mais rigorosos e garantir a transparência nas suas ações.
AUTOATIVIDADE
24
3 Existem vários tipos de relatórios contábeis que são elaborados, e cada 
um possui determinada finalidade na geração de informações, assim 
como o usuário certo que necessite dessas informações. Sobre o aspecto da 
Contabilidade Social, o que ela busca evidenciar?
4 As atividades que as empresas desenvolvem junto a determinada sociedade 
trazem benefícios, assim como malefícios. Em relação a esses aspectos, o que 
representa o Balanço Social?
5 O Índice de Gini é um importante indicador para identificar a distribuição 
de renda do país. Com esse indicador, qual é o melhor resultado para a 
melhor distribuição de renda? Assinale a alternativa correta:
a) ( ) O indicador de Gini varia de um até três. Quanto mais próximo de um, 
pior a distribuição de renda do país; quanto mais próximo de três, melhor.
b) ( ) O indicador de Gini varia de zero até cinco. Quanto mais próximo de 
um, melhor a distribuição de renda do país; quanto mais próximo de zero, 
pior.
c) ( ) O indicador de Gini varia de zero até dez. Quando estiver em cinco, 
pior a distribuição de renda do país; quanto mais próximo de dez, melhor.
d) ( ) O indicador de Gini varia de zero até um. Quanto mais próximo de um, 
pior a distribuição de renda do país; quanto mais próximo de zero, melhor.
25
TÓPICO 2
CARACTERÍSTICAS DO BALANÇO SOCIAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A evidenciação do Balanço Social tem como objetivo apresentar a 
realidade econômica e social de uma entidade, perante a sociedade na qual 
interage. Assim, é importante definir quais são as informações relevantes 
que devem ser utilizadas na sua elaboração. Lembrando que a sociedade é 
leiga, e assim não tem obrigação de conhecer ou compreender determinadas 
terminologias técnicas próprias que são de uso da classe contábil.
Você irá estudar que o modelo que deve ser desenvolvido para a divulgação 
do Balanço Social deve expressar informações quanto à responsabilidade social e 
ambiental da empresa, e que estejam estruturadas de uma forma clara e condizente, 
para que as informações sejam aceitas pelos usuários e assim determinar a correta 
utilização desta ferramenta.
Para demonstrar o Balanço Social devem ser apresentados indicadores 
que reflitam o empenho da empresa no campo humano e social, pois eles são 
essenciais para analisar a satisfação dos funcionários e comunidade.
2 APRESENTAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL
No Brasil, em meados da década de 60, as primeiras mudanças 
na mentalidade empresarial começaram a ser notadas, pois a expressão 
responsabilidade social foi diretamente associada às empresas.
Donaire (1995, p. 22) destaca que “responsabilidade social das organizações 
diz respeito às expectativas econômicas, legais, éticas e sociais que a sociedade 
espera que as empresas atendam, num determinado período de tempo”.
Temos atualmente a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas 
(ACDE), que é uma entidade sem fins lucrativos e que tem por incumbência 
promover as melhores práticas de gestão de empresas de acordo com a 
responsabilidade social delas com valores cristãos.
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
26
Empresa com Valores é um programa de "Responsabilidade Social 
Empresarial e Pensamento Social Cristão" que une a Conferência 
Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB à Associação de Dirigentes 
Cristãos de Empresas – ADCE Uniapac Brasil, em torno do 
conhecimento, disseminação e aplicação de conceitos e práticas 
empresariais e sociais, que tornem o ambiente empresarial e do 
trabalho mais ético, justo e humano.
Se você é empresário, dirigente ou empreendedor, venha fazer parte 
deste programa incorporando novas práticas de gestão baseadas em 
valores cristãos, que tornarão sua empresa altamente competitiva, 
plenamente humana e socialmente responsável. Os grupos são 
autogerenciados, envolvendo de oito a 10 pessoas, com reuniões 
quinzenais ou mensais com 1:30h de duração. Dia, hora e local são de 
escolha livre do grupo e a participação é gratuita. O material didático 
é disponibilizado on-line. (EMPRESA, 2016, p. 1, grifo dos autores). 
A ideia de responsabilidade social, juntamente com a conjuntura nacional 
na qual o país está inserido, é o que propicia a formação de ideias para a 
transformação e mudança de mentalidade.
Conforme Silva e Freire (2001, p. 16):
Essa ideia, que começou a ser discutida e difundida ainda nos anos 
60 após a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas 
(ADCE), demorou até a segunda metade dos anos 70 para difundir-
se amplamente. As principais manifestações estavam concentradas no 
Estado de São Paulo – fato que se explica pela importância econômica 
e política desse Estado, que reúne, desde o início da industrialização 
brasileira, as maiores empresas e entidades de representação 
empresarial do país.
Então, com a criação da ADCE podemos perceber uma clara preocupação, 
já nos anos 60, com o crescimento e o impacto social ou ambiental que as grandes 
empresas poderiam provocar com seu desenvolvimento industrial.
Prosseguem Silva e Freire (2001, p. 16): “Um dos princípios dessa 
associação baseava-se na aceitação, por seus membros, de que as empresas, além 
de produzirem bens e serviços, devem possuir uma função social que se realiza 
em nome dostrabalhadores e do bem-estar da comunidade em geral”.
Mas nem tudo “eram flores”, infelizmente o Brasil viveu um período 
conturbado, um “período das trevas”, para não o classificar como retrógrado ou 
retardatário, conforme Silva e Freire (2001, p. 17):
No entanto, a conjuntura nacional daquele período não era propícia 
para ideias de transformação e mudança, tanto de mentalidade quanto 
de ação. A ideia de responsabilidade social nas empresas, que já 
motivava algumas discussões desde os anos 60, também sofreu com 
a falta de liberdade e as restrições impostas pela ditadura militar pós-
1964.
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DO BALANÇO SOCIAL
27
Se, por um lado, no campo político, a ditadura militar coibia o 
desenvolvimento mais orgânico de parte da sociedade, proibindo 
a participação e a livre organização, por outro lado existia um 
empresariado acostumado, desde os primórdios da industrialização 
brasileira, com as benesses de um Estado nacional intervencionista. 
Este utilizou dinheiro público para beneficiar ações e iniciativas do 
setor privado em geral – especialmente do empresariado industrial, 
que desde a implantação do processo de industrialização no Brasil, 
ocorrido nos anos 50, estruturou-se e desenvolveu-se sob a proteção 
de sucessivos governos.
Mas isso não foi sempre assim, felizmente tudo no mundo sofre mudanças. 
A cultura, a sociedade em geral clamou por mudanças e o rumo da própria 
história brasileira não conseguiu se manter indiferente.
Veja que, conforme Silva e Freire (2001, p. 17):
Entretanto, entre o final dos anos 70 e início dos anos 80, com a crise 
do modelo de desenvolvimento baseado na ação e na proteção estatal, 
o próprio papel das empresas e a postura dos empresários diante do 
mercado e da sociedade entraram em amplo processo de redefinição 
e reestruturação. Dessa forma, pode-se compreender o quanto essa 
prática – e esse discurso – de ação social por parte das empresas 
está relacionada, ao mesmo tempo, com a reestruturação do Estado, 
com uma renovação do empresariado nacional e com o processo de 
substituição das ações compensatórias, no contexto da crise do Estado 
de Bem-estar Social, o welfare state assistencial, que busca garantir 
integralmente o bem-estar de todos os cidadãos.
Isso foi salutar para a economia brasileira de forma geral, pois uma nova 
mentalidade e a globalização dos mercados também pressionaram o país a buscar 
e promover mudanças.
Para não dizermos que praticamente nada mudou em relação à produção 
e elaboração de relatórios sociais, cabe destacar que, embora pequeno, esse 
relatório evidenciava informações relacionadas com a geração de empregos.
Estamos falando da RAIS, que, segundo Silva e Freire (2001, p. 17):
Cabe aqui um destaque sobre o primeiro tipo de relatório que aborda 
aspectos sociais e de recursos humanos, que se tornou obrigatório para 
todas as empresas que atuam no Brasil. Na década de 70, durante a 
ditadura militar, foi criada, por meio do Decreto-Lei nº 76.900/75, a 
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS): um relatório obrigatório 
para todas as empresas que dava – e dá ainda hoje – conta das 
informações sociais relacionadas aos trabalhadores nas empresas. 
Compulsório para todos os empregadores, independentemente do 
número de empregados, refere-se a uma série de informações laborais 
específicas e consolida números que se encontram também em outros 
documentos da empresa. Apesar de mais antigo que o obrigatório 
Balanço Social francês, as informações contidas na RAIS são muito 
inferiores, tanto qualitativa, quanto quantitativamente, [...].
UNIDADE 1 | O BALANÇO SOCIAL
28
O que se observa na prática é que as informações da RAIS são 
disponibilizadas pelas empresas apenas para o governo e sequer são 
disponibilizadas para os funcionários das empresas e, muito menos, para as 
associações de classe.
De acordo com Dinis e Boschi (1993 apud SILVA; FREIRE; 2001, p. 18), 
“os anos 80 foram marcados pelo esgotamento do modelo de desenvolvimento 
instaurado no pós-guerra, cujo desdobramento ao longo de quatro décadas – dos 
anos 40 aos anos 70 – se deu sob a égide de um Estado altamente intervencionista”.
A atuação no âmbito social das empresas e da construção de uma ética 
empresarial acabou gerando consequências concretas, pois muitas empresas 
tiveram a iniciativa de investir em ações sociais, o que gerou mudança no perfil 
do relacionamento com funcionários e fornecedores. Também foram sendo 
observadas mudanças na atuação em relação ao meio ambiente e junto às 
comunidades.
Com isso, houve a necessidade de proporcionar maior visibilidade e 
publicidade às ações sociais e ambientais promovidas pelas empresas. Desta 
forma, houve a utilização, por parte das empresas, de demonstrações regulares.
Gonçalves (1980 apud SILVA; FREIRE, 2001, p. 19) descrevem:
Mas, afinal, em breve e leve abordagem, que é o Balanço Social? De 
maneira muito simples – um instrumento colocado nas mãos dos 
empresários para que possa refletir, medir, sentir como vai a sua 
empresa, o seu empreendimento, no campo social. Este é um tema 
atual. Este é um tema de desafio. Este é um tema que, queiramos ou 
não, irá crescer e implantar-se cada vez mais.
Vamos buscar a contribuição de Reis e Medeiros (2009, p. 79):
Como característica importante, ainda se apresenta a 
natureza quantitativa/financeira, que possibilita análises da própria 
empresa ao longo de determinados períodos ou entre empresas de 
um mesmo setor. A publicação do Balanço Social baseado em dados 
financeiros define patamares que se transformam em metas da empresa 
e do setor, evidenciando os gastos em determinado indicador, por 
exemplo, no apoio à manutenção da escola do bairro, valor este que 
tende a ser visto como uma meta mínima para os anos seguintes e 
também serve de parâmetro para outras empresas do mesmo setor.
 
Corroborando, segundo Reis e Medeiros (2009, p. 79):
O Instituto Ethos desenvolve uma estrutura para a elaboração e a 
publicação do Balanço Social, através de estudos de benchmarking 
de diretrizes para relatórios no Brasil e no exterior, tomando por 
base a estrutura e o conteúdo de relatórios sociais propostos pela 
Global Reporting Initiative (GRI) e pelo Institute of Social and Ethical 
Accountability (ISEA), bem como a associação entre indicadores Ethos 
de Responsabilidade Social Empresarial e o Modelo de Balanço Social 
do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas.
 
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS DO BALANÇO SOCIAL
29
O Balanço Social necessita atender a uma estrutura, ou seja, um padrão 
para elaboração e apresentação de todos os dados necessários para a geração das 
informações.
Vamos buscar em Reis e Medeiros (2009, p. 79-80, grifo dos autores) sua 
contribuição em relação à Estrutura do Balanço Social.
A estrutura recomendada pelo Instituto Ethos para elaboração e divulgação 
do Balanço Social das empresas apresenta-se do seguinte modo:
Apresentação
01 Mensagem do Presidente
02 Perfil do Empreendimento
03 Setor da Economia
 
Parte I – A Empresa
04 Histórico
05 Princípios e Valores
06 Estrutura e Funcionamento
07 Governança Corporativa
 
Parte II – A Atividade Empresarial
08 Visão
09 Diálogo com Partes Interessadas
10 Indicadores de Desempenho
10.1 Indicadores de Desempenho Econômico
10.2 Indicadores de Desempenho Social
10.3 Indicadores de Desempenho Ambiental
 
Anexos
11 Demonstrativo do Balanço Social (Modelo IBASE)
12 Iniciativas do Interesse da Sociedade (Projetos Sociais)
13 Notas Gerais
E sobre os aspectos legais quanto à publicação do Balanço Social no 
Brasil? Tinoco (2001, p. 135) destaca que “em 1991, o senador Valmor Campelo 
encaminha ao Congresso um anteprojeto propondo a publicação do Balanço 
Social pelas empresas, que foi votado favoravelmente no Senado, entretanto, não 
foi aprovado na Câmara dos Deputados”. Em 1992 foi elaborado o Balanço Social 
do Banespa – Banco do Estado de São Paulo, com a publicação de um relatório 
divulgando suas ações sociais, compondo assim a lista das empresas

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