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ARIELY MESANINI TUTORIA 8 – ANEMIA, DESNUTRIÇÃO E DENTIÇÃO Anemia, o que é, fisiopatologia, tipo mais comum, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prevenção DEFINIÇÃO Anemia é quando a hemoglobina está abaixo de 13g/dL para homens e 12 g/dL para mulheres em idade fértil. Até o período da puberdade, os valores de referência na infância são inferiores aos da vida adulta. O decremento habitual dos níveis de hemoglobina é conhecido como anemia fisiológica da infância, e decorre, dentre outros fatores, da adaptação à vida extrauterina após o parto no inicio da vida e, posteriormente, pode estar associado a mudanças da afinidade entre a hemoglobina e o oxigênio neste período da vida. CLASSIFICAÇÃO Fisiopatológica: ➔ Anemia por redução de produção: Grupo de anemia carências. Deficiências nutricionais, deficiência de eritropoetina, bloqueio da maturação celular por citocinas, ocupação medular, infecção dos progenitores, lesão dos progenitores mediada imunologicamente e defeitos genéticos adquiridos. ➔ Anemia por excesso de destruição: defeitos genéticos hereditários e adquiridos, destruição mediada por anticorpos, trauma mecânico, infecção dos eritrócitos, lesão tóxica ou química, anormalidade dos lipídios da membrana da hemácia e hiperesplenismo. ➔ Anemia por perdas sanguíneas: subdividindo-se em perdas (hemorragias) agudas e crônicas. A contagem de reticulócito é um exame essencial quando nos vemos diante de um paciente anêmico e pensamos em classificar a anemia. Raciocinando, é possível perceber que em situações de redução da produção, as células precursoras das hemácias estão diminuídas no sangue periférico, assim como aumentadas quando houver um excesso de destruição e a medula óssea ainda estiver realizando sua função. Nas perdas sanguíneas agudas, ocorre um pico de produção de reticulócitos devido ao estimulo hipóxico produtor de eritropoetina, enquanto na perda crônica de sangue ocorre redução da produção celular, pois um dos substratos essenciais para a produção de novas células está sendo depletado cronicamente, o ferro. ANEMIA Menor produção Perda de sangue Maior destruição Crônica Aguda Anemias hipoproliferativas Anemias hiperproliferativas Anemia: condição caracterizada pela diminuição do hematócrito, da concentração de hemoglobina ou da contagem de hemácias por unidade de volume de sangue ARIELY MESANINI Na pratica clínica, nem sempre é tão difícil o diagnostico diferencial de anemia, haja vista a grande prevalência de anemia ferropênica no mundo. Morfologia: ➔ Anemias microcítica (VCM < 80 fl – HCM reduzido): Ferropenia, anemia da inflamação ou da doença crônica, talassemia, anemia sideroblástica, saturnismo, deficiência de B6, deficiência de cobre. ➔ Anemia normocítica (80 fl < VCM < 100 fl): Ferropenia, anemia da inflamação ou da doença crônica, síndromes mielodisplásicas, mielofibrose primaria, anemia aplásica, insuficiência renal crônica. ➔ Anemia macrocítica (VCM > 100 fl – HCM normal): Deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, hepatopatias, tireoidopatias, síndromes mielodisplásicas, etilismo, anemia aplásica. DIAGNÓSTICO A avaliação inicial do paciente com anemia inclui anamnese e exame físico minuciosos, além de exames laboratoriais. Os sintomas relacionados à anemia dependem da idade, da capacidade física, do grau de anemia e do tempo de evolução. Pacientes com evolução aguda apresentam sintomas com valores mais altos de hemoglobina, enquanto que os de evolução crônica exibem valores mais baixos. No exame físico o achado mais característico é a palidez mucocutânea. A investigação laboratorial inicial consiste na realização dos seguintes exames: Hemograma completo: Por fim, realizar o exame microscópico da distensão sanguínea (lâmina de sangue periférico) para avaliar o aspecto dos eritrócitos e as alterações concomitantes dos leucócitos e das plaquetas. Achado da anamnese e exame físico Etiologia sugerida Icterícia Anemia hemolítica Raça negra Anemia falciforme Fácies em esquilo Talassemia QUADRO CLÍNICO Astenia; Palidez; Dispneia; Sopros cardíacos; Palpitações; Tontura; Cefaleia; Vertigem; Lipotimia Eritrograma ➔ Número de eritrócitos (milhões/mm3) ➔ Hemoglobina (g/dL) ➔ Hematócrito (g/dL) Índices hematimétricos VCM, HCM e CHCM para determinar se os eritrócitos são, em média, normocíticos, macrocíticos (VCM > 100) ou microcíticos (VCM < 80) e se são hipocrômicos. O aumento da amplitude de distribuição do volume dos eritrócitos (RDW) é uma medida de anisocitose, que caracteriza tamanhos diferentes das células. Reticulócitos Estima se a resposta medular sugere incapacidade da produção- ou hemólise ou perda sanguínea recente. Importante para diferenciar a anemia em hipoproliferativas ou hiperproliferativas. ARIELY MESANINI Alterações morfológicas e inclusões eritrocitárias Alterações morfológicas/inclusão Condição associada Acantócitos (hemácias espiculadas) Doença hepática, pós esplenectomia, hipobetalipoproteinemia Codócitos (hemácias em alvo) Talassemias, hemoglobinopatias S, C, D e E, pós-esplenectomia, doença hepática, ferropenia Dacriócitos (hemácias em forma de gota ou lágrima) Mielofibrose, diseritropoiese severa, anemias hemolíticas, anemia megaloblástica Drepanócitos (hemácias em forma de foice) Doenças falciformes Esferócitos (hemácias em forma de esfera) Esferocitose hereditária, anemia hemolítica autoimune, hiperesplenismo, incompatibilidade ABO em neonatos Eliptócitos (hemácias em forma de elipse) Eliptocitose hereditária, talassemias, anemia megaloblástica Esquizócitos (fragmentos de hemácias) Anemias hemolíticas microangiopáticas, anemia megaloblástica, CIVD, queimadura, próteses valvares Rouleaux (Hemácias empilhadas) Processos inflamatórios, infecciosos e neoplásicos Hemácias crenadas Artefato de estocagem, uremia, deficiência de piruvatoquinase Anel de Cabot Alterações da eritropoiese e anemias hemolíticas Corpúsculo de Heinz Hemoglobinas instáveis; deficiência de G6PD; talassemias Corpúsculo de Howell – Jolly Esplenectomia, anemia perniciosa, anemia diseritropoética Pontilhado Basófilo Talassemia, intoxicação por chumbo, anemia hemolítica, deficiência de ferro ANEMIAS NA INFÂNCIA Nas anemias, várias causas podem ser encontradas como infecções crônicas, problemas hereditários sanguíneos, carência de um ou mais nutrientes essenciais necessários na formação dos eritrócitos, como ferro, ácido fólico, Vitaminas B12, C e proteínas. Entretanto, não resta dúvida de que a deficiência de ferro é a responsável pela maior parte das anemias encontradas, sendo denominada de anemia ferropriva. ANEMIA FERROPRIVA Definição É o tipo de anemia decorrente da deficiência de ferro dentro do organismo levando à uma diminuição da produção de hemoglobina das hemácias, resultando em um defeito na maturação citoplasmática ocasionando uma microcitose e hipocromia. As reservas de ferro da criança que recebe com exclusividade o leite materno, nos seis primeiros meses de idade, atendem às necessidades fisiológicas, não necessitando de qualquer forma de complementação nem de introdução de alimentos sólidos. Entre os quatro e seis meses de idade, ocorre gradualmente o esgotamento das reservas de ferro, e a alimentação passa a ter papel predominante no atendimento às necessidades desse nutriente. É necessário que o consumo de ferro seja adequado à demanda requerida para essa fase etária. ARIELY MESANINI Prevenção Estabelecida em quatro tipos de abordagem: ➔ Educação nutricional e melhoria da qualidade da dieta ➔ Incentivo do aleitamento materno ➔ Suplementação medicamentosa e fortificação dos alimentos ➔ Controle de infecções A sociedade Brasileira de Pediatria preconiza suplementaçãoprofilática: ➔ RN com peso adequado para a idade gestacional: em aleitamento materno, a partir do 6° mês até o 24° mês de vida, receberão 1 mg de ferro elementar/Kg de peso/dia ➔ Prematuros e RN de baixo peso: a partir do 30° dia de vida, 2 mg/kg de peso/dia, durante 2 meses Quadro clínico Palidez cutâneo mucosa, cansaço, fraqueza, apatia, irritabilidade, redução da capacidade de atenção, taquicardia e falta de ar. Diagnóstico Hemograma: apresenta serie vermelha com presença de microcitose e hipocromia, podendo ocorrer anisocitose. Em casos moderados ocorre poiquilocitose com eliptócitos, células em alvo, etc. Perfil do ferro: ➔ Ferro sérico diminuído ➔ Capacidade total de ligação do ferro aumentada ➔ Índice de Saturação da Transferrina diminuído ➔ Ferritina diminuída Tratamento O objetivo do tratamento da anemia ferropriva deve ser o de corrigir o valor da hemoglobina circulante e repor os depósitos de ferro nos tecidos onde ele é armazenado. Recomenda-se a utilização de sais ferrosos, preferencialmente por via oral, ingerido, se possível, acompanhado de suco de fruta rica em vitamina C, importante elemento facilitador da absorção do ferro ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Definição Pode ser causada por deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, que ocorre por baixa ingesta (deficiência de folato) ou por impacto na absorção, como é o caso da anemia perniciosa (deficiência de vitamina B12). Prevenção Manter uma dieta rica em vitamina B12 e ácido fólico ou suplementar medicamentosamente essas substâncias em situações de maior consumo orgânico. ARIELY MESANINI Quadro clínico Perda de apetite e astenia, dores abdominais, enjoos e diarreia, desenvolvimento de úlceras dolorosas na boca e na faringe, alterações da pele, perda de cabelo, cansaço, perda de energia e de vontade, sensação de boca e língua doloridas, durante a gravidez, parto prematuro e/ou a malformação do feto, nas crianças, o crescimento pode ser retardado e a puberdade atrasada. Diagnóstico O hemograma pode mostrar diminuição do número de hemácias e de hemoglobina, aumento do volume corpuscular médio (VCM > 95 fl ou 95 fentolitros), alterações da hemoglobina corpuscular média (HCM), contagem diminuída de reticulócitos, contagem diminuída de plaquetas, presença de "neutrófilos senis", hemácias de tamanhos e formas anormais. A medula óssea mostrará importante hiperplasia dos precursores das hemácias e assincronia núcleo-citoplasmática, metamielócitos gigantes e estoque de ferro aumentado. As dosagens bioquímicas de ferro estarão elevadas. Tratamento O tratamento da anemia megaloblástica depende da sua causa, mas envolve mudanças na dieta e injeções para reduzir a falta de nutrientes, vitamina B12 e ácido fólico. Um nível baixo de vitamina B12 no sangue normalmente pode ser tratado com comprimidos ou injeções dessa vitamina ou dieta contendo alimentos ricos na substância. Também a deficiência de ácido fólico pode ser tratada com comprimidos, injeções e dietas correspondentes. É importante incluir na alimentação a vitamina C, pois ela tem a função de auxiliar na absorção do ferro. ➔ Alimentos ricos em vitamina B12: leite, carnes, peixes e ovos. ➔ Alimentos ricos em ácido fólico: feijão, vegetais verdes, fígado, leveduras, etc. ANEMIA FALCIFORME Definição Ocorre por mutação que substitui o ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia ß da globina. A hemácia com a globina mutante quando desoxigenada torna a clássica forma de foice, perdendo a flexibilidade necessária para atravessar os pequenos capilares. Os heterozigotos para a mutação apresentam uma entidade benigna (traço falciforme), sem ocorrência de anemia ou obstrução vascular. Quadro clínico Dores nos ossos e articulações (mãos e pés); crise de dor (abdome, tórax e região lombar, por associação com febre, vômitos, urina escura); Infecções frequentes; Retardo no crescimento e atraso da puberdade; Olhos e pele amarelados (devido ao fato dos glóbulos vermelhos morrerem mais rapidamente). Prevenção Os esforços de prevenção incluem a educação, o teste de traço falciforme, um tipo de fertilização in- vitro e testes pré-natais. http://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/248135/hemograma+o+que+ele+pode+indicar.htm ARIELY MESANINI Diagnóstico A detecção é feita através do exame eletroforese de hemoglobina. O teste do pezinho, realizado gratuitamente antes do bebê receber alta da maternidade, proporciona a detecção precoce de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme. Tratamento É feito com uso de medicamentos e em alguns casos pode ser necessária a transfusão sanguínea. É um tratamento por toda a vida pois esses pacientes podem apresentar infecções frequentes. ANEMIA HEMOLÍTICA Definição Anemia causada por redução da sobrevida média das hemácias apesar do aumento compensatório da eritropoiese na medula óssea. Quadro clínico Fraqueza ou cansaço (astenia); cefaleia; problemas de concentração ou raciocínio; palidez da pele; falta de ar; Tontura leve ao levantar-se; unhas frágeis. Prevenção Evitar exposição a produtos químicos, drogas e toxinas. E infecções. Diagnóstico Um hemograma completo pode ajudar a diagnosticar a anemia e oferecer algumas dicas do tipo e da causa do problema. As partes importantes de um hemograma completo incluem contagem de glóbulos vermelhos (RBC), hemoglobina e hematócrito (HCT). Os seguintes exames podem identificar o tipo de anemia hemolítica: • Contagem absoluta de reticulócitos • Teste de Coombs direto • Teste de Coombs indireto • Hemoglobina livre no soro ou na urina • Hemossiderina na urina • Contagem plaquetária • Eletroforese protéica sérica • LDH sérica • Urina e urobilinogênio fecal. ARIELY MESANINI Um exame que mede a longevidade dos glóbulos vermelhos utilizando técnicas de rádio marcação também pode ajudar a diagnosticar a anemia hemolítica. Tratamento ➔ Em casos de emergência, pode ser necessária transfusão sanguíneo. ➔ Para anemia hemolítica causada por doença autoimune, podem ser utilizadas drogas que reprimem o sistema imunológico ➔ Quando os glóbulos vermelhos estão sendo destruídos em ritmo acelerado, o organismo pode precisar de ácido fólico extra e suplementos de ferro para repor o que está sendo perdido. https://www.minhavida.com.br/saude/temas/doenca-auto-imune https://www.minhavida.com.br/alimentacao/tudo-sobre/18134-acido-folico ARIELY MESANINI Desnutrição, o que é, fisiopatologia, tipo mais comum, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prevenção DEFINIÇÃO Entende-se por desnutrição, um estado de deficiência ou excesso tanto de macronutrientes quanto de micronutrientes que causa um desequilíbrio entre o suprimento de energia, de nutrientes e a demanda do organismo, alterando a garantia na manutenção, no crescimento e nas funções metabólicas. Desnutrição energético-proteica (DEP) pode ser considerada um desbalanço celular entre o suprimento de nutrientes (macro e micro). Pode ser classificada como primária ou secundária. ➔ Primária: quando não há outra doença associada, acontece quando há oferta insuficiente de nutrientes por determinado período. ➔ Secundária: quando há doença relacionada (doença cefálica, cardiopatia congênita ou síndrome da imunodeficiência adquirida). Desenvolve-se por perda anormal de nutrientes, aumento do gasto energético e/ou diminuição da ingestão alimentar. CLASSIFICAÇÃO Marasmo (DEP não edematosa): acomete crianças menores de 12 meses, com emagrecimento acentuado, baixa atividade, irritabilidade, atrofia muscular e subcutânea, com desaparecimento da bola de Bichat (último depósito de gordura a ser consumido, localizado na região malar), o que favorece o aspecto envelhecido (fácies senil ou simiesca), com costelas visíveis enádegas hipotróficas. O abdome pode ser globoso e raramente com hepatomegalia. Kwashiorkor (DEP edematosa): Inicia-se com letargia, apatia e irritabilidade. Quando avançada apresentam edema, dermatites, despigmentação do cabelo (sinal da bandeira), graus variados de esteatose hepática, hipoalbuminemia, frequentemente apresentam diarreia, e ainda uma pequena quantidade de tecido celular subcutâneo. A característica marcante dessa condição é a grave inapetência que, muitas vezes compromete ainda mais o prognóstico. O aspecto físico da criança a princípio não demonstra a gravidade da condição devido à presença de edema, que confere aspecto de peso adequado. Kwashiorkor-marasmáticos: Desnutridos do 3° grau que apresentam características das duas situações descritas. Quanto ao prognóstico, é mais favorável que o das formas Kwashiorkor. FISIOPATOLOGIA E INFLUENCIA NO CRESCIMENTO Muitas das respostas são adaptativas a ingesta inadequada de calorias e/ou de proteínas. Devido a ingesta insuficiente o gasto calórico diminui, entretanto, as reservas de gordura ainda estão disponíveis para atender, embora de forma mais baixa, as necessidades de energia. Uma vez que essas reservas estejam esgotadas, o catabolismo proteico deverá fornecer contínuos substratos para manutenção do metabolismo basal (músculos). Quando se tem a persistência da baixa ingesta alimentar leva à má adaptação, parada do ganho de peso, involução ponderal (a qual a curva começa a abaixar) e a adaptações metabólicas e anatômicas. Ocorre então alterações hormonais as quais são: ➔ Diminuição da ingesta, leva a diminuição da glicemia e aminoácidos, caracterizando a diminuição da insulina. ➔ Diminuição da ingesta relacionada com alterações psicossociais e ambientais, causa o estresse, ocasionando aumento da epinefrina e no hormônio do crescimento. O mesmo acontece com a relação das infecções e o estresse. ➔ Infecções acabam aumentando então o cortisol (estresse). ARIELY MESANINI No emagrecimento a criança passa a fazer proteólise (quebra das proteínas para gerar energia), que resulta em uma atrofia muscular para produzir a glicose e aminoácidos essenciais. Além disso, o gasto de gordura subcutânea para produzir energia ao organismo, aumenta a epinefrina e, consequentemente, os ácidos graxos circulantes. E todas as enzimas digestivas e biliares na criança desnutrida estarão diminuídas. Alterações universais: 1. Diluição – Hipotonicidade e edema intracelular; Hiposmolaridade e hiponatremia; e hipocolesterolemia Dentro das células, nós temos Na e K. A bomba de sódio-potássio libera o Na para fora da célula, e junto com ele vem água. Na desnutrição esse mecanismo não funciona adequadamente, e, dentro das células, irá ter retenção de Na e junto com ele, retém água, formando o edema intracelular. Ao dosarmos o Na no exame de sangue, esse sódio estará diminuído falsamente, pois na verdade, ele está alto, mas está diluído. Por isso deve-se tomar cuidado ao hidratar um paciente desnutrido. A melhor forma de avaliar grau de hidratação avaliando a Diurese, além de avaliar fontanela, olhos encovados, etc 2. Disfunção dos órgãos e sistemas 3. Depleção ▪ Casos leves: desaceleração ▪ Casos moderados: interrupção ▪ Casos graves: involução Alterações circunstanciais: são alterações que as vezes não encontramos em todas as crianças. Algum edema ou alterações de cabelo. Sintomas agregados: Vômitos, enteroinfecção, broncopneumonia. Órgãos Alterações Consequências Tubo digestivo Achatamento e atrofia das vilosidades intestinais, e diminuição das enzimas pancreáticas Má digestão Má absorção e diarreia Deficiência de micronutrientes Sistema Cardiovascular Débito cardíaco e volume cardíaco diminuídos PA baixa Má perfusão Sobrecarga hídrica Rim Redução do TFG Redução da excreção de NA e Sódio Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos Fígado Esteatose, lesão de hepatócitos, alterações grave de todas as funções, redução da síntese de proteína e da gliconeogênese Hepatomegalia Hipoproteinemia (Kwashiorkor) Edema Hipoglicemia Músculos Perda de massa muscular esquelética e lisa Magreza Movimentos débeis Alterações miocárdicas Debilidade respiratória Sistema imunológico Atrofia do timo, amigdalas e linfonodos, imunidade deprimida Infecções Septicemia Ausência de resposta leucocitária e inflamatória Função celular Metabolismo basal e consumo de O2 diminuídos Hipotermia Hipotonicidade extracelular Edema intracelular ARIELY MESANINI Sistema endócrino Redução de insulina Aumento do hormônio do crescimento Aumento do cortisol Intolerância a glicose Lipólise (Kwashiorkor) Consumo muscular (Marasmo) Sistema nervoso Atrofia cortical e/ou subcortical Retardo neuropsicomotor Pele e anexos Atrofia de pele e glândulas Consumo de gordura subcutânea Lesões de pele hipohidrose/secura de mucosas Pregas frouxas Sistema hematopoiético Deficiência de fatores eritropoiéticos Volume sanguíneo adaptado para o peso corporal Anemia hipocrômica moderada Depleção de Fe DIAGNÓSTICO A avaliação nutricional realizada por meio de quatro procedimentos básicos: ➔ Anamnese: deve-se dar ênfase aos antecedentes neonatais (prematuridade, crescimento intrauterino restrito), nutricionais (aleitamento materno, por quanto tempo? Exclusivo?), aspectos psicossociais, condições de saneamento e moradia, presença ou não de doenças associadas. ➔ Exame físico: Incluindo a aferição de medidas antropométricas (peso e altura) e inspeção da distribuição da gordura corporal. Avaliar o IMC calculado para determinar a gravidade. ➔ Curvas: colocar os dados antropométricos colhidos nas curvas de P/I, A/I, P/A e IMC, para então avaliar a desnutrição, sendo por meio de duas classificações Waterlow e Gómez. ➔ Exames laboratoriais: A dosagem da albumina sérica, contagem total de linfócitos, linfócitos T de células CD4+, a dosagem da transferrina e o teste de resposta cutânea aos antígenos podem ajudar a determinar a gravidade da DPE (ver tabela Valores frequentemente utilizados para classificar a gravidade da desnutrição proteico-energética) ou confirmar o diagnóstico nos casos limítrofes. Os testes laboratoriais são necessários para identificar as causas de DPE secundária. Critérios de classificação Porcentagem da mediana: Valor do peso ou estatura do paciente X 100 Valor da mediana do peso ou estatura (sendo score ou percentil) E assim analisar em duas classificações a de Waterlow e Gómez (utilizado em menor de 5 anos para identificar risco de mortalidade). QUADRO CLÍNICO Desnutridos leves/moderados: Astenia: cansaço físico e intelectual Desaceleração de crescimento Hipotrofia muscular: olhar bíceps, tríceps, quadríceps, glúteos, face, quantidade de tecido subcutâneo. Observar coloração e estrutura do cabelo. Observar unhas (em forma de colher, fracas, quebradiças). Diminuição de tecido adiposo Pele, cabelos e unhas ressecados Aumento de suscetibilidade a infecções ARIELY MESANINI Classificação de Waterlow (2 a 10 anos) E/I P/E Não desnutrido >95% >90% Desnutrição aguda (Wasted) >95% <90% Desnutrição pregressa (Stunted) <95% >90% Desnutrição crônica (Stunter and Wasted) <95% <90% TRATAMENTO Ambulatorial nutricional: Para aquelas que não estão com desnutrição grave (dieta- 3-6% farinha + 5% açúcar no leite; 5 a 8% óleo vegetal 3X semana- refeições) ➔ Programa de estímulo psicoafetivo e psicomotora ➔ Programa estimulação psicoafetiva família (equipe multiprofissional) Tratamento Hospitalar: para crianças desnutridas graves-internação: ➔ Estabilização: tratamento dos distúrbios associados ➔ Hipotermia: manter aquecido ➔ Instabilidade hemodinâmica: monitorização hemodinâmica ➔ Distúrbios hidroeletrolítico e metabólico (hipoglicemia)➔ Choque séptico: antibioticoterapia de largo espectro ➔ Realimentação precoce: VO/SOG 1º - Estabilização: é curta (24-48h), a desidratação, quando presente, é corrigida e é indicada terapia antibiótica para controlar eventual infecção. Devido à dificuldade de estimar o grau da desidratação, é preferível a hidratação oral. Se for necessária terapia intravenosa, esta deve ser frequentemente avaliada, em particular nas primeiras 24h. 2º - Monitoração: continuação e adequação da terapia antibiótica, introdução de uma dieta para propiciar as exigências da manutenção de calorias e de proteínas (~75cal/kg e ~1g/kg/24h de proteína), juntamente com os adequados eletrólitos, oligominerais e vitaminas. Esta fase dura apx de 1 semana a 10 dias. No fim desta fase, qualquer edema que estiver presente devera ter sido em geral mobilizado, as infecções mantidas sob controle e a criança se mostrando mais interessada no seu ambiente e com retorno do seu apetite. 3º Alimentação: deverá ser passada gradualmente para a dieta de recuperação que proporcione até 150/kcal/kg/24h de proteína. Depois do ajustamento a esta dieta a criança pode se alimentar à vontade PREVENÇÃO ➔ Orientar corretamente a população a respeito do aleitamento materno, através da formação de profissionais de saúde e educadores capacitados. ➔ Divulgar informações práticas sobre o conceito de alimentação saudável em locais e em meios de comunicação de fácil acesso à população. (Comer frutas, verduras, carboidratos, proteínas, fibras e realizar as 3 refeições principais do dia) ➔ Realizar programas governamentais de suplementação alimentar que atinjam todo o país e, especialmente, os mais necessitados. Classificação de Gómez (0 a 2 anos) P/I Não desnutrido >90% Desnutrido 1° grau 76-90% Desnutrido 2° grau 61-75% Desnutrido 3° grau ≤60% ARIELY MESANINI CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA NA DESNUTRIÇÃO O osso é extremamente sensível a mudanças metabólicas, hormonais e nutricionais. Desse modo, alterações internas e externas ao organismo podem interferir na aquisição da massa óssea, acelerar o processo de perda óssea natural ou afetar o equilíbrio do turnover ósseo, levando a doenças osteometabolicas e ao aumento do risco de fraturas patológicas. A ingestão alimentar é um fator ambiental que influencia tanto no acumulo, quanto na perda de massa óssea. Os nutrientes podem agir de duas formas: ➔ Diretamente modificando a reparação óssea ➔ Indiretamente, pela mudança na secreção dos hormônios calciotrópicos A baixa ingestão proteica induz ao atraso na consolidação e à formação de um calo ósseo menos resistente. Já a deficiência de vitamina D causa diminuição na densidade mineral óssea, no recrutamento dos osteoblastos, nos níveis de osteocalcina e IGF-1. PAPEL DO GOVERNO NA DESNUTRIÇÃO: A promoção ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e da alimentação complementar saudável, com continuidade do aleitamento materno até os 2 anos, fortalecida pela Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; A prevenção de deficiências nutricionais específicas, com a Suplementação de Ferro e Ácido Fólico e Vitamina A; O acompanhamento do estado nutricional de crianças menores de cinco anos, com a utilização do SISVAN, com especial atenção às crianças pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; A promoção e implantação de ações intersetoriais, por meio da Articulação Intersetorial, tendo em vista a determinação multifatorial da desnutrição. https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/amamenta https://aps.saude.gov.br/ape/pcan/ferro https://aps.saude.gov.br/ape/pcan/ferro https://aps.saude.gov.br/ape/vitaminaA https://aps.saude.gov.br/ape/pcan/pnan.php https://aps.saude.gov.br/ape/bfa https://aps.saude.gov.br/ape/pcan/desnutricao ARIELY MESANINI Fatores que contribuem para o atraso na dentição Fatores locais Fatores sistêmicos Fatores genéticos Tecido cicatricial mucoso: trauma/cirurgia Nutrição Amelogênese imperfeita e desordens associadas Fibromatose gengival ou Hiperplasia gengival Raquitismo resistente à vitamina D Síndrome de Apert Dentes Supranumerários Doenças endócrinas (hipotireoidismo, hipopitutarismo, hipoparatiroidismo, pseudohipoparatiroidismo) Displasia cleidocraniana Tumores odontogênicos e não odontogênicos Paralisia cerebral Mucopolissacarídeo (MPS): Síndrome DeLange, Síndrome de Hurler (MPH I-H), Síndrome de Hurler Scheie (MPS I-H/S), Síndrome de Hunter (MPS II), Síndrome de Maroteaux-Lamy (MPS IV) Lesões nos dentes decíduos Fármacos (como Fenitoína) Síndrome Down Perda prematura dos dentes decíduos Fumo do tabaco Síndrome de GAPO (atraso no crescimento, alopecia, pseudoanodontia e atrofia óptica) Inexistência de reabsorção dentes decíduos Idiopática Síndrome de Gorlin Dentes decíduos impactados Hiperimunoglubinemia e Síndrome de Burkley Erupção ectópica Osteopetrose Maxilares atróficos Osteogênese imperfeita Síndrome Síndrome de DiGeorge Síndrome de Robinow ARIELY MESANINI Acidentes comuns no período escolar e qual a diferencia de negligencia Quedas; Queimaduras; Choques Elétricos; Afogamento; Asfixia; Acidentes Automobilísticos. Negligência É caracterizado abandono e privação de cuidados, pela ausência, omissão, recusa ou a deserção de atenção necessária a alguém que deveria receber atendimento e cuidados. Negligência afetiva ou emocional: falta de suporte emocional, afetivo, atenção, responsabilidades para com a criança, além do desinteresse pelas suas necessidades e a não intervenção ao uso de álcool e drogas ilícitas, permissão ou encorajamento à delinquência. Alguns sinais, sintomas e indicadores de negligencia Carência na Higienização Vestuário desadequado em relação a estação do ano e lesões consequentes de exposições climáticas adversas Inexistência de rotina (alimentação e ciclo do sono) Hematomas e outras lesões inexplicadas Acidentes frequentes por falta de supervisão Intoxicações e acidentes de repetição ARIELY MESANINI Atestado médico Atestado Médico: é um documento que esclarece o estado de saúde do paciente, e também à garantia de que o médico praticou determinado ato profissional. É direito do paciente e não obrigatoriamente ao acompanhante. Atestado de Comparecimento: é emitido nos casos em que o médico julgar que o paciente não tem necessidade de afastar-se do trabalho, e sim, somente a necessidade de justificar ao seu empregador o período em que se ausentou do expediente. Não tem validade como atestado médico. Atestado para Acompanhante: (CID 10 Z76.3 – pessoa em boa saúde acompanhando pessoa doente): esse tipo de atestado é para que os responsáveis legais por um paciente se afastem de seus trabalhos para dar a assistência necessária. É facultativo, não existe lei que obrigue o médico a emitir. O médico só atesta aquilo que ele tem diploma e autorização legal pra atestar: patologia, além da simples presença de pessoas no seu consultório para justificar faltas em serviço de pacientes e seus acompanhantes em razão de consultas. No caso do atestado médico para acompanhante não há previsão legal que obrigue a emissão desse tipo de atestado. Dispõe o Estatuto da Criança e Adolescente que é dever do tutor, pai, mãe ou responsável dar assistência aos filhos, e ainda que os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. Referencias Monteiro et al. Causas do declínio da desnutrição infantil no Brasil, 1996-2007. Rev Saúde Pública. 2009; 43 (1): 35-43. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e InsumosEstratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher e da Criança. PNDS 2006. Brasília, DF: MS, 2006 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. Módulo gerador de relatórios do SISVAN Web. Estado Nutricional dos Indivíduos Acompanhados. 2011. Suri L., Ggari E, Vastardis H., Delayed tooth eruption: Pathogenesis, diagnosis, and treatment. A literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2004. Botega, Iara Inácio. Efeitos da restrição alimentar no processo de consolidação óssea de fraturas em ratos. Ribeirão Preto – SP. 2018. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17142/tde- 29042019-164449/publico/IARAINACIOBOTEGAco.pdf. Brasil Ministério da saúde. Obesidade e desnutrição. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/obesidade_desnutricao.pdf. Acesso em: abril de 2021. Lopes, Fabio Ancona et al. Terapêutica em pediatria. Barueri – SP: Manole. 3ª ed. 2018.
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